AURORA - ELEONORA
Dou a última olhada no espelho sentindo-me maravilinda, como Lídia sempre fala. Hoje à noite vou com Matteo a uma de suas boates, e como ele disse no jatinho, queria que nos divertíssemos. Estou muito animada e ansiosa, faz tempo que não vou em uma e chegar ao lado de Matteo Del Frari e ainda por cima sendo esposa dele é algo em que, às vezes, nem eu mesma acredito.
Sim, eu sei que também tenho um sobrenome bem conhecido e uma família influente e tudo, mas ainda estou processando todas as coisas que aconteceram nesses últimos meses.
— Acho que vou ter de levar uma arma. — A voz de Matteo ecoa por todo o nosso quarto; estávamos sozinhos na nossa casa, todos já haviam sido embora.
— Por que está dizendo isso? — Ele se aproxima bem devagar e aproveito para admirá-lo.
Ele está com uma camisa branca de manga comprida enrolada até os cotovelos, deixando suas tatuagens à mostra, uma calça jeans escura, cabelo penteado para trás e a barba grande, mas bem feita.
— Você está muito linda, estou pensando seriamente se saímos ou se tiro esse vestido e te fodo agora mesmo. — Sua mão vai até minha cintura, me puxando para si e colando meu corpo ao seu.
Minha calcinha está bem molhada.
— Já disse que você é um marido de boca muito suja? — Ele abre um sorriso malicioso.
— Já disse que você é uma esposa muito gostosa? — Sinto sua mão ir até o decote V nas minhas costas e tocar a minha pela exposta, me causando arrepios, enquanto a outra se mantém firme na minha cintura. — Nós podemos sair e, quando voltarmos, esse vestido vai ser só um pedaço de pano rasgado no chão do nosso quarto junto com a sua calcinha.
— Esse vestido custou uma nota.
— Compro quantos você quiser depois.
— Para você rasgar? — Ele sorri.
— Sim, sou Matteo Del Frari, mafioso e CEO extremamente poderoso e temido.
— m*l sabem eles que por trás do mafioso e CEO poderoso e temido, há a esposa dele, que com um simples estalar de dedos o tem em suas mãos — sussurro em seu ouvido.
— Eu sou completamente seu.
****
Matteo abre a porta do carro para mim, logo em seguida fecha a porta e vai ao outro lado para entrar. Ele dá partida no carro e vejo bem lá na frente os portões serem abertos.
— Você realmente está muito linda, azul combina com você. — Ele murmura sem tirar os olhos da estrada.
— Obrigada, meu amor, mas acho que agora devo sempre andar assim, afinal, estou ao lado de Matteo Del Frari e ainda por cima indo em uma das boates dele.
— Nossa! Tudo que é meu é seu, agora não se esqueça que você é maravilhosa. — Abro um sorriso bobo.
— Lídia vai estar lá também? — pergunto olhando para o retrovisor.
— Não. Por quê? Quer que ela vá?
— Não, é que estou vendo o carro do Edgar nos escoltar desde que saímos de casa. Achei que...
— Carro? Que carro?
— O que está nos seguindo. — Matteo olha rapidamente para o retrovisor. — Merda! — pragueja.
— O que houve?
— Por que não me disse que estávamos sendo seguidos? — Arregalo os meus olhos.
— Estamos sendo seguidos? Como eu ia imaginar isso? O carro é igual ao de Edgar, achei que fosse ele. — Ele solta uma respiração pesada.
— Ok. Não vamos ficar nervosos, vou continuar nos conduzindo até a boate.
— Matteo, acha que é uma boa ideia?
— Sim, lá tem vários seguranças; mande uma mensagem para Edgar, meu celular está no meu bolso, avise o que está acontecendo e só peça para nos aguardar na parte de trás da boate. — Balanço a cabeça concordando. Coloco a mão em seu bolso e puxo o celular, rapidamente digito uma mensagem para Edgar e ele responde com um “Ok”.
Matteo começa a acelerar o carro, olho no retrovisor e vejo que o outro carro aproveita para fazer o mesmo.
— Matteo, não corra muito. — Coloco a mão na minha barriga.
— Fique calma, meu amor, tudo vai dar certo.— Ele olha brevemente para mim e só nesse pouco tempo que vi seu rosto percebi que nada estava bem, ele está bastante nervoso, não para de apertar o volante com força, sua mandíbula está travada e seus ombros tensionados.
Não, realmente nada estava indo bem.
