Sophie
Entrei em casa e logo minha mãe apareceu com um pano de prato no ombro.
— Já melhorou, mãe? — fiquei contente.
— Já. Mãe de família não fica doente por muito tempo. Você veio com Jonathan? — franziu o cenho.
— Porquê?
— Porque o ronco do motor do carro dele eu reconheço a quilômetros.
Caramba!
— Ele insistiu. — lamentei deixando a bolsa no sofá.
— Eu sei bem como ele é. Regra número 1 pra manter um emprego, Sophie: Não se envolver com a família pra quem trabalha. Não quero você perto dele, filha. Não quero perdeu meu emprego nem ver você destruída. Aquele garoto não presta.
— Não precisava pedir. Eu já sei quem é ele. Ele estuda na mesma faculdade que eu.
— Pois dobre sua atenção. Se eu souber que você tá envolvida com ele te dou uma surra. E não fale que já é maior de idade ou coisa do tipo. Eu te arrebento Sophie, porque o Jonathan não é homem pra você. — mostrou autoridade na voz.
— Tá bom mãe. Eu não vou ficar perto dele. Relaxa.
— Maldita hora que te mandei no meu lugar. Devia ter falado com a Irene. — voltou pra cozinha. — Você é bonita. Não devia ter caído nos olhos do Jonathan. Imagino os pensamentos obscenos dele com relação a você.
— Eu não sou tudo isso. E uma hora ou outra ele iria me ver. Acho que sou a única garota dessa cidade que não passou pelas mãos do Jonathan. — peguei uma cenoura e comecei a comer.
— E deve continuar sendo.
— Eu sempre vou ser a filha da empregada, mãe. Ninguém quer nada com a filha da empregada. — fui pro meu quarto deitar.
— Almoço tá pronto em cinco minutos. — ela gritou de lá da cozinha.
— Valeu.
20 minutos depois...
Alguém bateu na porta e a gente estava almoçando. Sobrou pra mim ir abrir.
Levantei e dei de cara com a Kelly com seus cabelos super loiros molhados e um sorriso enorme no rosto.
— Entra. — estranhei a animação dela.
— Kelly! — meus irmãos gritaram. Todo mundo gosta dela aqui.
— Chegou numa boa hora. — minha mãe falou sorrindo. Antes de sentar no meu lugar, peguei um prato e talheres pra Kelly.
— Valeu. No meu apê não tem nada feito. — contou sentada na cadeira e colocando a comida.
Tenho inveja dela por ela já morar sozinha. Eu ainda tenho que morar com minha mãe e vivo de rédea curta.
— De onde você vem assim molhada? — minha irmãzinha perguntou.
— Da casa de uma amiga. — ela regulou a frase porque minha mãe odeia saber que a Kelly tem um jeitinho muito livre de viver.
Se ela souber o que eu apronto com minha melhor amiga...
— Ahh. — minha irmã assentiu balançando a cabeça mais que o normal.
Depois do almoço, deitamos no meu quarto, eu e Kelly e fechei a porta pra saber dos babados.
— Onde você estava? — sussurrei.
— Na casa do Tyler. — ela continuou nossa conversa nos sussurros.
— Tyler Williams? — fiquei chocada.
— Sim. Eu não te contei antes porque você andava toda ocupada. Mas faz uns dias que estamos ficando.
— Ficando como?
— transando né! — cochichou e eu ri.
— Meu Deus ele é amigo do Jonathan!
— Sim, e amanhã é o níver dele e o Tyler me chamou e disse que posso te levar.
Mais um convite.
— Não. Nem insista.
Depois do que a mamãe disse então.
— Qual é, você nunca vai a nenhuma festa comigo!
— Minha mãe me mataria se eu fosse.
— Ela não precisa saber. Eu digo que você vai dormir lá em casa. Vamos amiga. Por favor. Eu tô gostando muito do Tyler e não queria perder ele pra ninguém nessa festa. Mas não quero ir sozinha.
Kelly é uma filha da mãe persuasiva.
— Vou pensar, mas fala com a minha mãe.
— Maravilha. — ela deu um gritinho super animada.
***
De tarde minha mãe saiu pra casa de outra família. Ela só trabalha alguns dias da semana nessa casa, e como hoje é sexta, é dia dela ir pra lá.
Fiquei com meus irmãos, é meu emprego até minha mãe voltar e eu ir pra aula na faculdade.
Brinquei tanto que eles ficaram mortos de cansaço e dormiram.
O celular da minha mãe começou a tocar e eu levei um grande susto por ver que ela o esqueceu. Mas aí veio outro susto seguido de um alívio.
Era o Jonathan ligando.
Atendi com o cu trancado.
— Alô?
— Alô princesa. Queria mesmo falar com você.
— O que você quer ligando pra minha mãe?!
— Quero te dar o endereço da festa.
— Ligando pro celular da minha mãe?!
— Você não me deu tempo pra pedir o seu.
— Não liga de novo pra minha mãe querendo falar comigo. Ela me mata!
— Me passa seu número então.
— Eu não quero conversar com você.
— Então eu vou continuar ligando pra sua mãe.
— O que você quer comigo caramba?!
— Muita coisa.
— Eu não quero nada com você. Mas pra diminuir os danos é 99964192. Só ligue em caso de morte.
— Tá bom amor. Vou mandar o endereço da festa.
— Não precisa.
— Eu insisto. Beijos.
Filho da mãe insistente. Ele vai acabar me ferrando.