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1074 Words
Mavie Olá, me chamo Mavie, tenho 22 anos. Eu sou nascida e criada na Rocinha. A minha mãe faleceu quando eu tinha dois anos e, desde então, sou criada pelo meu pai. Eu garanto para vocês que é muito melhor viver com o d***o no inferno do que com esse homem. Eu trabalho na lanchonete do morro o dia inteiro e tenho que dar todo o meu dinheiro na mão dele, sem falar que, se eu chegar em casa depois dele e não deixar a janta pronta, ele me bate. Eu já fui parar no hospital do morro várias e várias vezes, mas eu nunca dei queixa na boca porque eu não tenho para onde ir. É complicado demais. A minha vida tem sido muito difícil e foi assim que eu comecei a me envolver com drogas. Primeiro, eu comecei fumando maconha, que me dava uma onda maneira, mas depois ficou fraca demais e não me fazia esquecer meus problemas. Então, eu comecei a usar pó. Pode parecer loucura, mas eu não sou viciada, só que eu preciso usar para poder ficar em paz comigo mesma, porque quando eu estou sóbria, só vêm coisas ruins na minha mente. Eu já tentei me matar algumas vezes, mas ele sempre me leva para o hospital. Acho que ele não quer perder a boba aqui, nem a mamata que me proporciona para ele. Parece até que ele é um dos playboys da zona sul, vive por aí gastando meu dinheiro e m*l compra comida para colocar dentro de casa. A minha sorte é que eu consigo fazer duas refeições de uma lanchonete, senão eu já teria morrido de fome. Rogério: Eu acho muito bom que a comida já esteja pronta, porque você fica mexendo nesse celular o dia inteiro e, se deixar, não faz nada dentro dessa casa. Isso aqui está parecendo um chiqueiro. Eu quero trazer os meus amigos aqui e não consigo. Mavie: A sua mão não vai cair se você limpar essa casa. Fica que nem um chiqueiro porque você suja tudo. - Eu falo e ele me dá um tapa na cara. Rogério: Da próxima vez que você falar assim comigo, eu te mando para o hospital, entendeu? Mavie: Não seria a primeira vez. Rogério: Limpar a casa é obrigação de mulher, não de homem, e você tem que fazer tudo isso sem reclamar, porque você tem um teto para morar. Ou você prefere que eu te jogue na rua? Porque eu estou chegando no ponto de fazer isso. Você anda com a língua muito afiada. Tenho certeza de que isso é a má influência da filha da dona Ângela. Mavie: A Sol não tem nada a ver com isso, eu só estou cansada. Rogério: Está cansada de quê? De fazer suas obrigações, m*l-agradecida? Você deveria ter tomado aquele tiro no lugar da sua mãe. Pelo menos ela sabia como fazer as coisas direito. Pelo menos com ela eu conseguia ser feliz, mas ao contrário disso, ela morreu e deixou você aqui para eu ser obrigado a criar. Você anda abusada demais, eu não vou aceitar esse tipo de coisa. Mavie: Ao contrário de mim, a minha mãe teve um livramento. Eu deveria ter ficado calada, porque quando eu falei isso, ele veio para cima de mim com tudo. Começou a me dar vários socos e chutes. Eu já estava ficando fraca, caída no chão. Quando ele parou de me bater, ele me encarou e disse: Rogério: Agora levanta, coloca a minha comida, me serve na mesa e, quando você terminar de fazer isso, sobe para a droga do seu quarto. Eu não quero ver a sua cara hoje. Você perdeu o seu direito de jantar nessa casa. Me levantei com muita dor e com o rosto sangrando, coloquei a comida dele e entreguei. Depois, fui subir para o meu quarto. Entrei no meu banheiro, tomei banho e chorei muito. Limpei todo o meu rosto e vi que ele estava bem machucado e o meu corpo também, mas isso não me impediu de pular pela janela. Eu fui direto para a boca. Eu preciso me drogar, eu não consigo ficar nessa realidade sem usar nada. Fui até o vapor, que ficou cheio de gracinha, mas eu nem dou bola. Não sou o tipo de mina que sai com esse tipo de macho que acha que pode tudo. Estou fora. Pato: O que você está fazendo aqui? Mavie: Quero um pó de dez. Pato: O patrão disse que eu não posso mais te vender. Você não tem dinheiro e a sua dívida na boca já está gigante. Você precisa arrumar um jeito de pagar, senão ele vai te cobrar. Tu tá ligada que, se isso chegar no ouvido do Dexter, vai dar maior caô para o teu lado. Mavie: Eu vou pagar, eu já disse que eu vou pagar, mas hoje eu preciso. Alivia aí para mim, na moral. Pato: Leve essa p***a, mas some daqui antes que alguém te veja e o chefe me chame para o desenrolo. Mavie: Valeu, você é 20. Voltei para casa e entrei por onde eu saí, porque se ele me avistasse, ele ia me bater de novo. Comecei a usar no meu quarto e, depois de poucos segundos, não tinha mais nada em volta de mim. Era como se o mundo tivesse parado, era como se eu finalmente estivesse fora da minha realidade, realidade essa que eu sei que não vou conseguir fugir. Mas, se eu tenho que conviver com esse homem para o resto da minha vida, que pelo menos eu tenha uma válvula de escape. Eu sei que essa válvula pode me matar, mas se eu morrer, não vai fazer diferença nenhuma. Eu aposto que viver é bem pior. Rogério: Mavieeeee! - Ele gritou, batendo na porta. Mavie: Oi! - Eu gritei. Rogério: Eu estou de saída e só quero que você saia para o trabalho. Não quero ninguém aqui dentro de casa e não quero você falando com desconhecidos, entendeu? Principalmente se eles forem do movimento. Mavie: Pode deixar. Provavelmente, ele saiu para gastar o meu p*******o. Eu recebi hoje e ele tomou todo o dinheiro de mim e nem se deu o trabalho de comprar muita comida para essa casa. O que tem lá embaixo não vai dar para dois dias e depois ele vai querer que eu dê um jeito para comprar coisas para ele se alimentar bem. Eu não aguento mais.
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