CAPÍTULO 21

1775 Words
Don Vittorio Amorielle estava sentado na grande sala da mansão da família em Pedesina, cercado por todos os parentes, cujos olhares estavam carregados de tensão. O peso da responsabilidade pesava sobre seus ombros, mas ele sabia que era o momento de revelar o plano que havia decidido implementar. Os parentes encaravam Vittorio, esperando ansiosamente que ele compartilhasse os detalhes do que chamou de "Plano Moli di Acqua". Eleonora, sua esposa, foi a primeira a quebrar o silêncio, com a curiosidade evidente em seu rosto. "O que é o Plano Moli di Acqua, Vittorio?" Antonietta, mãe de Vittorio, assumiu a palavra com seriedade. "Este plano, Eleonora, foi criado há décadas por Alero Amorielle, o primeiro Don da família. Seu objetivo é destruir o inimigo em suas próprias regras. No caso de Jácomo Grecco, ele pode reivindicar a Vendetta e buscar vingança. No entanto, com o Plano Moli di Acqua, faremos com que, sem o conhecimento de Jácomo, a Vendetta seja controlada pelos Amorielle." Vittorio assentiu, lembrando-se das amargas memórias. "Você está certa, Eleonora. Meu pai não podia imaginar as verdadeiras intenções de Tommaso, e você e minha mãe, Antonietta, jogaram contra nós. Naquela noite, eu quase perdi a vida." Eleonora abaixou a cabeça, cheia de remorso. "Eu não sabia que seria aquela noite. Me arrependo muito." Antonietta também se sentiu compelida a explicar sua parte na tragédia. "Eu atendi o telefone sem conhecer as verdadeiras intenções de Tommaso Grecco. Fui ingênua, e isso custou caro para nossa família." Vittorio olhou para as duas com um olhar cansado, mas determinado. "Agora não importam mais as desculpas. O que importa é que agora será diferente. Com o Plano Moli di Acqua, teremos o controle. Seremos nós quem definiremos quem morrerá, quem viverá e quem trairá." Eleonora levantou uma sobrancelha, intrigada. "E como isso será feito, Vittorio?" Vittorio respirou fundo antes de explicar. "Entre nós, será decidido quem fingirá traição e se aproximará de Jácomo. Quem viverá e continuará o legado e quem irá morrer para que ele acredite que está no controle." Eleonora, ao lado de Vittorio, não conseguiu conter sua curiosidade e preocupação. Ela levantou uma sobrancelha e perguntou: "Don Vittorio, como decidiremos quem viverá, quem trairá e quem morrerá nesse plano?" Vittorio respirou fundo e olhou para os parentes reunidos na sala, consciente do peso de sua decisão. "Nós somos um grupo de dez pessoas: eu, você, Antonietta, Carmela, Alessandro, Luca, Carlo, Marco, Sofia e Rocco. Para determinar quem desempenhará qual papel, nós usaremos a sorte." Sofia, a prima mais jovem e aparentemente a mais astuta, pegou a palavra. "Como faremos isso, Don Vittorio?" Vittorio explicou: "Sofia pegará uma folha de papel, a cortará em dez pedaços. Quatro deles conterão a palavra 'morto', cinco a palavra 'vivo' e um a palavra 'traidor'. Depois, ela os colocará todos dobrados em um recipiente." Eleonora parecia inquieta com a ideia. "Por que só um traidor, Don Vittorio?" Vittorio respondeu com calma: "Precisamos que a informação seja controlada, Eleonora. Ter apenas um traidor nos permitirá manter as rédeas do plano em nossas mãos. Se houver mais de um, correríamos o risco de perder o controle." Sofia se levantou e, sem hesitação, foi até o escritório. Ela pegou papel e caneta e começou a fazer os recortes de acordo com as instruções de Vittorio. Depois de preparar os papéis, ela os colocou no recipiente de vidro, que brilhava à luz da sala. Vittorio olhou para sua família, um olhar de determinação em seus olhos. "Está na hora de decidirmos. Quem