capitulo 3

3006 Words
— Seja bem-vinda. — Robert abriu a porta da casa para mim. Não me sentia bem-vinda, estava mais para receosa. Não gostava de lugares estranhos, mas talvez pudesse me acostumar com aquele lugar. Quando entrei na grande casa de praia fiquei abobalhada, era muito bonita e sofisticada. Tinha um aquário enorme logo na entrada, o que me chamou bastante atenção porque nunca havia visto um tão grande. Eu amava peixes, mas minhas experiências com eles eram traumáticas, porque infelizmente eles sempre morriam. Meu primeiro peixinho ganhei quando tinha 10 anos, o alimentei por dias, mas quando se completou um mês o coitadinho morreu. Foi traumatizante, assim como os outros que vieram. — Senhorita Holt, deixarei sua mala no seu quarto que é a segunda porta à esquerda lá em cima. — Robert avisou começando a subir as escadas e eu assenti e voltei meu olhar para um peixinho igual o Nemo. Tão pequeno e fofo. Ele nadava pelos corais em meio aos outros peixes. O aquário era simplesmente enorme e tomava quase toda a sala. — A meu deus é um peixe palhaço, eu sempre quis um. — Disse animada com os olhos brilhando. — Você é lindo Nemo — passei o dedo no vidro quando ele se aproximou de mim, soltando bolhas. — O nome dele não é Nemo — Escutei a voz de Trenton atrás de mim e dei um pulo pelo susto. Como ele chegou aqui tão rápido? E como ousa falar que o nome do peixe não é Nemo? Me virei para trás encontrando o cantor me olhando com desinteresse. — Não deveria assustar as pessoas assim. — resmunguei aborrecida, pelo susto que ele havia me causado. O Homem deu de ombros e ficou me encarando, passei a mão no cabelo tentando disfarçar meu nervosismo e desviei o olhar, mas o desgramado continuava me encarando. — O que foi? por acaso eu sou espelho pra você ficar me encarando? — Perguntei o vendo arquear uma sobrancelha. Ficamos nos encarando em silêncio e eu já estava de saco cheio dele. Se Bella estivesse aqui com certeza estaria o abraçando e bajulando. — Como é que é? — Ele perguntou confuso. — Como é que é o quê? — retruquei cruzando os braços. Esse cara não aceita ouvir verdades agora? Claro que não. Mimado e bajulado do jeito que é. Deve ser traumatizante ouvir uma resposta negativa. — Qual o seu problema, garota? — Ele também cruzou os braços. Seus olhos me analisavam atentamente. Não me intimidei. Desafiamos um ao outro. — Qual é o seu problema? por que eu teria um problema? — Perguntei ficando séria. Ele me olhou por mais alguns minutos e depois bufou se virando e indo em direção ao sofá, murmurando algo como eu ser esquisita. — Pronto Senhorita Holt, agora terei que ir embora espero que aproveite os próximos dias com seu Ídolo — Robert disse descendo as escadas e parando em minha frente. Ele estava sendo irônico. Talvez estivesse me estimulando a falar. — Ele não é meu Ídolo — Revirei os olhos ouvindo Robert rir e o cantor me olhar assustado. — O quê? — Trenton pareceu ter perdido a fala. Seria ele surdo também? Ou apenas tinha um ego inflado demais? — Você não é meu Ídolo, por mim pessoas como você poderiam ficar bem longe de mim. — avisei e subi as escadas deixando os dois homens surpresos para trás, bom eu odeio ser m*l educada mas não consigo segurar minha língua. A sinceridade é melhor que falsidade. É melhor o homem saber de uma vez por todas que eu não gosto dele. Parei em um grande corredor e abri a segunda porta à esquerda e fiquei admirada com o tamanho daquele quarto. Entrei e fechei a porta, vi minha mala em cima da grande cama de casal e fui até a grande janela de vidro. Era lindo, dava pra ver as ondas do mar. Com uma visão dessas, eu estaria realizada, mas era apenas uma ilusão tudo aquilo que estava vivendo. Em breve eu voltaria para casa e tudo voltaria a ser como era. Minha rotina é monótona e boa. Eu amava tudo. Uma tranquilidade que jamais imaginei ter. Até que não seria tão r**m passar alguns dias nesse lugar. Vou tirar várias fotos durante esses dias que passar aqui e Bella vai amar. — Que lindo — Sussurrei admirada. Pude ver o carro de Robert indo embora. Agora era só eu e aquele arrogante