Clara e seus desafios

1317 Words
No hospital central de Nova York, a vida de Clara estava prestes a mudar drasticamente. Quatro dias se passaram desde o terrível acidente, e, a cada momento, ela se pegava pensando no homem que agora sabia ser chamado de CEO Demônio. Aquela figura imponente, que tanto a intrigara, não saía de sua mente. O olhar intenso que ela vira durante o socorro, cheio de uma ternura inexplicável, contrastava brutalmente com a imagem que ela encontrou na internet, onde Rafael era retratado como um ser frio e implacável. Clara se viu obrigada a pesquisar sobre ele, e nada do que leu combinava com a sua memória do dia em que cruzaram os caminhos. Era um dia comum no hospital geral, mas Clara estava ansiosa. Uma colega havia ido fazer seu primeiro plantão no hospital de luxo onde Rafael estava internado, e Clara não via a hora de perguntar sobre o estado dele. Seu coração pulsava rápido, e o pensamento de Rafael a fazia sentir um frio na barriga, um misto de preocupação e curiosidade que não conseguia explicar. Ela queria saber se ele estava bem, se acordara do coma, se estava lutando como o homem que parecia ser. Enquanto esperava por notícias, Clara se perdeu em pensamentos, quase sem perceber o que acontecia ao seu redor. Foi então que, distraída, esbarrou em alguém. Mãos firmes seguraram sua cintura com firmeza, e o pânico a envolveu. As imagens dos abusos que sofrera na infância surgiram em sua mente como fantasmas indesejados. Ela respirou fundo, lutando contra as memórias. Quando finalmente olhou para o homem que a segurava, percebeu que ele era desconhecido. O medo começou a se dissipar, mas não completamente. “Desculpe,” Clara se desculpou rapidamente, tentando se afastar. O homem a segurou um pouco mais, mas então ela sentiu que não precisava temer. “Sou Rodrigo, o novo diretor geral do hospital,” ele disse, estendendo a mão. Clara hesitou, mas, finalmente, apertou a mão dele. O contato a fez sentir um calafrio. Ele era alto e bonito, com cabelos loiros e olhos castanhos que brilhavam, mas o sorriso que ele exibia não chegava aos olhos. Os olhos dele a encaravam com um tipo de luxúria que Clara conhecia muito bem. E esse conhecimento a aterrorizava. Ela viu esse olhar antes, e a ideia de estar na mira de alguém como ele fez seu estômago revirar. “Sou a enfermeira Clara, senhor. Agora, se me der licença...” Sua voz soou firme, mas internamente ela estava nervosa. Não esperou uma resposta, virou-se e se afastou o mais rápido que pôde, tentando ignorar o sorriso satisfeito de Rodrigo que a seguia. Rodrigo soltou um assobio, claramente impressionado. “Essa enfermeira é muito gostosa,” ele pensou. Era um tipo de homem que sempre conseguia o que queria, e Clara se tornara um novo alvo em sua mira. Para ele, era apenas um jogo, e ele estava disposto a jogar. Clara não queria pensar nisso. O dia estava apenas começando, e ela tinha um trabalho a fazer. Mas, enquanto se afastava, sentia um nó na barriga. A lembrança de Rafael não a deixava em paz. A cada segundo, a expectativa aumentava. E, ao mesmo tempo, uma sombra se formava sobre ela, uma sensação de que a vida que estava tentando construir começava a se desmoronar. O pensamento de Rafael a fazia sentir-se viva, mas, com a presença de Rodrigo, a realidade da sua situação começava a se tornar opressiva. O medo de ser alvo novamente a acompanhava, e ela se questionava se seria capaz de se manter firme diante de novos desafios. Enquanto isso, em outro lugar, Rafael lutava contra suas próprias sombras. Ele estava em um estado de confusão, entre a escuridão e a luz, buscando o caminho de volta. O eco da voz de sua avó ressoava em seus pensamentos, e ele se perguntava se conseguiria enfrentar o que estava por vir. A vida de Clara e Rafael, embora distantes, começava a se entrelaçar de formas que nenhum deles