irá primeiro?" Antonietta caminhou até o recipiente, fechou os olhos por um momento, e retirou um dos papéis. Ela o desdobrou com cuidado e leu a palavra escrita nele em voz alta: "Morto." A tensão na sala aumentou ainda mais. Vittorio manteve seu olhar fixo no recipiente, sabendo que este era um jogo perigoso, mas necessário para o sucesso do plano. Carmela seguiu Antonietta e, como ela, retirou um papel, desdobrou e leu em voz alta: "Morto." As palavras "Morto" ecoaram na sala, pesadas e ameaçadoras. Os membros da família Amorielle se entreolharam, o peso da escolha começando a se fazer sentir. Os primos Luca, Carlo, Marco e Alessandro retiraram os papéis em seguida, e todos leram "Vivo". Cada palavra "Vivo" trouxe um suspiro de alívio para a sala, mas a tensão persistia. Rocco, o leal capo da família, pegou seu papel e o desdobrou com calma. O silêncio se aprofundou quando ele leu a palavra "Traidor". Um olhar de choque e incredulidade percorreu o rosto de Rocco, mas ele se manteve firme, ciente de sua importância no plano. Finalmente, restaram apenas três papéis no recipiente. Sofia, a prima jovem e aparentemente decidida a assumir o controle, pegou o recipiente, olhou para Vittorio, e retirou o papel que continha a palavra "Vivo". Eleonora e Vittorio se encararam, sabendo que os dois papéis restantes continham a palavra "morto". Era uma realidade que eles tinham que aceitar. Eleonora pegou um dos papéis, sentindo o coração bater com força em seu peito. Ela abriu o papel e viu a palavra "morto". Seu rosto empalideceu. Vittorio pegou o último papel, e seus olhos encontraram os de Eleonora. Ele desdobrou o papel, e a palavra "morto" estava escrita ali. A sala estava agora repleta de um silêncio pesado. Vittorio falou com determinação. "Agora que os destinos estão traçados, cabe a nós garantir o sucesso do Plano Moli di Acqua." Alessandro, o primo mais velho de Vittorio, fez uma observação cautelosa. "Mas e se algo der errado, Vittorio? Se Jácomo descobrir o plano, ele pode agir ainda mais brutalmente." Vittorio acenou com a cabeça, reconhecendo os riscos envolvidos. "É por isso que precisamos ser cautelosos e estar preparados para um contra-ataque. Se Jácomo acreditar que está se vingando e não suspeitar do nosso controle sobre a situação, teremos a vantagem." Carlo, o primo, estava preocupado. "E como convenceremos Jácomo de que estamos vulneráveis e à mercê dele?" Vittorio sorriu de maneira sombria. "Isso é o mais difícil. Teremos que encenar uma traição convincente, algo que Jácomo acreditará plenamente. Mas uma vez que ele morder a isca, teremos a oportunidade de virar o jogo." Luca, o primo mais jovem, tinha dúvidas. "E se alguém fora do que ficou definido aqui se machucar de verdade, Vittorio? Como evitaremos que a situação fuja do controle?" Vittorio olhou para sua mãe e parentes com determinação. "Essa é a nossa tarefa mais difícil, proteger uns aos outros, mesmo enquanto representamos a traição. Teremos que ser cautelosos e inteligentes. Não há garantias de que tudo sairá como planejado, mas esta é a melhor estratégia que temos." A sala da mansão de Pedesina se encheu de um compromisso silencioso enquanto todos se preparavam para o que estava por vir. Don Vittorio Amorielle sentiu a necessidade de conversar a sós com Rocco para discutir os detalhes de sua parte no plano. Ele olhou para o leal capo e fez um gesto discreto com a cabeça, indicando que era hora de deixar a sala e seguir para o escritório da casa. Rocco assentiu e seguiu Vittorio até o escritório, onde o silêncio e a privacidade permitiriam que discutissem os detalhes sensíveis do