Chame por meu nome

2744 Words
Entrando na sala do grêmio encontrara seus dois colegas. Os mesmos ergueram os olhos vendo o presidente sendo seguido pelos dois lideres. Haru e Naoki se entreolharam sentindo a tensão no ar. Teria sido mais fácil se o outro não tivesse vindo á aula como teriam lhe pedido. O ômega sentara em sua cadeira e olhara para os garotos que lhe fitavam. Só de sentir o olhar daquele alfa que tanto amava sobre si, já teria seu coração batendo desenfreadamente. Mas agora não conseguia disfarçar, já que ele sabia sobre seus sentimentos. — O que a diretora disse? — Haru arriscara em sua voz baixa e aveludada. Olhara para o ômega que pegava a pasta contendo as atividades da semana. — Por causa da briga de ontem deveremos deixar eles cumprirem alguma tarefa — Respondia Naoki acariciando os cabelos do ômega — Acertei? — Pois é — Sussurrava Yuji sem levantar os olhos para os alfas que os escutavam silenciosamente. Passava os olhos em uma folha, lendo seus objetivos para cada dia. Logo erguera os olhos para os dois alfas e tentara esconder a sua vergonha no fundo do seu ser. Precisava ser forte. — A partir de hoje os dois estarão responsáveis pela semana desportiva, como a diretora pediu. Irão ajudar os alunos a escolherem de suas modalidades, garantindo que os alunos dos demais anos estejam participando. — Ah qual é, isso é chato — Resmungava Ryu enquanto sentava na cadeira ao lado do outro ômega vice presidente — Yuji com certeza tem algo melhor para a gente não? — Eu preferia te dar uma bela surra pelo o que fez mais cedo — Ditara o menor, mas logo suspirava — Se continuarem assim não poderão cursar uma faculdade, então foquem nisso. Evitem ao máximo de serem expulsos. — Podemos chamar alguém para nos ajudar? — O outro alfa finalmente dissera algo. Yuji ouvia daquela voz suave arrepiar seus pelos. Tentando controlar de suas emoções, o menor apenas assentia apertando os dedos debaixo da mesa, sobre seu colo. — Podem, avisem quem for ajudar sobre esse trato. Não quero problemas para essa semana. Os dois alunos apenas assentiam, Yuji e os demais ômegas acharam tal comportamento estranho. Talvez as palavras da diretora tenha, finalmente, feito-os pensarem antes de agir. Assim que a porta fora fechada, Yuji encostara a testa em sua mesa. Os dois garotos não demoraram em puxarem a cadeira até o seu lado e abraçar o presidente, que suspirava entre suas mãos. Sabiam que o garoto gostava de Kei. Desde que leram acidentalmente de seu diário, e que as perguntas incessantes a seu respeito foram feitas, na primeira semana como presidente do grêmio. Para Haru e Naoki, Yuji era uma pessoa que merecia admiração. Somente ele poderia controlar sentimentos tão fortes por esses anos. Somente ele apreciava os momentos em apenas observar o alfa de longe. Claro que faziam brincadeiras a respeito, porém sempre mantinham em mente que aquele amor seria perigoso. Agora fora comprovado aquilo. Yuji erguera a cabeça sorrindo para os amigos. Não demorara para que acalmasse e pudesse focar nos seus deveres do grêmio. Comumente nos anos anteriores essa era uma época em que sua carga de trabalho aumentava. Enquanto separava as tarefas dos dois alfas em uma lista, Yuji chegava a sorrir por estar recebendo uma ajuda. Arrumando seu material junto com seus colegas, os três garotos saíram do grêmio sorrindo com o fim das atividades. Em um momento tão repentino, Yuji tivera sua visão esbranquiçada. Olhara para suas mãos vendo as mesmas da mesma cor, suas roupas estavam cobertas por um ** branco. Erguera o rosto encontrando um grupo de garotas ômegas, e pela logo que tinha no blazer já saberia do que se tratava. A garota de cabelos acastanhados aproximou-se do ômega, acariciou seus cabelos que estavam cobertos de farinhas. Retirara de seus óculos e os quebrara em frente do menor, que olhava surpreso com o ocorrido. — Fique longe dele, ok? — Dizia em um sorriso largo a garota, virando-se para as duas amigas que riam do estado deplorável