Capítulo Três — Acontecimentos Paranormais

2913 Words
Capítulo Três — Acontecimentos Paranormais Contrariando a racionalidade de meus sentidos, eu recupero o equilíbrio de meu corpo ao me segurar em um poste de luz próximo a mim, dando-me o apoio necessário para com que eu consiga me levantar e me afastar rapidamente da ameaça presente. Os meus passos são trêmulos, a dor em minha cabeça lateja tão fortemente que me causa uma tontura enorme. Christian e Elizabeth apenas me encaram em suas posturas superiores, como se subestimassem que eu pudesse escapar. De repente, os meus olhos brilham em uma esperança ao perceber que o meu vizinho acaba de chegar em casa. Isto faz com que eu me apresse em guiar os meus passos trêmulos em sua direção, forçando a minha voz ao gritar por sua ajuda. Ele, por sua vez, sai de seu carro, encarando-me assustado. Ao guiar o meu olhar para atrás, por um breve momento, eu percebo que Christian e Elizabeth nada fazem para me impedir, apenas me observam com as suas sérias posturas. — Por favor, ajude-me. — Eu peço, sentindo que a minha visão irá se apagar por completo, enturvada ao me fazer ver brevemente duas cópias de sua imagem. O seu cabelo grisalho pela idade madura acompanha o forte vento enquanto os seus braços se cruzam bruscamente ao me direcionar um olhar ríspido. O seu sorriso m*****o é o suficiente para que eu perceba que ele também não está do meu lado, causando-me um extremo susto. Sr. Smith sempre tem sido um bom vizinho, pelo menos era o que aparentava. Eu não me recordo de motivos plausíveis para que ele deseje o meu m*l. Ao perceber o seu passo firme em minha direção enquanto Christian e Elizabeth cercam as minhas costas, eu o empurro e sem muitas opções eu adentro o seu carro, ainda com a chave na ignição, trancando-o imediatamente. Assim que todos eles forçam as maçanetas, intencionando entrar no carro, eu me sinto pressionada a apertar o acelerador. Tão rapidamente, eu já estou em alta estrada. Eu franzo o meu cenho extremamente incomodada com a dor intensa em minhas têmporas, ao sentir uma pressão tão imensa que eu penso que a minha cabeça possa vir a explodir. O meu coração acelera conforme o nervosismo aumenta perante a situação tão desastrosa que repentinamente se faz presente. Isto deveria estar acontecendo? Eu pareço estar em um filme de suspense. Por um momento, eu tento acalmar a minha mente e formular algo que possa me ajudar. Os meus olhos brilham ao me lembrar do meu celular. Como eu não me lembrei deste antes? Eu procuro, meio desconcertada, pelo pequeno aparelho no bolso de minha calça. A sua estrutura tão antiga tem apenas duas utilidades: receber e fazer ligações. A velha tecla do celular tão problemática está, que dificulta as minhas ações. Eu bufo impaciente, quase a afundar a tecla de tanto apertá-la. Enfim, eu consigo discar o número de meu pai, e posteriormente o de Ryan, ambos os números caem na caixa postal. Intenciono então ligar para a polícia e informar o assustador ocorrido, mas estranhamente, o sinal de meu celular deixa de estar estável. Eu murmuro um palavrão, sentindo o aperto em meu coração tão forte que me deixa sufocada. Repentinamente, os meus olhos arregalam com o extremo susto ao perceber um carro esportivo que cola ao meu lado. Com o seu vidro baixo, deparo-me com Elizabeth a dirigi-lo, enquanto um outro carro esportivo surge atrás de mim, fazendo-me supor que seja Christian. O meu coração falta pular para fora da boca, causando-me uma sensação de ânsia pelo nervosismo e pavor em excesso. O meu organismo não está acostumado com esta adrenalina por fugir da morte, quem estaria? Lembro-me que eu devo ter deixado o meu medicamento em casa, impossibilitando-me de ter a sua ajuda nesta hora, deixando tudo ainda mais difícil para mim. Procurando os despistar, eu entro em uma rua deserta, de barro, pegando-os desprevenidos com a minha escolha rápida ao não dar tempo que eles acompanhem o novo caminho. Desta forma, eu consigo beneficiar a minha fuga ao fazer com que eles passem direto na pista anterior. Daqui eu escuto os altos sons das cantadas de pneus sobre o asfalto, dando-me a certeza de que eles já se preparam para voltar a me alcançar. Eu ganho um certo tempo de distância, porém os seus carros esportivos são completamente desvantajosos para mim, uma vez que eu não me encontro com um carro de mesmo motor turbinado. Na intenção de despistar o caminho, eu