Capítulo 7

2202 Words
Jay-la POV Nathan havia decidido se juntar a ela e às crianças em sua caminhada pela matilha. Ele segurou sua mão enquanto ela dava o primeiro passo para sair de seu escritório. Jay-la não o impediu de segurar sua mão, mas seus pensamentos anteriores também não pararam. Ele queria passar tempo com os trigêmeos, criar vínculo com eles. Ele não havia mencionado que queria passar algum tempo com ela, apenas com as crianças. O parquinho do lado de fora estava inacessível, coberto de neve e provavelmente ficaria assim por muitos dias. No entanto, havia muitas coisas para os trigêmeos fazerem dentro da casa da matilha, no andar térreo, na zona de entretenimento do lado sudoeste. Lá, ela encontrou muitas crianças brincando, o clima lá fora era difícil às vezes, e provavelmente as aulas na escola tinham sido canceladas hoje. Jay-la viu muitas crianças virarem e sorrir para o seu Alfa, ouviu-o pigarrear enquanto algumas delas o chamavam de Alfa, ela realmente não entendia isso. Isso deveria ser normal. Ela o viu apresentar as meninas e Nate a várias crianças da mesma idade. Jay-la os encorajou a ir brincar, fazer novos amigos. Isso seria bom para eles. Ela viu as meninas sentando para jogar um jogo de tabuleiro com algumas das crianças e Nate simplesmente ficou atrás delas observando. Ele não conhecia nenhuma das crianças ali, e provavelmente estava preocupado que alguém pudesse esbarrar ou derrubar uma de suas irmãs. — Ele sempre faz isso? — Nathan perguntou. — Sim. — Jay-la assentiu. — Ele sempre cuidou das meninas. Elas são menores do que ele. — Muito protetor, é muito típico de um Alfa. — Ele comentou enquanto se apoiava na parede, e então puxou Jay-la de volta para si e a envolveu com os braços, e ela se perguntou se essas crianças sabiam quem ela era. Ela não o tinha ouvido anunciá-la para a matilha. Ele talvez não o fizesse, pensou, distraída. Ele estava mais preocupado em criar vínculo com as crianças. Ela moveu os olhos para Rae-Rae quando ouviu um riso dela e viu seus olhos brilharem, Michael acabara de entrar na sala. Ele se desculpou para ir a algum lugar que só eles sabiam, provavelmente para passar algum tempo privado juntos. Ela parecia muito feliz com ele. — Preciso começar a trabalhar no acordo pré-nupcial deles esta noite. — Eles realmente precisam de um? — Nathan perguntou. — Sim. — Jay-la afirmou friamente, a garota era humana e vinha de uma família extremamente rica, independentemente de quanto dinheiro essa matilha tivesse, um acordo pré-nupcial era esperado. Ela iria comparecer a tudo a favor da Rae-Rae, conforme esperado, visto que era a advogada da garota. — Não acho que seja necessário. — Ele comentou. — Eu realmente não me importo, isso é o que Lauren, Tony e o avô dela querem, então ela terá um. — Jay-la. — Nathan. — Ela o imitou, e ele deixou o assunto de lado. Jay-la voltou seus olhos para as crianças, e viu Nate observando-as. Ele estava perto o suficiente para ouvir o que eles estavam conversando e o tom de voz dela. Ele também não estava sorrindo, mesmo aqui entre outras crianças, com muitas coisas para fazer, ou outras crianças para conhecer, Nate ainda estava parado atrás das meninas. Ela ouviu Kora bufar. — Ele está infeliz. — Eu sei, ele quer saber por que o pai dele nunca esteve por perto. — Jay-la concordou com ela. — E agora está aqui de repente. — Kora estava observando seu filho tanto quanto Jay-la. — Sim, ele não entende. — Jay-la sabia que a única maneira de resolver essa questão seria contar a ele o porquê e o que aconteceu. Havia apenas um problema: isso provavelmente também iria afastar ainda mais o menino de seu pai. Nate gostava de ter um quarto cheio de coisas, mas ao mesmo tempo, ele não entendia, já que nunca teve um pai. Como poderia ter um quarto cheio de coisas esperando por ele, e não apenas por ele, mas também por suas irmãs? Provavelmente ele tinha curiosidade sobre como eles poderiam ter isso, e por que eles tinham isso, já que Nathan nunca esteve por perto. Ela tentou se afastar de Nathan, mas ele a puxou de volta contra si mais uma