que o ômega se encontrava. Assim que as três garotas se foram, Haru e Naoki se viraram para o mais velho que apenas suspirava olhando seus óculos. — Vamos no vestiário. Tome um banho antes de ir pra casa. Naoki puxava o garoto pelos corredores, enquanto Haru andava na frente tomando cuidado para que ninguém os vissem. — Mas que garotas, eu mesmo vou cuidar delas. Não dissera nada em resposta. Estava ainda chocado com o que havia ocorrido. Sabia, e como sabia, que Kei era um rapaz muito desejado na escola. Com ele um romance jamais poderia ter por conta disso. Por que ele olharia para si? Não teria motivos. Agora teria que ir à escola todos os dias sabendo que o garoto tinha conhecimento de seus sentimentos, e que ele o rejeitaria. Não poderia mais olhá-lo nas aulas de educação física, muito menos observar fazer um ou outro trabalho na biblioteca. Não poderia mais torcer por si na semana desportiva, não poderia mais continuar gostando dele. Logo agora que faltava tão pouco para cumprir a promessa que fizera a si mesmo. Amaria Kei de longe até a formatura do ensino médio. Assim que saísse da escola, deixaria para trás seus sentimentos e buscaria por sua felicidade em alguém que lhe correspondesse. Adentrando no vestiário, correra para um dos boxes. Havia agradecido aos céus por não ter nenhum aluno ali para lhe fazer chorar. Teria de lavar sua roupa às escondidas de seus pais. Talvez aproveitasse o final de semana em que eles viajariam para uma ilha à negócios. Suspirava enxaguando os cabelos brevemente, desligara o registro do chuveiro e saíra com a toalha enrolada em sua cintura. Naoki entregava um uniforme limpo para o presidente, que o vestia calmamente. — Não fique chateado, hm? — Não esperava menos. — Comentava o líder espreitando os olhos para os amigos — Mas preciso dos meus óculos. — Vou pedir ao meu pai uma caixa de lentes de contato, me mande depois o seu grau que eu trago amanha mesmo. — Comentava Haru sorrindo para o ômega, pegando da toalha e secando os fios molhados do mesmo. ❖ Jogava de suas roupas dentro da máquina enquanto suspirava. Conseguira driblar sua mãe quanto aos óculos e o uniforme, dizendo ter caído f**o na volta para casa. Observava a roupa ser lavada enquanto mordia o lábio levemente. onde encontraria força para aguentar um ano com aquelas brincadeiras? Poderia eles se entediar rapidamente, e deixar de lado todo o ocorrido assim podendo voltar a sua rotina? Apoiando a cabeça em sua mão, formava um bico nos lábios passando apenas a observar a máquina trabalhar. O celular apitava trazendo novas mensagens. Olhando a tela do aparelho, apagava os diversos números desconhecidos que lhe mandavam imagens obscenas homossexuais. “Por que não estou surpreso?”, guardando do aparelho novamente em seu bolso se levantara do pequeno banco de madeira. Olhava para o céu onde as estrelas brilhavam intensamente, o vento gélido lhe arrepiara a pele o fazendo abraçar seus braços e soltar um gemido baixo de frio. Fechara da porta de vidro ainda olhando para os pontos brilhantes no céu. Sorria largo com a beleza que o universo poderia lhe proporcionar, sentia-se minúsculo diante te tamanha grandeza. Ria baixo em ver o quão bobo ficava em apenas observar o céu noturno. Uma bobice que para si era uma ótima distração depois de um dia tão cheio como aquele. Com o apito da máquina despertara de seus devaneios, pegava as peças de roupa e as ajeitava no varal que estava estendido na área. Rapidamente voltara ao seu quarto ansiando por sua coberta favorita, uma grande peça preta que sempre esquentava seu corpo sem necessidade de se encher de roupas. Deitara-se na cama se enrolando na peça de plush em suas costas, pegara o livro da qual estava lendo, um romance de época. Adorava aqueles livros românticos, eles mostravam a prova concreta de que o amor vence e que por mais que se odeiem o casal sempre fica junto. Como queria viver naquela época, onde tinham de seus títulos nobres como conde, visconde, barão. Ah