"Capítulo 3 - Cheio de surpresas

1934 Words
P.O.V Alice Eu sou completamente louca! Era a única explicação. Girei o cartão entre meus dedos. “Henrique Ferraz” era o nome do meu futuro marido. Seu escritório era no centro da cidade, não muito longe de onde eu moro. Nunca, ou quase nunca, fui de decisões impulsivas e irracionais. Mais p***a, como eu podia deixar pra trás o sonho da minha vida? Sempre fiz o que quis na hora que quis e com quem desejasse fazer, mas não antes de pensar sobre a situação. Entretanto, aqui estava eu, noiva de um estranho. Desespero é f**a! - Você é minha única esperança, Henrique.. – disse para o nada. Olhei o cartão atentamente e desviei os olhos para o notebook. Se ele era esse advogado renomeado como disse deveria ter algo sobre ele no Google, certo? Enfiei o cartão no bolso da calça e peguei o notebook no colo, sentando com as pernas cruzadas sobre o sofá. - Henrique Ferraz – digitei numa velocidade impressionante. – advogado.. – posicionei o enter e uma multiplicidade de resultados apareceu. Até uma janelinha biográfica dele apareceu na lateral da minha página. – c*****o! Eu sou a única que não te conheço? – pelo que eu observei e li, Henrique era um advogado que ganhou renome bastante cedo e carregava um legado de direito em sua família, com poucos anos já havia feito jus ao sobrenome e superado o seu pai – Henrique Ferraz e Angelina Collins.. essa eu quero vê! – sussurro, mordendo o lábio antes de apertar o enter. Como resultado encontrei fotos de uma mulher baixa, com os cabelos loiros e de altura mediana. – Essa é a mulher por quem tu morre de amores? – falei sozinha. – Ué, achei que eu iria encontrar uma modelo da Victoria's Secret! – murmurei, ainda olhando as fotos. Eu sabia que era bonita, nunca duvidei e sempre usei isso ao meu favor. Sim, modéstia não é a minha praia. Meu telefone tocou tirando-me dos meus pensamentos, olhei no visor e não era um número que eu conhecesse. - Alô? – atendi. - Alice eu preciso que você venha aqui agora! – falou do outro lado. - Henrique? – perguntei, e mesmo tendo falado com ele apenas uma vez reconheci tua voz. – Aqui aonde? - No meu apartamento! - Por quê? – desconfiei. - Temos um jantar com os meus pais! – falou, esse cara só pode tá brincando. - O quê? Por quanto tempo eu dormi? Como isso? Eu não estou pronta pra isso, achei que teria tempo para me programar, ensaiar um pouco. - Alice isso não é a peça teatral do segundo ano escolar. – ele parecia nervoso. – Por favor vem pra cá. - Mas por que você marcou hoje? Cara, você é maluco! - Eu comentei sobre o noivado com o meu irmão Vitor, e ele quer me colocar a prova na frente dos meus pais! - Já não gostei dele! – assim que saiu da minha boca me arrependi do que disse, mas ele riu. E considerei esse sorriso como uma resposta positiva. - Vou mandar meu motorista te buscar! – assenti. O que foi e******o, pois ele não podia me ver. – Envie uma mensagem com o seu endereço e em poucos minutos ele estará lá! - Tá bom! – falei. - Mas Henrique, é muito cedo! Eles vão perceber... - Calma Alice! – disse tranquilo. Aquela voz passiva... – Quando chegar aqui resolvemos, ok? - Tá, né.. – suspirei. – Te vejo daqui a pouco, tchau noivinho! – desliguei sem esperar resposta. Suspirei. Estava com medo, muito medo disso da errado. Mais que p***a ele tinha que falar pro irmão dele? Caramba, não tínhamos nada certo ainda! Balancei a cabeça, digitando meu endereço e mandando para ele com os dedos trêmulos. - Calma Alice.. – respirei fundo tentando me acalmar. Fiz uma lista mental do que fazer para que me concentrasse em algo que fosse não ficar louca. Primeiro: Tinha que achar algo para jantar com os pais de Henrique. Precisava de uma roupa que dissesse “Eu amo seu filho e ele será muito feliz comigo” (só que não). Procurei entre os meus vestidos e decidi por um simples, sem decote, colado no corpo e ia até a metade da coxa com um padrão leve de flores. Elegante e sexy! Olhei no espelho para o que estava usando, um macacão jeans com um cropped por baixo e tênis. Iria servir para passar a tarde. Segundo: Peguei uma bolsa e coloquei tudo o que precisava para me arrumar na casa dele, e algumas roupas a mais para manter uma fachada. O telefone fixo tocou. - Alô? – atendi. - Srta° Monteiro o carro do Sr° Ferraz chegou! - Estou descendo! – respondi apressadamente, e corri para o elevador. Uma limusine preta esperava na frente do prédio. Entrei presumindo que era o carro certo. – Boa tarde! - Boa tarde srta° Monteiro! – respondeu o motorista. O cara usava chapeuzinho e tudo, mas contive o riso. - Qual o seu nome? – perguntei. - Pode me chamar de Smith, Srta°! – respondeu sério, como se fosse obrigado a ser educado. - E você pode me chamar de Alice, Smith! Formalidade só no trabalho, pelo amor. – sorri. Ele permaneceu sério. – Ok então... – olhei a cidade de Nova Iorque através da janela do carro. O sol de verão brilhava deixando tudo mais lindo e nítido, além de um clima gostoso. Eu não posso deixar isso, não mesmo! – Sr° Smith, você poderia me falar sobre o seu patrão? - O sr° Henrique é muito bom! – falou passivamente, eu assenti, querendo que ele continuasse. Mais curiosa que eu, só duas de mim. - O quanto ele é bom? – não me conti e perguntei. - Bom o suficiente