na casa. Como seria a convivência? Desagradável com certeza. Suspirei e escutei batidas fortes na porta, não acreditando que ele teve a ousadia de vir até mim. Bufei e abri a porta de madeira dando de cara com um ser emburrado e olhar arrogante. Trenton não esperou eu falar nada e já foi entrando no meu quarto, educação mandou lembranças meu filho, se bem que eu acho que ele não teve educação. Era um atrevido i****a. — Isso é invasão de privacidade. — Disse fechando a porta e ele me encarou no meio do quarto de cara fechada. — Quem é você garota? — perguntou desconfiado. — Sou Brianna Holt — cruzei os braços e ele revirou os olhos. — Sua atitude lá embaixo não foi de uma fã — Disse m*l humorado e eu ri sem Humor. Esse cara é engraçado. Estava com o ego ferido só porque não me ajoelhei e beijei seus pés. Ele tinha muito o que aprender. — E quem disse que eu sou sua fã? — Perguntei irônica e ele veio até mim. Parou a minha frente analisando-me com desconfiança. Esse cara nunca deve ter ouvido um não na vida. — Se não é minha fã, o que faz aqui? — foi curto e grosso. Dei de ombros. Se ele pedisse para que eu fosse embora agora, agradeceria. — Minha melhor amiga desmiolada me escreveu nessa droga de concurso e eu como sou azarada fui sorteada, fim. — passei por ele e me sentei na minha nova e grande cama. — E o que foi aquilo de "Por mim pessoas como você poderiam ficar bem longe de mim?" — perguntou imitando minha voz. Idiota. — É a mais pura verdade, você é um ser arrogante, grosso, metido, mimado e etc. — apontei o dedo na cara dele e ele trincou os dentes. — Você não me conhece pra falar nada sobre mim sua irritante, então meça suas palavras. — Apenas em olhar para sua cara já se o suficiente, olha eu não queria estar aqui e muito menos na sua companhia, então vamos fazer assim eu fico no meu canto e você no seu até os 10 dias acabarem ok? — Disse mantendo a compostura, pois o mesmo parecia que estava prestes a me matar só com aquele olhar. — Irritante — Bufou e saiu a passos rápidos, batendo a porta. Era um arrogante. Revirei os olhos e me joguei na minha nova cama. Quem esse cara pensa que é? Ele não tem o direito de ficar nervoso só porque não sou sua fã. Com certeza não irei babar o seu r**o. Abusado de merda. Fiquei olhando entediada para o teto por alguns minutos e fiz uma careta quando minha barriga começou a roncar. Já havia passado da hora do almoço. É claro que eu estaria com fome. Me levantei e resolvi ir na cozinha a procura de algo para comer, mesmo não conhecendo a casa. Não gostava de lugares estranhos, me sentia desconfortável e não sabia ser abusada o suficiente para mexer nas coisas alheias. Andei pela aquela enorme casa à procura da cozinha até que eu achei um cômodo enorme. Tinha uma mesa grande farta de comida e o ignorante já estava sentado almoçando, o desgramado nem para me chamar. Vi uma mulher que tenho certeza que é uma empregada colocar uma jarra de suco na mesa e dando um pequeno sorriso para mim em forma de cumprimento e eu sorri de volta. Observei Trenton que comia mexendo no celular. Será que ele me deixaria morrendo de fome? Eu não iria pedir comida para ele. Na verdade, não vou nem ao menos conversar com ele. Me sentei em uma cadeira afastada do ignorante que nem se deu o trabalho de olhar na minha cara. Não importa se a casa é dele e que tínhamos discutido e que disse que o queria longe de mim, eu não irei morrer de fome. A empregada me tratou com respeito e perguntou se eu gostaria de algo em específico. Agradeci sua gentileza, já que tudo que estava servido ali me agradava. Comecei a comer em silêncio e o cantor não ousou abri a boca para falar nada. Era tanta comida que eu estava perdida sem saber qual experimentar e acabei por comer um monte de coisas ao mesmo tempo. Sim, eu sou pobre e não tenho tantas variedades em minha mesa. Precisava aproveitar todas as regalias que me eram dadas ali. Estava tudo uma delicia. — Cuidado ou vai morrer engasgada. — Trenton alfinetou observando-me comer um frango O que ele estava insinuando? Seu olhar parecia zombeteiro — Está insinuando