CAPÍTULO 3

1138 Words
Ellis Smith permaneceu parada em frente à majestosa entrada da residência milionária da família Amorielle. A mansão se erguia imponente diante dela, suas paredes de pedra exibindo uma elegância intemporal, e as janelas de vidro refletiam a luz do sol da tarde. Os jardins meticulosamente cuidados estavam repletos de uma variedade de flores coloridas e arbustos bem podados. Era como se o tempo tivesse congelado aquele lugar, preservando sua beleza e esplendor ao longo dos anos. No entanto, algo mudara desde a última vez que Ellis estivera ali. O que realmente fazia a diferença naquela paisagem era a presença de sua filha, Donna, uma menina de cabelos negros como a noite, parada ao seu lado. Ela olhava com curiosidade para a grandiosa mansão, os olhos cheios de admiração. Com passos decididos, Ellis guiou Donna através da entrada principal e adentrou a casa. Foi então que um dos associados da família Amorielle surgiu diante delas. Ele vestia um terno impecável e olhou para Ellis com uma expressão interrogativa. "Quem é você?", perguntou o associado, sua voz soando autoritária. Ellis manteve sua postura, determinada a enfrentar o que quer que viesse pela frente. "Meu nome é Ellis Barker." O associado assentiu e pediu que ela aguardasse ali. Ele se dirigiu em direção a um corredor que Ellis sabia muito bem levar ao escritório do patriarca da família Amorielle. Não demorou muito até que uma figura jovem e enérgica surgisse correndo pelo corredor. Jake Amorielle, o menino de cabelos escuros e olhos brilhantes, apareceu de repente e abraçou Donna com entusiasmo. "Donna!", exclamou Jake, animado. "O que você e sua mãe estão fazendo aqui?" Ellis observava o menino com uma mistura de ternura e melancolia. Jake não tinha ideia de que seus pais haviam falecido, e seu coração se apertou ao ver a inocência nos olhos dele. Antes que Ellis pudesse responder à pergunta de Jake, um homem robusto e de expressão austera apareceu. Com seus cabelos escuros e grisalhos, e olhos penetrantes que pareciam ler a alma de qualquer um, ele emanava uma aura de autoridade incontestável. O homem se aproximou com passos firmes, sua presença imponente preenchendo o espaço. Ele olhou para Ellis com um leve sorriso, mas seus olhos permaneceram sérios. "Que bons ventos trazem a senhora Smith até Pedesina?", perguntou ele, sua voz profunda ecoando no vestíbulo. Ellis encarou o homem com uma mistura de sentimentos. “Olá, para você também, Alessandro." Alessandro Amorielle, o atual patriarca da família, não demonstrou surpresa ao vê-la. Em vez disso, seu olhar permaneceu fixo nela, como se estivesse tentando decifrar os segredos que ela carregava consigo. Ellis estava de volta à Pedesina, e não pretendia recuar agora. *** Ellis e Alessandro Amorielle ficaram parados um de frente para o outro no elegante hall de entrada da mansão. O silêncio era tenso, e as crianças, Donna e Jake, estavam próximas, observando a cena com curiosidade. Alessandro desviou o olhar de Ellis e voltou-se para Jake. Ele olhou para o garoto com uma expressão séria e disse: "Jake, por favor, leve a garotinha para conhecer a mansão." Jake assentiu solenemente, demonstrando um respeito inato por Alessandro. "Sim, Don Alessandro." Ele pegou a mão de Donna e começou a levá-la para longe dali. Ellis observou os dois se afastando e depois voltou sua atenção para Alessandro com um olhar de desdém. "Don Alessandro?" ela disse com sarcasmo. "O corpo nem esfriou, e já se intitulou um Don." Alessandro encarou Ellis com seriedade, sem se deixar abalar pelo tom de sua voz. "O que a senhora Smith deseja?" Ellis respondeu entre os dentes, com uma determinação feroz: "Senhorita Barker." Alessandro não pôde deixar de sorrir levemente, como se a provocação de Ellis o divertisse. "Ellis Smith, casada com John Smith, o homem que tentou destruir a família Amorielle. E agora, ousa trazer a filha dele até o território dos Amorielles. Já não ofendeu a família demais, Senhora Smith?" Ellis suspirou, cansada de jogos de poder. "Não estou aqui para picuinhas, Alessandro. Estou aqui para resolver os assuntos legais." Alessandro ergueu uma sobrancelha, curioso. "Sobre quais assuntos legais a senhora Smith fala?" Ellis respondeu calmamente, mantendo sua postura firme: "Estou falando sobre o testamento de Vittorio Amorielle. O testamento que me deixou como guardiã de Jake e de todos os bens de Vittorio." Alessandro franziu a testa, claramente surpreso com a revelação. Ele ponderou as palavras de Ellis antes de dizer: "Isso é uma séria acusação. Você tem algum documento que comprove isso?" Ellis assentiu, sacando um envelope de sua bolsa. Ela entregou os papéis a Alessandro, que os analisou cuidadosamente. Após alguns momentos de silêncio, Alessandro sorriu com um toque de ironia e disse: "Por favor, acompanhe-me até o escritório. Temos muito o que discutir." Ele deu alguns passos à frente enquanto Ellis o seguia, embora sua caminhada fosse mais lenta e cuidadosa. As memórias da noite em que presenciou a morte de Matteo, o tio e pai de Alessandro, a assombravam, ameaçando dominar seus pensamentos. A porta do escritório se abriu diante deles, revelando o cenário que estava gravado na mente de Ellis. Ela não conseguiu evitar o olhar para o chão onde Matteo Amorielle perdera a vida há anos. A lembrança daquela noite sombria a atingiu como uma punhalada no coração. Alessandro, percebendo o desconforto de Ellis, tentou dissipar a tensão que pairava no ar. Com uma voz suave, ele perguntou: "Gostaria de uma bebida, senhora Smith?" Ellis recusou a oferta com um aceno de cabeça. Ela estava determinada a manter o foco na conversa que estava por vir, não permitindo que as lembranças perturbadoras a distraíssem. Alessandro assentiu e disse: "Melhor assim. Podemos ir direto ao ponto." "Eu estou aqui porque levarei Jake de volta para Nova York. O testamento de Vittorio me nomeia como sua guardiã legal." Alessandro manteve seu sorriso, um sorriso enigmático que escondia sua verdadeira intenção. Ele disse: "Não é tão direto ao ponto, Senhora Smith. Você terá que percorrer algumas casas antes de alcançar o grande prêmio." Ellis arqueou uma sobrancelha, sem entender completamente as intenções de Alessandro. "O que você quer dizer com 'percorrer algumas casas'?" Alessandro a encarou com intensidade e explicou: " Você não pode levar o Jake, pois o testamento é inútil." Ellis franziu a testa, confusa. "Como assim? O testamento é válido. Consultei advogados que confirmaram isso. Eu, como sua guardiã, posso e vou levar o Jake." Alessandro concordou, mas sua expressão revelava um enigma. "Sim, o testamento é legítimo, mas para ser válido, Vittorio teria que estar morto. E, até onde eu sei, meu primo está muito vivo." A revelação de Alessandro atingiu Ellis como um raio. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Vittorio Amorielle, o homem que ela amava, estava vivo? A confusão e o choque se misturaram em sua mente enquanto ela tentava processar essa reviravolta.
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