adentro em uma rua de barro por entre árvores. O local é pouco iluminado, apenas com a bela luz da lua cheia brilhando no céu acinzentado escuro, carregado de nuvens pesadas. A estrada solitária pela qual passo, recebe apenas a iluminação do farol deste carro, fazendo-me reduzir a minha velocidade de uma forma razoável, porém continuando atenta. Respiro fundo aliviada ao observar no retrovisor que os carros não me seguem mais. Rapidamente, assim eu volto a me concentrar nas ligações no celular, as quais frustrantemente eu não estou conseguindo resultados satisfatórios. O meu celular está sem sinal. Engulo ruidosamente em seco, sem saber exatamente o que eu devo fazer nesta situação. Eu não faço a mínima ideia de onde esta rua me levará, mas eu temo voltar e me reencontrar com os meus perseguidores. Como isto pode estar acontecendo? O que eu fiz para ter perseguidores? O que querem comigo? Absolutamente, eu não venho de uma família rica, muito menos que contenha status. Eu não entendo as suas insistências no meu sequestro. E por que o meu vizinho parecia envolvido nisto? Eu não deveria ter o chamado para o jantar de ação de graças que nós tivemos no último outono. Estranhamente, eu observo que repentinamente a paisagem à minha frente gradativamente absorve um clima ainda mais frio. A estrada parece um palco para uma patinação de gelo de tão escorregadia que correm os pneus do carro. Ao lado da estrada, forma-se uma camada de neve mais uniforme, dentro de um conjunto de árvores coníferas. Neve começa a cair. Eu desvio, rapidamente, a minha atenção para o horário indicado no painel do carro, conferindo que são quase oito horas da noite. Eu suspiro nervosa, voltando a minha atenção às estranhezas da estrada. Eu penso em voltar, mas eu temo reencontrar novamente com os que me querem m*l. Então, como eu sairei daqui? E para aonde eu estou indo? Os meus planos sempre me pregam peças. Eu não pretendia estar entrando cada vez mais na densidão desta floresta, mas eu não possuo escolhas. Eu procuro por algum sinal da rádio do carro, mas nem com isto eu consigo resultados satisfatórios. À noite, neste frio de inverno, acompanhado deste silêncio, apenas com o mínimo som do limpador de vidros do carro, as minhas pálpebras ameaçam ceder ao cansaço e dores insistentes em meu corpo. Voltar por esta mesma rua não será uma opção, então eu anseio chegar logo ao fim desta. Com isto, eu aumento um pouco mais a velocidade do carro, mesmo sabendo que esta seria a menos ideal para uma noite de nevasca. A estrada pouco iluminada tem apenas este veículo, por isto eu não vejo a minha velocidade um grande problema, apenas me atento ao deslizamento que o gelo proporciona na pista e algumas pequenas curvas necessárias. Rapidamente, eu desperto de todos os meus confusos pensamentos ao susto que me atinge de uma forma repentina. Em um lugar no meio de florestas sombrias, um homem desconhecido todo a caráter de preto atravessa a rua, causando-me um tremendo susto. Eu diminuo um pouco da velocidade, acreditando que seria tempo o suficiente para que o homem completasse a sua travessia. Porém, ao invés de continuar com os seus passos, estranhamente o homem resolve parar no meio da estrada, virando-se em minha direção e me causando uma confusão ainda maior. Rapidamente, eu buzino para o alertar, porém, o homem não faz nenhum mínimo movimento, continuando apenas parado, com o seu olhar fixo em minha direção. Eu estou tão agoniada que eu estou a delirar? Sacudo a cabeça, piscando rapidamente por várias vezes. Eu não estou delirando, o homem continua parado. Sabendo que eu não conseguirei parar a tempo, em um reflexo rápido, eu viro o carro bruscamente para esquerda, na intenção de desviar do homem. Porém, a minha ação faz com que eu não consiga evitar o deslizamento que atinge os pneus do automóvel ao entrar em contato com uma terra que se desloca. Isto faz com que o meu corpo entre em movimentos agonizantes ao ter o automóvel capotando na imensa ladeira abaixo. Com o desespero tomando o total controle de meus pensamentos, a minha reação é fechar fortemente os meus olhos ao tentar proteger o meu rosto com os meus braços. O meu corpo adquire um grande impulso para frente assim que o carro para com os seus movimentos perigosos. Graças ao cinto de segurança eu não fui arremessada para fora. Porém, eu tenho dificuldade em manter os meus olhos abertos, diante de uma fraqueza