- Então Luiza? Tem algo a me dizer? – Ela estava com os braços cruzados, me encarando. Eu não consigo me lembrar da última vez que tomei uma bronca da minha mãe, se é que isso já aconteceu.
- Mãe eu queria te explicar! Juro que eu queria! – Isso era verdade, mas como eu ia explicar ela se nem eu estava entendendo? – Mas eu não sei nem o que te dizer, ele simplesmente chegou aqui como se fosse um furacão! Estava me acusando de abandoná-lo, gritando que eu não podia deixar ele, que era para eu ter contado...
- Ai não! – Ela levou a mão na boca.
- Aí não oque mãe? – Nunca nessa minha vida toda eu me senti tão perdida e confusa quanto hoje. – O que o Apolo descobriu?
- Nada! – Ela falou enquanto começou a andar de um lado para o outro. – Não é nada!
- como você está falando que não e nada mãe? Olha só o seu estado? Olha o estado que o Apolo estava? Eu quero saber o que está acontecendo! Eu tenho esse direito! – Hoje o dia estava mesmo difícil, essa foi a primeira vez na minha vida que levantei o tom de voz para minha mãe. Ela me olhou assustada e depois de um tempo ela se sentou no sofá, respirou fundo e me olhou diretamente nos olhos.
- Luiza eu tenho uma coisa para te contar. – O tom de voz dela me deixou preocupada, eu não sabia o que era, mas eu sabia que não era uma coisa boa.
- O que está acontecendo mamãe? – Eu respirei fundo e me controlei, depois de mais calma me sentei ao seu lado no sofá. – Você pode contar comigo, pode conversar comigo.
- Luiza, nós vamos nos mudar. – Ela falou calma e pausadamente. – Nós vamos ter que nos mudar!
- O que? - Eu gritei com o susto e me levantei de uma só vez! – O que você está falando mãe?
- Nós vamos sair dessa cidade filha.
- Por que? Para onde? – Eu comecei a atropelar os vários questionamentos que surgira na minha cabeça, afinal, ela não podia simplesmente dizer que vamos embora da nossa casa, do nosso lar assim e pronto! – Para onde mãe?
- Escuta....
- É longe daqui? – Eu a interrompi.
- Doze mil Quilômetros Luiza. – Ela falou de uma só vez
- Por que mãe? – Agora era eu que andava de um lado para o outro. – Por que tão longe?
- Filha acalma e deixa eu te explicar? Mas eu preciso que você se acalme e me escuta!
- Mãe me responde? Por que tão longe? – Então a imagem do Apolo me veio à cabeça, era por isso que ele estava com tanta raiva, ele já devia saber, agora eu entendo a raiva e desespero dele. - - mas e a escola mãe? Minha vida? Seu trabalho? Meus amigos? Mae e a tia cássia? E o Apolo? - Eu não queria deixar ele, eu não podia viver sem ele.
- Filha me escuta por favor? Você vai ser transferida, vai fazer novos amigos, - nem sei por que ela estava falando de amigos, além do Apolo eu não tinha nenhum. – Eu sei que é difícil, as você vai conseguir, nós vamos conseguir.
- Não mãe! – Eu estava em negação. – e o Apolo mãe?
- Vocês não precisam deixar de ser amigos, mesmo com a distância, vocês podem continuar se falando por mensagens, por ligação! – Mas eu não quero me afastar dele eu pensei comigo mesma. – Você não está abandonando ele Luiza, você está apensa se mudando.
- Não! – Eu gritei com ela.
- Precisamos ir Luiza! Nós temos que ir!
- Não mãe! Eu já disse eu não vou! – Eu não queria deixar toda a minha vida para trás.
- Luiza escuta por favor! Nós vamos...
-Eu me recuso! Você vai sozinha se é isso que você quer! Mas eu não vou! Eu não vou sair daqui!
- Luiza...
- Eu não vou! – Eu grite e não deixei ela continuar falando, fui em direção as escadas, eu ia subir para o meu quarto, não ia ficar ouvindo esses absurdos. Eu não vou embora! Se ela quiser vai sem mim! Decisão tomada! Quando cheguei no pé da escada ouvi a voz dela baixa e tremula, e o que ela falou me paralisou por completo.
- Eu tenho câncer Luiza.