Apaixonada Pelo Daddy

Capítulo 04

Clara Oliveira

26 de outubro de 2023 | São Paulo, Brasil



Os dias que seguiram nossa viagem foram complicados. Pedro estava mais próximo do que nunca, sempre me enviando mensagens, querendo me ver, e eu fazia o possível para corresponder ao seu entusiasmo. Mas a cada vez que ele falava sobre planos para o futuro, eu me sentia afundando mais no caos que tinha criado.

Naquela quinta-feira, enquanto me arrumava para mais um dia de aulas, meu telefone vibrou com uma mensagem. Esperava que fosse Pedro, mas meu coração deu um salto ao ver o nome na tela.

Leonardo Martins: "Clara, podemos nos encontrar hoje? Preciso conversar com você sobre um assunto importante."

Por um momento, fiquei paralisada, o dedo pairando sobre a tela enquanto meu coração batia forte. O que Leonardo poderia querer comigo? E por que ele estava me mandando uma mensagem diretamente? Havia algo perigoso e ao mesmo tempo excitante na ideia de encontrá-lo, algo que fazia meu corpo inteiro reagir.

Clara Oliveira: "Claro, onde nos encontramos?"

Enviei a mensagem antes que minha razão pudesse me parar. O que eu estava fazendo? Mas era tarde demais para recuar. Ele respondeu rapidamente, sugerindo um café discreto no centro da cidade, no final da tarde.

Passei o dia inteiro tentando me concentrar nas aulas, mas minha mente estava completamente fora de controle. Cada segundo que passava, a expectativa de encontrar Leonardo crescia, junto com a culpa e o medo do que isso poderia significar.

Às cinco horas, saí da última aula e me dirigi ao café que Leonardo havia mencionado. Era um lugar pequeno, quase escondido entre prédios antigos, o tipo de lugar que as pessoas não frequentam para serem vistas. Quando entrei, meu olhar o encontrou imediatamente. Ele estava sentado em uma mesa no fundo, e sua presença dominava o ambiente.

Leonardo levantou os olhos quando me viu, e seu olhar intenso fez meu coração acelerar. Ele se levantou, estendendo a mão para me cumprimentar.

— Clara — ele disse com aquela voz grave que sempre parecia me desarmar. — Obrigado por vir.

— Claro... — minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria, mas forcei um sorriso e sentei-me à sua frente.

Ele fez sinal para o garçom, que rapidamente trouxe duas xícaras de café. Leonardo parecia à vontade, como se estivesse em total controle, enquanto eu me sentia como se estivesse prestes a explodir de nervosismo.

— Como você está? — ele perguntou, seu olhar penetrante não deixando espaço para mentiras.

— Bem... e você? — minha resposta saiu automática, enquanto eu tentava não desviar os olhos dos dele.

— Cansado, mas faz parte. — Ele sorriu, mas era um sorriso que não chegou aos olhos. — Precisamos conversar, Clara. Sobre o que aconteceu na outra noite, quando fui até o apartamento.

Meu estômago se revirou. Eu sabia que ele iria mencionar aquilo, mas ainda assim, o pânico tomou conta de mim.

— Não sei se há muito o que dizer... — comecei, mas ele me interrompeu.

— Clara, há sim. Eu sei que você sentiu algo. Eu senti. — As palavras dele eram diretas, e eu senti meu rosto esquentar, o coração disparando ainda mais rápido.

— Isso não pode acontecer... — sussurrei, tentando desesperadamente manter a compostura. — Eu amo o Pedro.

— Eu sei. — Ele se recostou na cadeira, observando-me com uma calma perturbadora. — E é exatamente por isso que estamos aqui. Para garantir que isso não vá além do que já foi.

O que ele disse fez um nó se formar na minha garganta. Parte de mim estava aliviada que ele estivesse tentando colocar um ponto final em algo que eu sabia ser errado. Mas outra parte, uma parte que eu não queria admitir, se sentia decepcionada.

— Concordo... Isso não pode continuar — consegui dizer, embora minha voz soasse como a de alguém tentando se convencer.

— Bom. — Leonardo respirou fundo, como se estivesse aliviado por termos chegado a um acordo. — Precisamos manter as coisas como estão. Não quero que o Pedro se machuque, e tenho certeza de que você também não quer.

— Claro que não. — A ideia de magoar Pedro era insuportável, e eu sabia que essa era a coisa certa a fazer. Mas então, por que parecia tão difícil?

O silêncio se instalou entre nós, denso e cheio de coisas não ditas. Eu sabia que, em teoria, tudo estava resolvido. Nós concordamos em não deixar isso ir adiante, em não deixar que essa atração proibida destruísse o que tínhamos com Pedro. Mas o problema era que a simples presença de Leonardo já fazia tudo parecer muito mais complicado.

— Acho que é melhor eu ir... — disse, me levantando rapidamente. Não conseguia ficar ali por mais um segundo, sentindo-me presa em um dilema sem solução.

Leonardo assentiu, e sua expressão era impossível de decifrar.

— Está certo. Tome cuidado, Clara.

As palavras dele ficaram na minha mente enquanto eu saía apressada do café, sem olhar para trás. Caminhei pelas ruas movimentadas, tentando me recompor, mas cada passo parecia mais pesado que o anterior. Estava claro que o que havia entre nós não era algo que poderia ser simplesmente ignorado, mesmo que ambos quiséssemos.

Quando finalmente cheguei em casa, desabei no sofá, sentindo o peso da culpa e da confusão me esmagando. Eu sabia que precisava me afastar de Leonardo, que precisava focar no que realmente importava: meu relacionamento com Pedro. Mas a realidade era c***l. Eu estava completamente perdida, presa entre o que era certo e o que meu coração teimava em desejar.

Naquela noite, Pedro me ligou, sua voz doce me trazendo algum conforto, mas a culpa ainda estava lá, silenciosa e c***l. Conversamos por algum tempo, e ele sugeriu que saíssemos para jantar no final de semana. Concordei, tentando soar animada, mas minha mente estava em outro lugar, pensando no encontro com Leonardo e em como as coisas haviam mudado desde então.

Eu estava presa em uma teia de sentimentos contraditórios, e sabia que, mais cedo ou mais tarde, essa situação iria explodir. Mas como impedir que isso destruísse tudo o que eu tinha com Pedro? E, mais importante, como lidar com a realidade de que, por mais que tentasse negar, meu coração já estava dividido?