Capítulo 3

1264 Words
Ravena Os dias parecem estar voando, sério, o tempo não é meu amigo. Tive poucos encontros com o meu noivo, foi aquela vez na academia e depois o jantar, aquela vez na doceria, o mesversário da princesa, filha de Antonella e Hugo, enfim… Foram poucas vezes, mas o suficiente para saber que ele é um chato! O casamento já está marcado para daqui poucos dias e Luiza já até terminou o vestido. — Ravena? Falando nela. Luiza bate na porta do quarto. — Oie, pode entrar. — Thom pediu para te avisar que você vai jantar com Arian hoje. Dou um pulo da cama. — Sério? Porque? — Porque ele quer — Luiza sorri fraco. — Ah não! Pede Thom para inventar alguma coisa, fala que estou indisposta, sei lá, qualquer coisa, por favor. — Ravena… — Por favor! — imploro. — Ok, vou falar com ele e já volto. — Agradeço muito. Nossa! Agradeço muito mesmo! Não quero ir jantar com ele, meu Jesus, é torturante demais ficar ao lado daquele homem que quase não fala nada. Sem contar que o cheiro dele — devo dizer que é um cheiro muito bom — impregna em mim e fico uns dois dias com esse cheiro. Isso é tortura! — Ravena? Posso entrar? — dessa vez é Thom. Acho que ele quer conferir se estou mesmo indisposta. Faço a minha melhor atuação de doente e respondo com uma voz manhosa: — Pode. — Não precisa fingir para mim — Thom ri. — Aliás, não precisa fingir para ninguém. Liguei para Arian. — E aí? Volto ao meu normal já que fui descoberta por ele antes mesmo de começar a atuar. — Disse que mesmo que você estivesse acamada, para ele não importa, você vai jantar com ele de qualquer maneira. Abro a boca chocada. — Ele disse isso?! — Sim. — Que absurdo! — exclamo nervosa e me levanto da cama. — Esse homem é um troglodita… Um… Um… Um rídiculo! — Ele ainda te deu opção. — Opção de que? — Pode ir com suas pernas ou ele pode vim até aqui te buscar. Uh o quê?! — O que esse homem pensa que é? Um animal? Um homem das cavernas? Ele não sabe nada sobre respeito e educação? Thom ri e eu o fuzilo com o olhar. — Desculpe, é que você falou engraçado. Olha, ele é complicado, acho melhor você ir de boa. — Ele é chato! Nem fala nada, pra que quer jantar comigo? Ai que homem insuportável! — reviro os olhos. — Se arrume, ele disse que vai passar aqui daqui trinta minutos. — Trinta minutos? — Sim, pediu para que seja rápida e não atrase. — Intragável! Thom sai do quarto e eu vou me ajeitar, ainda bem que já tomei banho. Uso roupa simples, já que só tenho trinta minutos, que seja de qualquer jeito. Coloco uma calça jeans, uma blusa branca e rasteirinha nos pés, não passo maquiagem ou uso qualquer outro acessório. Luiza sobe depois de alguns minutos e avisa que Arian já chegou. Como sempre, o educado não faz nem questão de entrar para cumprimentar as pessoas, me espera dentro do carro. Entro no carro e o seu cheiro invade minhas narinas, é um cheiro tão bom, fico me perguntando que perfume ele usa. — Boa noite, Arian! — cumprimento, porque ao contrário dele eu tenho educação. Sou respondida apenas com um aceno de cabeça. Bufo e me afundo no banco, olhando pela janela. Logo chegamos a um restaurante muito bonito e eu começo a ficar com vergonha da minha roupa. Deveria ter me arrumado melhor. Arian está com um terno preto, que com toda certeza foi feito sob medida ou então não caberia nele. Apesar de rude, grosso, ignorante, chato, intragável e tudo mais, não posso negar que ele é um homem bem bonito. E cheiroso, devo acrescentar isso, muito cheiroso. Mas também é um m*l-educado e nem um pouco cavalheiro. Não abriu a porta do carro para mim, saiu andando na minha frente dentro do restaurante e nem puxou a cadeira para que eu pudesse sentar. É literalmente um homem das cavernas. Arian estende o cardápio para mim escolher o que quero comer porque as bebidas ele já pediu, cerveja para ele e suco para mim. Escolho um prato de frutos do mar e Arian escolhe carne com saladas. — Faz dieta? — pergunto e ele arqueia a sobrancelha. — Pergunto porque pediu as saladas. — explico. — Combinam com a carne. — Você gosta de comer, né? — Arian continua me encarando, sem expressão alguma no rosto, apenas a mesma cara fechada de sempre. Será que vou conseguir ver os dentes desse homem um dia? — É que sempre que nos encontramos é em alguma coisa assim que tem comida — sorrio. — Você já me levou para jantar duas vezes. — lembro. — Você não? — Eu não o quê? Gente do céu, não é possível que ele não consiga falar uma frase completa. — Gosta de comer. — explica. — Ah sim. — sorrio. — Gosto sim! Dá de ombros. O silêncio reina mais uma vez e o garçom logo volta trazendo nossos pedidos. — Hum, a comida daqui é muito boa — elogio. — O que você achou? — Normal. — Normal? Ah para! O meu prato está maravilhoso e a sua carne está com uma cara ótima! Arian fica me encarando um pouco e fala: — Quer? — Arian… — descanso os talheres ao lado do prato — Você poderia ser mais específico nas coisas que fala, eu acabo ficando confusa e quase não entendo. Você é muito monossilábico. — Quer um pedaço da carne? Completa a frase, ignorando completamente o que acabei de falar. — Não, obrigada! — sorrio em agradecimento. — Você é mentirosa. Quase engasgo quando ele fala isso. Do nada me chamando de mentirosa? Ele é louco? — Mentirosa? — Sim. Responde na maior naturalidade. — Assim do nada? — questiono. — Não entendi porque está me chamando de mentirosa! — Disse que estava indisposta. Ah é… esqueci que tinha inventado isso. — Quem disse que eu estava mentindo? Realmente estou indisposta. — Mentirosa. — repete. — Tem como parar de me chamar de mentirosa? — pergunto nervosa. — Coisa de mulher, você não entenderia, não estou mentindo! Arian dá de ombros e volta a comer. — Você não pode falar uma coisa que não sabe! — continuo mostrando o quanto estou indignada. — Você nem estava lá para saber! — Se você diz. — E quer saber? Achei sua atitude muito r**m, não respeitou o meu momento. Não sei de onde estou tirando coragem para falar assim, mas ele me irritou com esse negócio de me chamar de mentirosa. Tudo bem que eu contei uma mentirinha, mas ser acusada de mentirosa assim? Na cara dura? Isso é demais! Arian balança os ombros, como se dissesse: Tô nem aí para o que você acha. — Você pode usar as palavras, sabe que é gratuito não sabe? Posso estar louca ou até nervosa demais e enxergando coisa onde não tem, mas vejo um pequeno sorriso de lado parecer em seu rosto. — Você fala demais. — reclama. — E você fala de menos! Nossa conversa/briga se encerrou aí, terminamos o jantar totalmente calados. Quando ele estacionou o carro na frente da minha casa foi que recebi a notícia que acabou com a minha noite e provavelmente acabaria com a minha vida: — Arrume suas coisas, vamos para a Albânia e nos casaremos no próximo sábado.
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