.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 7 ♪¸¸.•*¨*•.

2369 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde a rota muda ♪¸¸.•¨ •. Beerin estava assustado. Assustado por ela saber. Assustado por não conseguir se mover, por seu coração bater tão rápido e por doer enquanto seus pulmões se recusavam a funcionar. Seu peito parecia afundar e seus ossos congelaram assim que a música cessou. Então aquele breve momento de calmaria havia sido apenas efeito da magia de um bardo? por que ela se deu ao trabalho? E agora, seu lindo alaúde estava quebrado…, mas doía, doía tanto. Por que precisava doer tanto? Por que tudo continuava girando em sua cabeça? Por que havia tantos gritos? Por que precisava doer tanto? Por que ela havia usado magia para acalmá-lo? Por que ela havia questionado sobre aquelas coisas? Ela o odiava agora? Era nojento ter ele por perto? Ela o prenderia como seu pai fez por tanto tempo? Por que parecia mais doloroso se fosse ela a fazer? Por que diabos ele sentia que seu peito estava prestes a ser quebrado e esmagado?? POR QUE?? Por que tinha sangue descendo pela lateral do rosto dela? Por que o instrumento havia sido jogado de lado? Por que ela o abraçava? "Sinto muito..." ela dizia. Por que? Por que ela deveria sentir? “Sinto muito” ela repetiu, o abraçando. Por que ela o abraçava? Por que ela sentia muito? Não havia sido ela a feri-lo, nem a maltratá-lo ou trancar naquela torre. Por que ela deveria se sentir m*l? Por que ela estava se importando? Por que? E por que ele estava tão aliviado? As lágrimas continuaram a descer como uma cachoeira sem fim. Era como voltar aos seus 9 anos e chorar; ele queria implorar para não ser deixado lá, mas estava tão machucado. O rei o havia espancado a ponto de até respirar se tornar doloroso. “Por que?...” ele murmurou entre lágrimas, mas tudo que Renriel respondeu, foi um “Sinto muito” com uma voz entre-cortada. Beerin envolveu os braços em volta do quadril dela e abraçou forte, como se aquele abraço fosse capaz de apagar todas as coisas dolorosas, mesmo que ele soubesse que não eram. ✶✶✶ Beerin adormeceu com os braços ainda envoltos em seu quadril e antes que reparasse, Renriel estava com os dedos entre os cabelos negros do rapaz. Você é problemático, princesa… ela pensou, suspirando enquanto o arrumava na poltrona de forma mais confortável. Duas batidas fracas na porta a fizeram virar o rosto na direção de Mark, que agora estava parado na entrada da cabine. “O que foi?” “Um corvo chegou com isso aqui para você” ele disse erguendo um pequeno papiro que brilhava como uma estrela caída. Inconscientemente, Renriel sorriu. Maldito Andrea, finalmente me mandou sinal de vida. “Boas notícias?" “Por favor, tire esse sorriso do rosto antes de perguntar” Mark respondeu com uma careta forçada antes de rir abertamente e jogar o papiro em sua direção “Aquele corvinho de Andrea me bicaria até a morte, caso eu ousasse abrir isso ai antes de você” Renriel bufou “Ah! Não exagere, não é como se realmente houvesse um selo ou algo assim”. “Claro, por que ele jamais descobriria sem um selo, não é?” “Eu sei, magia é muito divertida” brincou a capitã, desenrolando o papiro que logo perdeu seu brilho. “Vocês são verdadeiros monstros” Mark disse mostrando a língua antes de sair, fechando a porta. .•*¨*•.¸¸†¸¸.•*¨*•. Doce Renriel, ou talvez eu devesse chamá-la de minha estrela da manhã? Acho que devo deixar para trás as formalidades, afinal, você me jogaria da proa do navio sem nenhuma formalidade caso eu a chamasse de querida em sua presença, então: querida Ren-Ren, como tem passado? Soube por Joshua que você raptou o príncipe herdeiro de Asaph - não que seja algo menos que o esperado da única e exclusiva dona do meu coração. Me diga, como é o príncipe? Ele realmente é tão feio quanto seu pai? Soube por alguns de meus marujos que o rei de Asaph é como um raio de sol em meio ao verão. Desnecessário. Queria deixar ressaltado a minha indignação por não ser chamado para a divertida invasão da fortaleza impenetrável - embora a perdões já que entendo seus motivos. Sua única sorte é que além de absurdamente linda, eu ainda a amo. Agora vamos ao que realmente te interessa em toda essa conversa? Sim, eu te conheço o suficiente para saber que deve