plano. Assim que estavam a sós, Rocco não conseguiu esconder sua inquietação. "Don Vittorio, eu... eu não me sinto confortável em trair você." Vittorio olhou nos olhos de Rocco, sua expressão séria e decidida. "Rocco, você vai se dar muito bem como traidor. Aliás, você já me traiu antes." Rocco ficou visivelmente surpreso com a afirmação de Vittorio. "O que está dizendo? Não traí você, Don Vittorio." Vittorio sustentou o olhar de Rocco, seu tom firme. "Você participou do diritto di morte de Tommaso Grecco, elaborado por Ellis. Você sabe do que estou falando." Rocco desviou o olhar, sua expressão se tornando sombria. "Fiz aquilo para proteger Ellis, Don Vittorio. Eu sabia o quanto ela era importante para você. Não tive escolha." Vittorio não recuou. "E você fez isso sem me contar. Isso é uma traição, Rocco." Rocco abaixou a cabeça, reconhecendo a gravidade de sua ação. "Eu sinto muito, Don Vittorio. Eu não queria que você soubesse." Vittorio encarou Rocco com intensidade. "Isso não é tudo, não é?." Rocco engoliu em seco, sentindo o peso de suas ações. "Não, Don Vittorio. Eu traí você mais duas vezes." Vittorio reconheceu as boas intenções de Rocco, mas seu rosto permaneceu sério. "Você traiu minha confiança, Rocco, ao tomar decisões sem me consultar. No entanto, desta vez, você será meu traidor. Deixe-me contar-lhe o que acontecerá a seguir." Rocco estava tenso, aguardando a punição que Vittorio lhe daria por suas ações passadas. Vittorio continuou: "Você guardará a traição mais significativa para o momento apropriado. Quando eu banir você e me tornar seu inimigo, ela será usada como motivo." Rocco questionou o motivo daquele cenário hipotético. Vittorio explicou: "Você precisará se tornar uma fonte de informação vital para mim. Ajudará a enganar Jácomo Grecco, fazendo-o acreditar que você está do seu lado. Quando o momento chegar, revelará tudo o que sabe sobre mim, todas as minhas fraquezas, meus planos, enquanto eu estiver preparado para tomar medidas." Rocco balançou a cabeça, aceitando a tarefa e as implicações que ela trazia. Ele percebeu que essa seria uma missão delicada e arriscada. "Entendi, Vittorio. Farei o que for necessário para proteger a família." Vittorio respirou fundo e tomou uma decisão. "Rocco, preciso que você me conte a traição mais leve para que eu possa preparar meu espírito para o que está por vir." Rocco assentiu, reconhecendo a necessidade de revelar a verdade. "A primeira traição, Don Vittorio, foi quando eu soube que Ellis se separou de você. Foi Messina quem a forçou a escolher a vingança e se separar de você, revelando a localização de Tommaso." Vittorio encarou Rocco tristemente, sua mente se enchendo de pesar. "Obrigado por me contar, Rocco." Rocco abaixou a cabeça e pediu perdão. "Sinto muito, Don Vittorio." Vittorio olhou nos olhos de Rocco e falou com seriedade. "Para ser perdoado por mim, Rocco, você terá que fazer algo inimaginável." Rocco parecia intrigado. "O que é, Don Vittorio?" Vittorio revelou sua exigência com firmeza. "Você terá que preparar um galpão para onde Ellis será levada quando for sequestrada. E também precisa ser um local de fácil acesso para quando formos retirar seu corpo." Rocco ficou chocado com a revelação de Vittorio. "Quem matará Ellis, Don Vittorio?" Vittorio olhou para Rocco e declarou com uma voz fria e determinada. "Você a matará, Rocco." A tensão no escritório da mansão era quase palpável quando a realidade da situação se impôs. Vittorio estava disposto a usar todas as ferramentas disponíveis para garantir o sucesso do Plano Moli di Acqua.

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