Capítulo 3

1217 Words
* Simon Leroy * . Meu telefone toca várias vezes e a preguiça de abrir os olhos não me deixar acordar, essa vida não é a que eu desejei, mas não tive escolhas, pois foi a vida que escolheram para mim. Traficante de armas, quem diria justo eu que não queria me envolver com essas coisas, mas meu irmão como sempre jogou essa bomba em meu colo e para salvar a única mulher que um dia senti algo diferente, mesmo que ela não me corresponda, sou capaz de viver essa vida. Passo a mão devagar sobre o lençol até que alcanço o telefone, sei que não vai parar de tocar e pelo horário sei muito bem quem está me ligando. _ Alô. — digo sem nem abrir os olhos. _ Que demora da pega para atender esse celular em. O que está fazendo? _ Dormindo dona Manuela. _ Você me disse para te ligar cedo e eu estou fazendo, hoje tem aquele negócio importante que você falou. Lembra ou já esqueceu? _ Vou fazer negócios com a máfia italiana dona Manuela, como vou esquecer isso. _ Que bom! Então levanta essa b***a da cama e vai se arrumar porque a Itália não fica aí do seu lado não. _ Como a Kate está? E a Sam? — pergunto abrindo os olhos e ela se cala por alguns segundos. _ Estão bem, você sabe que meu filho cuida bem da morena dele. — abro um sorriso, mas não um feliz. _ Vou tentar resolver logo o nosso divórcio, assim ela vai poder se casar com ele. _ Simon, agradeço muito tudo o que você está fazendo pela nossa família, sei que a culpa de tudo é do seu irmão e que o capeta faça bom proveito dele, mas chegou a hora de você andar com suas pernas. Eu andei pesquisando aqui, eu não o Emanuel, e tem um cruzeiro da Itália para Paris amanhã, quem sabe você não poderia ir, e namorar um pouco né. Você precisa esquecer tudo que aconteceu e começar a viver. _ Estou tentando. _ Sei que é difícil e tem traumas nessa nossa vida que levamos para sempre, mas você está vivo, e merece ser feliz também. Vá nesse cruzeiro, saia com alguma mulher, viva sua vida você é novo. _ Tudo bem, mas agora vou me levantar antes que alguém bata em minha porta. _ Então vá! Desligo o telefone e vou me arrumar, esse não é o primeiro encontro que terei com a máfia Spozito, já tive outra com Nicolai Spozito e por pouco ele não desconfiou que não era meu irmão, essa história de se passar por Edgar está acabando comigo. Mas hoje é diferente, pois encontrarei o capo e o futuro capo, e estou ansioso com isso. Como vou de avião particular, um dos benefícios dessa nova vida que estou tendo, a viagem vai durar pouco mais de duas horas. Desço para o café e Marie já está com a mesa posta, e Pierre meu sub chefe digamos assim, está sentado tomando café. _ Buongiorno. — digo e Pierre se levanta em forma de respeito. _ Buongiorno, está atrasado. — balanço a cabeça. _ Minha reunião com os Spozito é na parte da tarde, então estou dentro do horário. E o carregamento já está no avião, conferiu tudo certinho? _ Sim, todo o carregamento está lá. Não falta nenhuma bala. _ Ótimo, vamos tomar café e seguir para mais um encontro com a máfia italiana. — digo em tom de brincadeira. . *** . De todas as coisas que já fiz no lugar do meu irmão, me manter sério e neutro em uma transação de armas com a máfia é a pior de todas. Edgar era frio e sem sentimentos, para ele uma pessoa podia morrer na sua frente que ele apenas observava, já eu não tenho esse sangue frio e ter de atuar dessa forma é muito mais difícil. Abro algumas caixas sobre a mesa, para que o capo Vicenzo as olhe e examine, enquanto Lorenzo o seu filho e futuro capo que eu ainda não conhecia, apenas observa tudo de certa distância com o rosto fechado. Sinto uma tensão enorme nessa sala, tão grande que quase sufoca. _ Meus soldados vão conferir se está todo o material aí Edgar. — Vicenzo diz e eu concordo apenas com a cabeça, pois não posso sorrir. _ Claro. _ Vamos tomar uma dose de Amaro enquanto isso. _ Pierre, acompanhe os soldados até o carregamento para eles conferirem. _ Sim, chefe. Pierre se afasta me deixando a sós com os dois, capo e futuro capo, deixando aquele lugar com o ar ainda mais pesado. Vicenzo me serve uma dose da bebida já Lorenzo não bebe nada, apenas me observando e já me sinto acuado no meio deles, mas tenho de me manter firme. _ Trabalha com armas a quanto tempo? — Lorenzo pergunta se sentando a minha frente. _ Não muito, eu trabalhava com obras de arte, mas o lucro era menor. _ Essa nova remessa, é fabricação própria? _ Sim. _ Interessante. Ficamos em silêncio ainda nos encarando, e Pierre entra na sala, quebrando aquele momento sufocante. _ Tudo certo. — um soldado fala assim que entra com Pierre. _ Perfetto. — Vicenzo abre um sorriso e levanta o copo. _ Faça o p*******o Lorenzo. Lorenzo pega o celular e em poucos minutos recebo a notificação da transferência. _ Nos vemos em breve Edgar. _ Em breve. Me levanto e cumprimento os dois, saindo com o soldado logo em seguida. Assim que entro no carro respiro fundo, aliviado de mais uma vez ter conseguido. _ Está ficando cada vez melhor em fingir ser seu irmão. — Pierre diz ao ligar o carro alugado. _ Mas não gosto. _ Não é questão de gostar Simon, se a máfia descobre o contrato quebra e com isso cabeças vão rolar. _ É apenas por isso que estou aqui, para não deixar a Kate ter de assumir essa vida que meu irmão jogou no colo dela. E como anda a documentação das coisas que preciso tirar do nome dela, para que ela não tenha mais nenhum envolvimento com as coisas erradas do meu irmão e possa entregar o divórcio sem chances de algo acontecer com ela. _ Estão andando, não se preocupe vai sair. _ Preciso que me deixe em um hotel Pierre, não vou voltar de avião. _ Como assim? — ele se vira para mim e me olha firme. _ Vou fazer um cruzeiro para colocar as coisas no lugar, preciso descansar a cabeça um pouco. _ Ok. _ Mesmo no cruzeiro Pierre, se acontecer qualquer coisa me informe. _ Temos dois meses para descansar antes do próximo carregamento, a empresa está crescendo. _ Esse é meu medo Pierre, sempre quis ser pequeno, se a nossa empresa crescer muito vamos ser considerados uma organização de tráfico de armas, e com isso terei de fazer acordos, não quero passar o resto da minha vida sendo meu irmão. _ Eu intendo chefe, mas com o tempo você pode deixar de ser Edgar e passar a ser o senhor mesmo. Só precisa se firmar. — abro um sorriso, pois não sei se é essa vida que quero, ou melhor, eu sei que nunca quis.
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