Capitulo 2

2003 Words
Pesadelo. Estava vivendo um maldito pesadelo sem fim. Meu ar havia ido embora e eu não conseguia lembrar mais como se respirava. Loucura, era tudo loucura e alucinação da minha cabeça. A gritaria na televisão não estava me ajudando em nada, e para piorar Bella me encarava com os olhos arregalados, começando a pular e a gritar em seguida. — Você ganhou Brianna, eu não acredito. — Ela gritou pulando de um lado para o outro. Não imaginava que sua felicidade seria tão grande assim, nem havia sido ela que havia ganhado. Na verdade, ainda não estou acreditando que eu tenha sido a vencedora. Tinha algo que estava errado, precisava ter. — Não é verdade. — Sim Brianna é verdade. Se passaram 5 minutos e meu ar voltou, e eu me acalmei, Bella ainda pulava e o cantorzinho já havia ido embora do programa de tv. Bati no meu rosto pra ver se acordava daquele pesadelo, mas não adiantava. Minha amiga parou de pular e me olhou com os olhos brilhando, engoli em seco e ela se jogou em cima de mim, beijando meu rosto. Suas mãos estavam por toda parte e ela não parava de repetir o quanto eu era uma sortuda. — Te amo amiga, obrigada por ser tão sortuda assim. — Bella beijou todo meu rosto. Não sou sortuda, mas sim uma azarada de merda, e a prova disso foi eu ter sido sorteada nesse sorteio ridículo. Nunca ganhei nada na vida, e quando acontece é essa bobagem. — Sai — resmunguei a tirando de cima de mim e corri para a janela ao lado a abrindo. O vento da noite estava frio, e eu gostaria de vomitar agora. — O que vai fazer Brianna? Anunciar ao mundo sua conquista? — Me matar, eu não vou nessa viajem nem morta. — você vai nessa viagem sim e vai ser vivinha. Bella me puxou de volta para o sofá. Quis bater nela e expulsá-la do meu apartamento. — Bella isso é loucura, eu não irei a lugar nenhum. — Gritei, irritada. — Você vai sim, e não adianta tentar se matar. — Têm razão, eu não irei me matar, irei matar você. Essa maldita vai me pagar por isso. Tudo isso era culpa sua. Meu rosto apareceu na tv para milhares de pessoas. Elas já sabem quem sou eu, e agora não terei mais paz. Devo tomar cuidado para não ser atacada na rua por fãs loucas revoltadas. — Calma amiga, paz é amor. — ela sorriu sem graça. — A culpa é toda sua, eu vou te matar. — Gritei e ela começou a correr comigo atrás. — Brianna essa é a oportunidade da sua vida. — gritou correndo ao redor do sofá. — Oportunidade uma merda. — peguei uma almofada de coração jogando na maldita que desviou. — Onde fica meu sossego? — Brianna ganhou o sorteio. — cantarolou. — Você me paga Bella. Meu celular começou a tocar a fazendo sorrir e eu choramingar. Já estavam me ligando? Pensei em atender e recusar, mas Bella foi mais rápida. Ela correu e pegou meu celular o atendendo antes que eu pudesse fazer alguma coisa. — Sim é amiga dela, sim pode confirmar comigo. Bella correu para o meu quarto e se trancou lá dentro. Filha da p**a, como ousa fazer isso? Comecei a esmurrar a porta e a gritar mas a megera não abria, se passaram 10 minutos e eu estava escorada na porta já cansada de tanto gritar. — Ta tudo resolvido amiga, virão te buscar aqui amanhã às 9 horas da manhã — Ela abriu a porta com um sorriso e eu apertei os olhos tentando me acalmar. — Eu não vou Bella, tenho trabalho. Não posso passar 10 dias fora. Aquilo era um absurdo. Como ficaria meu trabalho se eu passasse 10 dias fora? — Fala com minha mãe e está tudo resolvido. Não há problema nenhum passar 10 dias fora. — As vezes eu me pergunto se você é mesmo minha amiga. — resmunguei e ela sorriu me puxando para o quarto, pegou uma mala vermelha e a jogou na cama. — Sou sua única e melhor