Presente de Grego
Hoje completo vinte anos e o que era para ser um dia de comemoração, acabou se tornando um dia de tristeza para mim. Após o almoço descobri que ganhei do meu pai um "presente de aniversário" um contrato, onde terei que ficar casada por três anos com um cara que eu nunca vi na vida.
Meu pai já veio me chamar duas vezes para conversar para tentar me explicar como será essa loucura toda, mas eu realmente não estou com a mínima vontade de sair desse quarto para saber.
Ligo para a Bruna, minha melhor amiga, e combinamos de nos encontrarmos num barzinho aqui perto, para que possamos nos distrair um pouco a minha cabeça, e, apesar dos pesares, comemorar o meu aniversário.
Tento descer sem que o meu pai me veja, em vão, pois ele já está sentado no sofá e me abordou assim que desço as escadas.
— Minha filha, por favor, me deixe explicar como será isso e você vai compreender que não é tão r**m quanto parece. — O meu pai tenta argumentar, talvez por medo que eu fuja de casa ou o odeie mais.
— Pai, isso é loucura. Como posso me casar nessas condições e ainda compreender?
— Vem, vamos até o escritório e você vai me ouvir, Gabriella. — Ele fala já me arrastando até o escritório.
Me sento e cruzo os braços, esperando que ele me explique e me convença a aceitar todo esse absurdo, embora eu saiba que, por ser filha única, não terei outra alternativa. Ele me entrega o contrato e eu leio, ao menos será um casamento de mentira e não terei nenhuma obrigação, só a de me manter fiel enquanto isso durar. Meu pai explica as cláusulas enquanto eu as leio.
— Ambos deverão permanecer casados pelo período de três anos, para garantir o efeito de um casamento legal; — Alguns direitos só começam a valer após o segundo ano, por isso decidimos esperar mais um, por garantia
— Não há a obrigatoriedade de ser consumado. — Vocês não serão obrigados fazerem sexo, eu exigi isso para que você se sentisse mais a vontade.
— Ambos deverão manter a fidelidade. — Como somente nós sabemos ser um casamento de faixada, não é legal ver vocês com outras pessoas.
— Ambos terão o prazo de dois meses para morarem juntos. — Infelizmente você terá que morar com ele, minha filha, e o rapaz se forma daqui dois meses, então o Rodrigo pediu esse prazo.
— Para conhecimento em geral, o casamento será real; — Como disse, ninguém além de nós, pode saber que esse casamento não é real
— Não será permitido nenhum tipo de ofensa ou agressão, seja física ou verbal. — Não que o rapaz não seja confiável, mas preferi incluir essa cláusula também, para te resguardar.
— Viu, Gabi? Não é tão mau e tenho certeza que esses três anos passarão rápido. — Comenta como se fosse a coisa mais normal do mundo
— Por que vocês dois inventaram isso? — Pergunto com lágrimas nos olhos.
— Negócios! — Ele diz naturalmente enquanto pega um whisky. — Assim expandimos e as nossas empresas voltam a se unir.
— Eu espero que essa maluquice passe rápido, papai. Com licença, eu vou sair com a Bruna. — Digo enquanto passo na porta, mas antes de sair o questiono — Quando vamos assinar essa loucura?
— Amanhã após o almoço, portanto não demore a voltar hoje. Amanhã você tem que ficar linda para o seu casamento.
— Muito obrigada por estragar a minha vida.
Peço um táxi, afinal, já sei que vou beber e não quero dirigir. Vejo a Bruna assim que me aproximo da entrada, e ela tá tão distraída conversando com um rapaz que nem vê quando me sento do lado dela.
— Oi gente! — Cumprimento animadamente os dois e a Bruna abre um lindo sorriso.
— Oi, amiga!! Quando você mandou mensagem eu estava saindo do trabalho, daí decidi vir direto para cá. Acabei chegando rápido.
— Entendi. E eu enrolei para sair por pensar que você iria demorar, senhorita atrasada.
— Por isso mesmo decidi vir direto, só não contava me esbarrar com esse carinha aqui do lado, senão teria ido em casa e me arrumado. — Bruna cochicha no meu ouvido — E por falar nisso, amiga, esse aqui é o Leonardo. Acabei me esbarrando nele quando estava chegando e ficamos aqui conversando enquanto você e um amigo dele chegavam.
— Prazer, me chamo Leonardo. Obrigado pela demora. — Ele ri e olha para Bruna, que cora instantaneamente, e me cumprimenta com um aperto de mão
Quando estou prestes a começar a conversar com eles, os meus olhos se cruzam com os olhos de um rapaz que vem na nossa direção.
Ele dá um sorriso ao notar que eu o estou encarando, e posso perceber as lindas covinhas que ele tem.
Não consigo descrever a sensação que sinto somente ao olhar para ele, é como se todos a nossa volta tivesse sumido e agora fosse só nós dois ali. Sinto o meu coração disparar e retribuo o sorriso, abaixando a cabeça logo em seguida ao perceber que estou vermelha.
— Fala, irmão. — Eles se cumprimentam. — Por sorte do destino me esbarrei na Bruna e conversamos enquanto esperávamos vocês. Essa é a Bruna e essa é a Gabriella.
— Oi, meninas! Me chamo Rafael, prazer em conhecê-las — ele fala empolgado e me encara — Vão nos acompanhar na nossa noite?
— Então, Rafael... Viemos comemorar o aniversário da Gabi, se ela quiser, ficamos com vocês essa noite. Adorei a companhia do Léo mesmo.
— Já que tem convite, vamos! Tudo o que eu quero nessa noite é beber, conversar e esquecer dos meus problemas.
Respondo super empolgada, pois realmente preciso me distrair e esquecer essa loucura de casamento. Rafael se senta e todos nós pedimos cerveja. Bruna e Léo conversam e esquecem que tem mais pessoas com eles na mesa, então fico envergonhada e prefiro ficar em silêncio, até que na segunda cerveja o Rafael resolveu puxar assunto comigo.
— Aniversário de quantos anos?
— Vinte anos.
— Idade boa. Animada?
— Não muito, ainda mais com o presentão e tanto que ganhei do meu pai. — Sorrio sem graça por lembrar do casamento.
— Que animação, hein. — Ele sorri. — Podia ser pior.
— Não tem como ser pior, vai por mim.
— Porque ainda não te contei o meu. Quer compartilhar qual foi seu presente?
— Não, Rafael. Realmente quero comemorar o meu aniversário, sem me lembrar do meu.
— Como queira. Não está mais aqui quem falou.
Respondo sem nem perceber o quanto fui ríspida, mas realmente não estou afim de estragar a minha noite.
Continuamos a nossa conversa, enquanto começo a beber e não sei se por culpa da tristeza pelo casamento, ou pelo aniversário, mas algumas horas depois percebo que estou tonta, decido parar de beber e ir embora. Como vejo que Bruna numa conversa bem empolgada com o Léo, e para não atrapalhar, falo para ela que vou embora, mas ela só me deixa ir quando o Rafael diz que vai me levar.
_ Pronto, a princesa está entregue. — Ele diz ao estacionar em frente a entrada do meu condomínio, pois não o deixei me levar até a minha casa.
— Agradeço a carona, Rafael.
— Não me sentiria bem se você viesse embora sozinha. Posso fazer uma coisa?
— O qu..
E antes que eu possa terminar de responder, ele me puxa pela nuca e me dá um beijo que mexe com todo o meu corpo. Não que nunca tenha beijado na vida, mas o beijo dele faz com que me sinta diferente e logo as mãos dele percorrem o meu corpo.
— Quer ir para casa ou quer dar uma volta? — Ele me pergunta ao perceber o quanto estou entregue aos nossos beijos.
— Vamos dar uma volta. Me surpreenda!
Digo sem me importar para onde ele vá me levar, afinal, não poderei ficar com ninguém pelos próximos três anos. Já que não posso escolher com quem vou casar, pelo menos posso escolher com quem ter a minha despedida de solteira — Eu penso. E em poucos minutos ele entra num hotel de luxo bem conhecido da cidade.