vez. Ela virou-se e franziu a testa para ele. — Por que tenho a sensação de que você não está confortável comigo te segurando assim, perto das crianças? — ele perguntou a ela enquanto a olhava, mantendo a voz suave. — Elas não estão acostumadas a ver isso. — Jay-la respondeu simplesmente, e ela sabia que os filhos realmente não estavam. A única pessoa que eles já a viram estar assim, de alguma forma, era o Tim. — Então, elas precisam se acostumar a ver. Eu quero ser capaz de te segurar quando quiser. Eu gosto disso. O Havoc também gosta. — É cedo demais, só isso. Elas não te conhecem. — Jay-la deu de ombros, ela também não o conhecia muito bem. Achava-se também em conflito. Às vezes ela gostava disso, outras vezes, não entendia o motivo por trás disso. Não confiava nele, percebeu. Ela estava ligada a um homem que não confiava plenamente, isso poderia ser r**m em algum momento. Ela voltou a observar as crianças, viu as meninas se levantando para ir brincar outro jogo mais ao fundo da sala, e Nate as seguindo também. — As meninas estão bem comigo. Por que Nate não está? — Nathan perguntou. — Eu perguntaria isso a ele. — Jay-la respondeu. — Provavelmente ele tem perguntas para as quais quer respostas. Ela o ouviu suspirar pesadamente. — Ele me perguntou de novo onde eu estava. Eu realmente não sei como responder a essa pergunta. — Eu aconselharia você a fazer isso com sinceridade. — Jay-la deu de ombros, provavelmente era a única coisa que Nate aceitaria também. — Eu não acho que isso vá me ajudar a criar vínculo com ele. — Nathan murmurou, parecia um pouco irritado para ela. — Provavelmente não, mas mentir para ele também não vai cair bem, não é mesmo? — Jay-la... precisamos conversar sobre isso, encontrar um motivo razoável, algo que não culpe nenhum de nós. Ela virou-se e o olhou agora. — Culpar um de nós? Você está pensando em dizer a ele que é culpa minha? — e até ela ouviu o tom duro e o ligeiro grunhido peculiar de Kora em sua declaração; ele foi quem as havia banido. Kora não gostou dessa ideia mais do que ela mesma, e estava deixando isso claro, se juntando à suas palavras. — Não. — Ele balançou a cabeça devagar — Eu não te culpo, Jay-la. Eu entendo que essa situação é minha culpa. — Bom, porque se você pensa por um segundo que vai dizer aos meus filhos que eu saí e nunca voltei por vontade própria, não hesitarei em dizer a verdade a eles, exatamente o que aconteceu. Posso garantir a você que eles vão acreditar em mim e nas palavras de Kora, não nas suas. — Não foi isso que eu disse. Você não precisa ficar na defensiva. — Eu não preciso? — Se livrou de seus braços e o encarou com firmeza. — Parece muito que você pensou em dizer que a culpa é minha. — Eu não pensei e não direi isso. Se acalme, Jay-la. — Ele estava franzindo a testa para ela agora. — Talvez eu não queira. — Ela murmurou e se afastou dele, foi até Nate e se posicionou ao lado dele, ele ainda não estava interagindo com ninguém além de suas irmãs. Jay-la sorriu gentilmente para ele. — Nate, que tal você e eu irmos jogar aquele jogo ali? As meninas estão bem. — Ela apontou para um console de jogos na frente de uma tela de TV. Estava mostrando o último jogo do Sonic. Ele assentiu para ela, depois se inclinou e disse para suas irmãs onde estaria, e ela estendeu a mão para que ele a segurasse e o levou até lá. Ela podia sentir que os olhos de Nathan estavam nela o tempo todo, ele não a tirou de vista desde o momento em que ela se afastou dele. Ela se sentou ao lado de Nate. — Agora você terá que me ajudar. — Ela sorriu para ele. — Não é difícil, mãe. — Ele sacudiu a cabeça. — Você deve ir primeiro. — Jay-la entregou o controle remoto a ele. — Me mostre como jogar. — Certo. — Nate assentiu, e começou um novo jogo para eles jogarem. — Vamos jogar ao vivo. Jay-la sorriu, era um jogo que tinham em casa, que os três jogavam e compartilhavam, como ela estava fazendo agora com ele. — Nós vamos morar aqui agora? — Nate perguntou baixinho alguns minutos depois. — Sim. — Jay-la respondeu honestamente. — Vai ser uma grande mudança, eu sei. Sinto muito por