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2332 Words
  — Fernanda Quando o mundo parou de girar decidi sair da cama, fui até a sala, que estava cheia de traficantes, minha vozinha que me perdoe. — Tá tudo bem? — O Pierre se levantou e veio até mim correndo. — Sim, Pierre. Pode relaxar. — Ui, Pierre — um dos caras começou a rir. Meu irmão o fuzilou com os olhos. — Fernanda esses são Talibã e Mineira. O Galinha e o Menor você já conhece. — Então Coringa a gente tá voltando pra boca, o Galinha podia ir lá na do Atanázio e ver se tá tudo certo — o Mineira disse e caminhou em direção a porta. — Já é, mais tarde eu subo lá. — Então eu tô indo também — o Galinha disse. — Você precisa de alguma coisa Coringa? — O Menor perguntou. — Compra uma pizza e um refri lá na Marli pra gente e depois pode ir pra tua casa. Ele assentiu e meu irmão jogou uma nota de cinquenta pra ele e a chave do carro. Depois que aqueles caras saíram eu suspirei aliviada. — Coringa em? — Perguntei olhando pra ele. — Deixar os vermes saber meu nome não é muito seguro. — Vermes — repeti em um tom mais baixo e me joguei no sofá. — Tenta entender irmã, eu não queria entrar pra essa vida, mas não tive escolha. — Você podia ter ficado com a gente — murmurei. — É? E íamos comer o que? Lama? Querendo ou não era mais uma boca pra alimentar, não tínhamos dinheiro! — Ele gritou, eu fiquei assustada e me encolhi. — Olha, desculpa tá legal? Mas agora você só tem a mim. — Eu sei, obrigada — sussurrei. O Menor entrou com a pizza e olhou para nós assustado, eu ainda estava encolhida no sofá. — Tá tudo bem? — Ele perguntou. — Tá sim moleque, pode ficar com o troco — o Pierre foi até ele, pegou a sacola e as chaves do carro. — Vem comer, você deve estar com fome. — Não muita na verdade. — Mas precisa se alimentar, não come nada desde ontem, passou a noite acordada e ainda desmaiou. Me dei por vencida e fui até a cozinha atrás dele. — Onde tem prato? — Só segura a fatia menina, que frescura — ele riu e bagunçou meu cabelo. — Vou deixar dinheiro pra você ir ao shopping comprar algumas coisas, aqueles riquinhos de merda nunca mais vão te humilhar. — Pierre, sério, não precisa! — Eu faço questão, se não quiser chamar a mina que tava aqui mais cedo... — Sofia! — Se não quiser chamar ela, posso te apresentar a patroa do Mineira, ela é bacana. — Já incomodei ela demais. Acho que ela vai precisar dormir. — Tudo bem, vou pedir ela pra passar aqui então. — Você até parece alguém civilizado quando fala comigo — eu ri. — Eu sou civilizado pateta — ele deu um tapa na minha cabeça que me arrancou um gemido de dor. — Não me obrigue a te bater menino. — Você é toda magrela, nem tem forças nos braços. — Isso é um desafio? — Semicerrei os olhos e apontei minha pizza. — Talvez — ele fez uma cara de convencido. Logo começamos uma lutinha, pegamos o que víamos pela frente e também ríamos muito, relembrando nossa infância. Então a porta abriu e o Mineira entrou. — Nossa, muito adulto em Coringa — ele começou a rir. — O que tu quer mano? — Esqueci minha arma no sofá. — Só não esquece a cabeça porque é grudada no resto do p*u — ele disse e eu comecei a rir. — Enfim, é melhor tu ir pra boca, vai rolar um esquema mais tarde. — Tô indo então, peguei meu boné no sofá e coloquei pra trás, pede sua mulher pra passar aqui e ir com a Fernanda no shopping. — Ah nem, ela vai me falir — ele colocou a mão na cabeça e o Pierre riu. — Toma — o Pierre tirou dois bolos de notas de cem e me deu. — Não precisa Pierre. — Não discuta, nenhum riquinho metido a b***a vai implicar mais contigo — ele estava irritado, mas se controlou. Me deu um beijo na testa e saiu com o Mineira. Soltei um suspiro. Aquela casa parecia tão grande e vazia, fui em busca do tesouro perdido e dei uma olhada em todos os cômodos, meu quarto era no primeiro andar, mas subindo as escadas tinham muitos outros, o do Pierre estava trancado assim como o último do corredor, deviam estar cheios de armas. Tomei um banho e troquei de