amiga e só quero o seu bem, agora vem vamos arrumar sua mala. — Ela disse animada abrindo a porta do meu guarda-roupa, me joguei na minha cama e olhei para o teto. A vida me odeia, todos me odeiam, é muito azar pra uma pessoa só. A observei jogar as poucas roupas que tinha, dentro da mala. Tentei tirar, mas acabamos brigando e eu perdi a batalha. O tempo se passou e Bella terminou minha mala e arrumou tudo o que eu precisava, já eu não mexi nenhum músculo para ajudar. Bella disse que iria dormir comigo para poder se despedir de mim amanhã e ter certeza de que eu não iria fugir. Poderia tentar fugir de madrugada e ela não perceberia. — Boa noite amiga sortuda — ela bocejou, eu não me dei o trabalho de responder, fiquei acordada quase a noite inteira e fui dormir às 3 horas da madrugada. Era muito para se pensar. Minha vida mudou drasticamente agora. Espero que tudo fique bem e eu não tenha problemas futuros. Acordei no outro dia com Bella gritando que o café da manhã estava pronto. Me levantei parecendo um zumbi e fui para o banheiro, tomei um banho, lavei meus cabelos e sai enrolada em uma toalha. Tinha uma roupa em cima da cama que Bella tinha separada para mim. Ela havia pensado em tudo. Pena que toda sua animação não me empolgava nenhum pouco. Sequei meus cabelos e me vesti sem ânimo. Fui para a cozinha e Bella cantarolava enquanto colocava uma jarra de suco na mesa. — Bom dia minha bela flor. — ela estava animada. A olhei com raiva e me sentei começando a comer. Bella não disse mais nada e se sentou começando a comer uma rosquinha, cantarolando a música daquele i****a. — Já são 8:30, está quase na hora — Ela disse terminando de comer e eu bufei indo para sala. — Qual é Brianna? vai ficar emburrada até quando? Bella veio até mim fazendo biquinho, me sentei no sofá cruzando os braços, não querendo falar com ela. Bella revirou os olhos e foi para a cozinha lavar louça. O tempo se passou e logo deu 9 horas, peguei meus óculos escuros e minha bolsa de lado. Bella pegou minha mala e nós fomos para a recepção do prédio. Algumas pessoas já me olhavam e tinham fotógrafos na porta. — Bella eu não gosto disso. — Você tem seus minutos de fama, aproveite. — minha amiga fez pose para as fotos. Não demorou muito e um carro preto apareceu e um Homem de cabelos grisalhos saiu dele, vindo em nossa direção. Suspirei nervosa. — Senhorita Holt — Ele me cumprimentou e eu devolvi o cumprimento por educação. — Sou Robert, irei levá-la para a casa de praia, Trenton já se encontra lá. — Ele disse pegando minha mala e foi rumo ao seu carro. Qual o problema dessas pessoas? Olhei para Bella e ela dava um sorriso de orelha a orelha, abraçando-me. — Não se preocupe Brianna, dará tudo certo. — me encorajou. — Eu não acho que dará. — resmunguei. — Você se sairá bem, boa sorte. Fui até o carro e Robert guardou minha mala no porta malas e depois veio até mim sorrindo. Os fotógrafos ainda continuavam com as fotos. — Vamos? — Ele perguntou e eu suspirei cansada. — Vamos — murmurei desanimada e ele abriu a porta para mim. Ainda olhei para meu prédio, imaginando o quanto seria difícil ter que deixar minha casa. — Boa sorte amiga, estarei te esperando ansiosa — Bella gritou e eu acenei. Quando o homem começou a dirigir eu fiquei olhando pela janela perguntando-me porque havia aceitado essa loucura. — A Senhorita deve estar muito feliz — Robert me olhou pelo retrovisor. Por que ele estava me perguntando isso? Não percebeu minha tristeza ao entrar nesse carro? Qualquer garota ficaria feliz com essa chance, eu estava nervosa e irritada. — Na verdade não. — Não? — Perguntou duvidoso. — Minha amiga me escreveu nesse