Um Grandão Vermelho

1460 Words
Ponto de Vista: Saga Eu não sabia o que deveria sentir, raiva ou humilhação. Corri para a passagem do meu quarto e me certifiquei, antes de entrar, que não estava sendo seguida. Eu era uma idiot@ por confiar nele. Não deveria ter pedido aquele beijo. Coloquei minha mão sobre minha boca, ainda podia sentir seus lábios nos meus. Como fui tola, se ele não me expulsa, provavelmente eu teria deixado ele me penetrar. Tirei minha capa e me deitei na cama, ainda podia sentir seu m£mbro duro esfregando em mim. Baixei a guarda para ele e ele percebeu que poderia fazer o que quisesse comigo. Não consegui dormir e pela manhã quando as servas chegaram para me preparar, pedi para o mensageiro do Conselho trazer uma lista das famílias novas e só iria receber essas famílias hoje e amanhã. Reservei uma sala pequena e avisei que atenderia, apenas três pretendentes de cada vez, para conhecê-los melhor e que me enviassem todas as refeições naquela sala. Eu estava me escondendo dele para que ele não visse como havia me deixado. Ele era o oposto do que eu estava buscando e não daria poder a ele novamente. Um sentimento de que fui rejeitada tomava conta de mim e eu não gostava nenhum pouco disso. Durante a quinta-feira abri exceção apenas para Yohan e Yan de forma separada. Eram companhias que eu gostava, apesar dos elogios exagerados de Yohan. Passeei com Yan pelos jardins do palácio, ouvindo ele falar de sua cidade e dos habitantes. Recebi uma solicitação de audiência com o príncipe da Cidade Forte Marrom e neguei. Durante a sexta-feira recebi mais duas solicitações de audiência dele e neguei novamente. Eu era a rainha da Cidade Forte Vermelha e iria colocá-lo no seu devido lugar. _ Gosta de morangos? _ perguntou Yan fazendo uma reverência e colocando um prato na mesa entre eu e ele. Por insistência de Yan, decidi almoçar com ele na sexta-feira, no salão principal. Eu estava com um vestido preto bordado de dourado, que combinava perfeitamente com o meu estado de espírito. _ Não era um almoço? _ perguntei olhando para as frutas cobertas de calda doce. _ Hoje você parece precisar de algo doce. _ disse ele rindo e chamando o servo para pedir mais comida. _ Por que você acha isso? _ perguntei bastante divertida e tendo a sensação de que estava sendo observada, provavelmente pelos outros convidados do salão. _ Parece uma tempestade. _ comentou Yan apontando para meu vestido enquanto eu colocava um morango bem doce na boca. _ Ela tem vestidos melhores. _ retrucou Ane sentando na mesa. _ Você tem certeza? _ perguntou Yan rindo com Ane. _ Tenho sim! Os matinais são os mais bonitos, tem flores bordadas. _ explicou Ane. _ Achei que ela era alérgica a flores. _ brincou Yan fazendo nós duas gargalhar. _ Você é bonito. _ disse Ane olhando para Yan. _ Eu sou? _ perguntou Yan olhando para mim. _ Você é. _ falei concordando com Ane, observando seus traços, ele não era tão bonito quanto Halan, mas Halan era fora do normal. _ Ele gosta da sobremesa antes do almoço. Ele sabe apreciar o que é bom. _ comentou Ane. _ Ele gosta de encher a barriga de besteira, antes de comer bem, como você. _ falei puxando sua bochecha. _ Vá brincar e deixe-me conversar com meu amigo. _ Sim senhora!_ disse Ane a contragosto e já se levantando. _ Quer dizer que eu sou bonito? _ perguntou Yan rindo para mim, fazendo-me rir também. _ Também precisa de doces essa manhã? _ perguntei rindo. _ Só não esperava o elogio. Achei que só gostasse de olhos verdes. _ disse Yan me fazendo engasgar. _ Quem te disse isso? _ perguntei mudando de humor. _ Percebi que você o busca no salão. _ revelou Yan. _ Eu não preciso de um príncipe de linhagem duvidosa. _ falei tentando não parecer chateada. _ Não desejava que ficasse chateada, tentei... não sei o que tentei. Desculpe-me. _ pediu Yan percebendo minha irritação. _ Qual o problema? _ perguntou Halan fazendo uma reverência e sentando na mesa. _ Já estava de saída. _ falei me levantando. _ Não comeu o suficiente. _ constatou Halan segurando minha mão. _ Comi quanto devo comer. _ retruquei tirando minha mão de debaixo da dele. _ Posso ter outra audiência antes do baile de amanhã? _ perguntou Yan com insegurança. _ Pensarei. _ respondi. _ Com carinho ? _ perguntou Yan rindo. _ De acordo com as minhas vestes. _ respondi rindo também e ignorando Halan que me observava atentamente. _ Acha-me mesmo bonito? _ perguntou novamente Yan fazendo Halan ranger os dentes. _ Acho sim! Tenham uma boa tarde senhores. _ falei me retirando da mesa com um Halan emburrado atrás de mim e um Yan sorridente. Durante a tarde tive audiência com o príncipe da Cidade Forte Muralha, entre outros, que tinha acabado de chegar com as tropas que fizeram o treinamento em sua cidade. _ O que deseja em um Rei Consorte? _ perguntou o príncipe fazendo-me pensar, ainda não haviam perguntado isso para mim. Os príncipes e nobres estavam tão ocupados, tentando mostrar suas qualidades, que nenhum havia perguntado o que eu desejava em um Rei Consorte. _ Que não queira governar em meu lugar. _ respondi com sinceridade. _ Eu sou filho do segundo casamento de meu pai. Nunca tive pretensão de governar. _ revelou o príncipe. _ Você tem quantos irmãos? _ perguntei com curiosidade. _ Dois homens do primeiro casamento. Quatro homens do segundo casamento, eu sou o quarto. _ respondeu ele. _ Nenhuma mulher? _perguntei com curiosidade. _ Nenhuma irmã. Todos filhos homens _ respondeu ele. Observei seus cabelos ruivos como fogo e sua expressão séria. Uma mulher com aqueles cabelos seria invejada por todas as outras. _ Os cabelos ruivos são da sua mãe? _perguntei observando o grandão barbudo. _ São do meu pai. Todos os meus irmãos são ruivos. _ revelou o príncipe coçando a barba com voz profunda. _ Você é o único solteiro? _ perguntei observando seus olhos azuis. _ Sim! Meu pai presa por discrição, um príncipe casado ocupa sua mente com a sua família. Todos casaram-se mais novos do que eu. _ disse o príncipe com neutralidade. _ Você tem quantos anos? _ perguntei tentando adivinhar, mas era quase impossível com aquela seriedade dele. _ Tenho vinte e cinco anos. _ respondeu o príncipe ruivo. _ Ethan, o clima de sua cidade é bem diferente do daqui, você conseguiria se adaptar? _ perguntei imaginando o grandão suando no verão. _ Você teria que me ver com menos roupa, infelizmente. _ disse o grandão quase corando, mas com tanto vermelho fiquei na dúvida se era isso mesmo. _ Aqui no verão os homens usam calças mais curtas e túnicas mais leves, nada de sobrepor. _ informei. _ O frio de Muralha quase não permite pele à mostra. _ comentou Ethan. _ Entendo. _ falei pensando em como as pessoas faziam filhos, pois diziam que era tão frio que nem as lareiras aqueciam o ambiente. _ Não sei como meu pai teve seis filhos. _ evidenciou Ethan completando meus pensamentos, fazendo-me rir. Ethan ficou um pouco tímido com a minha risada, pude ver que o grandão parecia quase um garotinho, quando não estava vestindo a máscara de seriedade e sensatez. Lara teria gostado de fazer perguntas indiscretas para Ethan, só pra vê-lo tímido. Nesses dois dias ela sumiu, mas de certo, não perderia o baile amanhã. A oportunidade dela e de outras jovens, nobres e plebeias, de conhecer príncipes e nobres de outras cidades fortes. _ O que você procura, digamos assim, em uma esposa?_ devolvi a pergunta. _ Fidelidade. _ respondeu Ethan com simplicidade me fazendo lembrar da rainha roubada que provavelmente não era a sua mãe, já que foi a primeira esposa do rei da Cidade Forte Muralha. Ethan era fácil de conversar, era simples, as vezes rústico e nada afetado como muitos príncipes. A dureza de sua cidade forte o tinha moldado como um homem muralha, guerreiros velozes e brutais com treinamento pesado. Nossos melhores guerreiros fizeram treinamento na Cidade Forte Muralha para aprender a proteger o reino. Enviávamos mantimentos e especiarias para a sua cidade todo mês, para comercializar com eles. A noite chegou e me recolhi para uma madrugada sem sonhos, vagando de um lado para o outro no quarto. Amanhã era o dia do baile e eu não tinha um pretendente, além de uma lista de jovens que eu gostaria que ficasse um tempo maior em minha cidade, para conheçê-los melhor. Mas não tiraria a possibilidade deles de envolvimento com outras mulheres, caso surgisse pessoas de seus interesses, durante a festividade.
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