que eu estou morta de fome? — apontando a coxinha em sua direção e o homem torceu os lábios e olhou para a coxinha. — Não. Estou afirmando — debochou voltando o olhar para meus olhos. Meu olho esquerdo começou a tremer em um tique nervoso. É sempre assim, quando eu estou p**a de raiva eu perco o controle do meu olho. — Olha aqui seu egocêntrico, só porque é rico não tem o direito de ofender as pessoas seu mimadinho arrogante. — Disse irritada me levantando e batendo as mãos na mesa. Vi ele contorcer o rosto, formando uma expressão divertida e debochada. Ele estava se divertindo comigo, fazendo-me de palhaça. Odiava ser motivo de risos e chacotas dos outros. — Garota você está passando de todos o limites, ponha-se no seu lugar, você não é ninguém pra falar assim comigo. — Ele também se levantou e bateu as mãos na mesa também. Me colocar no meu lugar? Gargalhei na sua cara, o vendo revirar os olhos. A empregada nos olhava assustada, sem saber o que fazer. Não me admiraria se a mulher saísse correndo e chamasse ajuda para a polícia. Iriamos nos matar, essa era a verdade. Hoje era apenas o primeiro dia e já estava nítido que nos detestamos. Ficamos nos encarando mortalmente até eu mandar tudo pro inferno e pegar um pedaço de torta de morango e jogar bem na cara daquele desgramado. Era infantil, mas completamente engraçado. Nunca ri tanto na minha vida. Trenton ficou rígido e limpou o rosto lentamente, lançando um olhar assassino em minha direção. Lhe dei um sorriso vitorioso, iria mandar aquele ser arrogante pro inferno que o parta. Ele queria brincar, então nós vamos brincar. — Esse foi o pior erro que você fez na sua vida. — Trenton avisou e logo depois enfiou a mão no purê de batata e jogou na minha cara. O encarei incrédula e ele dava um sorriso de canto debochado e vitorioso. — Já chega — Gritei pegando meu copo de suco e jogando na cara dele. Ele devolve jogando uma omelete em mim. E aí começou a guerra de comida, voava comida para todos os lados, aposto que tinha comida até no teto. Trenton pegava tudo o que tinha na mesa e jogava na minha cara, peguei uma bacia de farofa e derramei toda em sua cabeça. Depois começamos a correr em volta da mesa jogando tudo o que víamos pela frente um no outro Em um deslize escorreguei em algo no chão e cai feito jaca madura, e o pior é que Trenton acabou vindo junto e caindo em cima de mim. Não sei o que era pior, minhas costas arrebentadas ou sua boca perto da minha. Estávamos ofegantes e incrédulos demais, olhando um para o outro surpresos. Era deprimente aquela cena. — Você é louca — ele resmungou abismado. Fiquei paralisada e perdida em seus olhos verdes, engoli em seco e o empurrei para o lado. Trenton estava todo sujo, seus cabelos estavam melados de purê de batata com farofa e sua cara tinha suco de uva com gordura de frango e outras coisas. Não consegui me segurar e comecei a rir igual retardada, ele me olhou erguendo uma sobrancelha e eu coloquei mão na barriga apreciando a minha obra de arte. Até que eu sou boa em guerras de comida, bem que eu poderia fazer isso mais vezes. Eu acabei com o cantorzinho e ganhei essa batalha. Trenton não gostou de ser o motivo das minhas risadas. — Garota louca — Ele bufou se levantando e limpou seu rosto com um pano. Mesmo assim não havia conseguido limpar toda aquela sujeira que estava espalhada por todo seu corpo. Eu também estava suja, meu cabelo se encontravam sujos e gordurosos. Espero ter cremes que possam resolver esse problema. — Ai meu pai amado — Escutei um grito e olhei para a empregada que estava parada no batente da porta com a mão na boca. Ela estava ali o tempo todo apenas assistindo aquela loucura. A coitada deve ter se assustado. Mordi os lábios nervosa olhando para a bagunça que fizemos, droga nem tinha pensado que a coitada da mulher iria ter que limpar tudo sozinha. Suspirei e me levantei passando a mão no rosto e tirando um pouco de torta dos olhos. Hora de limpar essa bagunça. — Limpe tudo Célia — Trenton disse sério e a mulher concordou chateada. Não gostei da sua atitude. Foi muito mesquinho, ele ajudou sujar tudo