.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 11 ♪¸¸.•*¨*•.

1945 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Renriel teve um sonho ♪¸¸.•¨ •. Braços quentes a haviam pego. Por um momento, Ren se sentiu em casa como nos sonhos que volta e meia retornavam. Os sonhos onde o tinha um céu n***o e estrelas gigantescas, onde uma voz doce cantava uma música em um idioma a muito esquecido, e cabelos negros como o céu daquela noite, esvoaçavam-se entre seus dedos pálidos e frios. Algo no peito dela, gritava sobre como também se sentia dessa forma. Era essa pessoa que agora a abraçava? Mas… como? Ren sentia que assim como uma pintura, aquela cena estava prestes a se desfazer e antes que conseguisse respirar mais uma vez, os fios negros sumiram de seus dedos. Ela esticou a mão para tentar alcançá-lo, mas era tarde demais. Ele havia caído… As estrelas ainda pareciam longe, a noite não era mais tão escura. Onde ela realmente estava? O que havia acontecido no fim daquela cena? Havia alguém correndo em sua direção, não havia? De quem eram aquelas lágrimas? Quem estava chorando? Por que aquela voz familiar gritava sobre não aceitar perdê-la? Quem iria perdê-la? Alguma coisa estava errada..., mas por que ela não conseguia dizer o que era? Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói...Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... Dói... A voz continuava a dizer, como uma criança que chorava após ralar o joelho. A pessoa a quem aquela voz pertencia, parecia tão feliz. Quem é você? Por que ele estava chorando? Por que tinha uma expressão tão triste em seu rosto? Não chore, por favor. Ela queria pedir, afinal, por alguma razão aquelas lágrimas faziam um nó se formar em sua garganta. Era agonizante… era doloroso. Não chore… “10 dias…” a voz que cantava sussurrou e como um tapa forte em seu rosto, Ren viu a cena mudar. Era ela quem estava caindo, era ela quem estava sendo engolida por algo perturbador e assustador. “Criança tola” uma voz murmurou e ela sentiu o veneno em suas veias. Sentiu os dedos gélidos da morte, roçarem sua pele. “VOCÊ NÃO VAI TIRÁ-LA DE MIM” Alguém gritou ao longe e com um puxão brusco, ela foi arrancada dali, da escuridão que a envolvia como serpentes prestes a devorá-la. Dedos se entrelaçaram aos seus e o calor de uma manhã de primavera alcançou sua pele. Quem? Ela queria saber, mas mesmo quando os braços quentes a envolveram e uma chama dourada explodiu a escuridão e a espantou, Renriel não pode ver o rosto coberto por cabelos negros. “Nunca mais te deixarei tirá-la de mim…” aquele que a segurava murmurou, como um aviso. Não me solte, ela queria pedir, enquanto envolvia os braços em volta daquele corpo magro e frágil. Por alguns segundos, era como ter todo o seu mundo entre seus braços. “Eu sempre vou te esperar…” ele murmurou e sem dar a chance para que ela conseguisse questioná-lo, se desfez em névoa. Sem uma palavra a mais, sem uma explicação. Arrancando dela a sensação de completitude. Por que ser tão c***l? Era doloroso não o ter ali. Era como ser jogado no vazio mais uma vez. Em um sobressalto a capitã acordou, erguendo-se na cama como uma criança assustada. Sua respiração estava ofegante e batimentos descompassados, lágrimas desciam por suas bochechas sem nenhum controle. Ela havia chorado por quanto tempo enquanto dormia? “Ele estava sorrindo…” ela murmurou para si mesma, enxugando as lágrimas com a manga da própria camisa. Ele estava sorrindo enquanto se despedia… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l… tão c***l…, repetia mentalmente, como um grito desesperado. Mas ainda que suas lágrimas continuassem a descer em cascata por suas bochechas, o sorriso que ele lhe deu enquanto se desfazia, ainda aparecia assim que seus olhos se fechavam. “Tão c***l…” Soluçou. “Capitã… suas mãos…” A voz de Ames a chamou, os olhos da garota estavam arregalados e quando Ren olhou para baixo, entendeu o porquê. Suas mãos - que sempre haviam sido firmes enquanto empunhavam armas e tiravam vidas -, agora tremiam. “Ela acordou?” Alguém na cabine perguntou. “Não entre!” Ames rosnou. Como os ponteiros de um relógio em sintonia, ela se forçou a funcionar. Forçou suas mãos a se tornarem firmes outra vez e colocou-se para fora da cama. “Foi apenas… um sonho” disse puxando calças de couro e as vestindo rapidamente. Ela não precisava de pensamentos inúteis naquele momento. Sim! Havia muitas coisas para se pensar antes de ter tempo para sonhos. Ainda parece vazio… uma voz irritante ousou dizer. Cale-se, ela rosnou. “O príncipe ainda não despertou” Ames disse com uma voz vacilante. A capitã ergueu uma sobrancelha e só então reparou em Beerin, deitado em sua cama. O rosto pálido como se a morte estivesse prestes a beijá-lo. “O que houve?” “Ahm… acho melhor Mark explicar” a franco-atiradora murmurou com certo desconforto. Quando seus olhos se passaram para a porta atrás de Ames, os ponteiros pareceram se alinhar de uma única vez e as memórias do que aconteceu vieram de uma única vez. Mark voando enquanto o navio era