Apaixonada Pelo Daddy

Capítulo 07

Clara Oliveira

1 de novembro de 2023 | São Paulo, Brasil

Eu não sabia como encarar o dia seguinte. O que havia acontecido entre mim e Leonardo estava gravado na minha mente, como um filme que não parava de se repetir. Cada toque, cada palavra, cada segundo naquele quarto de hotel estava comigo. Eu sabia que o que fizemos era errado, mas, ao mesmo tempo, algo em mim queria mais. E esse desejo me consumia.

Pedro me ligou logo cedo, como fazia todos os dias. Sua voz era suave e animada, cheio de carinho, como sempre. Mas tudo o que eu sentia era uma pontada de culpa crescente.

— Bom dia, amor. Quer almoçar comigo hoje? — ele perguntou, e a simplicidade da pergunta me desarmou.

Eu hesitei, olhando para o teto do meu quarto, me perguntando como eu conseguiria fingir que nada estava errado.

— Claro, Pedro... — respondi, forçando um sorriso na voz. — Podemos nos encontrar no restaurante de sempre.

— Ótimo! Te vejo lá às 13h. Te amo, Clara.

— Eu também te amo... — As palavras saíram de mim, automáticas, mas, por dentro, eu sentia como se estivesse mentindo para ele. E talvez estivesse.

Passei a manhã distraída, andando pelo apartamento sem saber o que fazer. A lembrança de Leonardo ainda me perseguia, e cada vez que pensava em Pedro, meu coração apertava. Estava destruindo tudo, e sabia disso. Mas como parar? Como voltar atrás?

Quando o relógio marcou meio-dia, eu me arrumei e fui para o restaurante. O trajeto até lá foi um borrão de pensamentos, e antes que eu percebesse, já estava sentada à mesa com Pedro. Ele sorriu quando me viu, e por um momento, me odiei por estar ali, sorrindo de volta, fingindo que tudo estava bem.

— Como estão as provas? — ele perguntou, pegando a mão que eu tinha deixado sobre a mesa. O toque dele era familiar, reconfortante, mas eu me sentia desconectada.

— Estressantes, como sempre. — Eu ri, tentando soar casual.

Pedro passou a mão pelos meus cabelos, sorrindo de maneira doce. Ele era tão bom. Bom demais. Parte de mim queria contar tudo, jogar a verdade na mesa e acabar com essa tortura. Mas sabia que não poderia. Isso o destruiria.

O almoço foi tranquilo, Pedro falando sobre o trabalho, as coisas que ele tinha feito nos últimos dias, e eu concordando ou rindo nos momentos certos. Era como se eu estivesse em piloto automático, enquanto minha mente ainda vagava entre a culpa e a confusão.

Quando nos despedimos, ele me beijou na testa, e eu senti uma mistura de carinho e tristeza. Estava presa em uma teia de mentiras e sentimentos que só ficavam mais fortes, e eu sabia que, cedo ou tarde, isso me sufocaria.

Ao chegar em casa, encontrei uma mensagem de Leonardo no meu celular.

Leonardo Martins: "Precisamos conversar."

As palavras dele ecoaram na minha cabeça, e eu me sentei no sofá, sentindo meu coração disparar. Mais uma vez, ele estava me puxando para aquele abismo emocional, e, mais uma vez, eu sabia que não conseguiria resistir.

Clara Oliveira: "Sobre o quê?"

Ele respondeu rapidamente, como se já esperasse minha resposta.

Leonardo Martins: "Sobre o que está acontecendo entre nós. Não podemos mais evitar."

Eu olhei para a mensagem, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa. Leonardo estava certo. Não poderíamos continuar fingindo que tudo isso era apenas uma coincidência ou um deslize. Algo real estava crescendo entre nós, algo que não seria facilmente apagado.

Mas eu não sabia o que fazer. Como poderia continuar vendo Pedro, rindo e beijando-o, enquanto meus pensamentos eram dominados pelo pai dele? Eu estava me afundando em algo que não tinha controle, e sabia que, se não tomasse uma decisão logo, tudo desmoronaria.

Clara Oliveira: "Eu não sei se consigo continuar assim."

A resposta de Leonardo veio quase instantaneamente.

Leonardo Martins: "Eu também não. Nos encontramos hoje à noite?"

Senti meu coração acelerar ao ler a mensagem. Cada vez que nos encontrávamos, o risco aumentava. E, ao mesmo tempo, a tensão entre nós se tornava insuportável. Sabia que se nos víssemos novamente, as coisas poderiam escapar de qualquer controle que ainda tentávamos manter.

Mas, como sempre, o desejo de estar perto dele falou mais alto.

Clara Oliveira: "Sim. Hoje à noite."

Enviei a mensagem antes que minha razão pudesse interferir. O que quer que estivesse crescendo entre nós já estava além de qualquer lógica. Eu sabia que, no fundo, estava disposta a arriscar tudo.

Às oito da noite, estava de volta ao mesmo hotel. O silêncio do corredor parecia ecoar minha própria ansiedade. Meus passos eram leves, mas meu coração pesava uma tonelada. Quando cheguei à porta, Leonardo já estava lá, esperando por mim.

— Clara... — ele disse, com a voz baixa, antes de me puxar suavemente para dentro.

Dessa vez, não houve muitas palavras. Não havia necessidade. O silêncio entre nós era carregado de significados que não precisavam ser ditos. Tudo o que eu precisava era estar perto dele, e naquele momento, nada mais importava.

Quando seus lábios tocaram os meus, senti como se todo o mundo ao nosso redor desaparecesse. O calor do corpo dele, o toque firme e delicado ao mesmo tempo, tudo me envolvia, me afastando de qualquer pensamento racional. Estávamos à beira de um precipício, e dessa vez, eu estava disposta a cair.

A intensidade entre nós era diferente de tudo o que eu já havia sentido. Cada toque, cada beijo era uma liberação de semanas de desejo reprimido, de sentimentos que não conseguimos controlar. Eu estava mergulhada no caos, mas, ao mesmo tempo, nunca me senti tão viva.

Leonardo me olhou nos olhos, segurando meu rosto com firmeza.

— Isso não tem volta, Clara. Se continuarmos, não haverá como parar depois.

Eu sabia que ele estava certo. Sabia que, uma vez que cruzássemos essa linha, não haveria retorno. Mas, naquele momento, eu não me importava. Havia algo mais forte do que a razão nos conectando, algo que não podia mais ser ignorado.

— Eu sei... — respondi, minha voz baixa, mas firme. — E eu não quero parar.

Leonardo me beijou novamente, e naquele instante, eu soube que minha vida nunca mais seria a mesma.