estar planejando a melhor forma de me estrangular enquanto lê essa carta, mas ainda não a rasgou e queimou por saber que algo de realmente interessante está escrita ao final, algo que nós dois sabemos: vai te cativar. Aqui vai, Ren-Ren: navios de Fiesty foram vistos navegando em rotas pirata recentemente. Mesmo que não sejam navios de guerra, ainda são os malditos corsários do país gélido e certamente devem estar a sua procura. Porém, algo realmente interessante aconteceu além disso. Lembra-se de Agreste? Eu sei que nunca esqueceria daquele verão e de como seus cabelos voavam de forma magnífica pelo ar - enquanto você decapitava aqueles guardas do porto -, mas o que importa é que dizem que uma relíquia capaz de trazer aquele que se ama de volta a vida, foi encontrada em seus templos abandonados, dado a este fato, sacerdotes foram enviados de todos os reinos - junto a muitos militares -, para que pudessem escoltar o item de volta a capital do reino, onde será selado no templo que se localiza abaixo do castelo de lunar em 10 dias. .•*¨*•.¸¸ † ¸¸.•*¨*•. No momento em que leu a última parte da carta, o sorriso no rosto de Renriel sumiu e deu lugar a uma expressão séria e pouco usual. O papiro foi abandonado sobre a pequena mesa e sem nem mesmo olhar para os mapas e rotas que anteriormente haviam sido traçadas, ela se jogou para o deck. Ela precisava apenas de uma coisa, alcançar o leme. Quando seus dedos tocaram a madeira fria e úmida, todos os marujos xingaram e reclamaram, quando Sírius bruscamente se moveu para a direção oposta à que estava anteriormente. “Ren!” Mark gritou, segurando-se ao corrimão da escada que levava para a parte superior. “Por que a nossa rota está mudando?” “Novos planos” Ela respondeu simplesmente, com os olhos envoltos em uma verdadeira tempestade. ✶✶✶ Mark conhecia aqueles olhos e engoliu em seco quando os viu brilharem em plena confusão. Cordas, balas de canhão e barris eram jogados de um lado para o outro. Marujos prestes a cair se seguravam e gritavam, xingavam e imploravam a bruxa para que os salvasse. “Pelos nove mares!” praguejou, sabendo que Andrea havia colocado uma nova ideia suicida na cabeça de Renriel. Com passos firmes, o imediato subiu os degraus e se aproximou do leme. “Capitã, qual o nosso novo destino?” “Agreste” ela respondeu. Os olhos de Mark arregalaram-se e por um segundo, ele sentiu sua respiração falhar, mas logo pôs em seu rosto um sorriso jovial antes de questioná-la novamente. “E por que iríamos a Agreste? Águas Serenas não era a nossa prioridade?” “Existe algo importante em Agreste” “E os marujos? Eles precisam descansar” Mark argumentou, mas quando aqueles olhos em tempestade se fixaram nos seus, o imediato vacilou. Tão parecidos… ele se viu pensando. “f**a-se os marujos” ela disse friamente “é algo que pode traze-lo de volta”. O loiro que recebeu a muito tempo o título de mestre dos ventos do sul, sentiu seu coração errar as batidas ao ouvi-la dizer tal coisa e como se não houvesse entendido, ele riu em uma mistura de descrença e alegria. “C-como?” “Escondido em um templo abandonado de Agreste” ela decretou. “Mas, Renriel... nós procuramos por anos…” ele sussurrou. “Procuramos no lugar errado, Mark e agora finalmente temos algo que pode fazer isso. Eu não vou perder essa chance” O loiro cerrou os dentes com força e mesmo que aqueles olhos de céu estrelado queimassem sua pele, ele murmurou “E o príncipe? E os marujos? E os seus planos?” A garota de cabelos acobreados que ele havia visto crescer, o fitou de forma imparcial e com uma voz sem emoções, sussurrou em resposta “eu sacrificaria cada um deles se fosse o necessário para ter ele de volta”. Mark congelou e seus olhos recaíram sobre Beerin, o príncipe raptado que os observava, segurando-se como uma criança assustada na borda do navio; mais uma virada brusca e ele voaria para o alto mar. “Estamos navegando contra o vento… as ondas se tornaram violentas se continuar para leste!” Os olhos de Renriel - que naquele momento não viam nada além de seu objetivo -, se tornaram frios e negros como a noite. As estrelas apagaram-se e os símbolos tatuados em sua pele bronzeada, brilharam fortemente trazendo uma corrente de ar abrasadora que impulsionou as velas. O navio disparou para