Maquini — Série: Mulheres Infernais

Capítulo 14 — Perigo nas veias

Santiago

No galpão bem longe da cidade estava uma carreta com três divisórias que estão transportando café, soja e algodão, mas é claro que no meio de tudo isso estava oito quilos de pasta base, pura e pronta para ser avaliada. Paguei pela entrega ter saído perfeita e quando já estava tudo dentro do galpão eles foram embora.

— Marcone deu ideia esses últimos meses, Sant?

— Não estou preocupado com o Marcone, ele é um bom cliente e você sabe, somos amigos também.

— Disso eu sei, tô perguntando sobre os acertos de contas que você fazia pra ele, deixou de praticar?

Desde que minha vida tomou outro rumo que eu fazia trabalhos para o Marcone, sempre retirando do caminho dele seus inimigos, mas ele não me procurou mais e minha última vítima foi antes de quase matar Maquini atropelada. Há muito que ainda quero saber sobre aquela mulher,

— Eu decidi dar um tempo, Danira precisa de mim também e esses tempos eu estive muito ausente. Tem uma coisa também que tá me intrigando bastante também.

—Não vai me dizer que é a Karine? c*****o, Sant quando é que tu vai desapegar dessa mina irmão?

— O assunto agora não é sobre ela, mas sobre outra. No meu último trabalho para o Marcone eu quase matei uma mina atropelada e depois disso a gente tem se visto quase todo os dias, entrei na casa dele e encontrei algumas coisas estranhas. Outro dia eu salvei ela de dois caras, eram quase quatro da manhã quando ela foi vítima de dois homens, não foi estuprada por pouco mas ainda saiu ferida. Depois disso eu levei ela pra mim casa e limpei onde o metal perfurou, fiz um curativo e troquei a roupa dela porque a que ela estava vestida já estava toda rasgada.

— E o que aconteceu com os caras?

— Um fugiu e o outro eu matei, mas o que me intriga é que ela é muito fria, não aquelas garotas delicadas que estamos acostumados.

— E qual é a dela? Já tentou chegar nela na baixa pra ver qual é?

— Já. Eu já a beijei pra ver se ele teria alguma reação, mas foi a mesma reação três vezes.

— Então vocês já se beijaram três vezes? O Santiago que eu conheço já teria agido, o que tá rolando entre vocês?

— Eu a beijei três vezes mas ela não hesitou em retribuir e eu não consigo parar de pensar nisso por um minuto. Bolei um plano e acho que vai funcionar, disse a ela que hoje é aniversário da Danira e como as duas já se viram ela disse que iria, não sei como agir hoje e tô com medo de falar algo que eu não deva.

Minha mente fica criando coisas que talvez nunca vá acontecer. Quando fecho os olhos por mais que eu queria pensar em outra coisa não consigo, a imagem da Maquini nua vem a minha mente e me toma por completo, eu a desejei desde aquele dia e não vou desistir até eu conseguir o que eu quero, se ela for alguma mandante de alguém que queira me matar eu sinto muito mas não vou conseguir revidar desta vez, ela ainda deve tá machucada por causa do incidente daquele dia mas eu fiz o que eu pude, aliás eu deveria ter matado os dois, essa é a única coisa da qual eu me arrependo.

— Se não falar na Karine, já está de bom tamanho. Agora na real fazia muito tempo que eu não te via assim Santiago, achei que estava perdendo meu amigo pra Karine…

— Esquece ela Kallil, ela casou com um cara nada haver e uma noite antes de estar em lua de mel ela foi passar a noite comigo, só depois me disse o que iria fazer.

— E você tá puto por causa disso, Sant? Ah qualé irmão, todo mundo que aquela lá não vale nada. Depois desse jantar vamos beber e colocar a conversa em dia?

— Eu quero você hoje na minha casa também, depois a gente bebe por lá mesmo.

Kalil é meu amigo desde que eu sair de Boston, na verdade ele era policial também mas largou tudo e quando soube no que eu estava me metendo resolveu vir me ajudar, hoje ele não é só meu amigo como a única pessoa a quem eu confio a minha vida além de Danira, se não fosse por esse cara aqui a essa hora eu estaria a sete palmos do chão.

— Tem certeza que eu não vou tá atrapalhando nada não?

— Claro que não, Danira vai achar legal quando te ver lá também, além disso a Tina vai estar lá.

— Quem é essa tal de Tina?

— Uma amiga dela, gostosa, bonita e não enche o saco de ninguém. — Tina realmente é uma mulher atraente e se eu não tivesse ficado tanto tempo atraído pela Karine ela não me escaparia.

Kalil confirmou presença, às nova estará lá.

Continuando a descarregar o que ainda estava na entrada do galpão para dentro, o lugar é um armazém de drogas, armas e bebidas. Kalil agora era responsável pela parte financeira, eu não tenho muito tempo pra isso e já fui ligando para o Romero para dar encaminhamento as coisas que ainda estão pendentes.

