P.O.V HENRIQUE
Quando Vitor saiu e ficamos somente eu e ela, eu consegui respirar aliviado. Enquanto ela, bem, ela parecia bem nervosa.
- Licr gatinha? – eu disse, ela está furiosa. – Qual o problema do seu irmão? Ele é retardado? Ou homicida? p***a, que mala! – ela exclamou seria, e eu ri. – Sinceramente, eu não posso comer nada que envolva a utilização de facas hoje a noite... porquê se aquele ridículo me chamar disso de novo eu... – parou de falar , me encarando. Até tentei segurar o riso, mas não consegui. E, eu deveria ter conseguido, pro meu próprio bem. –Você tá rindo da minha cara, Henrique?
- Eu tenho cara de bom de cama? – questionei, e ela arregalou os olhos.
- Depois de tudo o que eu falei, diante de uma situação dessa... Você só absorveu isso? – indignou. Qual é, eu sou homem, uma mulher gostosa dessas dizendo que sou atrativo é algo que me chama a atenção. – Homens.. – revirou os olhos.
- Eu tenho uma coisinha pra te mostrar! – controlei o riso, e ela me olhou atentamente. – Eu pedi a um amigo da imigração uma lista modelo das perguntas que respondermos nas entrevistas.
- Me deixa ver! – sentou-se ao meu lado, suspirando.
- Você já fez aulas de balé? – perguntei.
- Sim. Por que? – respondeu, franzindo a testa.
- Nada, só estou juntando informações! – Alice era intrigante e me deixava mais curioso a cada segundo. – Aqui está! – abri o arquivo.
- “Nome completo”.. – disse. – Então começamos pelo básico. O meu é Alice Monteiro Melo.
- O meu.. – tentei dizer, mas ela me cortou.
- Henrique Ferraz Vieira, eu sei. – sorriu, e eu a fitei. – Aliás, um nome bem brasileiro para um americano... – mordeu o lábio, pensativa.
- Minha mãe é brasileira, bocó. Maaaas, isso é um segredo só nosso, ela não curte muito falar sobre isso! – falei. - Data de nascimento? – mudei de assunto.
- 18 de março de 1989! – respondeu.
- 11 de fevereiro de 1986! – ela me olhou, segurando o riso. – Tá me olhando assim por quê?
- Até que você tá bem pra quem tá beirando os 40! – ironizou, torcendo o lábio.
- Qua..40? – franzi a testa. – Eu fiz 31!
- Pra 40 faltam 9, passa rapidinho! – afirmou com a cabeça.
- E você tem 12 anos, mentalmente, é claro! – sorri, ela revirou os olhos.
- Cala a boca e me da isso aqui! – pegou o notebook. – Você tá me matando de tédio. Estou me sentindo em uma entrevista de emprego.. – fez uma careta engraçada, e quem revirou os olhos foi eu. – Já que vou ter que responder perguntas que até Deus duvida, que seja ao menos divertido!
- Começa então! – correu os olhos pela lista, concentrada e mordendo os lábios. A beleza dessa mulher ainda me chocava. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo e bagunçado, o macacão jeans a deixava tão sexy quanto o conjunto branco com saltos que ela usava no bar. E, eu conheci apenas outra mulher com aquela capacidade.
- Ha-ha.. – limpou a garganta. – Você tem alguma tatuagem? Ou piercing? – olhou do meu torso abaixo, parando no meu quadril.
- Não! – corei, e tenho certeza que ela percebeu pois soltou um sorrisinho malicioso. – Me da isso, Alice! – tentei pegar, ela não deixou.
- Que fofo! – gargalhou. – Ficou envergonhadinho..
- Ah, cala a boca! – gesticulei. – E você? Tatuagens ou piercing?
- Tive um piercing no umbigo quando tinha uns 16 anos, típico adolescente rebelde! – balançou a cabeça ao lembrar. – Hoje em dia não uso mais!
- Sério? – ri, e ela ergueu somente uma sobrancelha.
- Qual o problema? – cruzou também os braços, me desafiando.
- Acho piercing de umbigo nojento! – fiz uma careta, e ela sorriu.
- Ótimo! – falou. - Me lembre de colocar de novo. – suspirou.
- Criança! – bati levemente na sua testa. – Vamos continuar..
- Com quantos anos você perdeu a virgindade? – sorriu maliciosa.
- Não tem essa pergunta aí! – desconfiei, e ela arrastou a revista até mim, revirando os olhos.
- Eu não estou interessada na sua vida s****l, acredite, mas tá escrito aqui, então pode falando! – a pergunta realmente estava lá. – E eu quero saber com quem! – sorriu. - Foi orgia? – ironizou ao pergunta.
- Aliceeeee! – a repreende.
- Eu já vi em muitos filmes. Típico nerd virgem que o pai leva num prostibulo, conheço muitos casos! – ela deu de ombros.
- Não foi o meu caso, e eu não era nerd! – apertei os olhos quando ela gesticulou um ok com a mão, debochadamente.
- Você só tá enrolando e não responde a minha pergunta! – torceu o lábio. – Não vai me dizer que ainda é virgem! – gargalhou, e eu bufei.
- Meu Deus, nem casamos e eu já quero o divórcio! – eu disse divertido.
- Vou me lembrar disso na hora de compartilhar os bens! – afirmou, também divertida. – Agora responde a minha pergunta!
