Fiquei o restante da semana sem notícias do Rafael, acredito que ele tenha seguido o meu conselho de fingir que nada disso aconteceu, e está respeitando a minha decisão em ficar longe. Embora os meus vinte anos tenha trazido todo esse vendaval para a minha vida, estou empolgada com a festa que a minha mãe e a Bruna organizaram para comemorar o meu aniversário.
Desço e os meus pais estão sentados na mesa, tomando café e quando eu chego cochicham algo, parando de conversar. O meu pai se chama Jorge e a minha mãe se chama Ana. Num modo geral, eles sempre foram excelentes pais, carinhosos, presentes, atenciosos. A minha mãe até tentou ir contra a história do contrato, mas desde sempre a vejo respeitando tudo o que o meu pai fala, inclusive foi assim que ela abandonou a carreira de modelo e se dedicou a minha criação.
_ Bom dia, dorminhoca. - Minha mãe me cumprimenta empolgada, enquanto enche a minha xícara com café.
_ Bom dia, mãe. Bom dia, pai. — Me sento, pegando uma fatia de bolo.
_ Bom dia, querida filha. — meu pai me cumprimenta, colocando o seu jornal de lado. — Após o café vamos dar uma saída, antes que você e a sua mãe saia para o cabeleireiro.
_ Tudo bem, papai. Só espero que não seja outro contrato. — Sorrio irônica, enquanto passo requeijão no pão, e eles me olham assustados, pois fui sempre o tipo de filha que nunca respondeu os pais — Se bem que só se for agora para vender a minha alma.
_ Gabriella! Quando foi que você se tornou tão ousada? — ela segura um sorriso — Você vai gostar, é uma surpresa.
_ Tudo bem, Ana. Eu entendo os motivos dela estar assim e espero que ela me perdoe um dia. — Meu pai me olha, enquanto eu desvio o olhar. — É uma surpresa pelo seu aniversário, Gabriella.
Termino o meu café em silêncio, embora esteja curiosa em saber qual é a tal surpresa, não vou deixar em evidência. Subo, troco de roupa e desço quase correndo, pois, acabei ficando ansiosa para saber qual o tal presente. Os meus pais já me esperavam na sala, dirigimos poucos minutos até estacionar na garagem de um prédio residencial próximo ao condomínio onde moramos.
Entramos no elevador e subimos até o 3° andar. Chegamos até um apartamento pequeno, porém aconchegante.
_ Este é o nosso presente para você. — o meu pai me entrega a chave quando paramos na sala. — Feliz aniversário, querida filha. — Me abraça e eu retribuo
_ Mas isso não significa que você já pode vir morar sozinha. Você ainda é meu bebê. - Minha mãe ri e nos abraça
_ Eu não acredito nisso! Ele é lindo demais. Enfim, tenho o meu cantinho. — Ando pelo apartamento e fico tão emocionada que não consigo disfarçar. Ele tem 2 suítes, sala de estar, sala de jantar, cozinha, um banheiro social e área de serviço.
Eu peço um apartamento para meus pais desde que fiz dezoito anos, mas eles sempre diziam que eu era muito nova para isso, e me deram um carro. Apesar de saber que isso provavelmente é um pedido de desculpas, fico tão feliz que só consigo agradecer.
_ Quando posso começar a mobiliar? — Digo empolgada ao sair de onde será meu quarto
_ Qualquer dia que não seja hoje! Agora vamos porque ainda temos bastante coisa para fazer. - Minha mãe rindo, já saindo do apartamento
_ Pelo menos agora você tem o seu cantinho e poderá se mudar quando terminar o contrato. - Meu pai me dá um banho de água fria ao me lembrar que não posso morar ali agora. — Agora vamos para vocês não se atrasarem.
Trancamos a casa e vamos embora, já que ainda precisamos ir ao salão para nos arrumar para minha festa mais tarde. Deixo o meu pai em casa e saio com a minha mãe, no caminho pegamos a Bruna e a tia Amanda, mãe dela, e paramos no cabeleireiro.
Sempre tive cabelos escuros e longos, mas confesso que tive sempre a curiosidade de saber como ficaria com ele curto, então hoje resolvi colocar em prática. Olho algumas fotos na internet e escolho fazer um "Long Bob" com franja lateral, além de dar uma clareada nos cabelos, fazendo um "Morena Iluminada". Após algumas horas estou pronta, me olho no espelho e me pergunto como não fiz isso antes, pois amei o resultado. Mesmo após reclamar, a minha mãe acabou me elogiando quando viu o resultado, assim como a Bruna e a tia Amanda.
Minha mãe preferiu o seu corte chanel de sempre, acompanhado de luzes. Bruna é ruiva natural, então só aparou a sua franja e fez escova, e a tia Amanda só retocou a cor, po sempre manteve o seu cabelo curtinho. Quando já estamos prontas, levo as duas para a casa para se arrumar, e minha mãe e eu vamos embora fazer o mesmo.
Tomo um banho com cuidado para não estragar o penteado e a maquiagem, visto a roupa que comprei essa semana e estava ansiosa para usá-la. Escolhi um vestido colado, realçando as minhas curvas, um pouco curto, uns quatro dedos acima do joelho, na cor champanhe cheio de brilho e com um decote em V e uma a******a lateral até acima do meio da coxa, uma sandália de couro, com salto alto fino e tiras pretas e uma pequena bolsa de mão combinando com o vestido. Sorrio satisfeita ao me olhar no espelho e ver o resultado, vou brilhar e chamar bastante atenção na festa, para a infelicidade do meu esposo que estará lá. Sim, num modo geral somos um casal, então Rafael precisa estar lá com a família, para que possamos fingir nossa felicidade em nos casar em breve.
Seguimos em direção ao salão onde será a minha festa e confesso que estou nervosa, pois desde os meus quinze anos não quis mais festas de aniversário desse porte. Depois de alguns minutos chegamos e fico admirada com a decoração na sua maioria na cor vermelha, um bolo de três andares branco com rosas vermelhas se destaca no centro da mesa principal, com um enorme lustre de vidro pendurado acima dela. Mesas com seis cadeiras em cada estão espalhadas por todo o salão, com pratos brancos de porcelana, talheres em prata, taças e porta guardanapos em vermelho, e no centro de cada mesa há um vaso com orquídeas.
_ Gostou do resultado? — Bruna me surpreende, chegando por trás de mim. — Mandamos muito bem, não é?
_ Muito! Eu amei o resultado, amiga! Obrigada. — A abraço tentando segurar o choro de alegria. — Agora vamos aproveitar a festa, não posso chorar para não estragar a minha maquiagem.
_ Vamos. A noite é nossa, amiga! — Bruna pega um champanhe que o garçom nos oferece e me entrega. — Aos vinte anos da melhor amiga que alguém pode ter na vida! Saúde. — Ela me olha e eu sorrio para ela. Tenho sorte em tê-la na minha vida para aguentar as minhas alegrias e lamentos.
Os convidados começam a chegar. Os meus amigos da faculdade, alguns professores, amigos de infância... Muita gente veio comemorar comigo. Enquanto vou cumprimentar os convidados, vejo o Rafael chegando com os pais dele e uma moça mais nova que ele.
_ Minha nora é linda demais, Rafael. — Uma senhora loira, alta e magra, aparentando ter uns 45 anos fala olhando para o Rafael e me cumprimenta. Agradeço mentalmente pelo som alto o suficiente para ninguém ao redor ouvir, pois, ainda tenho dois meses para contar aos meus amigos que casei. — Me chamo Laura, sou "mãedrasta" do Rafael, e apesar da forma como foi, espero nos darmos bem. — Ela me abraça e eu sorrio de volta para ela
_ Parabéns, norinha. — Rodrigo me abraça, empolgado. e me entrega uma pequena caixa, dentro há um cordão de ouro, com um pequeno pingente em formato de coração. — Não sabemos do que você gosta, então deixamos a Bia escolher.
_ Eu amei, obrigada! — Agradeço e olho para a irmã do Rafael, indo cumprimentá-la.
_ Feliz aniversário. Me chamo Beatriz, mas pode me chamar de Bia. Cunhada. — Ela sorri e nos abraçamos. — Como a mamãe disse, espero sermos amigas, mesmo com essa atitude ridícula dos nossos pais em forçar esse casamento. — cochicha no meu ouvido.
_ Ainda bem que sou filha única, senão era bem capaz de sobrar para você também. — Sorrio para ela e nos soltamos. Bia é linda, assim como o Rafael, aparenta ter uns 18 anos, cabelos lisos e castanhos, bem alta e tem olhos verdes, assim como o Rodrigo.
Rafael permanece parado em pé, me encarando, e eu preciso me concentrar para manter o ritmo da minha respiração ao terminar de falar com os pais e a irmã dele. Quando todos se sentam, ele vem ao meu lado e eu sinto o meu coração bater na minha garganta.
_ Você está linda, Senhora Lazzari. E esse cabelo realçou mais a sua beleza. — Ele me puxa pelo cintura e me envolta nos seus braços, nos juntando o suficiente para sentir a respiração dele no meu ouvido. Meu corpo se arrepia com a sensação. — Que p***a de vestido é esse, Gabriella? Tá querendo me enlouquecer? — Ele cochicha e eu sorrio irônica
_ Te disse que é para fingir que eu não existo, então não reclame das minhas roupas, Sr. Lazzari. — Dou um beijo em seu rosto e me solto dele. — Obrigada por virem. E apesar de tudo, espero manter uma relação amigável e agradável com vocês. Fiquem a vontade e aproveitem a festa! Vou pedir para o garçom vir servir vocês.
Saio de lá antes que Rafael fale mais alguma coisa da minha roupa, mas sinto o olhar dele me metralhando
Paro para cumprimentar as meninas que estudam comigo, e conversamos por um tempo, até sermos interrompidas pelo meu pai. Ele nos pede licença e me puxa para me apresentar a alguns sócios da empresa que estão bebendo em pé, próximo ao bar.