Maquini

Hoje o dia foi de muito movimento, achei ótimo porque assim eu vou evoluindo cada dia mais. Passei o dia inteiro pensando em algo que posso comprar pra Danira, reparei que ela gosta de usar muitas jóias e cheguei a conclusão que uma gargantilha não será uma má escolha.

Santiago age muito estranho, será que ele me convidou ontem só por brincadeira? Porque hoje ele nem falou comigo, eu deveria ficar pensando nisso? Não, mas agora eu estou mais confusa que nunca.

Meu turno acabou e eu fui direto na clínica, deixei o bilhete com a Lilian e ela disse que a Kate já estava melhor depois que conversou com ela, me garantiu que vai entregar o bilhete para ela. Depois fui em uma joalheria e comprei uma gargantilha de ouro branco, ela gosta muito de jóia branca então acho que ela irá gostar. Eu não deveria me preocupar com o que eu vou usar hoje, mas eu estou muito preocupada. Eu quero agradecer ao Santiago por ele ter salvo a minha vida e comprei um relógio de ouro branco também, isso me custou quase cinco mil Euros mas está tudo bem, grana suja tem que ser bem gasta e é isso que eu estou fazendo.

Cheguei no meu quarto há quase sete horas e fui direto para o banheiro. Escolhi uma calça jeans azul escura, uma bota de couro que vai até o joelho e uma blusa longa de cor azul clara para combinar, eu sempre gostei de me vestir bem e com esse frio eu tenho que fazer o máximo pra me vestir bem sem ser brega.

Sair do banho e me vestir, faltava alguns minutos para oito horas e nada dele chegar.

— Maquini. — A voz grave junto a batida me fez pular e borrar o rímel que eu estava passando, não arrisquei no delineador porque iria fazer merda no meu rosto.

— Está aberta! — Ele entrou e sentou na cama enquanto eu esperava sair do banheiro.

Soltei os cabelos, passei um batom nude e saí do banheiro procurando coragem pra olhar ele novamente, ele de certa forma me intimida e isso é estranho, nunca me senti desta forma perto de alguém.

— Oi… Eu pensei que não iria vim. Vamos, já estou pronta. — Ele me olhou por alguns segundos mas não disse nada. Do outro lado da rua estava uma Mitsubishi Lancer preta.

— Você está linda. — O silêncio entre nós dois foi constrangedor, até chegar na casa dele demoramos quase meia hora e isso estava acabando comigo, eu sempre fui calada mas ele me dá curiosidade.

— Obrigada, você também não deixa nada a desejar. — Meu Deus, por que eu falei isso?

— Quer provar pra saber o gosto? — Se é descarado assim imagino que pegue qualquer uma que dê brecha.

— Eu já provei mais de uma vez… — Ele sorriu cínico enquanto abria a porta do carro.

A frente da casa dele é linda, não tive tempo de reparar nos detalhes naquele dia, mas olhando bem é muito bonita e deve ter sido bem cara também.

Dos meus pais eu herdei uma mansão na Rússia, meus pais amavam morar lá então todo o dinheiro que eles pegavam ele investia pra algum dia comprar uma casa lá, mas foram muito além disso. Dois milhões de Rublo Russo também, não é nada m*l pra começar do zero, a demora é só eu poder usufruir de tudo isso. Sentir o peso de suas mãos em minha cintura mas não disse nada. Ele tem três cachorros e eu tenho medo de cães!

— Eles não vão te morder se você não gritar. — Como ele fala isso assim da forma mais natural possível?

Danira

Sant saiu que eu nem vi, já estava tudo pronto e só faltavam os dois chegarem. A porta se abriu e quando ele chegou a mesa estava com ela, ela estava maravilhosamente linda.

A Tina não parece que gostou muito dessa ideia, Maquini é bem mais linda do que eu disse, Sant tem sorte pra mulher.

— Bem-vinda de novo Maquini. Você está linda.

— Obrigada Danira. Te desejo tudo de bom. — Ela tirou de dentro da bolsa uma caixinha vermelha, abri e era uma gargantilha de ouro branco, a jóia mais delicada que eu vi até hoje.

— Obrigada Mack, é linda e eu adorei. Como você está? Quando Sant disse que viria eu não acreditei muito.

— Eu estou bem, e por que não iria vim? Se não fosse por vocês eu estaria morta hoje. — Sant puxou a cadeira ao lado dele pra que ela sentasse e Tina não gostou muito disso.

— Bem, é bom ouvir isso de você. Esse aqui é o Samuel, meu namorado e essa é a Tina, nossa amiga.

— É bom conhecer vocês! — A voz suave dela é muito diferente da voz horrível da Karine, aquela mulher só falava gritando e eu super apoio o relacionamento desses dois.

