Capítulo 2

1528 Words
Manu O mês passou bem rápido, faltando uma semana para as minhas férias, eu e Ricky resolvemos ir no morro pra saber o que a mãe dele sabe sobre seu pai. — Amor, você acha que eu uso que roupa pra subir o morro? Uma roupa mais chique ou mais piriguete? — Tanto faz, Manu, de qualquer forma você sempre fica mais bonita que as outras. Eu amo esse boy meu! Vesti o look piriguete mesmo e depois fomos pro morro. Subimos a pé e chegamos na casa da mãe dele. Ela e a Beta ficaram bem contentes em nos ver, mas assim que cheguei fiquei com uma dorzinha de cabeça e resolvi ir na farmácia comprar um remédio para melhorar. Foi só quando pisei na calçada que me lembrei quem trabalhava lá. Depois de todos esses anos a mesma garota estava atrás do balcão. Ela me reconheceu na hora. — Olha se não é a doutora rouba-namorado... — ela comentou. — Eu roubei o seu namorado? Não né? — não abaixei minha cabeça. — Um dorflex, por favor... Ainda te chamam daquele apelido? — Sempre. — ela pegou o remédio e me entregou, eu paguei e tomei o comprimido ali mesmo. — Então obrigada, Little Bruna. — Lirou o c*****o! — ela resmungou baixinho. Saí dali sorrindo. Essa garota nunca muda. Tomei um ar na calçada, conversando com a Beta, até que o Ricky saiu de casa. — Vamos? — Já? — Já. Tudo que a minha mãe sabe sobre ele tá nesse papel. — ele me entregou. Dei uma olhada rápida e guardei no meu bolso. — Vocês tem certeza que querem viajar pra esses States? — a mãe dele estava preocupada. — Pode ficar tranquila. A gente volta logo. Só vamos conhecê-lo. — Se a gente o encontrar. — Ricky completou desmotivado. — Falta de fé, Homem! Claro que vamos. Você tá ao lado da melhor detetive da cidade. — o acompanhei depois de me despedir de Beta e sua mãe. — E até hoje não achou o par do brinco que perdeu em casa... [•••] Estávamos no aeroporto, prestes a embarcar enquanto o Felipe contava sobre uma menina que foi levada por um traficante para garantir uma dúvida e que ele foi lá resolver. — Porque você ainda se mete nessas coisas, heim, Felipe? — perguntei sem entender. Por isso só se fode. — Eu não me meti, só tava ajudando. O cara era gerente do Neto e é claro que ele não saberia resolver. Eu tô acostumado com essas coisas. Fui lá e resolvi rapidinho. — Humm... Quando a gente voltar eu espero te encontrar vivo. — o abracei. — Eu também. — Ricky o abraçou rindo da história. — Se cuida viu. — Vocês também. Lá fora não tem dono do morro, mas tem um monte de mafiosos. Tá repreendido. Embarcamos e dentro do avião procuramos nossos assentos. — Não acredito que a gente vai viajar separados. 10 horas de viagem e eu nem imagino quem eu vou ter que aturar esse tempo todo do meu lado. — Relaxa, Ricky, não vi ninguém aparentemente chato entrando no avião. — Deus te ouça. — ele beijou minha testa e se afastou de mim. — Fica bem. — Você também. Te amo. — pisquei o olho ficando perto do meu assento. — Também te amo. Sentei na minha cadeira e logo em seguida um homem de boné sentou do meu lado. Coloquei meus fones de ouvido e relaxei na cadeira, ouvindo meu iPod. Fechei meus olhos e tentei não pensar na decolagem, mas mesmo assim quando decolou o frio na barriga me pegou. Segurei firme os braços do assento e respirei fundo. Depois que o avião já estava no ar, eu peguei o embalo dos olhos fechados e resolvi tirar um cochilo. Eu não sei quanto tempo dormi, mas sei como acordei. Senti uma mão deslizando pela minha coxa e logo lembrei de quem estava sentado ao meu lado. Não era o Ricky. Esse homem subiu a mão pela minha coxa e acredito que estava indo em direção ao meu entre perna. Ah, mas eu não deixei barato não. Quando ele ultrapassou a linha de onde minha mão estava, abri os olhos e rapidamente peguei sua mão de jeito. Tão bem de jeito que desloquei suas falanges. Obrigada Gabi por me ensinar a mexer nas articulações. Melhor fisio. — TOMA AQUI SEU t****o! — falei o mais alto que pude para que todos se alertassem e eu não pagasse de doida. As pessoas se assustaram enquanto o homem