Capítulo 2

734 Words
Depois de fazer tudo o curativo ali no braço dele, eu juntei as coisas, e fomos saindo dali. Nós estávamos no pavãozinho, em um barraco escondido, então fomos descendo o morro indo na direção do g**o, aonde a gente morava mesmo. Depois de dois anos, nós continua morando juntos, não naquele barraco aonde tudo começou, e sim agora na casa dele mesmo. Meus pais nunca mais vieram falar comigo, só as vezes a Janaína vem dando notícias dos dois, falando que minha mãe perguntou de mim. Antes eu sofria demais por causa disso, por não ter a atenção deles, mas hoje em dia não dou a mínima. Se eles não fazem questão, eu vou fazer? Marina: Morreram moradores hoje? - olhei pra ele, enquanto entrava no beco pra descer. L2: Hoje não. Ninguém saiu de casa por que ontem eu já tinha avisado que ia ter invasão. Respirei fundo dando graças a Deus por isso. Na maioria das invasões morria vários moradores daqui do complexo, e era f**a demais isso, por que ter que ver as mães e os parentes chorando vendo seu filho, ou uma pessoa que você ama estirada no chão morta, não é nada fácil. Várias vezes no postinho já atendi pessoas passando m*l pra c*****o depois de saber da morte de uma pessoa próxima, e sei que isso é maior barra. Eu não aguentaria ver alguém que amo sendo morta, acho que não suportaria aquilo. Assim que chegamos em casa, eu fui direto tomar um banho, e o Luan já veio atrás com graça. Marina: Na boa Luan, hoje não...- fiz bico, enquanto entrava de baixo da água quentinha. - Eu tô naqueles dias, e ainda tenho que ir trabalhar daqui a pouco. L2: Ah, qual foi? - cruzou os braços, se encostando na parede, mas logo fez uma careta por conta do teu ombro machucado. - Nós vai pelo o outro lado do paraíso mermo... Na mesma hora eu comecei a rir negando, e ele sorriu de lado. Marina: Não dá não, amor. Depois de amanhã já para de descer pra mim, e aí quem sabe né... Tomei meu banho plena ali, com o Luan ainda encostado na parede do banheiro apenas me olhando. Mesmo depois de anos juntos, eu ainda fico toda envergonhada com ele me olhando assim, com esse olhar escuro passando por meu corpo inteiro, me deixando toda sem graça. Marina: Para Luan... L2: Que foi, garota? Tô fazendo nada, ala, malucona mermo. - negou com a cabeça, desviando o olhar de mim. Eu nem disse nada, apenas balancei a cabeça e terminei meu banho. Sai dali com uma toalha enrolada no corpo, e outra nos meus cabelos. Luan veio atrás, e quando comecei a me trocar, ele deitou na cama me observando outra vez. Coloquei minha roupa branca, morrendo de medo de acabar manchando de sangue. Mesmo que eu estivesse com o o.b e um normal o medo de vazar e manchar tudo lá no hospital é grande. L2: Vai voltar que horas? Marina: Eu saio às sete. L2: Quando tu sair de lá, passa na boca, vou tá lá fazendo umas paradas e depois nós cola em casa. Concordei com a cabeça mesmo sabendo que não iria fazer isso. Ele sabe que eu saio morta do plantão, e ainda pede pra eu subir na boca, lá no alto do morro. Cansa pra c*****o isso! Depois de eu terminar de me arrumar, pedi pra ele me levar lá, e ele já se levantou pegando a chave da moto. Marina: Você vai mesmo dirigir com o braço desse jeito? Quer m***r nós dois mesmo né? - cruzei os braços, e ele me olhou de cima a baixo. L2: Se liga, pô. Ele negou com a cabeça saindo de casa, e eu fui atrás. Luan subiu na moto, e mesmo ainda com receio eu subi na garupa. Segurei firme em sua cintura, e ele deu partida, saindo com tudo dali. L2 foi descendo a favela entrando em becos, até chegar no postinho. Desci da moto, deixando o capacete ali, e olhei pra ele. Marina: Te amo. - fiquei nas pontas dos pés pra dar um selinho nele. L2: Também...- fiz careta, e ele bufou. - Te amo! Sorri de lado dando outro selinho nele, e entrei no hospital. Só quando eu estava lá dentro eu ouvi a moto sendo ligada, e logo o barulho dela de afastando.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD