Emocional

1646 Words
***** Recadinho importante: Olá meninas estamos começando mais essa histora juntas, e estou aqui para garantir a vocês que vou postar a história de Rafael e Clara completa, e gratuita do início ao fim independente do número de corações o livro só vai vipar depois de concluído pois só vou pedir o contrato dele no dia que postar o último capítulo, então para lerem ele totalmente grátis , acompanhem as atualizações diárias, serão em média dez capítulos por dia, a única coisa que peço em troca é que coloquem o livro na biblioteca, que cada capítulo atinja no mínimo 300 comentários e se puderem indicar para as amigas agradeço, também tem o grupo de whats para surtarmos juntas falando dos personagens, caso queiram entrar é só dar um oi no 11 99600 9778, haaa se hoje bater a meta de 300 comentarios em cada capitulo volto com mais cinco, beijos daa Lêh!****** O ambiente ao redor de Rafael pulsava com a energia seca e cortante de um dia comum, um cenário que ele já conhecia de cor e salteado. Contudo, naquela manhã específica, algo no ar parecia mudar. Enquanto permanecia sentado na cama da clínica, ouvindo os sons ao seu redor, sentindo os raios de sol se esgueirando entre as sombras dos prédios. Ele imaginava se as cores do dia pareciam desbotadas, assim como suas emoções; como se o próprio mundo estivesse conectado à sua indiferença. O silêncio da sala era interrompido apenas pelo som agudo do monitor cardíaco, criando um ar de expectativa opressiva. Rafael, que sempre controlara cada aspecto de sua vida com maestria, se viu acuado pela fragilidade daquela situação. O verdadeiro problema vinha de dentro, escondido sob a superfície da sua fachada imbatível. Nos primeiros encontros de Rafael com as enfermeiras e médicos, ele havia se comportado de forma ríspida. Sentia uma profunda repulsa pelas tentativas de carinho, como se cada gesto de compaixão fosse uma insinuação de fraqueza. Trabalhadores do hospital tentavam sondar seu estado emocional, mas a frieza que ele emanava transformava qualquer tentativa de compreensão em mera formalidade. O olhar dos outros o sufocava, criando uma barreira invisível entre os sentimentos alheios e sua própria dor. Para Rafael, cada palavra, cada olhar era como um espelho distorcido refletindo um homem que ele desejava esquecer. Sentado em sua cama, a mente de Rafael se tornava um campo de batalhas. Ele lutava com demônios internos que pareciam crescer a cada visita. O eco de risadas brincalhonas e conversas prazerosas que permeavam os quartos vizinhos rebatia em sua cabeça, intensificando a solidão com que ele convivendo. Ele desejava estar imune a esse tipo de dor, mas a verdade era que nada poderia evitar as ondas de sentimentos que o atingiam como uma tempestade súbita. O monólogo interno tornou-se incessante, um labirinto de inquietações que ruminava sua fraqueza. "O que estou fazendo aqui?" Rafael perguntava a si mesmo, como se as paredes do hospital fossem não só físico, mas um símbolo de sua incapacidade de fugir da própria realidade. "Quem sou eu sem meu poder, sem o controle absoluto que sempre busquei?" A chuva de lembranças poderia facilmente dissipar sua armadura, mas ele se recusava a permitir que isso acontecesse. Justamente por isso, naquela instantânea de reflexão, a expressão de desespero que se desenhava em seu rosto havia se transformado na criação de uma segunda pele que impedia qualquer fraqueza de emergir. A porta do quarto de Rafael se abriu com um rangido discreto, e um homem de meia-idade entrou, carregando consigo uma aura de respeito e autoridade. Esse era o Dr. Silva, o melhor oftalmologista do país, reconhecido mundialmente por seus avanços na medicina ocular. O homem havia sido tirado de um importante congresso internacional apenas para atender Rafael, tal era a importância de seu paciente. Rafael já sabia disso. Gertulho, seu avô, havia garantido que o melhor médico estivesse ao seu dispor, e agora ele estava ali, pronto para solucionar o mistério de sua cegueira. Depois das apresentações formais, o Dr. Silva rapidamente se preparou para começar o exame. Ele abriu sua maleta de instrumentos médicos com um gesto fluido, como quem já havia feito aquilo milhares de vezes. Em silêncio, aproximou-se de Rafael com uma lanterna oftálmica, a pequena luz brilhando como um farol em meio à escuridão permanente que agora dominava a vida de Rafael. "Olhe para cima," o médico pediu, em um tom calmo e profissional. Rafael, com a mandíbula tensa, obedeceu, mesmo sabendo que não veria absolutamente nada. "Agora para baixo." Rafael movimentou os olhos, sentindo a frustração crescer com cada comando. "Olhe para a direita… e agora para a esquerda." Conforme seguia as ordens do médico, Rafael mantinha o rosto impassível, mas internamente, a raiva borbulhava. Ele podia sentir a lanterna mover-se de um lado para o outro, iluminando o interior de seus olhos, mas tudo o que via era o mesmo véu de escuridão impenetrável. Nada mudava. A mesma ausência total de luz o envolvia, como uma prisão invisível. O Dr. Silva, no entanto, mantinha sua expressão séria enquanto conduzia o exame, ajustando o foco da luz e observando atentamente os movimentos dos olhos de Rafael. Após alguns minutos, ele desligou a lanterna e fez algumas anotações em um tablet, o que só aumentou a impaciência de Rafael. "Vamos levá-lo para uma tomografia," disse o médico finalmente, em um tom que não admitia objeção. "E vou precisar de uma série de outros exames. Algo não está claro, mas vamos descobrir." Rafael não disse nada, apenas assentiu com a cabeça, embora a sensação de impotência crescesse dentro dele. Ele não tinha escolha a não ser se submeter à bateria de testes. Enquanto o levavam para a tomografia e outros exames, sua mente estava em uma espiral de pensamentos amargos. Era inconcebível que ele, um homem tão poderoso, estivesse preso à escuridão. Uma escuridão que parecia zombar dele a cada minuto que passava. Horas depois, quando retornou ao quarto, o Dr. Silva entrou novamente, dessa vez com uma pilha de exames revisados e uma expressão mais séria. Ele sentou-se ao lado da cama de Rafael e começou a falar. "Eu revisei todos os seus exames," começou o médico, com a calma de quem estava acostumado a dar notícias difíceis. "E, tecnicamente, não há nada de errado com os seus olhos. Seus exames de imagem mostram que suas córneas, retinas e todo o sistema visual estão em perfeitas condições." Rafael estreitou os olhos, sua paciência já se esgotando. Ele soltou um suspiro irônico antes de responder, com um tom ácido: "A não ser pelo fato de eu estar cego." O Dr. Silva continuou, impassível: "O que acreditamos ter acontecido é que, durante o acidente, um coágulo se formou e pressionou o nervo óptico. Isso pode ter causado uma cegueira temporária." Por um breve momento, Rafael quase sentiu um lampejo de esperança. Cegueira temporária. Isso significava que, em algum ponto, ele voltaria a ver. Mas, como um homem acostumado a negociar e lidar com situações críticas, Rafael percebeu que havia algo mais por trás da fala do médico. Ele manteve o silêncio, esperando o restante da explicação. O Dr. Silva pigarreou, hesitante, e então continuou: "No entanto, já vi casos em que tudo parece normal, como o seu, e as pessoas demoram meses ou até anos para recuperar a visão. Isso porque a cegueira pode estar ligada a um fator emocional, desencadeado pelo trauma do acidente." Rafael sentiu o sangue ferver em suas veias: "Emocional?" Ele m*l podia acreditar no que estava ouvindo. "Você está me dizendo que é minha mente que está me mantendo cego?" O médico hesitou, escolhendo cuidadosamente as palavras: "O trauma de um acidente tão grave pode, sim, causar efeitos colaterais psicológicos que se manifestam fisicamente. Já vimos casos assim antes, e uma abordagem multidisciplinar, com apoio psicológico, pode ser eficaz." A raiva que Rafael havia mantido sob controle até então finalmente irrompeu. Uma risada amarga escapou de seus lábios, mas não era uma risada de humor. Era uma ameaça. "Então, você está me dizendo que sou fraco emocionalmente, é isso?" "Não estou dizendo que você é fraco," o Dr. Silva começou a explicar, mas foi cortado por Rafael, que agora estava furioso. "Você é um incompetente!" gritou Rafael, sua voz cortante. "Eu não sou um homem fraco! E eu não vou ser prisioneiro da minha própria mente! Isso é ridículo!" Ele estendeu a mão e empurrou com força a bandeja de instrumentos do médico, que caiu no chão com um estrondo metálico. "Saia daqui antes que eu te expulse!" O médico, visivelmente desconfortável, tentou acalmar a situação. "Sr. Rafael, isso não é algo que você pode controlar sozinho. Eu recomendaria que você procurasse um psiquiatra. Isso pode…" "Psiquiatra?" Rafael quase gritou, levantando-se bruscamente da cama, ignorando a dor que irradiava de sua perna ferida. Ele avançou um passo em direção ao médico, sua presença ameaçadora preenchendo o quarto. "Eu não preciso de um psiquiatra, e eu certamente não preciso de um médico que sugira isso!" O Dr. Silva deu um passo para trás, levantando as mãos em um gesto de pacificação: "Eu entendo que isso é difícil de aceitar, mas…" "Saia!" Rafael rugiu, sua mão apertando o lençol com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. Ele estava à beira de agarrar o colarinho do médico, mas se conteve, limitando-se a atirar a bandeja de metal no chão novamente. "Eu disse para sair! Agora!" O Dr. Silva, percebendo que não havia mais espaço para conversa, pegou rapidamente seus instrumentos e saiu do quarto, deixando Rafael sozinho, novamente envolto pela escuridão. O som da porta se fechando atrás do médico parecia ecoar pelo quarto, e a raiva de Rafael queimava em seu peito. Cego. Preso em uma escuridão que, segundo aquele médico incompetente, era fruto de sua própria mente. A ideia de ser emocionalmente fraco o enojava mais do que a própria cegueira.
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