isso, deveria sentar a b***a no chão e esfregá-lo com uma escova. Mimadinho i****a. — Eu ajudo — avisei e ela me olhou com um brilho nos olhos. Vi Trenton me encarar com uma expressão que não soube decifrar e depois sair sem dizer nada. Era um babaquinha que não ganhava nem ao menos uma guerra de comida. Ri daquilo. — Obrigada querida, mas não precisa — a empregada agradeceu pegando um prato do chão. Se nós bagunçamos, não era justo que ela limpasse. Como fui eu que comecei aquela guerra me sentia no direito de limpar a bagunça. Trenton deveria estar aqui também, mas aposto que ele nunca ouviu falar em limpeza na vida. — Faço questão, fui eu que comecei essa bagunça — Disse pegando uma colher. — Obrigada — Ela me deu um grande sorriso. Ajudar as pessoas era gratificante. — Onde tem pano de chão? — Perguntei e ela foi pegar os produtos de limpeza. Passou meia hora e conseguimos limpar tudo deixando a cozinha brilhando. Olhamos satisfeitas para nosso trabalho e sorrimos, batendo as mãos. — Você é muito boa no que faz Senhorita Holt. — Pode me chamar de Brianna. — Vou ser sincera. Não esperava que a ganhadora do sorteio fosse como você. — O que você esperava. — Com certeza alguém que não jogasse seu almoço em Trenton. Sorrimos mais uma vez e já gostei dessa mulher. — Obrigada Brianna, você é uma ótima garota — Que isso, bom, agora eu vou tomar um banho e tirar essa sujeira do meu corpo. — Fique à vontade, essa casa é sua por 10 dias. — Obrigada. A casa estava vazia quando fui para o quarto. Não imagino onde Trenton esteja e não quero saber, o melhor a se fazer era mantermos distância um do outro. Espero que depois do que aconteceu ele me deixe em paz. Enquanto tomava banho , imagens da cena de mais cedo invadiram minha mente. Nunca pensei que aquele cantorzinho arrogante faria uma guerra de comida comigo, e quando nós caímos eu senti uma sensação estranha e diferente. Talvez ânsia de vômito. Sorri ao pensar sobre isso. Se no primeiro dia já fizemos uma guerra de comida, o que acontecerá nos outros dias? Tenho até medo de imaginar, pois demorei muito para tirar aquele tanto de comida do meu cabelo que ainda está cheirando a frango. Trágico. Saí do banheiro enrolada em uma toalha e fui procurar uma roupa na minha mala. Tinha um guarda-roupa no quarto e eu as guardaria lá depois. Não havia porque me preocupar agora. Vesti um vestido branco florido e calcei uma rasteirinha, meus cabelos loiros estavam soltos e molhados. Olhei as horas e vi que já iam dar 3 horas da tarde. Resolvi sair do quarto e conhecer a casa em que passaria os próximos 10 dias. Andei por alguns corredores e abri algumas portas, e apenas encontrei quartos, andei mais um pouco e encontrei uma porta no fim do corredor. Fui até ela e abri dando de cara com uma enorme biblioteca, olhei tudo de surpresa. O que uma biblioteca faz em uma casa de praia? Aquele cantorzinho não tem cara de quem gosta de ler. Seria de outra pessoa? Entrei na grande biblioteca e passei por cada prateleira de livros, eu estava me sentindo em casa pois amo ler, comecei a pegar alguns livros de meu gosto e me sentei em um sofá que tinha ao canto e comecei a devorar cada página. Não há nada melhor do que mergulhar no mundo da imaginação. A janela ao lado estava aberta dando um ar agradável ao ambiente. Eu poderia ficar nesse lugar para sempre, que não reclamaria. Sorri lendo algumas páginas dos livros, suspirando e tendo surtos em outras, m*l vi o tempo passar perdida em meu mundo particular — Além de irritante gosta de mexer nas coisas dos outros? — Ouvi uma voz rouca atrás de mim e me espantei. Toda paz havia ido embora rapidamente. Havia me esquecido da existência desse cara. Olhei para a porta e encontrei o cantorzinho de braços cruzados, escorado no batente. Seu peitoral estava exposto e seus cabelos molhados, mostrando que havia acabado de sair de um banho. Ele sempre aparecia do nada, me assustando, era como uma maldita assombração pronta para destruir meus dias calmas. O que de calmo não tinha nada nesse lugar com esse cara.
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