Ele é a ovelha negr@ da família.

1204 Words
Vou até a cozinha para começar a servir os convidados. Há duas garotas que foram contratadas para o dia de hoje e que estão nos ajudando. Norma está falando com elas, eu me aproximo: —Bem, vocês sabem o que fazer. Circulem distribuindo as bebidas. Depois aguardem para retirar os copos vazios. Então sirvam novamente. Elas assentem e saem com a bandeja das bebidas nas mãos: —Parece que estamos na Turquia —comento sorrindo. Norma que está preenchendo a bandeja com os canapés para eu servir sorri para mim. —Verdade, é que mesmo vivendo em outro país eles preservam sua cultura. Você não viu nada! Eu balanço a cabeça. —Murat não parece pertencer a esse povo. Ele é tão diferente. Norma voa seus olhos em mim, bem atentos. —Ah, você reparou. Ele é a ovelha n***a da família. O pai dele está louco para ele se firmar com uma mulher que respeita as tradições e fazê-lo entrar na linha. —Verdade? —Sim, essas festas sempre têm alguma mulher convidada ou pelos tios de Murat ou pelo pai dele. Eles sempre tentam dar uma forcinha ao destino. —Será que um dia ele cederá? —Questiono com o coração agitado, de repente. —Não sei. Ele detesta esse tipo de coisa. Ele sempre acaba sendo grosso com as coitadinhas. A curiosidade aperta minhas entranhas. —Grosso como? —Corta o assunto e as deixa falando sozinha. Parece que faz de propósito. Quer ver o pai dele ficar louco é quando ele faz isso! Acho que o entendo... —Murat gosta de conquistar e não ser conquistado. —Digo quase para mim mesma. Norma para o que está fazendo e me encara. —Acho que é isso mesmo! Você falou tudo! Desvio meus olhos dos dela para não ler o porquê eu acredito nisso. Ele coloca o último canapé. —Deve ser h******l essa forçada de situação —penso em voz alta. —Mas isso é normal nessa cultura, nós que não estamos acostumadas. Bem, chega de conversa! Agora vá até a sala e sirva. Depois serviremos os pratos típicos. —Está certo. Com a bandeja nas mãos ofereço os canapés para um grupo de jovens mulheres. Enquanto elas se servem eu ouço uma delas dizer: —Murat está demorando. —A tia Ayla disse que ele já está em casa. Uma outra garota de lenço rosa se aproxima: —Soube que tio Ahmed convidou Hazal. O pai dela é concorrente da Teleimagem. Sabe a TK? Então... — comenta. A garota que iniciou a conversa sorri: —Verdade? Nosso tio é esperto, está unindo o útil ao agradável. Já pensou as duas maiores indústrias de televisores unidas com o casamento deles? Uma garota mais velha que estava até agora calada pega o canapé da bandeja dizendo: —E você acredita mesmo que Murat se dobrará a vontade do pai? —Querida. Murat respira negócios, você acha que ele perderá essa oportunidade? O pai dele foi muito esperto. E Murat quer a presidência, ele não contrariará o tio. —Só quero ver! —A garota ainda não chegou? —A garota de camiseta rosa questiona olhando ao redor. —Não, mas ela virá. Titia disse que ela confirmou presença. Eu me sinto estranhamente agitada com essa informação. Não deveria! Não tenho nada a ver com a vida dele. Eu me afasto delas e vou até um grupo de homens, que ao me verem com a bandeja abrem a roda para mim. Ao contrário das mulheres, todos se calam enquanto eles pegam o canapé. Os olhos focam no meu rosto e eles dão um sorrisinho bobo. Antes de me afastar para servir mais convidados vejo uma mulher entrando. Alta, magra, usando um véu verde-claro que combina com seu vestido verde musgo. Seus cabelos negros são revelados nas partes que o véu não cobriu. Os pais de Murat imediatamente se dirigem a ela e a recebem com muita alegria. Um casal entra logo em seguida, devem ser o pai da moça. A tal garota, Hazal. Desvio meus olhos da cena e então dou com a figura magnífica de Murat sorrindo para os tios. Ele está com uma camisa branca e calça preta sob medida. Percebo então que do outro lado da sala as mulheres param imediatamente de falar e começam a cochichar ao depararem com a linda figura dele. Murat vem na minha direção, com certeza para cumprimentar seus tios. Eu estremeço quando, por um breve momento, dou com os olhos dele nos meus. Minha respiração se agita, então me viro e vou servir uma rodinha de senhoras de meia-idade. As tias de Murat. Algumas pegam o canapé outras não. Enquanto elas se servem, fico observando a forma como Murat os cumprimenta. Ele beija cada um deles no rosto. Tenho vontade de rir. É muito estranho isso para mim. Viro meu corpo e vou em direção a cozinha, mas antes de entrar nela, Murat me intercepta. —Olá cabelos de fogo, bom te ver. Eu estendo a bandeja para ele abaixando meu olhar, desviando de seus olhos negros divertidos e da sua provocação. —Você que fez? —Ele indaga e dá uma mordida. Eu ergo meu rosto sério. —Sim. —A massa ficou boa. —Eu não fiz a massa, só modelei. Murat sorri. —Ah, está explicado. Lembrei-me do manjar branco. Ele deve achar que cozinho m*l. Bem, depois que fiz as comidas típicas percebi a riqueza de sabores. Então nossas comidas devem ser sem graça mesmo. —Oğlu(Filho) Olha quem está aqui? Murat solta o ar e seu rosto se fecha, ele parece insatisfeito quando ele olha para o seu pai. Seus olhos procuram os meus e ele se afasta sem dizer nada. Olho para trás e vejo quando seu pai o envolve pelos ombros e ele é apresentado a garota. Murat se inclina e pega a sua mão e deposita um beijo. Algo remexe dentro de mim, e eu desvio os olhos deles e vou até a cozinha. As garotas que estão nos ajudando saem dela com os vários tipos de sucos. Nada alcoólico. Engraçado. Murat bebe. Eu pego a bandeja com os Kebab, pedaços de carne envolvido por uma massa fina, parecem charutos. Sirvo a todos, deixando por último a rodinha onde ainda está Hazal, Murat e os pais dele. Todos pegam os Kebab com exceção de Murat, que parece aproveitar esse momento para pedir licença e se afastar. Entro na cozinha minutos depois a ponto de ver Murat colocar um copo vazio na pia e sumir pela porta que dá nos fundos da casa. Norma aperta os lábios quando vê a cena e olha para mim. —Já começou. —Começou? O quê? —Não vê como Murat está incomodado? Deve ser por causa da garota que o pai dele trouxe à festa. —Ela diz em tom baixo. —Eu ouvi que ela é filha do dono da TK? —Verdade? O concorrente? Que pressão! —Norma diz arregalando os olhos. —Bem, isso é problema deles. Leve o pide e depois vamos entrar com os doces. Baklava de nozes e de amêndoas. Eu vou te ajudar levando essa bandeja para a sala. —Está certo.
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