.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Beerin tenta proteger a rainha de Fiesty ♪¸¸.•¨ •.
Tudo havia se tornado escuro, tudo havia se apagado e por algum motivo, a última coisa da qual ele se lembrava, era do rosto da capitã. Seus olhos estavam fechados e ela parecia gelada. As tatuagens estavam a se apagar como velas recém assopradas e o navio parecia tremer.
O que houve depois de tudo aquilo? Ele ainda queria saber, mas por alguma razão, sua cabeça doía demais para sequer cogitar a ideia de levantar - de onde quer que ele estivesse deitado.
“Temos que pensar direito sobre isso…” uma voz masculina dizia.
Por favor, mais baixo, ele quase implorou, enquanto seus pensamentos enevoados giravam sem fim em uma verdadeira montanha russa.
A quem diabos pertenciam todas aquelas vozes que continuavam a gritar e gritar? Francamente…
“Não tem o que pensar” a voz feminina e familiar respondeu.
Ele ainda estava em Sírius? Se perguntou, virando o rosto para o lado e forçando seus olhos a se abrirem. O lugar parecia escuro, mas por que ainda era tão doloroso abrir os olhos? Por que estava queimando?
“Você precisa ser razoável!” a voz masculina se exaltou.
“Eu acho que estou sendo bastante razoável aqui”
“Não! A última coisa que está sendo é razoável! Você sabe o que nós passamos?” O homem questionou e Beerin que só conseguia pensar em como suas pernas e braços não pareciam respondê-lo, choramingou, querendo levantar e ir até o homem para dizê-lo - não, por favor, me conte.
“Você sabe o que está em jogo?” a mulher perguntou.
“VIDAS” o homem respondeu de forma impetuosa “e você está sendo teimosa e burra!”
“Burra?” a mulher que parecia cada vez mais irritada, questionou com sarcasmo “sério? Esse é o seu melhor?”
“Não! c*****o Renriel!” O homem disse com raiva “diminua a velocidade e mude o curso, você sabe que está errada”.
“Não podemos nos dar a esse luxo” a capitã rosnou.
O homem que Beerin reconheceu a voz como pertencendo a Mark, resmungou em uma língua estrangeira antes de respondê-la.
“Por que não?” Mark perguntou.
“Por que…” a capitã suspirou “por que tem navios de Fiesty nas rotas piratas”
Silêncio prevaleceu por uma grande pausa e os três neurónios que ainda restavam na cabeça bagunçada de Beerin, pareceram finalmente ligar as pontas.
Essa era uma das informações, uma das coisas descrita na carta. Uma das coisas pela qual ele havia se assustado e saído da cabine quando tudo começou, mas diferente do que ele pensou, não era um ataque dos corsários de Fiesty e sim, de uma criatura que a muito ele pensou ser apenas uma lenda.
O que os havia atacado era realmente um Kraken? Os tentáculos da criatura pareciam feitos de névoa e veneno… e mesmo após correr pelo lugar, Beerin não tinha conseguido ver algo como o restante de seu corpo.
As lendas diziam que Krakens eram gigantescos - próximos ao tamanho de uma ilha -, então como diabos Sírius havia sobrevivido ao ataque de uma dessas criaturas?
“Você não pensou em me contar?” Mark resmungou.
“Eu mudei a rota, eles não vão nos seguir aqui” a capitã respondeu.
“Então quer dizer que não podemos usar nossa rota habitual?” O imediato perguntou praguejando.
“As rotas piratas estão impregnadas de corsários de Fiesty. Passar por elas é pedir para sermos capturados e jogarmos o esforço de invadir Asaph no lixo” resmungou a capitã.
“Não que isso importasse para você quando ele caiu na água” uma terceira voz acrescentou de forma sarcástica.
“Cale a boca” Ren resmungou.
“Ela anda se tornando mais c***l com a idade, irmão” a voz choramingou.
“Não sou seu irmão, Cam!” Mark reclamou “pare de me chamar assim”.
O terceiro homem, estalou a língua como um chicote ao ouvir ambos e sua voz se tornou mais alta “quanto ficaram com um humor tão r**m?”
“Quando você apareceu” foi a capitã quem respondeu.
“A capitã… não seja tão agradável, eu vou acabar me apaixonando” brincou.
“Ah, não se preocupe, Cam. Eu sempre aceito novos cachorrinhos para serem adestrados” a capitã sugeriu e a espinha de Beerin congelou ao ouvir a risada que escapou do homem chamado Cam.
“Que nojo” uma voz feminina murmurou.
“Você parece muito descontente, Ames…” Cam provocou “nem parece que já provou e repetiu”.
✶✶✶
Mark que praguejava aos nove mares enquanto eles continuavam a gritar e reclamar, bateu forte na escrivaninha da capitã, chamando a atenção dos outros três ali presente para si.
“Chega de agirem como crianças mimadas!” Rosnou.
“Uau… você daria um ótimo capitão” Cam ronronou.
“Fale mais uma palavra e eu te quebro em dois” Ames resmungou, mas antes que Ren pudesse reagir, Mark interviu, com os cabelos loiros se tornando brancos como a neve e seus olhos tomando o tom celestial.
“Acho que eu disse para vocês pararem…” Mark repetiu, com a voz fria e impassível.
Os três estremeceram e o imediato prosseguiu. “Cam, por que diabos você apareceu?”
