Capítulo 13

944 Words
VALENTINA CACCINI NARRANDO. Eu estava tensa porque sabia que esse "treinamento" na verdade seria uma batalha, e eu temia pelas consequências. Nicollo é forte, mas o treinamento da máfia russa é muito diferente do nosso, e, claramente, Dante sairia vencedor. Voltei para casa, aflita, e me tranquei no quarto. O meu corpo tremia de ansiedade, e o medo me dominava. Eu não conseguia comer. A minha mãe me chamou para acompanhar ela e a minha futura sogra no chá da tarde, e, relutante, fui até a mesa do lado de fora. A minha futura sogra é uma pessoa deplorável. Tudo que sai de sua boca é fútil. Ela só fala de bolsas e sapatos, o que me irrita profundamente. A sua soberba ao falar de suas viagens também me deixa agoniada. — Chegamos com o nosso melhor — O meu pai disse, quando vi Dante chegar com um corte no supercílio e outro na boca. — Você está bem? Posso ajudar? — Perguntei, me levantando rapidamente e ficando de frente para ele. Dante me encarou friamente, assentiu com a cabeça e passou por mim com passos duros. Pedi licença e fui atrás dele. Ele se sentou em uma das salas da mansão, e eu fui pegar o kit de primeiros socorros. Limpei os seus ferimentos em silêncio, sentindo o olhar dele cravado em mim. — Pronto, está limpo. — Eu disse, me afastando um pouco. — Vai precisar de gelo para não inchar. De repente, ele se levantou bruscamente, me assustando. Dei um passo para trás. — O que você e Nicollo têm ou tiveram? — Ele perguntou com rudeza, me encarando nos olhos. — Nada — Respondi firme, mas não consegui manter o olhar. — Você sabe que ninguém me engana, não é? — Ele disse, chegando bem perto de mim. — E se, na consumação, você não for virgem... já sabe. — Ele colou os nossos corpos, falando com frieza. — Não tente me enganar. Eu sei muito bem reconhecer uma mulher virgem, e nem adianta usar sangue falso, porque eu nunca sou enganado. Dante me encarou com uma fúria silenciosa e, antes de sair, acrescentou: — Se quer saber, o seu querido Nicollo está muito pior do que eu. Com o braço quebrado, terá que ser afastado do cargo. Ele passou por mim, trombando no meu ombro, e eu me apoiei na mesa, respirando fundo para conter as lágrimas. Maldita hora que me envolvi com Nicollo. Foi um erro terrível. Eu nunca deveria ter insistido nele. Fiquei ali, perdida em meus pensamentos, até que a voz grave de Dante me assustou. — Vai ficar aí chorando por ele ou vai me acompanhar até a mesa para o café da tarde? — Ele perguntou, rude. — Estou sem fome, pode ir sozinho — Respondi, tentando manter a calma. Ele caminhou até mim com raiva. — Você é minha prometida, então vai sim até a mesa comigo, e eu quero que coma junto comigo. Entendeu? — Ele falou baixo, mas com uma agressividade contida. — Não me desafie. Essa é a última vez que vou avisar. Sem mais uma palavra, ele abriu a porta, me encarando até que eu passasse por ele. Caminhamos até a sala de jantar, onde os homens falavam animados sobre a "batalha" que Dante venceu. Eu estava irritada, principalmente com o sorriso de satisfação no rosto dele, e a forma arrogante como ele me olhava. O meu corpo tremia de raiva. Eu precisava saber sobre Nicollo, precisava ter notícias, mas não podia sair dali. Certamente, ele já estava no hospital, com o braço quebrado. Fui para a sala de leitura, tentando aliviar a minha mente. A minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos. De repente, a minha sogra entrou na sala, ditando ordens: — Vamos fazer compras, se arrume. Eu a encarei, surpresa. — Não estou me sentindo bem. Obrigada pelo convite — Respondi educadamente. Ela me olhou como se eu tivesse cometido um crime. — Como é? Você está desafiando a minha autoridade? — Ela disse, indignada. Fechei o meu livro e respirei fundo. — Eu não fiz um convite, eu te dei uma ordem — Ela continuou, e eu segurei o riso. Dante entrou na sala nesse momento. — O que está acontecendo aqui? — Ele perguntou, irritado. — A sua mãe está me dando uma ordem para ir às compras com ela — Falei, com um sorriso debochado. — Mas eu estava explicando que hoje nós marcamos um jantar, não é mesmo? Os meus pais e o pai de Dante entraram na sala nesse momento. — Marcamos? — Dante perguntou, visivelmente incomodado. — Sim, marcamos. E preciso estar descansada para o nosso jantar, não é? — Respondi, com um tom suave, enquanto observava a irritação de sua mãe. — Deixem eles, já têm seus compromissos — A minha mãe disse, levando a mãe de Dante para fora do escritório. Quando ficamos a sós, me levantei e fui direto até Dante, cheia de raiva. — Não vou aceitar a sua mãe me dando ordens ou ditando como devo agir quando nos casarmos. Dê um jeito nela — Exigi, surpreendendo ele. Ele não disse nada, mas o rosto corado demonstrava seu nervosismo. — Às 19h, estarei pronta, futuro marido — Falei, saindo do escritório e subindo para o meu quarto, completamente irritada com aquela mulher. Eu não vou suportar essa velha tentando mandar em mim. Já consigo prever que, quando eu for para a Rússia, minha vida será um inferno por culpa dela. Mas Dante vai ter que se comportar como homem e deixar claro que, na nossa casa, quem manda sou eu. Não vou tolerar o contrário.
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