Assim que sai do hospital, já era 7 e pouco da manhã. Eu estava morta de cansada!
Não parei a noite inteira, sempre correndo pra lá e pra cá pra cuidar dos pacientes que chegavam, a maioria idosos. Essa madrugada perdi dois pacientes que eu cuidava a quase três meses já.
Foi f**a, me segurei pra não chorar quando vi eles morrendo ali na minha frente. Por mais que eu esteja a anos nisso, não consigo me acostumar em ver as pessoas morrendo, e acho que nunca vou me acostumar com uma parada dessa. É pesado demais!
Estava frio pra c****e ali, e eu apenas com a roupa do hospital, sem blusa alguma de frio.
E mesmo não querendo, eu fui subindo na direção da boca principal, desde ir pra casa.
Falava com algumas pessoas que saiam para trabalhar, ou chegavam em casa após passar a noite trabalhando, ou na farra por aí.
Quando cheguei na boca, os meninos estavam ali na frente, e eu apenas balancei a cabeça pra eles, passando direto para a sala do Luan.
Antes de eu abrir a porta, comecei a ouvir vozes vindo lá de dentro, e uma era de mulher. Já fiquei meio assim, até por que mulher alguma trabalhava aqui na boca, pra ficar logo na salinha do Luan.
Quando tinha caô no morro, elas iam se resolver com o Nandinho, não com o Luan. Mas enfim...
Bati na porta e só ouvi o L2 falando pra entrar. Assim que entrei ali, meu olhar foi nele, e para uma mulher morena que estava sentada na frente dele, se inclinando toda em sua direção.
L2: Qual foi? Pensei que tu iria direto pra casa. - cruzou os braços.
Marina: Mas foi você que pediu pra eu passar aqui, Luan. - suspirei, indo para o lado dele. - Oi. - sorri de lado para a mulher, que me olhou de cima a baixo, e não respondeu.
Já fiquei meia assim na hora, mas eu nem disse nada, por que até então nem conhecia ela ainda.
L2: Essa daqui é a Bárbara, vulgo Pistoleira. Grego mandou ela pra cá pra dar reforço na linha de frente. - me olhou, e eu balancei a cabeça concordando.
Pistoleira: Nunca erro meus alvos. - disse baixinho, olhando diretamente para o Luan, e eu fiz careta.
L2: Até por que se errar, tu leva um tiro na cabeça, filhona. - murmurou, e ela sorriu de lado. - Aqui não é Disney não, vai achando que os caras vem de boa que tu logo não passa da primeira invasão.
Ela balançou a cabeça, ele falou mais algumas paradas pra ela lá, sobre os morros e tudo mais sobre o tráfico daqui.
Marina: Amor, tu vai pra casa que horas? - perguntei baixo, apenas para ele ouvir.
L2: Daqui a pouco já, pô. Só vou trocar mais algumas ideias aqui com ela, e nós já vai.
Balancei a cabeça concordando e me sentei na cadeira ali no canto da sala. O Luan falava toda sério com a mulher, enquanto ela não parava de mexer em seu decote.
Aquilo já estava me incomodando demais, até por que eu percebia de longe as intenções dela ali com ele.
Demorou mais alguns minutos a conversa deles, e quando acabou, ela se levantou e seu olhar bateu direto em mim. Ela estava de cara fechada, e outra vez me olhou de cima a baixo, logo virando o rosto em seguida.
A mulher saiu da sala, e eu fui até o Luan, me sentando em seu colo.
Marina: Acho que ela não gostou de mim, Luan...
L2: Ih Marina, você acha que todo mundo não gosta de você, ala. - negou com a cabeça, e eu fiquei quieta.
Ele só ficou mais um tempo ali na boca falando com os meninos, e partimos para a nossa casa.
Eu estava cansada demais, só queria um banho e a minha cama. Assim que cheguei em casa, fui direto tomar um banho, pra tirar aquele cheiro de hospital de mim.
Luan entrou no chuveiro comigo, mas não ficou de gracinha, por que ele sabia que eu ainda estava naqueles dias.
Marina: Aquela mulher lá vai ficar o dia todo com você na boca?
L2: Não muito, ela vai mesmo é ficar na entrada, ou treinando alguns caras ai, pô. Por quê? - dei de ombros e ele já bufou. - Nem vem tu com essas paradas de maldade, achando que a mulher quer dar pra mim. Tu nem sabe, pô.
Marina: Eu tô falando alguma coisa? Eu em. - fiz careta, e me enrolei na toalha, saindo dali do banheiro.
Me vesti ali no quarto, colocando meu absorvente, e deitei na cama. Luan não demorou nem mais cinco minutos no chuveiro, e já saiu, vindo se deitar na cama pelado mesmo, ainda um pouco molhado.
Sabia que ele estava fazendo de propósito, mas eu nem olhei pra cara dele, fui logo tentar pegar no sono.