Capítulo 14

1095 Words
VALENTINA CACCINI NARRANDO. O dia do meu aniversário de 20 anos amanheceu ensolarado, mas minha alma triste. O dia do meu casamento com Dante estava chegando, e após isso, a minha vida mudaria completamente. Eu iria embora para a Rússia e viveria longe dos meus amados pais. Cada momento com eles agora parecia um conto de fadas prestes a virar fumaça. A mansão estava cheia de convidados, todos ali para comemorar o meu dia. Eu m*l conseguia sorrir para os presentes, a minha mente perdida em pensamentos sobre o futuro incerto ao lado de Dante. As conversas, risadas e músicas soavam distantes, como um eco em um sonho que logo se tornaria um pesadelo. Após cumprimentar os convidados, encontrei um canto mais tranquilo no jardim. Precisava de um momento de solidão para processar tudo o que estava acontecendo. Estava ali, perdida em meus pensamentos, quando ouvi uma voz familiar. — Valentina. — Nicollo apareceu de repente. — Nicollo, o que você está fazendo aqui? — Perguntei com o meu coração acelerando. Ele não deveria estar aqui, especialmente depois do confronto com Dante. — Eu precisava te ver. — Ele se aproximou. — Precisamos conversar. Olhei ao redor, me certificando de que ninguém estava nos observando, e o segui para um local mais isolado. Uma parte de mim queria ouvir o que ele tinha a dizer, enquanto outra parte sabia que isso só traria mais complicações. — Valentina, fuja comigo. — Ele segurou as minhas mãos implorando. — Podemos começar uma nova vida, longe de tudo isso. Eu te amo, e não quero te perder para o Dante. — Nicollo, não posso. — Retirei as minhas mãos das dele, sentindo um aperto no peito. — Você sabe que isso é impossível. A minha família, a minha honra, tudo está em jogo. Ele balançou a cabeça, frustrado. — Isso é loucura, Valentina. Você está se condenando a uma vida infeliz. Ele não te ama, ele te controla. Você merece muito mais do que isso. — Nic, por favor, não torne isso mais difícil do que já é. Nicollo se aproximou mais, tentando me beijar. Virei o rosto no último segundo, sentindo uma mistura de dor e culpa. — Não faça isso, Nicollo. — Eu disse com a minha voz estava trêmula. — Não posso te dar o que você quer. — Você sempre me pediu para te beijar. — Ele disse. — Eu sei disso, mas, eu não posso, me perdoe. Ele deu alguns passos para trás, com os olhos cheios de raiva. — Você é uma covarde, Valentina. Está se escondendo atrás de tradições e promessas vazias. Eu pensei que você fosse diferente. — Não fale assim comigo. — Falei em um tom firme. — Você não entende a responsabilidade que tenho. Não é tão simples quanto parece. — Sempre se escondendo atrás de responsabilidades. — Ele zombou. — Talvez Dante esteja certo sobre você. Talvez você seja apenas uma menina mimada que não sabe o que quer. As palavras dele me atingiram como um soco. — Como você pode dizer isso? Depois de tudo o que passamos? — Porque é a verdade. — Ele disse com amargura. — Você prefere viver uma vida falsa, não quer arriscar tudo por amor. Não passei de uma distração para você, algo para preencher o vazio antes do seu casamento. Eu queria gritar, chorar, qualquer coisa para aliviar a dor que as palavras dele causaram. — Vá embora, Nicollo. Não há mais nada a ser dito. Ele me olhou com desdém, algo que eu nunca tinha visto em seus olhos antes. — Boa sorte com sua nova vida, Valentina. Espero que valha a pena. Eu vi ele se afastar, cada passo dele parecendo levar um pedaço do meu coração. Me senti dividida entre o dever e o desejo, e ambos me pareciam agora igualmente inalcançáveis. Voltei para a festa, tentando recolher os pedaços de mim mesma. O meu pai estava cercado dos convidados, ele me viu e, com um sorriso se aproximou. — Está tudo bem? — Ele perguntou. — Sim, só precisei de um momento para respirar. — Menti, tentando esconder a turbulência dentro de mim. — Espero que esteja gostando da festa. — Ele disse, olhando ao redor. — Os nossos convidados estão muito felizes. — Sim, está tudo maravilhoso. — Respondi automaticamente, a mente ainda nos momentos recentes com Nicollo. O meu pai me conduziu de volta para o centro da festa, onde a música suave de uma valsa começou a tocar. Os convidados se afastaram um pouco, abrindo espaço para a dança. Senti os olhos de todos em mim, mas os que mais me queimavam eram os de Dante, que me observava de um canto do salão. — Valentina, gostaria que você e Dante dançassem agora. — O meu pai disse. Dante se aproximou, a sua expressão impassível, mas com um brilho calculista no olhar. Ele estendeu a mão para mim, e eu a aceitei, sentindo um arrepio de frio percorrer a minha espinha. — Está pronta para a dança, minha noiva? — Ele perguntou com um tom de ironia. — Sempre. — Respondi, forçando um sorriso. Enquanto dançávamos, sentia a pressão de seus dedos em minha cintura e a tensão em seus movimentos. Tentei manter a minha postura, disfarçar a angústia, mas Dante parecia ver através de mim. — Está nervosa, Valentina? — Ele sussurrou, se inclinando para perto do meu ouvido. — Vi você com Nicollo no jardim. Acho que a nossa pequena conversa não acabou, não é? O meu coração pulou uma batida, mas me forcei a manter a calma. — Não há nada entre Nicollo e eu. — Menti, sentindo o gosto amargo daquelas palavras. — Não precisa mentir para mim. — Dante disse com um sorriso frio. — Você não pode esconder nada de mim. A dança continuou, cada giro e passo era uma tortura. O olhar de Dante nunca se desviava do meu, como se quisesse penetrar na minha alma. Quando a música terminou, os aplausos dos convidados me tiraram daquele transe. Fiz uma reverência elegante, tentando parecer graciosa, enquanto a minha mente estava a mil. Dante segurou a minha mão com firmeza, como se dissesse que aquela batalha estava longe de acabar. — Aproveite a sua festa, Valentina. — Ele murmurou. Fiquei ali, parada no meio do salão, com um sorriso falso estampado no rosto. Por dentro, me sentia como um castelo de cartas prestes a desmoronar. Mas, naquele momento, sabia que precisava continuar fingindo, pelo menos até encontrar uma saída para aquele labirinto de sentimentos e responsabilidades.
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