O Contrato

1342 Words
_ Vocês já se conhece? — o meu pai questiona, talvez por observar a nossa reação. _ Pai, eu... — Tento pensar em alguma desculpa para a minha reação, mas meu raciocínio parece ter sumido após o susto. _ Não, Sr. Bernardine. — Rafael me interrompe ao perceber o meu olhar assustado — Nunca vi essa moça antes. Acredito que a nossa reação foi de insatisfação pelo momento. — Ele me olha indiferente. _ Exatamente, pai. Essa situação não é agradável para mim e acredito que nem para o... — Finjo não saber o seu nome, já que não nos conhecemos _ Rafael. — Ele responde com um olhar sarcástico. _ Exato. Para nenhum de nós dois. _ Será um prazer tê-la como nora, Srta. Bernardine. Mesmo arriscando ser por pouco tempo. — Rodrigo me dá um abraço e um beijo na testa _ Obrigada, Sr. Lazzari . Podemos acabar com isso logo? Eu tive uma noite bem agitada, então não dormi muito bem — comento e noto um sorriso no rosto do Rafael, que quase se engasga com o café que está bebendo. _ Está tudo bem? — Meu pai pergunta assustado. _ Sim, é que está quente. — Aponta para a xícara. — Podemos prosseguir com essa loucura logo? _ Aqui está o contrato oficial — outro senhor, que suponho ser o advogado, nos explica. Após nos explicar o contrato, nossos deveres e todo o resto, ele nos pede para lermos novamente e após isso, assinar as últimas folhas. Rafael assina, depois os nossos pais, o advogado e por fim, eu assino também. Finjo estar inconformada, mas, no fundo, feliz e sem acreditar que estou me casando com o homem que mexeu com o meu coração e com todo o resto. _ Bem-vindo a família, rapaz. — Meu pai o cumprimenta. _ Obrigada, Sr. Bernardine. Se não for muito abuso, gostaria de convidar a Gabriella para jantar, e tentar fazer com que essa situação não seja tão traumática para ela. — Ele diz me olhando. — Aceita, senhorita? _ Sr. Lazzari, estaremos casados pelos próximos três anos, então agora sou senhora. — Finjo insatisfação no meu tom de voz — Quanto ao convite de jantar, podemos pelo menos tornar esses anos toleráveis. As 20:00 estarei lhe aguardando. _ Perfeitamente, Senhora Lazzari. — Ele me dá um sorriso. _ Com licença, senhores. — Me levanto da cadeira e vou em direção a porta — Preciso descansar para mais tarde sair com o marido que os senhores me deram — Sorrio para ele. Saio do escritório quase correndo e subo para o meu quarto, pego o meu celular e ligo para a Bruna. _ Amiga! - Digo empolgada assim que ela atende _ Oi, amiga! Quanta empolgação! Vai me dizer que o seu pai desistiu dessa loucura de contrato? _ Muito pelo contrário, acabei de assinar e subi para te ligar _ Então não entendi. Está ficando doida?- Ela diz confusa _ Não! Acontece que o contrato que tive que assinar foi com um rapaz chamado Rafael Lazzari. _ Que coincidência! O mesmo nome do... — Bruna faz uma pausa como se estivesse pensando — Vai dizer que... É o Rafael amigo do Léo? _ Exatamente esse! — Respondo quase gritando — Quem diria que o cara que cometi a loucura de me entregar, seria o mesmo com quem me casaria? _ Que ironia do destino, amiga! Fico feliz de, no fim, ter dado certo para você!! _ Eu estou aliviada! Agora vou dormir um pouco, mais tarde vamos sair para comemorar. Te amo! _ Jamais pensei que fosse dizer isso, mas parabéns pelo casamento, amiga! Tambem te amo. Minha empolgação em sair com ele é tanta que quase não durmo direito, e depois de revirar meu guarda roupa atrás da roupa ideal para a ocasião, opto por um vestido soltinho e um salto alto. Desço assim que ouço a campainha, ao constatar que os meus pais na sala, disfarço a minha empolgação e os cumprimento, indo em direção ao Rafael que está conversando