poderia imaginar. As dificuldades e os traumas que ambos carregavam se aproximavam, e os caminhos que estavam prestes a trilhar os levariam a um confronto com o passado e a revelação de quem realmente eram. No hospital central Clara suspirou, afastando os pensamentos de Rodrigo. Aquela era a última coisa que ela precisava. Enquanto se preparava para o plantão, sua mente voltava a Rafael e à possibilidade de que, de alguma forma, ele também estivesse lutando por sua liberdade, por sua vida. Camila, a amiga de Clara que havia trabalhado no hospital onde Rafael estava internado, chegou um pouco depois do início do plantão. Clara m*l conseguiu conter sua ansiedade e logo arrastou Camila para um canto mais reservado, longe do movimento frenético do hospital. "Você precisa me contar tudo sobre o Rafael!" Clara disse, a urgência em sua voz era palpável. Camila fez uma careta ao ouvir o nome de Rafael.: "Ai, Clara... O hospital se transformou em um verdadeiro inferno desde que ele acordou. O homem grita ordens como se estivesse no meio de uma guerra. Você não tem ideia!" Clara sentiu um misto de preocupação e uma pontada de alívio ao ouvir que Rafael estava, aparentemente, se recuperando: "Mas isso é bom, certo? Ele está se recuperando?" "Sim, claro! Mas é intenso. A única coisa que pode entrar no quarto são pessoas autorizadas. O avô dele está sempre lá, e tem uma mulher linda que eu acho que é a namorada ou noiva dele," Camila respondeu, inclinando-se mais para perto de Clara, como se estivesse revelando um segredo. Clara sentiu um frio na barriga ao ouvir sobre a mulher na vida de Rafael. Por algum motivo, isso a incomodou mais do que deveria: "Linda, você disse? Ele deve estar bem, então. A julgar pelo que você diz, ele está ótimo," Clara disse, tentando esconder a inquietação em sua voz. Camila assentiu: "O nome 'CEO Demônio' combina perfeitamente com o jeito que ele manda todo mundo. Mas, sinceramente, ele é lindo demais para ser um demônio. Se você o visse de novo, tenho certeza de que se derreteria." "Talvez ele carregue mais sofrimento dentro de si do que deixa transparecer," Clara murmurou, uma sensação de empatia surgindo. A ideia de que Rafael poderia estar lutando internamente mexia com ela de maneiras que ela não conseguia compreender completamente. Camila riu, cortando a seriedade do momento: "Lá vem a Santa Clara querendo ajudar os oprimidos! Você sabe, você tem esse jeito de sempre querer salvar todo mundo. Cuidado para não se queimar!" Clara sorriu, mas a risada não foi suficiente para dissipar a preocupação que se acumulava em seu peito: "Não é isso, Camila. Só... quero que ele esteja bem. E se precisar de ajuda, eu quero estar lá para ele." As duas amigas começaram a caminhar em direção ao refeitório, discutindo trivialidades, sem perceber que os olhos de Rodrigo estavam cravados em Clara. Ele a observava com um interesse que ia além do profissional. Para ele, Clara era um novo desafio, e a determinação dela em cuidar de Rafael apenas acendia ainda mais sua curiosidade. Enquanto as amigas se afastavam, a tensão no ar aumentava, e Clara sentia um calafrio percorrer a espinha, mas não sabia se era o olhar de Rodrigo ou a preocupação constante por Rafael que a fazia sentir-se assim. O dia prometia ser longo, e suas emoções estavam à flor da pele, prontas para se desdobrar em algo inesperado. No fundo, Clara estava ciente de que suas vidas estavam prestes a se entrelaçar de maneiras que ela nunca imaginara. O hospital, com sua rotina frenética e seus desafios emocionais, servia como um campo de batalha onde cada um lutava por seus próprios demônios e anjos. E, assim, Clara seguia, com a esperança de que, ao final do dia, as respostas que tanto buscava se tornassem claras, mesmo que estivesse cercada de incertezas.
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