Ela levantou cada vez mais apreensiva, se virou de costas, com medo dele fazer algo errado, ele começou passar um gel gelado
- Se não melhorar, amanhã vai no hospital porque é sério machucar a costela.
Ela ficou tensa paralisada, sentindo a mão dele áspera grande e firme, deslizando em suas costas
- Uhum, que cheiro bom. Refrescante!
Fechou os olhos segurando a respiração, apertou os lábios tentando ficar quieta, começou sentir uma euforia crescendo dentro de si, um arrepio espontâneo, junto de um calorão no corpo todo, suspirou toda arrepiada, ele estava pensando no cheiro dela, de perfume floral, diferente do que usava mais cedo, viu o sutiã dela atrás, de renda vinho, ficou curioso para ver a parte da frente, não fez nada desrespeitoso, achou normal ela arrepiada, deduziu que estava doendo e frio
- Pronto dona patroa.
Abaixou a roupa dela
- Vou te levar de volta.
Foi pegando a lanterna, parou perto da porta
- Cuidado com o sistema de segurança aqui.
Estendeu a mão, a ajudou sair e a segurou enquanto calçava as botas, ela ficou toda sem jeito com receio dele ter percebido sua excita ção
- Não precisa me levar, sei me cuidar.
- E eu conheço cada cantinho daqui.
Ele foi andando um pouco a frente dela
- Não duvido que saiba, mas não me custa nada.
- Acha que eu quero ficar lá no escuro?
Ela disse que ia aceitar a carona então, deixou ele ir indo por um trajeto um pouco diferente, ele foi clareando todos os lados olhando tudo
- A casa precisa de um alambrado com cerca, do jeito que tá, não presta.
- Porque não chamou a polícia?
- O que aconteceu é muito grave, tem gente querendo te prejudicar demais.
Ela não estava nem prestando atenção no chão, pensando nele com um desejo curioso, o seu cheiro gostoso do perfume de catálogo, o toque das mãos ásperas geladas, o corpo forte e grande, vulnerável carente e com dor de cotovelo pela traição, estava se sentindo feia, achando que alguém inferior como ele, ia a achar bonita pelo menos, ficou ensaiando mentalmente o que iria perguntar sobre a vida pessoal dele, falou pausadamente
- Ah é, verdade, sei que não estou em uma boa posição. Não confio em polícia, ainda mais quando suspeito de quem me atacou.
- Você vai embora amanhã? Já que recebeu?
Ele sorriu com deboche
- Não sei, me pagou pra demitir?
- Tá achando que eu fiz alguma coisa patroa?
Ela também sorriu sem jeito, se sentindo rid ícula insegura
- Não, se eu suspeitasse de você, me colocaria em uma situação dessas? A sós?
- Só achei que talvez não quisesse continuar aqui.
- Todos estão partindo enquanto o meu barco afunda. Eu super entenderia!
Começou chover forte do nada, ele a chamou para se esconder em um coberto, onde tinham as redes de descanso, estavam bem perto, foram correndo, ela saiu da chuva, ficou com dor, parada apoiada em uma viga de madeira
- Aiiii. Era melhor ter me molhado!
- Dói demais!
Ele se aproximou a amparando segurando no braço
- Vem sentar aqui.
A levou para uma rede
- Me conta como era aqui, antes, cresceu na fazenda? E a sua família?
- Conversa comigo pra distrair a cabeça e esquecer da dor.
Ela se sentou com as pernas abertas e a rede no meio
- Era muito bonito, cheio de flores, muito gramado verdinho, não tinha um nada caindo pelos pedaços, igual a hoje em dia.
- As terras eram dos meus bisavós e foram passando de geração em geração, meus pais morreram a alguns anos em um acidente de carro e a minha irmã também.
- Todos nós sempre amamos aqui.
- De onde você é? Cresceu na cidade?
Ele ficou em pé, encostado na rede dela
- Do interior, sempre morei na roça, não sei ficar na cidade.
- Nem gosto de gente.
Ela apagou a própria lanterna, criando coragem para tentar algo com ele
- Eu adoro a fazenda, sempre fui muito feliz aqui, até agora.