isso. Ele ficou quieto por um tempo e então, disse suavemente: — Você tem medo... se tentar sair, vai se machucar de novo? É por isso que temos que ficar aqui? Olhou diretamente para ele. — Não. — Ela suspirou. — Por que você pergunta isso? — Era uma pergunta estranha vinda dele. — Eu vi as notícias. — Ele respondeu. — Ouvi outros adultos falando disso na escola também. Jay-la suspirou e se perguntou o quanto ele tinha visto, ou o quanto ele entendia. — É um pouco difícil de explicar, Nate. Eu vou explicar, mas não aqui, em particular. Que tal depois do jantar? — Ok. — Ele assentiu. — Ele vai estar lá? Jay-la virou-se e olhou ao redor da sala. Nathan não estava mais encostado na parede, ele estava sentado com Lilly e Rosalie, na verdade, Lilly estava no colo dele. Embora agora mesmo seus olhos estivessem nela. Ele não parecia nada feliz, obviamente tinha ouvido o que Nate acabara de dizer. — Provavelmente. — Ela assentiu, voltando os olhos para Nate. — Talvez ele possa ajudar a explicar o que aconteceu. — Quão gravemente ferida você realmente estava? Jay-la o abraçou. — Eu gostaria que você não tivesse que ver isso. — E era a verdade, ela não queria que eles vissem aquilo, mas viver no mundo humano vinha com seus próprios defeitos, e se curar rápido como um lobo era algo que você não poderia fazer. Se ela soubesse naquela época o que sabia agora, nunca teria permitido que nenhum deles a visse assim. Nem mesmo Rae-Rae ou Lauren e Tony. Ninguém. Infelizmente, ela não podia voltar atrás. Os três a viram ferida, e parecia, para ela, que Nate tinha plena consciência de onde ela estava, aqui, quando havia levado aquelas lesões. Que ele acreditava que era responsabilidade de Nathan por elas. Embora seu companheiro não as tenha causado diretamente, ele foi quem ordenou seu sequestro e ela sofreu esses ferimentos tentando escapar dos homens que ele havia ordenado a levá-la. Tecnicamente, ele era responsável por eles. Ela só sabia o que ele gritou naquele dia: “ o pior dos piores”. Como ela poderia esperar saber algo diferente? Então, é claro, ela lutaria por sua própria vida, lutaria para se libertar. Não havia outra opção, não com o que ela o ouviu dizer, e então, acordou após ser drogada, e estava amarrada por prata, sendo transportada de volta para a matilha. Ela não sabia se as meninas precisavam estar envolvidas na conversa que precisava ser feita. Ela não achava que sim. Elas pareciam bem, estavam mais do que felizes em ter um pai e gostavam dele. Talvez fosse apenas Nate que tinha visto as notícias e ouvido os adultos de sua escola falando sobre isso. Ela tinha tentado se certificar de que eles não vissem as notícias, tinha tentado se certificar de que eles não soubessem o que estava realmente acontecendo; sua batalha com ele. Mas em algum ponto, Nate viu. Embora ele tivesse apenas 5 anos, se o nome de Nathan fosse mencionado naquilo que ele estava assistindo, e ela estava certa de que teria sido, ele entenderia exatamente quem era esse homem, e agora sabia de onde vinha seus ferimentos. Claramente, ele pensava que ela estava ficando aqui por medo. Isso não seria bom. Como ela iria convencê-lo do contrário? Suas vidas foram viradas de cabeça para baixo. Ela foi sequestrada, ferida e assustada. Ele a viu, estressada, assustada e completamente quebrada, e agora estava certo de que seu filho culpava o pai por tudo. Explicar isso a ele ainda não ia aliviar sua mente; ela não achava. Porque tudo isso continuava levando de volta ao seu pai, até mesmo seu banimento foi feito por aquele homem. As suas vidas tinham sido tranquilas e estáveis até o dia em que ela foi chamada de volta para a alcateia. Então, tudo foi uma confusão, mudando e trocando a escola dos trigêmeos sem aviso prévio. Isso tinha sido apenas o começo. Provavelmente, Nate estava com medo de estar aqui. Ela teria que achar uma maneira de desfazer isso, antes que houvesse qualquer chance de ele se sentir confortável aqui dentro da alcateia, ou perto do próprio pai. Ela teria que pensar em como fazer isso.
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