- Eu tinha 17 anos! – respondi, e ela fingiu uma ânsia. – Foi com Angelina! – o sorriso dela desvaneceu. – Eu a conheci no ensino médio, que foi quando vim morar aqui, e anos depois nos reencontramos. – continuei a falar, e ela permaneceu séria, sem fazer piadas. – O resto você já sabe! – um silêncio estranho pairou depois que falei da Angelina. - E a sua? – perguntei.
- Não vale a pena ver de novo! – voltou a sorrir, e eu franzi a testa.
- Assim não vale! – levantei um dedo, e ela estirou a língua pra fora. – Eu quero saber!
- Tá-tá! – revirou os olhos, sorri satisfeito. – Minha primeira vez foi desastrosa pra não falar uma merda! – contou, olhei-a com curiosidade. – Doeu muito, tipo acima da média, e o i*****l ainda me chamou pelo nome errado!
- O que? – ri. – Ele não era seu namorado?
- Ah, em que século você vive? – sorriu com humor. – Nunca me guardei pra ninguém em especial, mas depois daquele dia percebi que era melhor ter me guardado!
- Foi tão r**m assim?
- Foi péssimo mas.... passou! – transpareceu não estar confortável com o assunto.
Já tínhamos respondido até a metade da segunda parte quando deu seis e meia da tarde.
- O papo tá interessante, mas acho melhor a gente se arrumar pro jantar! – eu disse.
- Claro, só preciso de um tour pela casa antes! – ela disse, me fazendo coçar a sobrancelha.
- Precisa? – questionei, e ela bufou.
- Oh bocó, eu preciso estar familiarizada! – afirmou. – Quem pensar que estamos juntos irá supor que passo muito tempo aqui! – fez uma pausa, voltando a falar sorrindo maliciosamente. – E que já transamos em todos os cômodos, claro! – jogou uma piscadela, e eu fingi ânsia. – Ou tu tá se guardando pro casamento?
- Muito engraçada, merece até uma bala! – ironizei. – Foi por isso que trouxe essa bolsa grande?
- Sim. Parabéns Sherlock, desvendou um caso! – bateu palminhas.
- Foi um elogio ou puro sarcasmo? – perguntei, vendo-a sorrir com a língua entre os dentes.
- Você nunca irá saber! – afirmou, e eu levantei as duas mãos.
- Elogio então! – sorri. – Bem, à direita dessa sala fica a cozinha, a sala de jogos e o banheiro... e.. – parei de falar quando ela ergueu a sobrancelha, sua feição desafiadora me chamava muito a atenção.
- Sala de jogos.. – falou maliciosa.
- Você faz parecer um templo de sexo! – revirei os olhos.
- Comigo tudo pode significar sexo! – me senti intimado e meio e******o pela maneira que ela disse aquilo. Balancei a cabeça afastando o pensamento.
- Você é bem i****a, sabia? – ela fez que sim, e eu virei o corredor a esquerda vendo-a me seguir. – Aqui fica o banheiro! – apontei. – A biblioteca.. – continuei. – O quarto de hóspedes e ao fim do corredor o meu quarto. – Falei. – Deve ter toalhas limpas no banheiro. Se precisar de alguma coisa é só me chamar!
- Aham! – respondeu.
- Certo – ela me seguiu. – Eu vou tomar banho!
- Eu sei! – revirou os olhos.
- Tá! – ela me seguiu de novo. – Por que você tá me seguindo?
- Porque pretendo te seduzir no banho e te dar a melhor noite da sua vida. - zombou. – Eu vou colocar minhas coisas no seu closet, i****a!
- Por que no meu closet?
- Casais dividem espaço! – gesticulou com obviedade.
- Não o meu closet! – cruzei os braços.
- Por que não? Tem medo que eu destrua por completo seu sistema de organização? – riu. Permaneci calado. – Mentira, você tem mesmo um sistema de organização?
- Claro que não! – neguei. – Só me faz o favor de colocar as calças e blusas nas gavetas e vestidos com paletós!
- Você quem manda, mamãe! – bateu continência.
- Deus, você é tão criança! – riu ao meu lado. Entramos no quarto e ela ficou parada na porta.
- Uau! – exclamou.
- O que foi? – questionei.
- Não achei que seu quarto fosse tão.. – pausou. – íntimo! – observei o seu fascíno ao tocar a estante de livros. – Adorei as fotos, são lindas! – pousou o dedo em uma Polaroid antiga. – Tão bonitinho antes de ser um pé no saco!
- O closet é aqui! – abri a porta e entrei com ela no meu encalço.
- Um espelho de parede inteira? Aposto que eu ficaria muito linda nua refletindo nele! – sua ousadia e naturalidade em falar algumas coisas me encantava.
- Vou ignorar esse comentário! – abri a gaveta e peguei uma camiseta branca. – Aqui ficam as minhas camisas sociais e na gaveta de baixo outros estilos de camisa! – ela me olhou atentamente. – Nessas gavetas estão as calças separadas da mesma maneira que as camisas, sendo que a primeira gaveta estão as cuecas! – ela continuou a me observar séria. – Esse compartimento é para os sapatos! – apontei. – E como pode ver os paletós ficam aqui em cima. – segurei minhas roupas no braço. – ela me olhou seriamente pelo que deve ter durado uns 5 segundos, então explodiu em gargalhada. – O que? – ela riu ainda mais. – Alice, para! - continuou rindo. – Ah, que i****a! – resmunguei e sai do closet ainda ouvindo Alice rir.
Continua....