- Senta aqui, vamos esperar parar a chuva.
- Pode sentar comigo.
Ele também apagou a lanterna, a achando muito estranha com uma conversa de m aluca
- Posso, mas não quero.
Ela ficou constrangida, percebeu que ele não queria conversar, só estava dando respostas vagas, sem aumentar o assunto e nem perguntar nada, silenciou olhando o contorno dele no escuro, ele não queria acreditar que ela estava sendo tão simpática sem motivo, foi para outra rede a evitando
- A chuva vai demorar!
- Se não passar logo, vou lá buscar um guarda chuvas e te levo.
Ela não respondeu, quase vinte minutos depois, ele perguntou se ela queria ir pra casa, Otávia se levantou
- Você é quieto assim com todos ou tem algum problema comigo?
Ele estava deitado, se sentou igual a ela antes
- Com todos.
Abriu a rede dando espaço, esticou a mão
- Tem medo de chuva patroa?
Ela foi sentar com ele, de frente com as pernas abertas, apreensiva foi colocando as pernas em cima das dele, muito próxima
- Não tenho.
- Quantos anos você tem?
Achando aquela a patroa mais do ida de todas, ele foi deixando acontecer, a ajeitou melhor, ficou com as mãos nas pernas dela, acariciando as coxas com firmeza
- Quarenta e um.
- O que tá fazendo? Que isso?
Ela se aproximou ofegante, o acariciando nos braços
- Tenho trinta e cinco.
- Quero te beijar.
O maior medo dela, era de ser tudo ru im, dele estar com m al hálito, ou a forçar fazer algo, decidiu se arriscar, ele deu um selinho sútil, começou rir muito
- O patroa você vai me desculpar, mas eu não quero problemas não.
Ela pode sentir o gosto e cheiro da boca dele, refrescante, os lábios não eram tão macios, levemente ressecados, ficou séria irritada
- Não me acha atraente Ramiro?
Ele foi levantando intrigado rindo
- Acho patroa, não sou cego não. Vou pegar o guarda chuvas.
Saiu correndo na chuva, ela foi atrás o encontrou perto da casa, ignorou ele tentando dar o guarda chuvas
- Agora não precisa mais. Boa noite!
Entrou batendo a porta, estava tão confusa e desesperada, que nem imaginou que aquela atitude, era uma questão de ser correto, com um bom caráter, foi se trancar no quarto e dormiu pensando nele, não gostou de ser rejeitada, se incomodou com o fato de escolher um simples funcionário para ficar e nem ele a querer.
Miro foi pra casa, sem acreditar que ela estava só interessada, teve até receio dela o culpar de tentar ter abu sado no outro dia, depois voltou e dormiu na porta da casa, vigiando tudo, só pegou no sono mais pesado quando amanheceu.
Amélia levantou muito cedo, para ir cavalgar, estava super ansiosa com a oportunidade, viu ele na rede e não mexeu, ela tinha ranço dele, Otávia levantou logo depois, também o viu e não mexeu, foi ver como Amélia estava cavalgando.
Ele acabou dormindo um pouco mais que o normal, foi fazer café em casa e depois encontrou elas, se aproximou de Otávia com uma xícara de plástico e a garrafa térmica
- Bom dia patroa, servida?
Ela só balançou a cabeça que não, ele pensou consigo mesmo, que não era possível ela estar brava, por causa da noite anterior, perguntou o que a " azeda " estava fazendo, se referiu a Amélia, Otávia respondeu séria
- Não é da sua conta. Vai trabalhar!
Ele sorriu com deboche
- Se precisar de alguma ajuda é só...
Otávia interrompeu subindo na cerca de madeira
- Não preciso!
Sentou dando instruções para Amélia, ele subiu e sentou de frente para ela, com um sorriso m*****o
- A dona patroa ficou brava por causa de ontem?
- Te fiz um favor, devia era de me agradecer.
- A sua alto estima tá tão baixa, que quis me usar, pra se auto validar.
- Já conheci mulheres assim patroa e quem ficou no chão depois, fui eu.
Otávia o encarou fixamente nos olhos
- A partir de agora, você vai me chamar de senhora. Quero que fale direito comigo!