Continuamos a seguir nosso caminho até a boate e em poucos minutos, e na rapidez que Matteo dirigiu, chegamos. Ele estaciona o carro na parte de trás da boate. Ao sairmos, vimos Edgar e outros seguranças, Matteo pega na minha mão e com rapidez andamos para dentro. Logo Edgar e alguns seguranças nos seguem, enquanto alguns ficam lá fora nos dando cobertura.
Ao chegarmos a um extenso corredor totalmente branco, me surpreendo quando uma porta de ferro se abre ao meu marido falar algumas palavras em italiano. Edgar entra junto conosco e os outros seguranças ficam. Matteo coloca sua mão em um painel próximo à porta de ferro no lado de dentro, quando a porta se fecha e o pequeno quadrado de aproximadamente quatro metros começa a se mover para baixo, constato que é um elevador e que somente Matteo tem acesso.
Algum tempo depois, o pequeno quadrado para, a porta se abre e me surpreendo com o tamanho do escritório. Ele é bem maior do que o que Matteo tem na empresa Del Frari.
Ele pega a minha mão e caminhamos para dentro da sala, com Edgar bem atrás.
— Amor, fique à vontade. — Ele aponta para um sofá e como percebo que ele está extremamente nervoso, decido por agora não o questionar.
Del Frari vai até sua cadeira e se senta, Edgar se posiciona ereto e bem sério, sem tirar os olhos de Matteo.
— Mandei homens seguirem o carro, a qualquer momento teremos notícias. O mesmo deu meia-volta quando viu os seguranças. — Edgar como sempre, é bem profissional.
— Usem o que for para parar aquele carro, e traga vivo quem estiver lá dentro. — Matteo diz friamente. Sua postura está bem diferente, é igual à do Matteo que eu conheci antes, ou até pior.
— Vamos fazer o possível.
— A sala está pronta? — pergunta me olhando.
— Sim. — Edgar responde e logo em seguida sai do escritório, Matteo se levanta e vem até mim, estende sua mão e eu aceito. Andamos em direção a uma estante, ele abre um dos livros e um painel igual ao do elevador aparece, Matteo coloca a mão e logo depois fica me encarando.
— Coloque sua mão — afirma, sério; levo a minha mão ao painel, que a escaneia e logo a estante de livros se abre e fico chocada com o que vejo.
— Matteo... Isso é...
— Você é da Máfia também, é esposa de um chefe, assim, como tradição e por regra, toda mulher da Máfia deve ser treinada para se proteger. Com o que houve hoje, não posso mais adiar isso. — Ando para dentro da sala e fico abismada com as estantes em volta da sala, enorme, de cor acinzentada.
As estantes são de vidro e estão acopladas nas paredes, cada uma tem um arsenal de diferentes armas, facas, espadas, granadas, entre outras coisas que não faço ideia do que seja.
Ele digita um código em outro painel perto de uma das estantes, o meio do chão da sala se abre e uma espécie de tatame aparece.
— Não vamos pegar muito pesado porque você está grávida, mas deve ao menos saber se defender, nem que seja com algum tipo de arma. — Continuo abismada com tudo que vejo e escuto. Viro-me para olhar Matteo e ele está com uma expressão indecifrável.
— Iria me trazer para cá para isso?
— Não, realmente não estava nos meus planos te mostrar isso hoje, somente quando o bebê nascesse, mas devido às circunstâncias, precisamos nos prevenir. Tem uma sala dessas na nossa casa, fica por dentro do closet, atrás de um armário com as minhas roupas. Tem um painel igual a esse com números, a senha é a data em que nos conhecemos e também é ativado por voz, somente eu e você temos acesso.
— Matteo, isso tudo é loucura! Eu sou tapada demais, posso atirar em mim mesma com uma dessas armas e tem algumas coisas que não faço a mínima ideia do que seja. — Ele ri.
— Eu vou te ensinar tudo que sei, e você não é tapada, não repita isso. Só não vamos pegar muito pesado devido à gravidez. — Se aproxima.
— Realmente é algo tão r**m assim? — Del Frari solta uma respiração pesada e logo depois leva suas mãos até meu rosto.
— Isso iria acontecer, mas não assim, não nessas condições. Realmente eu queria que fosse diferente, mas é o único jeito da minha cabeça ficar mais tranquila em relação a você, meu amor; precisa fazer isso por nós e por nosso filho. — Automaticamente levo minhas mãos à barriga.
Fecho os olhos e respiro fundo, depois fixo meu olhar em suas íris azuis e digo:
— Que o treinamento da legítima herdeira da Máfia se inicie hoje.