“Tédio” resmungou o homem.
“Puff…”
“Que? Um homem precisa de diversão…” tentou argumentar.
“O ataque foi divertido o suficiente pra ti?” Ames resmungou.
"É para falar a verdade?" Cam perguntou.
"Não!" os três responderam ao mesmo tempo.
"Eh, essa é exatamente a resposta que eu ia dar, como sabiam?" Ele provocou.
"Só cala a boca" Ren resmungou.
"E morre" Ames completou.
Mark suspirou, sabendo que lidar com aquele trio só não era pior, do que lidar com Andrea. (Não que isso fosse realmente demorar).
"Então, como está o príncipe herdeiro?" Ele perguntou com malícia "mesmo que a capitã não o tenha salvo… ele a abraçou assim que teve chance. Foi bom, ren-ren?"
Renriel sorriu e se aproximou de Cam devagar. Suas unhas fixaram-se em seu maxilar e ela aproximou o rosto de ambos antes de falar "cala a merda da sua boca, ou eu arranco sua língua para facilitar o processo. Afinal um assassino não precisa falar para fazer seu trabalho e da próxima vez que me chamar assim, eu arranco o seu brinquedinho favorito com um alicate".
Mark que observava a cena ainda com os olhos brilhando em azul celestial, não conseguiu evitar o sorriso ao pensar - a capitã está realmente crescendo rápido.
“Agora, ameaças a parte…” Mark começou “Capitã, se sente forte o suficiente para lutar?”
Ren ergueu uma sobrancelha “você realmente pretende sugerir que enfrentemos os navios de Fiesty?”
“São embarcações rápidas” Cam resmungou.
“Então… entre lá e mate o capitão deles!” Ames sugeriu animada.
“Não adiantaria” Ren suspirou “eles substituiriam e o problema continuaria”.
“Posso matar a rainha deles… e isso irá parar” Cam sugeriu com um sorriso malicioso e por alguma razão, Mark viu dúvida passar nos olhos de Renriel. “Afinal, não é ela que está procurando pelo noivo?”
“Não!” Foi a voz de Beerin que veio de trás de Mark, o assustando e surpreendendo a todos os outros. Como diabos eu não o notei antes? Mark se questionava, olhando para o príncipe, que agora, parecia ainda mais destruído que antes.
“Uau… ele ficou mais corajoso com o tempo?” Cam brincou. “Você deve realmente ser boa adestrando bichinhos, capitã”.
“Cala a boca, Cameron” Renriel ordenou e seus olhos pararam sobre Beerin com certa cautela. “O que foi, princesa? Aprendeu a ouvir atrás da porta?”
O garoto que antes mais parecia uma criança assustada, ergueu o rosto com certa dificuldade e murmurou.
“Não a mate… ela… não tem nada haver com isso”.
Cameron, que parecia se divertir cada vez mais com aquela cena, sorriu satisfeito e continuou com suas provocações. “Ora, ora, não me diga que em apenas um mês o príncipe se apaixonou pela rainha de coração congelado! Uau!”
“Você não cansa de parecer um babaca?” Ames reclamou.
“É a verdade… olha só pra ele” o assassino continuou “está implorando pela vida dela”.
Renriel por sua vez, ergueu uma sobrancelha em descrença e aproximou-se com cuidado de Beerin.
“Por que?”
O príncipe piscou com dificuldade e parecia confuso demais para entender sua pergunta, então - suspirando -, ela repetiu. “Por que deveríamos te ouvir?”
“Porque… as lendas dizem que o navio Sírius é capaz de passar por qualquer coisa. Até mesmo vencer o rei dos piratas” ele murmurou e como se o incentivasse a continuar, Ren cruzou os braços enquanto o observava de perto.
Mark sorriu vendo as orelhas de Beerin ficarem vermelhas enquanto ele dizia “a capitã… pode deixar o navio… invisível… e passar… por todos os outros sem ser… notado…”
Procurando por afirmação, Renriel virou o rosto na direção de Mark, que apenas assentiu.
“E quando você ia me contar isso?” ela perguntou inquieta.
“Eu preciso? Já te disse pra estudar as lendas antigas e pra sincronizar direito com o navio” Mark disse simplesmente dando de ombros “sem falar que seu autocontrole é um lixo”.
“Puff” Cam zombou, mas a atenção da capitã, estava totalmente voltada para Beerin nesse momento.
“Como você sabe disso, princesa?” ela perguntou com o rosto próximo ao dele.
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.•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•.
Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro.
Sírius: um navio pirata lendário – criado pela bruxa. Sírius é um navio que divide com seu capitão sua alma e essência vital. Sem um capitão, ele afunda e permanece no fundo do mar pela eternidade. Assim como suas velas, os olhos de seu capitão, são como o céu estrelado que a bruxa tanto amou. Os poderes envoltos de Sírius e seu portador são desconhecidos.
Rotas piratas: Rotas utilizadas e conhecidas apenas por piratas.
Fiesty: reino localizado no continente gélido ao norte. Governado por Eilidh. Em Fiesty é de conhecimento geral que apenas mulheres podem reinar.
Corsários: Piratas que acabaram se aliando a um reino ou império e em nome desse tem permissão para pilhar e saquear outros navios em nome do seu rei ou imperador. (Nem todos eram piratas, mas a maioria sim). São praticamente piratas com permissão para saquear.