Capítulo 9

1559 Words
Ele continuou rindo com deboche - Sim senhora! Ela se manteve firme, se sentindo fula com ele - Não confunda as coisas Ramiro, quem tem a alto estima baixa é você. - Se sente inferior a mim? Porque sou sua patroa? - E acha que eu não posso ter um interesse, normal? - Era só um beijo, uma coisa de momento, nada demais. - Sai daqui, vai tratar dos animais e fazer a manutenção das máquinas. - Quero que você verifique as selas, separe as melhores e veja se as ferraduras estão em ordem. Ele percebeu que a deixou com raiva, foi descendo com o mesmo tom audacioso - Sim senhora, pra dar uns bons coices. - Eu sempre levo alguns mesmo. Saiu andando olhando Amélia cavalgar no redondel - Você é muito desajeitada mesmo! - Mole desse jeito vai cair já já, é ele que te guia ou você que guia ele? - Segura firme aí. Ela também ficou com ra iva, mostrou o dedo do meio, completamente frustrada se aproximou de Otávia - Eu não consigo! Nunca levei jeito mesmo. - Desculpa, não quero fazer isso. Me trás péssimas lembranças! Otávia também ficou frustrada - Tudo bem! Eu não vou insistir, se não quiser. Começou acariciar o cavalo - E não precisa devolver as coisas, pode ficar, ver tudo ganhando uma nova vida, me consolou de alguma forma. - Pode cuidar da horta e depois me passar o que tanto tem lá, vou levar algumas coisas pra cidade. - Fazer uma doação. Amélia desceu do cavalo, disse que ia fazer aquilo, depois de o guardar, Otávia foi pegando as rédeas - Pode deixar, eu vou sair, se alguém me procurar, fale que eu saí da fazenda e não tenho hora pra voltar. Saiu cavalgando rápido, Amélia acompanhou com o olhar a admirando, porque sempre se sentiu insegura em cima do cavalo, foi trabalhar e Ramiro também, bem longe um do outro. Apesar das dificuldades, ele também estava admirando Otávia, por ela estar parecendo forte, evitava olhar mais a achava de fato muito atraente, principalmente com as roupas que usava para andar perto dele, calças agarradas, botas, chapéu, bonés, ele adorava aquilo tudo. Só não a beijou, porque não levou a sério o interesse e teve medo de se prejudicar de alguma forma, por ser apenas um funcionário que acabou de chegar e pela má fama dela, até pensou que podia estar fora de si, misturando remédios e bebidas. Otávia foi andar pelas suas terras, tentando se sentir próxima a família que perdeu, se lembrou do pai falando sobre os cavalos, serem da família, naquele mesmo lugar que ela estava, perto de uma cachoeira, percebeu que aquele animal estava fora de forma e o que foi vendido, seria melhor para Amélia. Foi para casa depois do horário de almoço, não estava fazendo as refeições desde que Matteo a deixou, levou o cavalo para o estábulo, Ramiro estava lá fazendo o que ela pediu, continuou como se não tivesse ninguém lá, ela ia guardar sozinha, só de olhar pra ele, ficou irada e mudou de idéia - Ramiro guarde ele e limpe esse chão, o chiqueiro é lá embaixo. Ele se aproximou com aquele olhar de quem queria rir, debochando - Sim senhora! Quando foi pegar as rédeas dela, ela ficou séria o encarando - Eu não quero você mexendo com a Amélia, a próxima vez que sujar a onde ela limpou, quem vai limpar é você. Ele só olhou com provocação, querendo ver até onde ela ia sem surtar, ela foi ver a égua preferida, Sherazade - E a ferradura dela? Vai trocar? Ele disse apenas não, ela foi saindo da baía - Eu já te paguei, porque ainda não foi embora? Ele passou por ela, para guardar a sela - Fui demitido? Quer que eu vá? - Ontem não parecia querer, o senhora. Ela foi atrás irritada - E você não parecia um adolescente que não sabe separar as coisas, eu não quero que fique com esse seu deboche comigo. Ele ficou sério - Prefere que eu responda igualmente? - Não gosto de ser saco de pancadas de ninguém dona Otávia. - Mas se está te fazendo bem, pode continuar. Se aproximou a encarando sério - Gosta de fazer as coisas por vaidade, não é? - Não está brava com o meu deboche, está porque eu te rejeitei e feri o seu ego, de mulher mimada. - Que sempre tem tudo o que quer. Deu uma volta devagar, na frente dela - Tenho espelho em casa e sei quem eu sou. - Não precisa querer me pisar não patroa. - Pra se sentir melhor, eu não sou vaidoso de querer usar alguém pra melhorar a mim