Capítulo 04/ Prova do vestido.

867 Words
LARISSA MILLER NARRANDO LONDRES Estava de pé no ateliê da costureira, olhando o meu reflexo no espelho, enquanto ela ajustava o vestido de noiva ao meu corpo. O vestido era deslumbrante, uma verdadeira obra de arte com renda delicada e pérolas que brilhavam suavemente sob a luz. Mas, para mim, ele era apenas um lembrete c***l do destino que me aguardava. — Está quase perfeito, querida — A costureira disse, uma senhora simpática de olhos bondosos. — Só mais alguns ajustes e ficará maravilhoso. — Obrigada — Respondi, tentando sorrir. A porta do ateliê se abriu, e a minha irmã Laura entrou com o seu habitual ar de superioridade. Ela segurava uma taça de champanhe e, ao ver-me no vestido, os seus olhos brilharam com malícia. — Olha só, a noivinha está toda arrumada — Laura disse, com um tom de voz debochado. — Você até que está bonita, Larissa. Quem diria? Revirei os olhos, tentando ignorá-la. — Laura, por favor, não comece. Ela se aproximou, girando ao meu redor como um predador. — Não estou começando nada, irmãzinha. Só estou apreciando o espetáculo. Afinal, quantas vezes na vida vemos uma falida se casando por dinheiro? A raiva começou a crescer dentro de mim. — Eu não estou me casando por dinheiro, Laura. Ela riu alto, quase histérica. — Claro que não, Larissa. Você está se casando por amor. É isso que você quer que todos pensem, não é? Eu apertei os punhos, tentando me controlar. — Basta, Laura. Não quero brigar com você, se estou fazendo isso é para que você também mantenha essa boa vida que leva. — Mas eu quero brigar com você — Ela respondeu, com um sorriso venenoso. — Sempre quis. Desde que éramos pequenas, você sempre foi a queridinha. Bem, agora você vai ser a queridinha de Lucas Collins. Como se sente sendo um prêmio de consolação? As palavras dela eram como facadas, e antes que eu percebesse, a minha mão se moveu sozinha, acertando um tapa em seu rosto. O som ecoou pelo ateliê, e por um momento, tudo ficou em silêncio. Laura levou a mão ao rosto, surpresa, mas a surpresa rapidamente deu lugar à fúria. Ela se lançou sobre mim, e nós duas caímos no chão, lutando. Puxões de cabelo, arranhões e gritos encheram o ar, enquanto a costureira tentava desesperadamente nos separar. — Meninas, parem! Finalmente, a nossa mãe, Silvia, entrou no ateliê, atraída pelo barulho. Ao ver a cena, ela correu para nos separar, puxando Laura para longe de mim. — O que está acontecendo aqui? — A minha perguntou olhando de uma para a outra. Laura ainda respirava com dificuldade, seu rosto vermelho de raiva. — Larissa começou! Ela não consegue aceitar a verdade. Eu estava de pé, tentando recuperar o fôlego. — Isso não é verdade. Laura me provocou até eu não aguentar mais. A minha mãe olhou para mim com uma expressão dura. — Larissa, pare de implicar com sua irmã. Você sabe muito bem que precisamos desse casamento. Pare de ser tão egoísta e aceite sua responsabilidade. — Responsabilidade? — Estou sendo forçada a casar com alguém que não amo, alguém que me despreza, e você espera que eu aceite isso calada? — Sim, espero — A minha mãe afirmou. — Você é uma Miller. E os Millers fazem o que é necessário para a família. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. — Mas e quanto a mim, mãe? E minha felicidade? Isso não importa para você? Ela suspirou, parecendo cansada. — Chega, você precisa parar de se comportar como uma menina mimada, vai ser isso e pronto. Laura se aproximou, ainda com raiva, mas agora também com um ar de triunfo. — Viu? Até a mamãe concorda comigo. Pare de ser infantil, Larissa. As palavras delas me atingiram em cheio, e eu me senti mais sozinha do que nunca. Sem dizer mais nada, saí correndo do ateliê, ignorando os chamados de minha mãe e de Laura. As lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto enquanto eu corria pelas ruas de Londres, sem rumo. Finalmente, parei em um pequeno parque, me sentando em um banco. As palavras de minha mãe e de Laura ecoavam na minha mente, e eu me sentia impotente e presa. Olhei para o céu nublado, tentando encontrar algum consolo, alguma esperança. Mas tudo o que eu sentia era uma dor profunda e esmagadora. Eu sabia que minha vida estava fora de meu controle, que as minhas escolhas haviam sido feitas por outros. E a ideia de passar o resto da minha vida dessa forma era insuportável. Fiquei ali por um longo tempo, tentando acalmar o meu coração e organizar os meus pensamentos. Eu sabia que precisava voltar para casa, mas naquele momento, só queria ficar longe de tudo e de todos. Queria um momento de paz, longe das expectativas e responsabilidades que me esmagavam. Quando finalmente me levantei, o sol já estava se pondo. Peguei um taxo e voltei para casa, me sentindo um pouco mais forte, embora a dor ainda estivesse presente. Eu não sabia como iria enfrentar os próximos dias, mas sabia que, de alguma forma, precisava encontrar uma maneira de sobreviver a essa tempestade.
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