Sigo Na Sombra (M)

Dexter O bagulho está doido para cima de mim desde quando essa desgraçada me colocou aqui. Eu não tenho um minuto de paz e, olha que eu pensei que já tinha visto de tudo nos meus 26 anos, mas aqui dentro de Bangu o bagulho é de verdade, irmão. Não dá para dormir, não dá para comer sem dividir, nem para cagar. O cara não tem paz! Já faz um ano que eu caí aqui dentro e o pior de tudo é que eu caí pelas mãos da mulher que falava que me amava. Para vocês verem como a confiança é uma mulher ingrata que te beija, te abraça, te rouba. E, bom, ela só não me matou porque me colocou aqui em Bangu, mas entre Bangu e a morte, a morte com certeza deve ser melhor. Carcereiro: Qual foi, Dexter? Que cara de paisagem é essa? Está com medo de quê? Ou está na atividade com medo de morrer? Dexter: Todo dia é a mesma cena. Você chega aqui no mesmo horário, brota querendo me dar, mas eu já disse que não gosto de homem. Não vou te comer, mano, mete o teu pé. Carcereiro: Eu quero ver se tu vai sustentar essa bronca toda por muito tempo. Você já está aqui há um ano e ainda não aprendeu que tem que se curvar para o sistema. Dexter: Eu quero que você pegue o seu sistema e enfie no seu c*. O que você acha disso? Assim fica mais fácil de eu não ter que me preocupar com ele. Eu sou o dono da Rocinha e não vou abaixar a cabeça para carcereiro nenhum. Você é a pior espécie de c* azul que eu já vi, porque você é do tipo que não consegue me peitar e nem peitar os irmãos. Você só fica aqui dentro se aproveitando da nossa condição para pegar um dinheiro sujo e sustentar sua família de merda. Então, para de gracinha e mete o pé da minha frente antes que eu meta uma bala na tua cara ou, melhor, antes que eu corte a tua garganta. Carcereiro: Se eu fosse você, eu não ameaçava a família de um sujeito homem, porque essa ameaça pode voltar para tua vida e você pode acabar indo para o andar de baixo. Dexter: Às vezes eu acho que você realmente não tem mais o que fazer da tua vida, tá ligado? Na verdade, eu acho que a tua vida é tomar conta da minha vida cheio de preso viado aqui, mano. Me erra! Eu já disse que não vou te comer. Vai continuar enchendo a p***a do meu saco? Eu tenho mais o que fazer. Ele me olhou com raiva e veio para cima de mim. Os caras da minha cela ficaram todos me encarando porque eles estão ligados como eu sou. Eu não sou de arrumar confusão, mas se o cara vir para cima de mim, é morte. Ele veio para cima de mim com tudo e eu joguei ele no chão, comecei a dar vários socos. Foi aí que o pessoal começou a gritar e um dos meus aliados falou que os outros estavam vindo. Então, para não perder tempo, eu quebrei o pescoço dele. Ele ficou se debatendo igual uma galinha durante alguns minutos até morrer. Foi divertido. - Agente, no chão! Socorro aqui, car@lho! Dexter: Eu avisei para ele que eu não queria comer, mas ele insistiu em me dar. Olha o que aconteceu! Eu falei que não gostava de homens. - Cala a tua boca, seu traficantizinho de m.erda! Dexter: Tira logo esse defunto daqui! Eu tenho mais o que fazer. Tu tá ligado que o nosso tempo é curto. - Está pensando que está em casa? Aqui não é a tua favela. Outros carcereiros vieram e eles saíram me arrastando. Eu já sabia qual ia ser o meu destino: solitária. Eu já fui parar lá umas 15 vezes desde que entrei aqui, porque eu não aceito abaixar a cabeça para esses c* azul. Eles acham que podem tudo aqui dentro, mas o dono da Rocinha não se deita para a polícia e, se eles não colocarem isso na cabeça, vão acabar mortos. Me jogaram na solitária e, antes de saírem, começaram a me bater: seis contra um. E mesmo assim eu ainda consegui acertar alguns, porque eu não vou ficar parado para apanhar. Tá maluco, velhão, apanhando de vagabundo? Os caras me deixaram moído, tá ligado? E eu fiquei sentado no chão. Eu já estou ligado que vou ficar uns dois, três dias sem comer nada aqui dentro. Normalmente, quando a gente está na solitária eles não trazem comida e quando eles trazem está estragada. Bando de p*u no cu! Mas pelo menos eu sei que dei cabo de um deles. Imagina vir para aqui só porque dei um soco no alecrim dourado.