ANOS ATRÁS...
Vittorio Amorielle estava sentado em seu escritório, na imponente mansão da família, perdido em pensamentos. Eleonora apareceu na porta usando um vestido branco simples que a fazia parecer etérea. Ela entrou sem ser convidada, sabendo que Vittorio precisava da solidão de seu escritório naquele momento.
Vittorio ergueu o olhar ao perceber a presença de Eleonora e franziu a testa. "O que você está fazendo aqui?" perguntou, sua voz carregada de desconfiança.
Eleonora deu um passo à frente, aproximando-se de seu marido de fachada. "Vim buscar meu marido para a festa. Todos estão esperando por você lá embaixo."
Vittorio encarou Eleonora com um olhar penetrante. "Você sabe que esse casamento não é real, Eleonora. Eu estou me casando com você apenas para protegê-la de Jácomo Grecco.
Eleonora mordeu os lábios, a frustração visível em seu rosto. "Eu sei disso, Vittorio. Mas não significa que não possamos trazer um pouco de leveza para a nossa relação. Podemos fazer dos limões que a vida nos deu uma deliciosa limonada."
Vittorio permaneceu cético e retrucou: "Eu detesto limonada."
Eleonora olhou nos olhos de Vittorio com um brilho de tristeza. "Estou tentando, Vittorio. Tentando ser a esposa que você precisa que eu seja, mesmo que não seja de verdade."
Vittorio levantou-se da poltrona, aproximando-se de Eleonora. Ele segurou o rosto dela com as mãos, olhando profundamente em seus olhos. "Você precisa entender de uma vez por todas que eu já tive uma esposa que era exatamente do jeito que eu precisava. Você não precisa fazer esse papel, então, por favor, não tente."
Eleonora abaixou o olhar, acariciando a mão de Vittorio que estava em seu rosto. "Eu sei, mas às vezes fico pensando se não seria melhor para nós tentar de fato sermos uma família. Eu sei que esta foi a escolha que fizemos, mas eu não vejo motivo para não tentarmos."
Vittorio soltou um suspiro pesado e beijou a testa de Eleonora. "Eu vou protegê-la, Eleonora, não importa o que aconteça. Mas eu desejo que você encontre a felicidade que deseja em outro lugar, pois não terá comigo."
Eleonora sorriu tristemente e assentiu. "Eu só queria que fosse diferente, Vittorio."
Nesse momento, Vittorio tomou uma decisão. "Eleonora, chame Rocco. Preciso falar com ele."
Eleonora concordou. "Tudo bem, Vittorio. Eu o chamarei."
Eleonora concordou, virou-se e saiu do escritório, deixando Vittorio a sós com seus pensamentos e a iminência das decisões difíceis que teria que tomar para proteger a família Amorielle.
***
Enquanto Don Vittorio contemplava as sombras que dançavam pelo aposento, a porta de seu escritório se abriu silenciosamente, e Rocco, seu braço direito e confiável capo, entrou. Seus olhos eram profundos e perspicazes, sempre prontos para servir ao seu Don.
Rocco se aproximou com respeito e perguntou com voz suave: "Don Vittorio, o que deseja?"
Vittorio desviou seu olhar dos jardins e encontrou os olhos de Rocco. "Estava pensando em Jácomo Grecco", admitiu ele com franqueza. "Não gosto de viver nessa incerteza, Rocco. Sabemos que todos os homens estão monitorando cada passo dos antigos seguidores de Tommaso Grecco, mas ainda não conseguimos localizar Jácomo."
Rocco assentiu com seriedade, compreendendo a preocupação de seu Don. "Estamos atentos, Don Vittorio. Não permitiremos que Jácomo tente nada contra você ou sua família. Nossos homens estão vigilantes."
Vittorio esfregou as têmporas, o peso da responsabilidade pesando sobre seus ombros. "Eu sei disso, Rocco, mas não podemos simplesmente esperar. Em algum momento, Jácomo virá em busca de vingança pela morte de Tommaso, e o que mais me preocupa é Ellis."
Rocco inclinou a cabeça, preocupado. "Ellis está segura em Seattle, casada com John Smith. Duvido que Jácomo se arriscaria a se aproximar dela nessas circunstâncias."