com eles. _ Alguma preferência, senhora Lazzari? — Ele pergunta formalmente, ao entrar no carro. _ Para onde quiser, senhor Lazzari. O importante é comer. — Sorrio _ Perfeitamente. — Rafael me responde ríspido e eu fico sem entender. Enquanto Rafael dirige, percebo que ele está mudado comparado a forma descontraída que ele estava ontem, mas como ele prefere se manter em silêncio, faço o mesmo. Estacionamos em frente a um restaurante italiano, ele entrega as chaves para o manobrista e entra, me deixando para trás. Fico sem entender a atitude dele, mas o acompanho e entro também. Durante todo o jantar ele se comporta indiferente, como se realmente só estivesse ali para tentar uma convivência tolerável. Mas como estou com fome, saboreio o maravilhoso spaghetti à carbonara que pedi. _ A comida não te agradou? — Ele pergunta, quebrando o silêncio que pairava no ar. _ Não, está divina. A companhia que está péssima. _ Acostume-se! Teremos que conviver pelos próximos três anos. _ Infelizmente. Me arrependo de não ter fugido antes de assinar, Sr. Lazzari. _ Sacrifícios são necessários, em prol do bem-estar de todos. Já está feito, não se preocupe, Sra. Lazzari! — Rafael diz enquanto toma um longo gole do vinho em sua taça _ No momento estou mais preocupada em terminar o meu jantar em paz. — Reviro os olhos pela insatisfação — Espero que seu mau humor não me provoque uma indigestão, então só quero comer em silêncio, por favor! — Digo encerrando o assunto, enquanto ele me encara. Quando termino, me canso de todo aquele clima estranho, chamo o garçom e p**o a minha parte, mesmo sob os apelos do Rafael para que eu não pagasse. _ Com licença, senhor Lazzari. Esse jantar, assim como o casamento, foi um erro. — Falo e me viro de costas, e Rafael me olha fingindo não entender. Enquanto eu saio, ele me chama duas vezes e eu finjo não ouvir. Ao chegar do lado de fora, sinto algumas gotas de água caindo em mim, mas mesmo assim saio andando pela rua procurando por um táxi. Bendita hora que escolhi vir de salto alto - Eu reclamo ao ir andando para longe dali Não demora até que ele aparece de carro ao meu lado e me chama, me mandando entrar. Eu finjo não ouvir mesmo sentindo a quantidade de chuva aumentar, ao ponto de já estar com os cabelos pingando. Rafael bufa de insatisfação, pára o carro e vem atrás de mim. _ Vai andando até em casa? — finjo não ouvir. — Gabriella — Ele me segura pelo braço, me obrigando a parar. — Quer ficar doente? Acredito que não. Então entra na p***a do carro agora! _ Você é um babaca bipolar, Rafael! — Agradeço mentalmente por estar molhada, assim ele não vê que estou chorando. — Me esquece! Esquece que eu existo, seu i****a! — Grito com ele e puxo o meu braço. _ Deixa de sera mimada, garota! Eu te trouxe e eu vou te levar de volta. _ Eu não preciso de você! Se precisar eu vou andando até em casa, mas perto de você eu não fico nunca mais! _ Faça isso amanhã! Apesar de tudo, não vou te deixar andando sozinha a essa hora da noite! Rafael me segura pelo braço de novo, e praticamente me joga no carro. Sai cantando pneu e apertando o volante até os seus dedos ficarem completamente sem cor. Assim que ele estaciona em frente a minha casa, saio do carro sem falar uma palavra sequer. Como ele pode ter sido tão babaca hoje? Não parecia nem de longe o cara incrível que mexeu comigo ontem! Me livro das roupas molhadas e mais uma vez me deito chorando pelos últimos acontecimentos, o casamento, a noite incrível, o Rafael de cara legal ao babaca bipolar. Só queria que tudo isso não passasse de um terrível pesadelo, e que amanhã acordasse disso tudo.
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