frente, como uma bala de canhão, fazendo com que todos que não estavam firmes em seus lugares, fossem novamente jogados de um lado para o outro. “Não!” Mark gritou “você ficou louca!?” “Cale-se, Mark!” Ela rosnou “Você é muito jovem para fazer isso!” Ele disse, mas antes que conseguisse argumentar e fazê-la mudar de ideia, os marujos gritaram do deck. “CAPITÃ! O PRÍNCIPE CAIU NO MAR!” Por um momento, Mark a viu fraquejar. Os dedos firmes no leme, tremeram por segundos, mas logo ela os apertou firmemente e o brilho que havia oscilado, se tornou mais intenso. “Maldita criança teimosa!” Ele praguejou e com os olhos brilhando em um azul celestial, ele se jogou no mar. Um tornado o envolveu e os cabelos loiros se tornaram prateados enquanto ele alcançava o corpo magro e pálido de Beerin. “Hey, príncipe, segure-se em mim”. Mark sentiu o garoto hesitar, mas o que doeu em seu coração, foi ver o medo em seu rosto quando ele o tocou. Merda, Lucien! Você nunca facilita para mim! Reclamou mentalmente enquanto envolvia o príncipe em uma corrente de ar quente que além de secá-lo, ergueu ambos e os levou direto para o navio. O garoto estava acuado, amedrontado, mas em seus olhos bicolores, havia algo como decepção. Pobre criança… Mark pensou, vendo o olhar do garoto recair sobre Renriel. Eu queria estar errado, ao menos uma vez. ✶✶✶ Ela iria salvá-lo, por algum motivo i****a, ele tinha pensado isso enquanto caia. Por alguma razão i****a, seus olhos queimavam e a vontade de chorar que havia ido embora quando ela o abraçou e confortou até que ele adormecesse, tinha retornado. Ela iria salvá-lo, ele sorriu com a ideia - um sorriso que não alcançou seus olhos. Por que ela se daria ao trabalho? por que ela havia tocado? por que ela tinha o abraçado e confortado? Ele contra-atacou. Ela não iria salvá-lo - ele soube quando o homem loiro se jogou em sua direção e por alguns segundos, Beerin pensou se merecia ser salvo. Se não seria melhor que ele afundasse. Não seria aquele um final digno para um lixo como ele? Não, até em sua morte, ele atrapalharia os planos dela. Eu sacrificaria cada um deles se fosse o necessário para ter ele de volta - ela havia dito ao homem loiro. “Hey, príncipe, segure-se em mim” o homem loiro disse, o puxando para si. Beerin sentiu nojo do toque - como sempre sentia, mesmo que parte sua soubesse que aquele homem não o faria m*l. Ele se sentiu enojado. Enojado por estar a salvo. Enojado por ser tocado. Ele tremeu e seus olhos queimaram. Suas roupas foram secadas pela magia daquele homem e quando eles repousaram no deck, ele tentou evitar, mas seus olhos apenas seguiram até onde ela estava. O corpo magro e bronzeado parecia contrastar com as tatuagens que brilhavam com o brilho das estrelas que viviam em seus olhos. E mesmo que em seu rosto, houvesse dor, ela não vacilou e o vento que guiava o navio, se tornou mais forte. “Criança imprudente” o homem loiro resmungou e com os cabelos ainda tingidos de branco e os olhos brilhando em um azul celestial - ele ergueu as mãos e os ventos se tornaram mais e mais fortes “vá para a cabine, príncipe. As coisas vão ficar agitadas” ele disse de forma gentil “não se preocupe, vai ficar tudo bem em breve”. Vai ficar tudo bem, ele pensou e sentindo que não conseguiria mais segurar as lágrimas, assentiu antes de entrar. Eu sinto muito. Ele lembrou do que ela dizia e com as mãos ainda trêmulas se abraçou sentando no sofá ao canto da sala. O que ele estava esperando? Não havia nada para ele nesse mundo - nada além de pena e sofrimento. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Agreste: Um reino localizado no continente mais ao oeste. Mestre dos ventos do Sul: Um título dado para aquele que controla o vento como parte de sua alma. Rotas piratas: Rotas utilizadas e conhecidas apenas por piratas. Águas Serenas: Uma ilha localizada na parte superior Leste do mundo. Ela é protegida por inúmeras magias e artefatos, tendo sua entrada permitida apenas por aqueles que carregam os nove mares em seus corações. Bardos: Pessoas capazes de se vincular com instrumentos e ferramentas, os tornando canalizadores mágicos. Bardos possuem habilidades capazes de manipular as emoções e os sentidos de outras seres. Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD