CAP 3

1234 Words
Susan Costello A cada passo que dou em direção à mesa, os meus olhos passam ao redor e os homens fazem questão de mostrar que estão armados*. Todos eles. Por um breve momento, eu confesso que me esqueço de quem sou aqui e isso por causa do medo, mas, rapidamente, eu fecho os olhos e puxo o ar de forma mais disfarçada possível e elevo a cabeça na direção ao homem. Nunca o vi antes, não sei nada sobre ele, mas é nítido que não é uma pessoa social ou agradável. É como se ele exalasse perigo e por isso quero me manter longe! É nítido que ele manda nos outros, ele é o único na mesa e que me olhar da forma mais fria que se possa imaginar. Os olhos são negros*, sem brilho algum e nem mesmo o jogo de luzes capta algo nesses olhos. A cada passo que dou, a minha audição parece ficar atacada, a mesa parece ficar mais distante e outra vez, eu tento me lembrar de quem eu sou aqui dentro. É só um cliente normal, é só um cliente normal... — Boa noite, o que deseja pedir? — Falo já com a caderneta e caneta na mão. — Quero uma garrafa de uísque e uma de vodca, traga gelo também, alguns petiscos e depois..., você me fará companhia aqui na mesa. — Ele fala como se fosse algo mais normal e ainda em tom de ordem. — Eu não sou acompanhante, mas o salão está lotado delas e se elas quiserem, fique à vontade para escolher quem lhe queira. Se não precisar de mais nada, com licença. — Juro que as palavras saem sem eu pensar nelas e saem como água. Elas simplesmente jorraram! Isso tudo por culpa de eu pensar em lembrar que eu sou aqui, porque quando ouço esses tipos de coisas de clientes, é assim que respondo ou até de forma mais grosseira. Para mim, esse homem é só um cliente normal e não vou receber ordens dele como se eu fosse sua propriedade, meu chefe ou como se ele fosse dono daqui. Ele não é nada! Nem Luiz me pede algo desse tipo e esse homem vem e acha que pode ter tudo! Dois homens dele se aproximam, ficando um de cada lado dele e os dois mostram as armas* na cintura, porém, o homem à mesa apenas faz um gesto e eles se afastam. Ele continua a me olhar da forma mais fria possível e como ele não diz nada, eu apenas dou meia volta e saio sem dizer nada também. Mas saio me tremendo por inteira. Desço a escada completamente nervosa, com as mãos frias e ao chegar no salão, passo pelas mesas e simplesmente, sinto o meu braço ser puxado bruscamente e ao olhar, é um homem que está acomodado em uma das minhas mesas que atendo. — Será que a gracinha aí pode me trazer uma tequila? — Um homem grita trazendo um certo aperto forte. Ele já está bêbado. — Quando eu estiver desocupada, eu lhe atendo! Com licença. — Puxo o meu braço de volta e passo direto. Odeio* esse tipo de gente! A maioria dos homens que já frequenta o local, que já conhecem como tudo acontece e gostam daqui, já perceberam que só atendo mesas e por isso, esses assédios* continuam. Todas as outras garotas sempre fazem a mais e como eu faço a restritiva, muitos insistem de forma insuportável e a cada dia fica pior*. Passo pelas pessoas que continuam bebendo e dançando, a música continua muito alta, já houve troca das meninas e chego no balcão passando a comanda dos petiscos para a cozinha. — Então? Deu tudo certo? — Luiz pergunta e o seu olhar se direciona lá para cima e faço o mesmo. O homem já está de pé lá em cima, olhando fixamente para nós dois aqui e novamente, com um olhar frio e escuro. — Ele é um louco..., quis mandar em mim, querendo que eu lhe faça companhia. — Falo virando o rosto e daqui, não demostro medo. — Estão todos armados*, você viu? — Ele é um homem rico e visado, claro que só andaria assim pela própria segurança..., mas fique calma, você só atende como sempre fez e sai. — Luiz diz me acalmando um pouco e aceno com a cabeça. — Mais se acalma. Respiro fundo com a ajuda dele e recebo um beijo na testa que me passa uma certa calmaria. Aos poucos, o nervoso, o medo e a tensão começam a se dissipar e já preparo a garrafa de uísque e a de vodca. Caminho até o frízer para ver os sacos de gelo e preparo um recipiente para separar e como tem bastante coisas, eu pego uma bandeja maior. Volto para uma das minhas mesas, levando a tequila que o bêbado pediu e a turminha dele começa a beber como se não houvesse amanhã, mas eles pedem água também e algo para comer. Ao voltar ao balcão, os petiscos do cliente vip estão pronto e já preparo a bandeja para levar tudo de uma vez. É arriscado levar tudo sozinha? Sim, mas vou tentar, porque quero ir apenas uma vez e sair o mais rápido possível! Seguro a bandeja com força e respiro fundo. Dou passos para passar pelo salão e me afasto de qualquer coisa que possa me atingir, e nisso, eu ando o mais rápido que posso. Ao chegar na escada, subo os degraus com cautela e antes de chegar no topo, eu já vejo aqueles homens novamente e alguns ficam de olho em mim. Os outros, ficam hipnotizados apreciando a dança das meninas e todos eles não demonstram nada, apenas observam, mas não chegam perto desse que está na mesa. Caminho na direção dele e o homem de antes está sentado no mesmo lugar, com os braços abertos no sofá de couro e aquele mesmo olhar frio. Ele exala superioridade. Os seus olhos varrem o meu corpo, vejo nitidamente me percorrer toda e a cada movimento meu, ele observa sem expressar absolutamente nada. — Com licença! — Digo desviando o olhar e começo a colocar tudo na mesa. Coloco as bebidas, os petiscos, os gelos e pego a bandeja de volta. — Vou buscar os copos! Vai beber sozinho ou os seus guardas vão lhe acompanhar? — Questiono ainda sendo observada por ele. — Apenas eu, mas vou reforçar..., quero a sua companhia na bebida. — Fico chocada com essa insistência. — Não será possível e vou pegar os copos! — Digo já lhe dando as costas. Para facilitar o atendimento aqui de cima, Luiz colocou vários copos, taças e algumas coisas há mais nesse andar e dou meia volta para buscar nos fundos. Esse homem está me deixando mais nervosa do que gostaria e mesmo aqui nos fundos, me sinto ser observada e apenas pego alguns copos, lenços, molhos para os petiscos e faço o caminho de volta para a mesa. Coloco tudo no lugar e ele simplesmente, faz um gesto para que eu sirva a sua bebida. Uísque. Engulo em seco e evito ao máximo de olhar para ele, mas ele não tira os olhos. Coloco a sua dose bem na sua frente e sem paciência, eu viro de costas de saio sem dizer mais nada. Enfim, mesa servida, trabalho feito e vou voltar ao meu lugar!
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