para alugar um apartamento para mim e minha família por fora do salário! – os olhos dele brilhavam através do retrovisor. Ele sorriu levemente. - E Angelina? Como ela era? Digo, como era com você? – o sorriso dele desapareceu, aí tem. - Não devo falar sobre isso! – alertou, ainda sério. Não consegui compreender o porquê de tanto mistério. Será que ela devastou tanto assim Henrique? - Ok.. – esfreguei as mãos, elas suavam devido ao nervosismo. – Estamos chegando? - Smith pareceu se divertir com meu desespero, enquanto eu estava a um passo de vomitar no luxuoso banco de couro. Comecei a contar mentalmente quantos livros eu tinha em meu escritório para me distrair, eu estava no 55 quando ele finalmente disse: - Chegamos! – o prédio em que ele morava era lindo, tinha pelo menos 20 andares e as janelas eram cromadas. O motorista abriu minha porta antes que eu pudesse reagir e sair do transe. – Por aqui srta°! – indicou a porta do prédio e me acompanhou no elevador apertando o botão do último andar. Minha garganta estava seca, minhas pernas trêmulas e o suor na testa começava a brotar quando a porta do elevador finalmente se abriu e Henrique me esperava com os braços abertos. - Alice! – me puxou pela cintura, e me abraçou com força. Eu não entendi nada. – p***a, olha pro lado e me abraça de volta! – sussurrou no meu ouvindo, me causando um leve arrepio do dedão do pé até o último fio de cabelo. Fiz o que ele pediu e encontrei o olhar de um homem me devorando. Engoli em seco, essa deve ser o tal irmão dele. - Olá! Você é o Vitor, certo? – Ferraz desfez o abraço ainda deixando uma mão na minha cintura nua por conta do cropped. Uma mão forte, máscula, que estava me desconcentrando pra c*****o. - Sim, sou eu! – pareceu desconfiado. – E você é a nova namorada do meu irmão! - Alice Monteiro! – estendi a mão. – Primeira e única! – ele fez o mesmo, me cumprimentando. - Monteiro? – questionou. - Sim, eu... – olhei para Henrique sem saber se mencionava minha nacionalidade. A família dele tinha poder, seria bastante fácil descobrir sobre o meu visto vencido. - Ela é brasileira! – Henrique respondeu. - Brasileira? – ele perguntou, Henrique e eu fizemos que sim ao mesmo tempo. – Interessante... – refletiu. – Onde vocês se conheceram mesmo? - Por que não entramos e sentamos? – eu disse nervosa. – Ou vamos ficar aqui o dia inteiro? - ele se virou e entrou. Troquei um olhar com Henrique antes de fazermos o mesmo. Quando entramos ele já estava se sentada num lindo sofá de couro em formato de “U” da sala. - Me da isso aqui! – Henrique pegou a minha bolsa e depositou um beijo na minha bochecha sussurrando: – “O mais próximo da verdade”! – assenti discretamente. Contar uma história próxima a realidade seria melhor se houvesse mais realidade para distorcer do que apenas sete horas. Sentamos na frente de Vitor, no outro sofá. As mãos de Henrique ainda pressas ao meu corpo. Ele estava tenso, pois me apertava mais que o necessário. - Então, onde o casalzinho se conheceu? – questionou novamente, me fazendo suspirar fundo. - Nos conhecemos num bar! – respondi somente. - Só isso? – franziu a sobrancelha. - Quer saber quantas vezes transamos também? – Henrique rebateu, e eu arregalei os olhos. Que p***a tá acontecendo aqui? Não falei nada, Vitor então sorriu e continuou. - Vamos lá, irmãozinho, vocês não são apaixonados? – zombou. – Quero detalhes desse amor Shakespeariano! – sorriu com um desdém absurdo. Eu queria apagar aquela feição arrogante dele com um soco digno de lutador de MMA. - Quando vi a Alice quis chamá-la pra sair instantaneamente! – Henrique entrelaçou os dedos nos meus, encarando o irmão de forma firme. Eu não conseguia falar nada, estava a ponto de desmaiar de tanto nervoso. – Tive dúvidas no início, ela me pareceu tão intimidadora quanto linda naquele conjunto branco e Louboutins. – sua voz era tão serena, e ele ainda sorria para mim. – Mas quando ela se aproximou e pediu o mesmo que eu tomei coragem e me apresentei! – olhei para ele admirada. Ele era tão bom que até eu quase acreditei nessa historinha. – Isso é tudo o que precisa saber! – fechou o sorriso ao olhar para o irmão. - E você Alice? – não se intimidou, e perguntou para mim. - O..o que tem eu? – gaguejei. - O que você achou do meu irmãozinho? – ele me olhava de maneira mais opressiva possível. - Não me sinto confortável falando sobre isso! – sorri nervosa. – Gosto de preservar nossa i********e! - Por mim, Lice! – cerei os dentes, tentando manter a calma. Quem foi que deu essa liberdade pra esse babaca me chamar de “Lice”? – Fala, só um pouco sobre vocês! - Achei seu irmão atraente, inteligente, maduro e com cara de bom de cama! – Henrique engasgou ao meu lado e Vitor me lançou um sorriso sacana. É um i****a mesmo. – Vocês dois não poderiam se parecer menos Vitor. – Henrique disfarçou (muito m*l diga-se de passagem) a risada com uma tosse. - Não precisa usar suas garras em mim, Lice gatinha, guarde-as para o jantar! – sorriu e levantou-se. – Às sete no Potiguar, certo irmãozinho? - Certo! – Henrique assentiu. Enquanto eu sentia meu rosto queimar de raiva. - Até a noite casalzinho! – sorriu irônico. – Tenho a sensação que esse jantar será cheio de surpresas..
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