imaginava-se com aquelas vestes de época, ansiava por uma festa à fantasia onde pudesse usá-la e se portar como um cavaleiro. Sorria só de imaginar o quão divertido seria um momento como aquele. Não havia percebido o momento em que adormecera, mas com o sorriso no rosto e as bochechas coradas não seria difícil dizer a respeito do que sonhava. Ou melhor, com quem sonhava. ❖ No quarto enquanto olhava sua mochila, o alfa sorria de lado pegando as folhas amassadas. Pegava uma a uma com extremo cuidado, desamassando e as posicionando acima da cama. Pegando de alguns alfinetes, ajeitava as cópias sobre o quadro esverdeado os pregando em ordem. Teria sido uma sorte ter esperado que todos fossem embora para que pudesse pegar as folhas. Por mais que soubesse que Ryu fazia aquilo para lhe provocar, não conseguia sentir raiva do outro alfa. Era como se ele tomasse uma iniciativa por si. Admirando a bela caligrafia, tocara a ponta dos dedos nas folhas sorrindo largo. Nunca imaginara que aquele ômega teria tais sentimentos, fora uma surpresa enorme o ocorrido daquele dia. Ao mesmo tempo em que agradecia ao seu “colega” pelo ocorrido, sentia um arrepio na espinha em ver que trabalho lhe daria dar um próximo passo. — Ryu, você é um i*****l. ❖ Parado diante do quadro n***o o ômega apenas encontrava aquela mensagem para si. Cerrando o punho trêmulo tentando conter de sua raiva, dava passos apressados até o quadro. Segurava do apagador o deslizando pela superfície lisa esverdeada. Os risos que ouvia atrás de si simplesmente piorava tudo. Estava ficando nervoso com a situação. Apagava da mensagem preconceituosa à si e seguia para sua carteira que se encontrava rabiscada de preto com desenhos pornográficos. Torcendo os lábios se sentou na cadeira, pegara a borracha de seu estojo e tentava apagar os desenhos. Não conseguiria tirar tudo, teria de ficar até depois do grêmio para poder limpar com álcool aquele pedaço de madeira. Passando os dedos rapidamente por seu rosto. Limpara as lágrimas e cobrira sua mesa com seus pertences deixando que nenhum espaço do desenho ficasse em seu campo de visão. Escrevia em seu caderno a lição que precisava terminar. não conseguira finalizar o dever na noite passada depois de ler o livro. Claro que o sono havia lhe tomado tempo tamanho era seu cansaço, mesmo assim precisava manter suas notas. A lapiseira parara de deslizar no papel quando o aroma doce o fez erguer a cabeça e olhar para o alfa que entrava na sala de aula. Seus olhos brilhavam com o garoto que usava uma roupa mais adequada para a escola. A calça azul jeans com uma blusa da mesma tonalidade amarrada na cintura, uma blusa de lã preta com detalhes de faixas avermelhadas nas mangas, e uma grande corrente fina com um apito prateado como pingente. “Tão belo”, sua face ruborizava somente com aquela visão, como se andasse em câmera lenta até a carteira do fundo onde costuma se sentar. Voltara seus olhos para o caderno quando pequenos risos e cochichos lhe despertavam do devaneio. Realmente não teria como admirar Kei sem que alguém lhe percebesse e risse de sua total bobice diante do alfa. Não teria culpa se sentia daquela maneira. Na verdade era incontrolável a vontade de admirá-lo, havia se tornado um hábito que o agradava naqueles anos. Pigarreando e ajeitando-se na cadeira, voltara a terminar do deve para poder começar a prestar atenção na aula. Sua única alternativa de desprender sua mente e focar em algo que ajudaria a passar o tempo rapidamente. No entanto, as pequenas bolinhas de papel que eram jogadas e acertadas em suas costas fazia de sua paciência esgotar aos poucos. Apertava os dedos na lapiseira deixando os nós brancos. Mordia o lábio inferior suspirando enquanto olhava para seu caderno, com a impecável instrução de como resolver a equação. Estava a perder a paciência. Queria se virar para ver quem seria a pessoa que estaria lhe incomodando. Como gostaria de ter a coragem para enfrentar as pessoas. Prendendo da respiração, sentira seu corpo formigar em adrenalina. Estava prestes a se virar quando uma voz calma e forte soava na sala silenciosa. — Chega. Todos, inclusive professor que escrevia no quadro, se viraram para olhar Kei. Tinha as mãos nos bolsos como de costume, e olhava para o grupo de garotas à sua frente. Yuji não deixara de observar o punho fechado da garota, vendo uma pequena ponta branca. “É papel!”