— Sant meu amor, eu vou ser direta. Você sabe que eu não gosto de nada que não tenha alguma música rolando, esse momento aqui nosso está tão bom e por isso eu pensei… por que não vamos a outro lugar? Se quer que eu me divirta eu prefiro ir á outro lugar com vocês, hoje a escolha é por minha conta e eu garanto que vocês não vão se arrepender.

Santiago

Samuel parece gostar mesmo da minha irmã, tenho muita coisa pra ser resolvida e por isso não vou interferir nisso. A Dan parece que também gosta dele e quem sabe algum dia não podemos ser grandes amigos nos negócios.

Kalil resolveu me ligar justo agora, só espero que não seja notícia r**m.

— Se me dão licença.

Ligação Ativa

— Faz esses teus cachorros calarem a boca antes que eu perca o resto da paciência que eu tenho.

— Não vão te morder, estão de focinheira e bem longe da entrada.

— Beleza, então libera aí os portões antes que um deles se solte e me mate.

Ligação Inativa

Maquini, Dan e a Tina estavam se dando muito bem, fui atender a ligação do meu amigo no andar de cima e quando estava descendo percebi que Maquini reparou se eu estava a olhando. Enquanto eu descia as escadas ela se levantou e veio andando em minha direção.

— Eu posso falar com você um minuto?

— Não pode ser aqui?

— Eu não gosto de falar coisas íntimas na frente das pessoas.

— Então o que quer comigo é algo íntimo?

— Não Santiago, eu quero apenas te agradecer por aquele dia, é sério. Agora será que pode parar de falar um minuto e ceder ao meu pedido? — Se ela me agradecer com o que eu tô pensando eu serei uma filha da mãe de muita sorte.

Maquini

Por baixo das minhas roupas eu vesti uma lingerie vermelha, não sei porquê mas me deu vontade de comprar quando eu a vi e achei que hoje poderia ser o dia perfeito para usá-la. Sempre fui muito vaidosa e embora eu não tenha planos pra hoje eu adoro me sentir gostosa novamente.

Santiago me levou até seu quarto, mesmo eu repetindo que poderíamos conversar no jardim pois iria ser uma conversa muito rápida, mas ele não aceitou e me levou até seu quarto. Tudo estava do mesmo jeito que eu vi aquele dia, por incrível que pareça ele é mais organizado do que eu pensei.

— Então o que tem de tão importante pra falar comigo que não poderia ser lá embaixo? – Se controla Maquini e vai direto ao assunto, não se deixe levar por esse pedaço de m*l caminho que está aqui na sua frente.

— Eu quero te dar isso como agradecimento por ter me salvado daqueles dois homens, eu já passei por isso uma vez e passar novamente seria literalmente o meu fim.

Quando eu namorava o Martin fui obrigada a t*****r com eles várias vezes sem que eu quisesse, tive coisas além disso que ele me obrigava a fazer e hoje eu sei que ele ter me largado foi a melhor coisa, mas na época eu era muito i****a, acreditava em casa palavra de amor que ele me dizia depois que já havia me machucado bastante.

— Se não quiser, não precisa falar sobre isso comigo. Eu não quero forçar amizade com você Maquini, te achei uma mulher bacana se quiser podemos ser amigos. A minha irmã gostou de você e você não aparenta ser uma pessoa nojenta.

— O que quer dizer com uma pessoa nojenta? – Eu não queria ouvir a resposta porque ele é cheio de brincadeiras e poderia ouvir algo que não gostasse. — Eu também adorei sua irmã. — Entrei a caixa preta revestida com camurça na mão dele.

Ele abriu e observou o relógio por alguns segundos até voltar seu olhar para mim, desta vez ele me lançou um olhar diferente e eu tenho medo desses olhares assim. Alguns minutos se passaram desde que ele me pediu pra não sair do quarto, sentei em uma poltrona e fiquei esperando ele retornar, eu odeio esperar. Só espero que ele não me venha com surpresas indesejáveis, odeio surpresas.

O quarto dele exala um perfume muito cheiro, senti até um pouco.de vergonha porque o meu perfume ainda é o mesmo que a Lilian dava pra gente usar quando o nosso acabava. Tem um cheiro de rosas, muito diferente do dele, que tem um cheiro forte e muito gostoso. Por mim eu passaria a minha vida inteira sentindo esse cheiro e jamais enjoaria dele. O quarto está muito bem arrumado, nem parece que mora apenas ele e a irmã. O que me intrigou mesmo foi ter algumas peças íntimas espalhadas pelos cantos do quarto, estavam escondidas, mas ainda sim é possível ver se olhar bem para os detalhes das pinturas e dos móveis. Espero que ele não seja casado, não estou afim de levar uma surra agora.