* Alice *
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Puxo a mala escada a baixo, esta pesada, pois de todos os anos que trabalho essa é de verdade a primeira férias que irei tirar.
_ Figlia, o que tem nessa mala? — minha madre pergunta assim que me aproximo da sala.
_ Apenas o essencial madre.
_ Me deixe ver.
Ela se levanta e vem em minha direção com a xícara de chá, me entrega a xícara e pega minha mala me olhando feio.
_ Por Dio, está levando todo o guarda roupa? É apenas um mês.
_ Não madre só o essencial se faltar compro lá.
Claro que vou comprar mesmo se não precisar, não perderia a oportunidade de ver e gastar meu suado dinheiro nas lojas francesas.
_ Para que isso? — minha madre diz tirando um dos meus conjuntos de adagas da mala.
_ Madre... — nem termino e ela pega outro conjunto.
_ Figlia tesoro, você está de férias e não a caça. Não precisa levar essas armas.
_ E se eu precisar delas?
_ Mas de dez conjuntos de facas e adagas?
_ Talvez eu tenha exagerado.
_ Não precisa levar nada disso, apenas a sua escuta e o rastreador. Pode levar também a sua presilha que tem a pequena lamina, o colar que vira um cordão para cortar a garganta de alguém, mas do resto tire tudo da mala.
_ Tudo bem madre. — digo derrotada.
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Papa me leva até o cruzeiro, e me abraça apertado antes de voltar para o carro, agora sim, eu estava de férias e era quase uma pessoa normal.
Ficarei 17 dias em alto mar, depois uma semana em Paris conhecendo algumas coisas e então volto de avião, digamos que tenho tudo planejado.
Entrego a minha passagem e o homem abre um sorriso largo, mas não é bonito e não me atraiu em nada.
Estou de férias e vou ser mais seletiva, procurar por alguém que quem sabe possa me dar algo em troca, pois estou ficando cansada de apenas eu oferecer e não receber.
Coloco minhas malas na suite que papa reservou, até nisso ele pensou, pois é um quarto muito bom, cinco estrelas, com as portas de vidro que me dão a visão do mar, a cama grande e muito aconchegante.
Me jogo na cama e olho para o teto, um sorriso abre em meu rosto, férias, pela primeira vez eu estava de férias e poderia fazer coisas de pessoas normais, ir em uma festa sem ter um alvo para matar, escolher um homem para passar uma noite sem que seja com um propósito da missão, um desconhecido por completo, um homem que verei apenas uma vez e nunca mais, mas esse sairá vivo.
Escuto o som alto do apto soando, avisando que vamos partir, me levanto e sigo até a janela e vejo ele desgarando do porto.
Fico alguns minutos apenas olhando pela janela, conforme ele se distância da costa e me sinto tão leve.
Abro minha mala e separo uma roupa, a usaria mais tarde no bar do cruzeiro, já vi no itinerário tudo que preciso saber e tenho de me preparar para isso, meu telefone toca e vejo ser minha sorella Emma, ela sempre está de olho mesmo eu estando longe.
_ Alô, Emma.
_ Liguei para desejar boa viagem.
_ Obrigada.
_ E ligue o rastreador, quero saber aonde anda. — abro um sorriso, pois tinha o desligado antes de entrar no cruzeiro.
_ Estou no mar, não se preocupe nada irá me acontecer.
_ Apenas obedeça Alice não seja teimosa, eu já fui sequestrada, Pietra também e você a encontrou antes de algo acontecer aquela vez, mas agora você vai estar saindo de Roma e Paris é território neutro, não temos controle sobre nada lá.
_ Às vezes você consegue ser pior que a madre. — digo suspirando fundo e ligando o rastreador.
_ Sou sua sorella mais velha, fui treinada para dar ordens e vocês a me obedecer.
_ Tudo bem chefe, mas Pietra é uma chefe melhor que você.
_ Diga a ela então, mas duvido muito que ela fará vistas grossas para suas saídas entre as missões com os soldados.
_ Emma. — digo indignada e a escuto sorrir.
_ Vá aproveitar a viagem e não desligue o rastreador, senão o Eduardo vai até aí.
_ Vá bene, vá bene.
Desligo o telefone e volto a olhar para a roupa que separei, bonita, atraente, uma ótima opção para anoite.
Vou até o banheiro e encho a banheira, tomo um banho morno com sais minerais, estou me sentindo uma senhora poderosa, tendo esse tempo todo apenas para mim.
Quando saio, me arrumo, penteio bem meus cabelos, passo perfume e coloco meu vestido preto, sem calcinha e nem sutiã, isso não era necessário no momento.
O salto alto e o batom vermelho num tom vinho fecha todo o look, saio em passos lentos da minha suite, seguindo até o bar.
Me sento em uma cadeira mais afastada, e observo tudo ao meu redor, peço uma bebida nada forte, pois hoje quero aproveitar, e logo que ele me entrega eu agradeço, começo a beber devagar até que meus olhos veem um homem entrar no bar.
Moreno, alto, o terno alinhado no corpo, a cabeça era quase raspada, e tem um sorriso lindo demais.
Ele está no telefone, fala e sorri ao mesmo tempo, olho para seus dedos para ter certeza que não é casado, posso ser uma mulher decidida quando quero alguém, mas nunca com um homem casado.
A certas linhas que eu respeito muito e a lealdade é uma delas, mas não vejo nada em seu dedo e agradeço, pois encontrei o primeiro dessa noite.
Sim, primeiro, pois por mais que ele seja lindo e gostoso de roupa, sei que como os outros não fará o que eu quero, e com isso vou ter de procurar outro homem igual faço todas às vezes.
Termino minha bebida lentamente apenas o observando, ele parece pensativo, sério, e provavelmente está nesse cruzeiro para descansar de algum serviço assim como eu.
Ele não tem cara de quem costuma fazer viagem e sim de quem está cansado e precisa aliviar algum peso.
Me levanto alinhando o vestido e abro um sorriso, não ia esperar mais, vai se outra, passe a minha frente, pois já estou de olho em outra mulher que está o observando.
Quando estou quase chegando, a mulher que estou de olho se levanta para ir em sua direção, mas a seguro pelo braço de forma firme e ela me olha um pouco assustada.
_ Nem pense nisso, ele é meu. — digo firme.
_ Não sei do que você está falando.
_ Aquele homem no bar, está comigo. E eu percebi o jeito que está de olho nele. — ela me olha de cima em baixo.
_ Não sabia que ele já estava acompanhado.
_ Ele está, então pode continuar no seu lugar, que eu já estou indo falar com o meu homem. — digo abrindo um sorriso e minha voz fica ainda mais sexy no francês, e mais ameaçadora também.
Ela volta a se sentar e eu sorrio mentalmente, meu homem, nem o conheço, mas sei que ele não vai negar essa noite para mim, ninguém n**a.