Depois de uma longa tarde de conversa com Antônio Ottero, Paulo agora tinha um plano. No fundo, ele sabia muito bem que a garota não duraria nem mesmo mais um dia sozinha na Fazenda sem ele - por que os peões não a respeitariam - e também, se estivesse com medo... E assim, tudo o que ele precisava fazer era assustar ela um pouco...
Naquela noite, ele preparou-se: pegaria um cavalo, um que não fosse dele, e iria até a Fazenda: ele podia soltar alguns cavalos, dar uns tiros, enlouquecer os cachorros e fazer com que Sophie se sentisse ameaçada. Ela acabaria indo atrás dele uma hora ou outra, dizendo que reconsiderava a oferta e, de duas uma: ou se casava com ele ou entregava metade da propriedade para ele e o deixava cuidando do que era dela também. Aquilo era o justo e o certo, ao menos na cabeça dele.
Para Ottero, no entanto, essa ideia não parecia ser a melhor: se por um acaso Sophie se casasse com aquele capatazinho, ele teria direitos sobre as terras, o que não era bom, mas, se ela se sentisse fragilizada demais, a ponto de não conseguir seguir em frente, ele podia fazer ua boa proposta e comprar a propriedade, apenas para aliviar o sofrimento da pobre menina.
- Boa noite - Inácio entra na sala, havia chegado há pouco da Fazenda, onde havia passado diversas horas com Sophie.
- O bom filho à casa retorna - resmunga o velho, sem dar muita importância à visita.
- Como tem passado? - pergunta Inácio.
- Provavelmente, eu estou cada dia melhor - ri o velho - mais velho, mais chato e mais disposto a fazer tudo o que é preciso para er de volta o que é meu.
- Lá vem você com essas histórias - Inácio suspira - eu vim ver se estava bem...
- Bem, então acabou de ver com os seus próprios olhos que eu, muito provavelmente, nunca estive melhor - o pai debocha - vamos, faça-me o favor, diga logo o que quer, por que eu te conheço o suficiente para saber que não se deslocaria até aqui se não tivesse um bom motivo.
- Deixa a Sophie em paz - é tudo o que Inácio diz - de verdade, deixa ela em paz, ela e os peões dela...
- Eu não fiz nada - o velho se defende.
- Eu não sei - Inácio agora anda de um lado para o outro na sala - eu não sei mesmo, mas fique sabendo que se pro um acaso fizer, eu mesmo vou descobrir.
- Está mesmo me ameaçando? Dentro da minha própria casa, seu merdinha? - Antônio agora ri alto - Quem te vê assim, até pensa que é homem...
Inácio e afasta um pouco, em silêncio, não vai ter aquela discussão com o pai, não agora. Já passou da fase de ter que se justificar e bem, aparentemente ninguém deveria estar sabendo das visitas de Jimmy para ele, eles estavam realmente tentando ser bem discretos com isso.
- Eu avisei - suspira Inácio - espero que tenha ficado bem claro que eu vou estar ao lado de Sophie, independente de quem é que esteja contra ela.
- Não pdoe ficar contra o seu sangue - o velho grita, mas Inácio já está na porta: ele esta decidido a ignorar o discurso do pai sobre família afinal, essa é uma coisa que ele não faz a menor ideia de como é que deve funcionar.
Tão logo Inácio sai da sala, Antônio começa a andar de um lado para o outro, falando alto, com ele mesmo... "Se esse garoto pensa que isso vai ficar assim" - e logo ri - "Vou resolver toda essa questão em uma semana ou mais... Se ele acha mesmo que eu vou deixar a garota ficar usando ele e a influencia e o nome dele para tentar se manter... Era só o que me faltava"
Naquela sala, naquela noite, surge outro dos planos bem feitos de Antônio Ottero, um que ele estruturara sozinho e que naquele momento, ele não fazia ideia das consequências que geraria no futuro tanto para o filho, quanto para ele:
Vou contratar uma p********a bem barata, ela vai se encontrar com aquele v***o de m***a, e vai fazer de conta que passaram a noite juntos. Eu mesmo vou comer ela depois, vou fazer um filho nela... Um filho que ela vai dizer que é do garoto. Eu vou ser u bom avô e vou trazer a moça para viver aqui, Inácio vai se casar, ou não... Isso não importa. Mas independente da escolha dele, tenho certeza de que isso vai ser o suficiente para manter aquela viborazinha dos cabelos vermelhos longe...