Vittorio suspirou, olhando para a fotografia de Ellis em sua escrivaninha. "Você pode estar certo, Rocco, mas a incerteza me consome. Não podemos subestimar Jácomo. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade."
Rocco estudou seu Don por um momento antes de perguntar: "O que está propondo, Don Vittorio?"
Vittorio olhou nos olhos de Rocco e respondeu com determinação: "Precisamos reunir todos os membros da família e elaborar um plano. Devemos estar unidos e prontos para enfrentar qualquer ameaça que Jácomo represente."
Rocco assentiu. "Entendo. Como planeja reunir a família?"
Vittorio sorriu de canto e se levantou de sua cadeira. "Prepare o jatinho da família para Pedesina. Vamos convocar uma reunião na casa de campo da família, onde estaremos longe de olhares curiosos. Todos devem estar lá, e precisamos traçar um plano sólido para garantir a segurança de nossa família."
Rocco se aproximou de Vittorio, pronto para executar suas ordens. "Entendido, Don Vittorio. Farei os preparativos imediatamente."
Enquanto Rocco saía do escritório para cumprir as ordens de seu Don, Vittorio permaneceu ali, ciente de que o perigo rondava. A reunião em Pedesina seria o primeiro passo em direção a um plano que garantiria a segurança da família Amorielle. A ameaça de Jácomo Grecco pairava sobre eles, e a união da família Amorielle seria a chave para enfrentar qualquer desafio que o futuro pudesse trazer.
***
O jatinho particular da família Amorielle cortou os céus em direção à pequena cidade de Pedesina, na Itália. A bordo estavam Don Vittorio Amorielle, sua esposa Eleonora e Rocco, seu leal capo. A atmosfera a bordo era tensa, pois todos compartilhavam a preocupação com a ameaça que Jácomo Grecco representava para a família.
À medida que o avião pousava, a paisagem montanhosa e pitoresca da Itália se desdobrava diante deles. Pedesina era um refúgio ancestral da família Amorielle, onde gerações haviam crescido e criado laços familiares fortes. Ao desembarcarem, foram recepcionados calorosamente por parentes ansiosos.
A tia de Vittorio, Carmela, foi a primeira a abraçá-lo, lágrimas de felicidade nos olhos. "Vittorio, minha querido! Você finalmente voltou para nós!"
Os primos de Vittorio, Alessandro, Carlo, Marco, Giovanni, Luca e Sofia, se aproximaram em seguida, cumprimentando-o com sorrisos e abraços afetuosos. Eles eram como irmãos para Vittorio, e a alegria de revê-lo era evidente em seus rostos.
Vittorio olhou para sua mãe, Antonietta, que estava de pé na varanda da mansão. Seus olhos se iluminaram ao ver o filho e a nora. "Vittorio, Eleonora, que surpresa trazer vocês de volta a Pedesina. O que os trouxe até aqui?"
Eleonora sorriu, abraçando sua sogra com ternura. " Antonietta, temos notícias maravilhosas. A gente se casou e estamos esperando um filho."
A notícia se espalhou rapidamente entre os parentes de Vittorio, e a mansão de Pedesina se encheu de comemoração. Abraços, risos e felicitações foram trocados enquanto todos compartilhavam a alegria do casal.
No entanto, a expressão séria de Vittorio logo fez todos entenderem que a reunião tinha um propósito mais sombrio. Ele fez um gesto para que todos o seguissem até a sala de estar da mansão, onde pôde compartilhar suas preocupações.
Alessandro, o primo mais velho de Vittorio, que compartilhava a liderança da família, foi o primeiro a questionar. "Vittorio, você trouxe todos nós aqui. Qual é o motivo dessa reunião?"
Vittorio respirou fundo, consciente de que precisava compartilhar a verdade. "É sobre Jácomo Grecco. A ameaça que ele representa para a nossa família."
Alessandro coçou a barba, pensativo. "Jácomo é um homem perigoso, Vittorio. Mas como podemos proteger a família? Ele está escondido, e não sabemos quando ou onde ele irá atacar."
Vittorio assentiu, concordando com a gravidade da situação. "É exatamente por isso que convoquei essa reunião. Todos vocês têm habilidades e conexões que podem ser úteis."
Carlo franziu a testa. "O que você está propondo, Vittorio?"
Vittorio continuou: "Estou propondo aplicarmos o plano Moli di acqua.”