Noah
Levantei rapidamente da minha cama e fui abrir a porta do meu quarto, ao abrir vi os olhos do meu pai cheio de lágrima e o desespero no rosto dele é evidente.
- O que ouve pai? - perguntei a ele sem entender.
- Sua mãe. - respondeu e antes de ouvir o resto que ela ia dizer corri até o quarto da minha mãe.
- Mamãe. - Corri e me ajoelhei na beirada da cama enquanto chamava minha mãe.
- Não adianta chamar por ela, ela se foi. - disse meu pai em tom de frieza.
- Não…não. - eu gritava em meio às lágrimas.
- Saia daqui, quero ficar sozinho com sua mãe.
- Me deixe ficar aqui papai. - implorava pra ele me deixar ali.
- Já disse pra se retirar. - falou e me deu um empurrão.
Sai do quarto da minha mãe e sai sem rumo andando pelas ruas, na esquina dona Neuza me encontrou e veio até a mim.
- O que aconteceu que está assim querido? - perguntou preocupada.
- Minha mãe. - tentei dizer mas não consegui.
- Respira, o que aconteceu com sua mãe?
- Ela se foi. - gritei e todos que passavam me olhava.
- Venha, vamos até minha casa vou preparar uma água com açúcar pra você se acalmar.
Acompanhei dona Neuza até na casa dela entrei e fui direto pro sofá deitei em posição fetal e me desandei a chorar.
- Trouxe sua água. - dona Neuza entregou o copo enquanto acariciava meu rosto e cabelos.
- Porque Deus levou minha mãe? Porque? - digo inconformado.
- Não culpe aquele lá de cima, todos temos que partir e agora sua mãe está em um lugar bem melhor que nós.
- Eu vou sentir tanta falta dela. - digo em meio a soluços.
- Eu sei que é dolorosa, mas você vai superar.
- Obrigado por tudo dona Neuza.
Depois que me acalmei voltei pra minha casa e fui até o quarto da minha mãe dei algumas batidas na porta e não obtive resposta. Abri a porta vagarosamente e vi meu pai dormindo com a cabeça na barriga da minha mãe e o corpo caído no chão.
Fui para meu quarto e peguei meu celular vi que tinha várias mensagens de Débora.
?
- Porque não foi trabalhar hoje? - perguntou ela.
- Desculpe, esqueci completamente de te avisar minha mãe se foi e não tinha cabeça pra ir hoje.
- Sinto muito, daqui 10 minutos estou aí.
- Não precisa, estou bem.
- Sem desculpas estou indo para aí.
Fiquei esperando Débora chegar, escutei o barulho do carro estacionando em frente da minha casa e fui recebê-la.
- Oi. - falou ela.
- Entre, fique a vontade.
- Com licença.
Levei ela até a sala para sentar-se e perguntei se ela queria tomar algo.
- Não, estou bem assim.
- Ok
- Sua mãe, já foi levada?
- Ainda não, está lá em cima no quarto.
Ela perguntou como tudo aconteceu, falei a ela como foi em meio às lágrimas. Meu pai veio até a nós e disse que já estavam vindo buscar o corpo da minha falecida mãe.
- Não se preocupem com nada, eu arco com todo o custo. - Débora se ofereceu pra pagar tudo.
- Não precisa disso, daremos um jeito. - digo a ela.
- Já está feito, eu irei pagar tudo.
- Não sei nem como te agradecer.
Abracei ela em forma de gratidão, uma hora depois os homens chegaram para levar o corpo da minha mãe e meu pai os acompanhou.
- O que será de mim agora? Sem minha mãe.
- Eu sei que é difícil, mas tem que seguir em frente ela não iria querer ver você assim.
Meus olhos estavam se fechando de cansados, Débora me levou até o quarto e deitou ao meu lado. Acabei dormindo com as carícias dela.
- Eu te amo tanto Noah. - Débora dizia enquanto observava ele dormindo.
No dia seguinte levantei e estava com o corpo todo dolorido parece que alguém tinha me batido.
- Bom dia. - disse Débora.
- Oi. - respondi friamente e espero que ela entenda os motivos.
- Preparado para o dia de hoje?
- Não, mas tenho que ser forte pela minha mãe.
- Então vamos?
- Vamos.
Vesti uma roupa qualquer e fomos acertar os detalhes que faltavam, já era hora do almoço estava tudo resolvido.
- Vamos almoçar?
- Não querendo ser inconveniente, mas não estou com fome.
- Eu te entendo, vou comprar alguma coisa e depois você come.
Fomos ao locar que o corpo de minha mãe será velado, não demorou muito e o corpo da minha mãe chegou e quando eu vi ela dentro daquele caixão eu me derramei em lágrimas. Débora ficou comigo a todo momento é meu pai me encarava sentado na beirada do caixão.
As pessoas começaram a chegar e iam até a mim me dar as condolências, dona Neusa chegou e quando me viu começou a chorar e eu chorei junto a ela.
- Tudo vai ficar bem. - disse ela abraçada comigo.
- Assim eu espero.
Tentei falar com meu pai mas ele sempre fugia de mim, não entendi o porque dele me tratar dessa forma.
A hora de sepultar o corpo de minha mãe está chegando, o desespero começou a aparecer e a cada vez mais eu chorava e tentava entender o porque isso tudo está acontecendo.
- Atenção a todos, a hora de sepultar o corpo da nossa eterna e amável Raimunda chegou. - disse o padre.
Se preparávamos para acompanhar os coveiros com o corpo da minha mãe, chegamos no local onde ela será sepultada e o caixão foi aberto para as últimas despedidas.
- Vai em paz mamãe, te amarei por toda minha vida. - falei em prantos e assim minha mãe foi sepultada.
Débora me deixou em frente a minha casa, subi para meu quarto e fui chorar escutei meu pai chegando e ele entrou bruscamente no meu quarto.
- Quero que saia dessa casa ainda hoje. - falou ele em gritos.
- Como assim papai?
- Não me chame de pai seu viadinho.
- O que acontece com o senhor?
- Saia da minha casa. - dizia ele que me pegou pelo braço e foi me levando até a porta de saída.
- E pra onde eu vou? - perguntei sem entender o que está acontecendo.
Ele entrou fechou a porta e eu me sentei em frente a minha casa, logo ele jogou uma mala com minha roupas.
- Jamais aceitarei ter um filho viado.
- Mas.. - quando ia falar ele fechou a porta em minha cara.
Continua…