. Desviando olhar novamente para o alfa líder do grupo Zagan, via o cenho cerrado do mesmo. — Se quiser brincar como uma criança no maternal, então saía da sala. — Mas... — A garota olhava surpresa para o alfa. As suas bochechas ficavam cada vez mais avermelhadas por conta da atenção que recebia. Mas as feições do garoto... não era normal vê-lo daquela maneira. — Não me faça repetir. O professor olhava para toda a turma com espanto, encontrara o amontoado de papel em formato de bola no chão perto do presidente do grêmio. Soltando do giz, o mesmo retomara da atenção dos alunos, fazendo seu papel em dar um aviso à garota que atrapalhava a aula. O ômega olhava para o alfa como se estivesse enfeitiçado com o que via. Kei tinha os olhos brilhantes quando ambos passaram a se encarar. Estava tento um contato visual maior do que jamais haveria imaginado ter. Os olhos daquele alfa lhe fitavam como se o visse nu, mas sem ousar descer por seu corpo. Abaixando a cabeça lentamente até a encostar-se à mesa, Yuji jurou ter visto um sorriso simpático naquele alfa. ❖ Caminhando apressadamente pelos corredores em direção ao grêmio, Yuji segurava a pasta com os relatórios dos representantes ansiando não chegar atrasado. Havia demorado por conta da limpeza de sua carteira. Por mais que a senhora da limpeza tivesse lhe dito que limparia, o ômega assumira a responsabilidade e fez a limpeza o mais depressa que podia. Passava pelos corredores desviando com cuidado dos alunos que transitava. Subira os degraus com cuidado, já conseguindo ver a porta da sala à sua espera. Com a pequena pilha de papel impedindo parte de seu campo de visão, não via a garota alfa de sua sala caminhar em sentido contrário. Algo haveria enroscado em sua perna, fazendo-o tropeçar e cair no chão derrubando todas as folhas pelo corredor. Sentindo a ardência em sua mão e joelhos, olhara para a garota que ria enquanto andava lhe dando as costas. — Mas que d***a de uma garota! Sentara-se no chão e começara a juntar as folhas, a única coisa que lhe ajudaria seria o fato de estarem grampeadas. Mesmo assim eram enormes quantidades. A porta do grêmio fora aberta, ainda assim o ômega apenas olhava para as folhas espalhadas, juntando o mais rápido que poderia. Vendo alguém se agachar à sua frente e uma mão o ajudar a pegar as folhas, desviara o olhar para o pulso da pessoa observando os desenhos feitos na pele. O arrepio lhe passara na espinha e juntando de sua coragem, olhara para a figura que ordenava os papeis e lhe entregava com um sorriso amistoso nos lábios. — Está tudo bem? Como o coração humano era incrivelmente falho. A voz baixa e suave soava em seus ouvidos como uma musica da sua orquestra favorita. Olhava para aquele sujeito deslumbrante diante de si e poderia jurar ter sentido sua face ruborizar. Assentindo diversas vezes enquanto pegava, desjeitosamente, das folhas o alfa estendia-lhe a mão para ajudá-lo a se levantar. Não perdera tempo em tocar com a ponta dos dedos em sua palma, “Sua mão é quente” pensava ao sentir todos os dígitos do mais velho segurar sua mão franzina e colocá-lo em pé cuidadosamente. — O-Obrigado — “Ótimo, porque não aproveita para soar mais ridículo que isso?”, torcendo os lábios abraçou a pilha de papel e assentira novamente. — Obrigado pela ajuda senhor Fujiyama.  — Kei — O alfa abria a porta do grêmio para o presidente e lhe aguardava ao lado da mesma dando passagem ao menor. O sorriso brincalhão novamente despontava nos lábios do garoto, deixando o ômega fraquejar internamente. — Me chame de Kei. ⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD