Eu tenho câncer!

1086 Words
- Eu tenho câncer Luiza! – Meu coração pareceu parar de bater quando ouvi ela dizer isso, meus olhos se encheram de lagrimas no mesmo instante. Me virei em direção a ela e a observei, seu rosto estava realmente mais magro, ela parecia mais cansada e abatida, mas eu sempre pensei que era por conta de tantas horas trabalhadas, caminhei até ela devagar e me sentei ao seu lado, minhas mãos estavam tremulas, eu não sabia o que dizer então continuei em silencio, ela suspirou fundo, vi como ela também estava nervosa. – Eu também estou perdida filha, eu também não quero ir embora daqui eu juro que não queria, mas aqui não tem o tratamento que eu preciso e mesmo que tivesse o meu plano não iria cobrir. – Senti um pouco de decepção e desapontamento em sua voz, tanto tempo trabalhando em um único hospital, tantos anos se dedicando, e agora justo quando ela mais precisa eles não podem fazer nada para ajudá-la. – Desculpa filha, eu não sabia como te contar. - Onde? – Um milhão de questionamentos estavam rodeando na minha cabeça, mas essa foi a primeira pergunta que eu fiz. - Cerebral. – Ela respondeu sem pensar. - Tem tratamento? - Tem! Mas não aqui filha, e como eu disse mesmo que tivesse eu não teria condições para pagar, e meu plano de saúde não cobre nem se quer uma parte dele. - Para onde vamos nos mudar você vai conseguir ter esse tratamento? - Eu já consegui! – Com essa resposta dela eu já pude imaginar que a nossa mudança estava mais próxima do que eu poderia imaginar, e claro que mesmo não sendo isso que eu queria eu iria estar do lado da minha mãe. Ela sempre vai estar em primeiro lugar na minha vida. - Quando vamos? - dentro De uma semana. - Meu deus! Está tão perto. Mas, por que a senhora não me contou nada? E quando ia me contar? Já vamos semana que vem, quando ia me dizer? - Eu não sabia como contar Luiza! Também foi um baque para mim, e eu sei o quanto ama nossa casa, a tia Cássia e principalmente o Apolo! - Sim mãe, eu os amos! Mas eu nunca abandonaria a senhora! Nunca! - Eu tive medo para te falar a verdade, medo de você não querer ir, eu tive medo de ter que enfrentar tudo isso sozinha. – Ela agora estava em prantos. – Eu só tenho você minha filha, e eu não teria forças para enfrentar essa doença sozinha, eu não conseguiria! - Calma mãe! Tenta ficar calma mesmo sendo difícil por favor. – Eu a deitei no meu colo e comecei a fazer carinho em seu cabelo. – Você nunca esteve e nunca vai estar sozinha, nos duas teremos sempre uma a outra. Eu estou do seu lado e nos duas vamos passar por tudo isso juntas. - Obrigado filha! Obrigado por não me deixa. - Nunca, eu amo você mamãe. - eu também te amo meu amor. E assim ficamos horas, em silencio com ela deitada no meu colo como se fosse uma criança precisando de carinho. Eu fiquei ali imaginando o quanto ela teve que ser forte todo esse tempo, tendo que passar tudo isso sozinha, sofrendo em silencio sem saber como me contar e com tanto medo de ser abandonada. A semana seguinte se arrastou, eu evitei a casa do Apolo, já tinha tantos problemas e eu não queria entrar numa conversa sobre o que aconteceu, me concentrei apenas em ajudar minha mãe com todas as questões da mudança, passávamos horas durante o dia embalando as coisas, e nem eu sabia que tínhamos tantas coisas assim. As noites eram longas, eu passava a maior parte da madrugada pesquisando sobre o câncer da minha mãe, como seria o tratamento, como seria os remédios, os valores de todos remédios e internações, por que o tratamento seria muito acessível na verdade, mas não sairia totalmente de graça, teria um custo, e não era um custo não tão insignificativo assim, sem contar que teríamos que pagar aluguel e minha mãe não poderia nem em sonho voltar a trabalhar tão cedo assim, ela teria uma ajuda financeira como uma espécie de auxilio por conta da doença, mas esse valor seria basicamente destinado para o tratamento. Assim que chegarmos lá eu vou procurar um emprego, mesmo não sento tão fácil por ainda estar na menor idade, mas vou procurar. Ainda tem a hipoteca da nossa casa, não vamos conseguir pagar, mesmo que eu consiga trabalhar em dois empregos, era tanta coisa, tantos problemas que eu não consegui dormir quase nada durante a semana toda. - Luiza? – Minha mãe me chamou me tirando dos meus pensamentos. Nos duas estávamos no quarto dela embalando as coisas dela. - Oi mãe? - Com tudo que vem acontecendo nessa semana, com toda a nossa correria, a mudança e tudo acabamos não falando sobre o Apolo. – Eu estava com a esperança de conseguir adiar essa conversa até depois de nos mudar, mas pelo visto não vai ser possível. - Eu já falei mãe, não sei o que aconteceu, eu também não entendi nada, bom, quase nada. – Afinal agora eu sabia o motivo de toda a raiva dele, eu também fiquei com raiva com a ideia de ir embora, e com ele não deve ter sido tão diferente. - A verdade Luiza é que vocês cresceram tão juntos, tão próximos, que eu sempre tive esse medo. - Medo? Do que a senhora está falando? - Medo de um dia com o passar do tempo vocês se sentissem atraídos um pelo outro. – Então eu tive um estalo na minha cabeça. Será que o Apolo sente atração por mim? – Ele é um bom rapaz e eu amo ele como se fosse um filho, mas a tia Cassia andou reclamando de tantas coisas comigo em relação a ele, eu não acredito que ele seja um bom namorado para você Lú. - Nós não somos namorados mãe! – Eu estava sentindo meu rosto corar. Somos ótimos amigos, ele estava com tanta raiva aquele dia que provavelmente nem ele sabe o por que fez aquilo. – mas o comentário dela me deixou com uma pulga atrás da orelha. – Mas mãe, me conta, do que a tia tem reclamado do Apolo, deve ser algum coisa r**m né, para você pensar assim dele? – Ela fez uma cara de preocupação e então começou. - Então Lú...
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