gritava desesperado com os dedos fora do lugar. A aeromoça correu até onde estávamos e eu levantei do banco ficando nervosa. Não com medo do que diriam a mim. Mas por tomar a consciência de que acabei de ser assediada. Isso foi h******l. Ele não respeitou meu corpo. MEU corpo. — O que aconteceu? — a aeromoça segurava a mão do s****o que chorava. — Ele me assediou! Eu acordei com ele deslizando a mão na minha coxa, na direção das minhas partes íntimas! — meus olhos se encheram de lágrimas. — Isso é mentira! — ele falou. — Eu estava dormindo! Não tive a intenção de nada! — Teve sim. Você não estava dormindo coisa nenhuma! Eu quem dormia e só acordei porque esse t****o estava se aproveitando de mim! — o ódio me tomou. — Concerta meu dedo! Alguém me ajuda. Tá doendo! — ele me ignorou e ficou choramingando. — Tem algum médico ou fisioterapeuta nesse avião? — a aeromoça perguntou. Eu não sou médica. Não hoje. — Alguém me ajuda! — ele pediu de novo. — Deixa que eu ajudo. — Ricky apareceu atrás do Homem. — Você é médico? — a aeromoça perguntou. — Sou namorado da garota que esse filho da p**a assediou. — ele estava com raiva. — Você quer que a dor do dedo diminua? — ele segurou o braço do homem, e este estava mais assustado do que nunca. Ricky então acertou um soco no olho dele. — Pois agora tá resolvido. Vai sentir mais dor na cara do que na p***a da sua mão! Seu t****o! — ele chutou a perna do cara e outro passageiro o segurou. — Calma, Amor. — pedi assustada. — Você não pode agredir ninguém aqui! — a aeromoça avisou. — E o que você vai fazer? Me expulsar do avião? Ela ficou sem palavras. — Eu quero um lugar pra minha namorada, longe desse t****o! — Nós vamos arranjar senhor. Se acalme. — ela saiu guiando o t****o. Eu passei para o outro lado dos assentos e abracei o Ricky. — Ninguém mais vai mexer com você, meu amor. — ele acariciou meus cabelos. — Não sai de perto de mim, Ricky. — pedi apertando os olhos. Depois de um tempo, a aeromoça achou outro lugar para eu sentar e o Ricky sentou ao meu lado. A gente passou o resto da viagem em paz e depois das várias horas chegamos em Nova Iorque. Não estávamos tão exaustos porque dormimos a viagem toda, então pegamos um táxi direto pro endereço do papai do Ricky. Como a gente descobriu o endereço dele? Bom, nos procuramos por todos os caras com o nome do pai do Ricky no f*******:. E provas de que ele havia passeado pelo Brasil. Eu sei que é loucura e sim, deu um trabalhão. Mas nós achamos. Encontramos um homem super parecido com o Ricky, com o mesmo nome do pai do Ricky e que visitou o Brasil há mais de 20 anos. A gente pegou as localidades que ele marcava no f*******: há cerca de 6 anos atrás e um desses endereços provavelmente era a sua casa. Chegando lá, era uma casa típica dos Estados Unidos (O que me lembrou os filmes de terror). Pedimos para o taxista esperar até a gente confirmasse se realmente era ali que ele morava. O Ricky foi quem bateu na porta. Eu estava tão nervosa quanto ele. Quem abriu a porta foi uma senhorinha. Ricky perguntou se ela conhecia aquele homem que a gente até carregava uma foto impressa e ela felizmente disse que o conhecia. — Claro! Conheço sim! Ele morava nessa casa. Mas ele me vendeu e foi morar em outro lugar. — A senhora sabe aonde? — eu perguntei. — Bem, a última parcela que paguei da casa, foi endereçada para uma cidadezinha na Espanha. — Espanha? — eu e Ricky falamos juntos. Pai amado. A gente veio pro lado errado. — Sim. Vocês são o que dele? — Eu sou filho. — Ricky disse mais pálido que tudo. — Ahh, sim! Você parece muito com ele. Essa foi a maior prova de que estávamos no caminho certo. Bendita genética. — Eu vou dar o endereço de onde veio o boleto. E quem sabe vocês não o encontram por lá. — ela sorriu e entrou na casa. Ricky me olhava com um sorriso no rosto. — A gente vai conseguir, Ricky. — também sorri. Só vamos ter que pegar outro avião com um outro possível t****o, mas vamos achar o meu sogrão logo logo. 
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