mesmo. - Com todo o respeito, você é muito linda, uma mulher pra homem nenhum botar defeito. - Devia saber disso por si só e não ficar esperando que alguém diga ou trate como se fosse. Foi indo para perto do cavalo - Quando eu era mais novo, era cheio de vaidade, luxúria, ganância e por isso, perdi tudo de melhor que a vida já me deu. - Ficava com as moças mais lindas, gastava sem pensar no futuro. - Te beijar ontem, ia ser a melhor coisa do meu ano inteiro, mais sei que isso é vaidade, sua! Sorriu pensativo - Não vale a pena não, dona senhora patroa, se preserva que essa má fase logo passa, tudo sempre passa e o mundão não para de girar por ninguém. - Quer que eu vá embora hoje? - O seu vizinho tá pegando tudo seus funcionários, já me chamaram oferecendo mais do que eu ganho aqui. Ela ficou séria, foi se afastando - Quero que cale a boca, não fale comigo assim, como se me conhecesse de verdade. - Você não sabe nada de mim. Ele ficou rindo doido para a beijar do jeito que gostava, a tocar e sentir seu corpo todo, achou que ela nunca mais ia tentar nada, passou o resto do dia trabalhando pensando nela, com ma ldade, a imaginando nua, fazendo várias coisas, se sentia muito atraído por mulheres bravas de personalidades fortes. Otávia foi se trocar e saiu, levou verduras para uma casa de recuperação de usuários de dr ogas e bebidas, lá tinha um ex funcionário dela, que participou de sua vida toda e virou alcoólatra após perder a mulher em um acidente. A bastante tempo ela não o via, quando ele estava bem, ia trabalhar na fazenda e quando as recaídas vinham, se internava, ele ficou muito surpreso pela visita, pediu desculpas chorando envergonhado, ela não entendeu pelo o que, ele começou falar muito arrependido culpado - Oooo fia da última vez que eu fui trabalhar lá, o seu marido me pegou bebendo e não ia me pagar nada, eu roubei duas galinhas suas, pra vender e pagar uma dívida, mais eu ia devolver o dinheiro. - Eu ia devolver juro. Mostrou uma cicatriz no braço - Ele me encontrou e não entendeu, bateram muito ne mim. - Tive que fazer cirurgia, quebraram meu braço. - Por isso eu nem voltei mais fia. Pra que vou parar de beber, se não tenho mais nada na vida, não sirvo nem pra ajudar ninguém. Ela ficou emotiva - Sinto muito Gil, eu não sabia de nada. Juro que não! - Vamos embora comigo e eu te conto tudo o que está acontecendo, tô perdendo a fazenda. - O Matteo me roubou, eu só tenho dois funcionários fixos e alguns temporários que aparecem quando querem. - Não quero perder a minha casa. Preciso de ajuda! - Ninguém nem me atende mais, ele demitiu a todos. Ele também se emocionou, disse que ia acabar atrapalhando, ela começou contar tudo, disse que estava com medo de ficar sozinha, ficou horas com ele, combinou de voltar dali alguns dias e buscá-lo. Na volta pra casa passou na fazenda de Évan, ele não estava lá, a deixaram entrar, a mãe dele a recebeu, ficou conversando sobre as fofocas, lamentou muito pelo o que Matteo fez. Parecia um partido eleitoral, falando bem de Évan, deu a entender que ele precisava de uma mulher como Otávia, ela ficou rindo muito de desespero, falou que não estava pronta para se envolver e que realmente tinha muito medo, de se arriscar. Quando Évan chegou, a beijou abraçou, cheio de elogios, a levou para o escritório conversar a sós, disse que tinha novidades sobre o divórcio e não eram boas, conversou bastante explicando tudo, a amante de Matteo o ajudou a fazer tudo certo, de um modo que Otávia não pudesse provar, que as retiradas de dinheiro, foram feitas por ele. Ela ficou arrasada, quis ir embora rápido, nem falou do cavalo e tinha ido lá para o pedir emprestado, recusou o jantar, foi andar de carro chorando, começou beber na boca da garrafa de um litro de bebida importada destilada que tinha ficado no carro. Parou em uma ponte que fazia parte do caminho pra cidade, desceu do carro, deixou o som um pouco alto, tocando Marília Mendonça, sentou na ponte, olhando o rio passar, querendo ter coragem de pular, porque sabia que se afogaria. Ramiro estava indo para a cidade a pé, quando a viu bebendo sentada lá, teve medo, se aproximou sorrateiro e a pegou pela cintura em um movimento rápido preciso.

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