P.O.V ALICE
Demorei um pouco para controlar minha crise de risos. Principalmente enquanto guardava as roupas. Henrique tão dedicado a um armário foi provavelmente uma das cenas mais engraçadas que já presenciei. Encarei o espelho. Eu estava morrendo de curiosidade.
- Ah f**a-se! – espiei pela porta do closet para ter certeza que Henrique não entraria e escutei o barulho do chuveiro. Ele ainda estava tomando banho. Fechei a porta e tirei a roupa. - Você quer mulher gostosa, ? – mordi o lábio, meu reflexo estava tão sexy que até eu me comeria.
Tudo aconteceu muito rápido, Henrique abriu a porta com apenas uma toalha enrolada no quadril e o corpo todo molhado. Fiquei sem reação durante uns dois segundos antes de notar os olhos arregalados dele e lembrar que trajava apenas lingerie de renda transparente, gritei por reflexo, e ele se assustou deixando a toalha cair.
- Henrique! – exclamei. – O que você tá fazendo aqui? – abracei meu corpo e ele recuperou a toalha do chão.
- É o meu closet? – ironizou.
- Me deixa reformular.. O que você está fazendo de toalha no closet onde você sabia que eu estava?
- Terminei o banho e supus que você não estava mais aqui!
- Supôs errado! – disse tentando desviar o olhar da visão dos deuses que era ele usando apenas uma toalha, o que era praticamente impossível. Henrique era lindo, mas não sabia que “arrasador de calcinhas” também vinha no pacote.
- Alice! – reprimiu uma risada. – Tá encarando. Gostou do que viu?
- Ah, menos. Por favor! – desviei o olhar com esforço. Ele riu descaradamente. Coloquei as mãos nos quadris e estufou o peito. Eu me recusava a ficar acuada. – Vai ficar para o show? - ele riu. Bufei irritada. – Eu não estava te encarando, deixa de ser ridículo!
- Continua falando isso pra você! – caminhei rebolando até ele, que procurava algo em uma gaveta. Quando a fechou ele deu de cara comigo muito mais próxima do que pensava. Henrique desceu o olhar voluntariamente mordendo o lábio. – Droga!
- i****a! – debochei. – Não tente ganhar o meu jogo!
- Seu jogo? – franziu a testa, confirmei.
- Claro! – fiz um pequeno bico debochado.
- Arrogante! – murmurou.
- Era pra ser ofensivo? – ele deu uma risadinha e saiu do closet. Coloquei meu vestido com as roupas que eu estava usando antes apoiadas no braço direito, segurei o sapato entre os dedos e a pequena nécessaire na outra mão, sem nem me importar de ainda estar de lingerie.
- A propósito... – Henrique falou quando eu já saia do quarto. – Bela lingerie! – piscou um olho e pra não sair por baixo resolvi responder a provocação.
- Ah é? Belo m****o.
- Alice! – exclamou com um leve rubor. Ri.
- Eu vou tomar o meu banho! – afirmei.
- Ok! – ele não conseguiu me olhar diretamente. Sorri. Aquilo era igualmente adorável e divertido. Não demorei muito no banho. Saí da ducha espalhando minhas coisas pela pia de mármore n***o. Usei uma maquiagem leve deixando meu cabelo ondulado da maneira que estava. Coloquei um cinto na cintura do vestido marcando a silhueta.
- Tá de roupa? – ele entrou tampando os olhos.
- Não, tô peladinha... sem nada! – debochei. – Deixa de frescura e abre o olho, eu estou vestida!
- c*****o! Você tá linda! – sorri e me preparei para soltar uma piadinha qualquer, que eu esqueci quando vi Henrique. Ele estava absolutamente lindo e sexy. Tudo nele parecia convidativo. Por quê tão gostoso?
- Minha nossa senhora dos deuses gregos... – mordi o lábio. – Acho que tô pouco arrumada!
- Humildade agora? – agora ele debochou.
- É sério! – revirei os olhos. – Você tá muito..muito! Ah! Tá gostoso pra c*****o! Acho que não estou a sua altura.
- Alice, você tá perfeita! – segurou meus ombros. Aquela era a primeira vez em que eu ficava sem jeito diante de um homem. Desviei o rosto.
- Devíamos ir logo, sua mãe deve ser uma daquelas vadias cruéis que não tolera atrasos. – me afastei.
- Ei! – ele exclamou, me fazendo levantar as sobrancelhas. – É na verdade assustador que você esteja certa.
- Eu estou sempre certa! – ele sorriu e me ofereceu um braço. – Obrigada! – agradeci enquanto esperávamos o elevador. – Ficar aqui nos EUA significa muito pra mim!
- Eu te ajudo e você me ajuda, certo?
- Certo! – respondi. – Mesmo assim senti necessidade de dizer “Obrigada”!
- De nada! – sorriu. – Suponho que eu também tenha que agradecer..
- Espere pra depois do jantar. – sorri diabólica. – Quem sabe se eu não vou f4d4r todo o plano inteiro durante a sobremesa!