atacado. Uma voz gritando em sua mente - pare, pare, pare, pare! você vai nos matar! pare, pare, pare, pare! -, a dor em seus ossos, o fogo em sua pele e os gritos de Lucien que ecoavam por sua cabeça. O que diabos havia sido aquilo? Ela tinha arriscado demais em passar pela terceira ilha. Era um risco que não poderiam ter enfrentado da forma como enfrentaram. “Mark está… bem?” perguntou puxando o espartilho de couro sobre a camisa que usava. “Sim, ele está lidando com o Cameron” Ames respondeu suspirando. Os olhos de céu estrelado voltaram-se para ela novamente com rapidez. Cameron! Agora as coisas faziam mais sentido. Com um puxão rápido ela amarrou o espartilho e as botas não foram difíceis de calçar, mas quando as portas de abriram e a capitã olhou para o homem de cabelos negros na altura do ombro, sentado em seu sofá - seu corpo estremeceu. Os olhos esmeralda de Cam se fixaram nos seus enquanto ele sorria. A Jaqueta preta, manchada de sangue, era a única peça de roupa que ele usava, fora a calça escura. “Oi, capitã, sentiu minha falta?” Ele provocou. Renriel estalou a língua como um chicote no céu da boca. “Achei que tinha dito que não precisava retornar, Cameron”. “Tão má…” choramingou “eu também tenho sentimentos, sabia? Sem falar que acho que mereço um obrigado, afinal fiz quase tudo sozinho…” Ela não duvidava de suas palavras, mas ter Cameron ali, não era uma boa opção no momento. “Sabe como me senti solitário quando fui deixado para trás em Asaph?” Ele resmungou fingindo estar magoado. “Achei que se divertiria ainda mais ficando por lá” a capitã o provocou, os braços cruzados sobre o peito. Cameron havia sido uma criança problemática durante todos os anos em que esteve presente em Sírius. Renriel - assim como Mark -, não entendiam bem o porquê de Lucien o acolher e insistir em ajudá-lo, já que a criança parecia nunca o ouvir e até mesmo o chegou a machucar em um de seus surtos. É como um cão louco, capaz de morder até mesmo a mão de seu dono. Mas assim como a personalidade do assassino era complicada, suas habilidades eram notáveis. Mesmo quando criança, Cameron era excepcional com espadas, lâminas e venenos. Enquanto Riel e Andrea sofriam por dias com dores e desmaios - graças aos treinos com diferentes venenos -, o pior pelo quão Cam passou, foram tonturas leves e dores de estômago ao se alimentar. Um verdadeiro monstro entre os monstros. “Não posso negar, foi divertido me livrar dos bichinhos do rei por um tempo…” ele resmungou “mas de que adianta se ele parou depois da primeira tentativa? Os homens de Fiesty não são burros… e eu odeio me esforçar. Cansa minha beleza.” Narcisismo era certamente um de seus maiores traços, a capitã supôs, mas o que a surpreendeu não foram as ações de Cam e sim o que se seguiu naquele dia. Contar a Mark, Ames e Cam sobre os navios de Fiesty foi apenas um passo. As discussões e o olhar de Mark que beirava a decepção, foi algo complicado, mas o que caralhos significava aquilo? Ela não era estúpida o suficiente para matar a rainha de Fiesty. Mesmo sendo uma pirata, política ainda influenciava em sua vida e ter todo um reino em busca da sua cabeça - era a atenção que ela particularmente não desejava. Afinal, uma coisa era um rapto, onde alguém seria devolvido e podia ser usado como refém, outra bem diferente era um assassinato. Ainda assim, o príncipe medroso e fraco, se opôs sem pensar duas vezes, quando sugeriram a morte de sua noiva. Suponho que ele deve realmente gostar dela…, mas por que diabos isso me irrita? Os olhos da capitã fitaram Beerin sem nenhuma descrição. “Por que?” Vamos, me dê um bom motivo…, ela praticamente pediu, mas aquele ainda era Beerin. O bobo e doce Beerin. Então, ela disse claramente para que ele a entendesse: “Por que deveríamos te ouvir?” Por que eu deveria poupar a vida da princesa? Por que você se importa? “Porque… as lendas dizem que o navio Sírius é capaz de passar por qualquer coisa. Até mesmo vencer o rei dos piratas”, ele murmurou e como se o incentivando a continuar, Ren cruzou os braços enquanto o observava de perto. “A capitã… pode deixar o navio… invisível… e passar… por todos os outros sem ser… notado…” Seu olhar estava vago enquanto ouvia Beerin. Aquelas informações eram novas, e de acordo com o rosto de Mark, eram verdadeiras, mas… por que ela não estava feliz em saber? Por que ele foi tão longe para salvá-la? Aquilo ainda a irritava. “Como você sabe disso, princesa?” Ela perguntou com o rosto próximo ao de Beerin. “São contadas em antigas canções de Asaph…” ele respondeu com simplicidade. Certo, são apenas canções. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro. Sírius: um navio pirata lendário – criado pela bruxa. Sírius é um navio que divide com seu capitão sua alma e essência vital. Sem um capitão, ele afunda e permanece no fundo do mar pela eternidade. Assim como suas velas, os olhos de seu capitão, são como o céu estrelado que a bruxa tanto amou. Os poderes envoltos de Sírius e seu portador são desconhecidos.
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