sorteio sem a minha permissão. Eu não queria ter ganhado. — Isso é surpresa. Pensei que toda população feminina dessa cidade era apaixonada por Trenton. — Eu não sou. — Bom, então tire esses 10 dias para aproveitar a praia. Não precisa nem ao menos se aproximar de Trenton, na verdade ele agradeceria isso. — Agradeceria? — Não se assuste, mas ele é um pouco antissocial. — Você quer dizer arrogante? Isso eu já sabia. — ironizei. — É um bom homem, só precisa de um pouco de sinceridade da parte das pessoas. A fama traz muitos males, amigos falsos, inveja, cobranças. Trenton odeia tudo isso. Não falamos mais nada. As palavras do homem ecoaram em minha mente como uma curiosidade. Como eu imaginava, Trenton era um arrogante. A fama tem o seu preço. Famosos sempre estão em sites de fofocas, são perseguidos diariamente e não tem uma vida normal. No entanto isso não era motivo para uma pessoa se tornar i****a e prepotente. Vou seguir o conselho de Robert e durante 10 dias irei aproveitar a praia e as regalias que me forem dadas. Trenton para mim poderia ser invisível, na verdade eu quero ser invisível para ele. Espero que finja que não existo e apenas me deixe em paz até toda essa tortura acabar. Los Angeles era bela. Admirei a beleza da minha cidade por todo o percurso. Robert parou para abastecer em um determinado momento da viagem, e comprou alguns donuts e cappuccino para mim na loja de conveniência. Agradeci e aceitei porque estava com fome. Ele disse que minhas regalias já haviam começado, eu teria ótimos dias pela frente. Agora faz duas horas que estávamos viajando. A casa de praia era bem escondida, para os paparazzis não descobrirem e acabarem com a paz. Eu não queria de forma alguma ser filmada a todo momento que estivesse aqui. Robert parou o carro e eu pude ver uma linda casa de praia, sozinha no meio daquela imensidão de areia. Era enorme e o lugar mais belo que já tinha visto. Nunca pensei que poderia estar em um lugar como este. — Nossa. — Murmurei impressionada. — Chegamos — Robert anunciou, empolgado. Era um homem gentil e eu havia gostado dele. Quando saímos do carro o vento estava forte e as palmeiras balançavam violentamente à nossa volta. Segurei meu vestido que queria ser levado junto, tentando manter meu cabelo arrumado. Robert pegou minha mala e começou a andar rumo a casa, o segui até ele parar no meio do caminho assim que viu um homem parado olhando para as ondas. Ele estava um pouco mais a frente. Seus cabelos castanhos balançavam com o vento, ele estava vestindo um bermudão e uma regata preta, suas mãos estavam no bolso. Pude ver algumas tatuagens descendo pelos seus braços. — Trenton, chegamos. O cantor se virou para nós. Seu olhar estava sério, e ele não parecia animado ou sequer interessado em nossa presença. Quis rir porque já sabia que isso iria acontecer. Trenton veio em nossa direção e a medida que ele chegava mais perto, pude notar seus olhos verdes belos fixos em mim. Estava me analisando minuciosamente. Quando o homem parou na minha frente, ficamos nos encarando por um bom tempo sem dizer nada. Eu ainda estava de óculos escuros então ele não podia ver meus olhos, mas parecia curioso para isso. — Trenton Sales. — se apresentou. Sua voz era calma e instigante. Não posso negar que era bonita, suas músicas também eram boas, mas não o tipo que eu curtia. — Brianna Holt. — devolvi o cumprimento discretamente. Acho que ele notou minha hesitação, pois vi sua testa franzir. Sem mais palavras passei por ele andando em direção a casa, eu só preciso ignorá-lo. E talvez eu consiga sair daqui intacta e com dignidade.
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