- Você é tão reconfortante! – ironizou. Sua voz ecoou pelo estacionamento subterrâneo junto da minha risada.
- Você só pode estar brincando! – exclamei ao pararmos na frente de uma linda Ferrari prata. – Uma Ferrari???
- Sim! – respondeu.
- Sim? Não responda como se não fosse nada! – exclamei. – Ela é tão linda que eu quero chorar!
- Quer dirigir? – olhei-o arregalando os olhos e sorrindo largo.
- Eu posso? – o sorriso se desfez quando ele respondeu.
- Claro que não! – riu e abriu a porta pra mim.
- Ridículo! – resmunguei antes de entrar no carro. – Bancos de couro.. – deslizei as mãos pelo banco. – No divórcio eu quero o carro!
- Iludida que fala, né? – se acomodou no motorista.
- Então me promete que eu vou poder dirigir!
- Não!
- Só uma vez!
- Não!
- Eu dirijo bem!
- Alice! – exclamou, e eu fechei a cara.
- Ok! – falei. – Por agora! – completei. – Eu ainda vou te convencer.. – ele riu e deu partida no carro. Um silêncio mortal se instalou entre nós dois. Aquilo estava me deixando mais nervosa ainda. – Eu acho que deveríamos seguir uma lista!
- O quê? Do quê você tá falando?
- Vamos passar um ano casados.. – expliquei. Deveríamos tentar pelo menos ser amigos.
- E se não conseguirmos responder a todas as perguntas?
- Leremos a lista constantemente para termos certeza que não esqueceremos nada! – ele me olhou desconfiado. – Henrique nunca convencemos como um casal apenas com respostas ensaiadas. Nós temos que nos conhecer de verdade! – ele pareceu pensar. – Não é porque é um acordo que tem que ser entediante!
- Talvez você tenha razão! – cedeu. – Mas ainda teremos regras!
- Tipo? – perguntei.
- Nosso acordo fica apenas entre nós dois. Nada de contar pra sua família no Brasil ou qualquer amigo nos EUA! – falou. – É muito arriscado!
- Eu não poderia contar nem se quisesse. – eu disse. – Eles morreram quando eu tinha dez anos e meu último parente vivo faleceu o ano passado.
- Eu sinto muito! – senti suas mãos em meu ombro.
- Tudo bem! – sorri fraco. – E aqui só tenho realmente um amiga próxima, que provavelmente me mataria se soubesse o que estou fazendo. Então tudo bem em mentir! – ele pareceu desconfortável. – Ok, vamos mudar de assunto. Você namorou alguém depois de Angelina? – perguntei. – Quero me preparar para a sua mãe. Dependendo o número de mulheres que ela colocou pra correr, vou adivinhar o tipo de sogra deve ser!
- Ok, ela é só r**m com pessoas novas!
- Principalmente pessoas novas de florando o tesouro dela?
- Por que você estaria me de florando?
- Porque você é o bebezinho da mamãe! – fiz uma voz infantil.
- Vou ignorar isso! – fez uma careta.
- Então, quantas?
- Acho que foram umas três! Nenhuma durou mais que seis meses! – deu de ombros. – E você? Quantos namorados americanos? E eu digo namorados sérios! Quero uma lista curta, e não o catálogo telefônico de Nova Iorque! – revirei os olhos.
- Eu tive dois namorados sérios! – eu disse. – Minha vida não é assim tão emocionante! – ele levantou as sobrancelhas.
- Você é vice-presidente de uma das maiores revistas do país! – argumentou. Eu mencionei a Leluvo em nossa conversa mais cedo. Eu sabia que era f@d4, mas isso não fazia da minha vida um festival de pênis.
- A maior emoção que isso me traz é bastante stress! – retruquei. – E olha quem fala! O herdeiro de um escritório milionário!
- Ah Alice! – revirou os olhos. – Quem te falou isso?
- Todo mundo sabe!
- Se você soubesse teria me reconhecido no bar!
- Ah, eu pesquisei no Google! – dei de ombros, fazendo-o gargalhar.
- Me pesquisou no Google?
- Eu queria saber se você era confiável!
- E você acharia isso no Google? – revirei os olhos. Ele continuou rindo e do nada eu estava acompanhando-o por uma razão totalmente diferente.
- Não acredito que nos conhecemos essa manhã!
- Por quê?
- Fazem horas que nos vimos pela primeira vez e eu já te chamei de garota, disse que sua mãe é uma v***a, arrogante e criança, ainda sim agimos como se não fosse nada! – eu sorri. – Tenho o pressentimento que esse ano juntos não será difícil de maneira nenhuma!
- É! – ele também pareceu fascinado. – Chegamos! – falou. – Paramos por aqui. Pronta para o show?
- Não!
- Então vamos lá. – sorriu desafivelou o cinto e saiu. “Esse é o dia mais louco da minha vida” pensei enquanto Henrique abria a porta do carona e entrelaçava os dedos aos meus.
Continua...