roupa, passei meu creme de pele, que já estava acabando e fiz um r**o de cavalo. Bateram na porta e quando atendi vi uma mulher um pouco mais alta que eu, n***a e com cachos lindos. — Olá — eu disse. — Você deve ser a Fernanda. Eu me chamo Gabriela, é um prazer — ela me deu um beijo no rosto — fico muito agradecida por você precisar ir ao shopping, porque assim consigo arrancar dinheiro do Mineira, aquele ali é um mão de vaca. Já está pronta? Dei risada. Gostei dela. — Sim, vamos — eu saí de casa e puxei a porta, como o Pierre não tinha me dado a chave eu deixei aberta mesmo. Desci o morro conversando com a Gabi e ela me contou que sempre morou no morro, e quando tinha dezesseis conheceu o Mineira em um baile, agora que ela tem vinte eles moram juntos e vivem entre tapas e beijos. Contei minha história pra ela também, da morte da minha avó, do porque o Pierre tinha entrado pro crime e então chegamos ao pé do morro, encontrei o Galinha. — Galinha tem como você falar pro Pierre ir trancar a casa? Ele não deixou chave comigo. — Fica tranquila loira, e aí Gabi. — Fala galinha — ela sorriu. Pegamos um moto táxi e fomos pro shopping. A Gabi me arrastou pra todas as lojas e começou a pegar tudo que viu pela frente. Af, eu disse pro Pierre que não precisava, mas não, ele tinha que insistir. Então fui escolhendo as roupas mais discretas mas chiques, do tipo que o pessoal da escola usaria. — Quê isso, mona? Tem que chamar atenção — a Gabi disse e me deu um vestido preto decotado. Era lindo mas faltava um pouco de pano. — Tá mais pra blusa. — Deixa de ser chata, você vai levar. Meu celular começou a tocar dentro da bolsa, o peguei e atendi. — Oi Sofia, pensei que fosse querer dormir. — Oi girl, não, estou indo correr no calçadão. E aí tu tá bem? — Cheia de energia em? Tô melhor, o Pierre tá cuidando bem de mim. — Então tudo bem, até amanhã, melhor eu sair agora que estou vendo meu vizinho lindo entrar de moto no prédio, beijos. Dei risada e desliguei. — Que celular é esse, querida? Não, não, não. Vem, vamos comprar um IPhone. — Não, eu não preciso de outro. — Precisa sim, isso da época da minha vó. — Mas não precisa ser IPhone, é muito caro. — Minha linda, de acordo com o Pierre você tem que ostentar, eu só estou fazendo meu trabalho. Essa Gabi era uma piada, como eu não venceria a discussão fui com ela até a loja e comprei um IPhone 8. Então ela me arrastou para loja de perfumes, sapatos, maquiagens e muitas outras coisas das quais eu não precisava. No final disso tudo eram quatro horas da tarde e meu estômago roncava, ela cismou de comer comida chinesa mas eu não deixei ela me arrastar pra isso não, comprei um cachorro quente mesmo. Um táxi deixou a gente no pé do morro e ela ligou pro Mineira, arrumando alguém para levar essas milhares de compras. O Menor apareceu com um carro e colocou todas as sacolas dentro, entramos e ele me deixou em casa primeiro e levou minhas compras pra dentro, me despedi da Gabi e entrei. — Foi bom te ver — ele disse após colocar a última sacola pra dentro e sorriu. — Igualmente — respondi educadamente e levei minhas compras pro quarto. Esvaziei meu guarda roupa e decidi que iria doar minhas roupas velhas pra alguém que precisasse, então coloquei elas em uma sacola grande e guardei minhas novas roupas e muitas outras coisas. Já eram sete e meia quando me joguei na cama cansada, então peguei o celular e comecei a mexer, coloquei o chip, configurei e comecei a baixar as redes sociais. Salvei o número de quem eu conhecia e tal e criei um f*******: pra mim. Como eu não tinha nenhuma foto, me levantei e fui pra frente do espelho, tirei uma foto e coloquei lá de perfil, então saí adicionando o pessoal que eu conhecia. — Fernanda? — Ouvi meu irmão me gritando, fui até ele. — Se arruma aí pra gente ir comer cachorro quente. — Você não podia trazer até aqui? — Sim. Revirei os olhos e fui trocar de roupa, abri uns dos perfumes que comprei e passei, então saí atrás do Pierre, ele tava no portão com um tanto de cara, a maioria eu já conhecia. — Oi — eu disse timidamente. — Oi loirinha — o Menor sorriu, ele tinha um sorriso meigo, nem parecia que mexia com coisa errada. Meu irmão me entregou o capacete e apontou para dois caras enquanto subia na moto. — Juninho e Rato. Acenei pra eles e subi na garupa, o pessoal também começou a subir em seus meios de transportes e meu irmão saiu a mil por hora, segurei firme nele morrendo de medo, mas acabei gostando. Quando chegamos na lanchonete avistei a Gabi de longe conversando com uma menina, quando me viu ela se levantou e me abraçou. — Vem deixa eu te apresentar a Indiana — ela me puxou pela mão até a mesa — Indiana essa é a Fernanda e Fernanda essa é a Indiana. — É um prazer — eu sorri e trocamos beijos na bochecha. — Ela é cria de uns dos chefes do Alemão. — E esse é meu irmão, Henrique — ela apontou pro menino ao seu lado Ele fez um beleza com a mão e sorriu pra mim, retribui o sorriso e voltei minha atenção pras meninas. — Então, a gente estava falando do baile sábado, você vai né? — A Gabi bateu palmas animada. — Não sei, nunca fui antes. — Você não faz ideia do que tá perdendo — Indiana disse rindo. — Vou levar minha amiga, ela é do asfalto mas é bem legal. — Isso, quanto mais mina pro bonde melhor — a Gabi colocou os dedos pro alto como se fossem armas e nós rimos. O Mineira chegou e deu um selinho nela, então se sentou perto dos meninos que estavam tendo uma discussão desnecessária. O Pierre tinha pedido meu lanche, era o mesmo que o dele, um cachorro quente enorme, mas era uma delícia. Quando cheguei em casa estava mais do que cansada, me joguei na cama de imediato e no dia seguinte acordei atrasada. Me levantei e tomei um banho correndo, então vesti uma calça clara que era muito apertada, pra que eu fui ouvir a Gabi? Depois de 1 ano entrei na calça, coloquei a blusa da escola, uma blusa fina de manga comprida rosa claro por cima e penteei o cabelo, abri uma das maquiagens e passei bem pouca, então peguei minha mochila, meu celular e quando passei pela cozinha tinha uma mulher lá. — Oi? — Eu disse. — Oi querida, você deve ser a irmã do Pierre, né? Eu sou a Lúcia, empregada. Dei um sorriso. — Olá Lúcia, bom, tenho que ir. — Não vai tomar café? — Não dá tempo. — Espera — ela pegou um misto quente e colocou num guardanapo, então me entregou ele e uma garrafinha de suco que tinha na geladeira. — Obrigada, você é um anjo. Saí de casa e a Sofia já estava na porta, entrei no carro e lhe dei um beijo na bochecha. — Achei que não ia mais, te mandei 3 mensagens. — Foi m*l, esqueci de colocar o despertador no celular novo — eu disse e mordi o misto — quer? Ela negou com a cabeça e deu partida no carro. — Tá chique em? Não achei que seu irmão fosse levar isso tão a sério. — Ele acha que sou uma criança que precisa de cuidados. Ela riu. — Então, o Hugo vai fazer uma social na casa dele sexta à noite e o Miguel chamou a gente. — Legal — respondi ainda mastigando — quem é Hugo? — Um amigo deles, o que acha? — Vou falar com o Pierre. Então, conheci duas garotas ontem e elas me chamaram pro baile, você quer ir? — Quê isso, tá muito popular — rimos — eu topo. Ao chegar na escola todos os olhares se direcionaram pra mim, me encolhi e a Sofia me direcionou um olhar caloroso, caminhamos até nossos armários onde encontramos o Lucas, ele me olhou da cabeça aos pés mas não falou nada, então se virou pra Sofia e encostou no armário do lado dela. — E aí meu amor, tem planos pra mais tarde? — Ele apertou seu queixo e tomou um belo tapa. — Não enche Luc, tô sem paciência. Ele riu e se afastou, então se virou para mim e disse: — Gostei da calça, mendiga — ele deu uma olhada sacana em minha b***a, mordeu os lábios e saiu rindo. Eu fiquei roxa de raiva, vergonha, tudo. — Ei, relaxa, ele é um i****a — Sofia disse e então deu um sorriso — mas ele tem razão, essa calça te deixou gostosa. — Para com isso Sof — respondi com vergonha. Então ela começou a rir.  
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