ainda maior que me atinge com o ocorrido. A minha cabeça dói insuportavelmente, e o meu corpo tem dificuldades em responder os meus comandos. Eu olho em volta, não contendo o meu desespero. O carro está com a parte da frente levemente inclinada para cima. Nervosa, eu levo o meu olhar à janela ao meu lado, percebendo estar em uma grande e profunda poça de lama. Eu levanto o meu olhar, passando a notar a presença apenas de diversas árvores que me cercam, o que me deixa ainda mais nervosa ao me fazer pensar que eu não sei como conseguirei sair daqui. De imediato, eu levo um susto ao perceber que o carro gradativamente afunda na grande poça. Trêmula, eu forço os meus movimentos para recuperar o controle sobre o meu corpo. Eu tento acelerar sobre as rodas, porém a cada movimento o carro atola ainda mais, o que me faz perceber que eu terei que abandoná-lo. Eu me preparo para ter que sair noite a fora, percebendo que permanecer dentro do automóvel só complica a minha situação. Dificultosamente, eu procuro pelo meu celular, pegando-o trêmula, porém, o nervosismo ainda me consome ao perceber que eu continuo sem sinal. Eu não n**o que o meu emocional está entregue ao profundo desespero. Eu estou no meio do nada, com essa imensa escuridão e frio, cercada de arvores altas, e com o carro atolado em uma profunda poça de lama. Eu deveria estar calma? De repente, eu adquiro um susto quando o carro afunda consideravelmente uma grande parte. Eu não tenho escolha, eu preciso sair daqui ou serei "engolida" pela lama. Com isto, eu tento procurar por uma calma milagrosa nesse momento, uma vez que ficar desesperada não me ajudará em nada. É nítido que antes de qualquer coisa, eu preciso me acalmar para poder pensar em uma solução com coerência. Novamente, eu guio o meu olhar pela janela ao meu lado. Como eu sair nesta escuridão, perdida em uma grande floresta sombria, pode ser a melhor opção? Engulo em seco ao pensar em quantos animais selvagens podem estar lá fora. Eu nem ao menos estou com a roupa adequada para o frio que faz. Sem opções, eu pego novamente o meu celular, lingando seu aplicativo de lanterna ao me preparar para o que eu enfrentarei. Respiro fundo, na intenção de me acalmar, e me solto com dificuldade do cinto de segurança. Enfim, eu tento empurrar a porta do carro ao meu lado, porém parece emperrada pela grande quantidade de lama que silenciosamente engole o carro. Eu procuro abrir a outra porta ao meu lado com dificuldade, mas enfim tendo sucesso ao abrir. Imediatamente, um forte vento frio me atinge, e a lama ao redor gradativamente ameaça invadir o interior do carro. Novamente, eu respiro fundo, na intenção de me preparar para pular. E assim que eu ajeito o celular com a lanterna em minhas mãos, eu pulo rapidamente para fora. De imediato, eu cuspo um pouco da lama que acidentalmente cai em minha boca assim que o meu corpo afunda consideravelmente. A poça é tão profunda que me faz praticamente nadar em uma densidão pesada, com uma grande dificuldade. Eu guio o meu olhar rapidamente para o carro, levando um susto ao ver apenas o capô deste. Apesar do meu nervosismo, eu tento me apressar para conseguir sair da lama. Mas a cada movimento, o meu corpo parece afundar mais, dificultando cada vez mais os meus movimentos, desesperando-me ao ponto de nem ao menos conseguir mexer as minhas pernas. Eu tento me movimentar o máximo que eu posso, mas pareço ser sugada para mais fundo, impossibilitando os meus movimentos. Seria isto uma areia movediça? Se eu estou sendo sugada ao me movimentar, não se trata apenas de lama. O que mais me deixa desesperada é que estou com a areia movediça até os meus ombros, o que seria cientificamente impossível. A areia movediça tem uma densidade equivalente ao dobro da densidade de uma pessoa, tornando possível que a pessoa afunde apenas até a cintura, mas nunca por completo. Então, quem me explica o que está acontecendo aqui? Eu nunca ouvi falar de areias movediças tão profundas a engolir a pessoa por inteiro como esta. Desta forma, estão presentes apenas em filmes e em desenhos animados. Na vida real, eu nunca tinha visto algo igual. Uma tão perigosa por engolir inteiro uma pessoa só pode ser a areia movediça seca, onde existem camadas de areia com vácuo e ao afundar a areia se cai sobre nós, soterrando-nos. Porém, a areia movediça seca é um mito presente em desertos. Ao contrário desta que é bem molhada e pastosa como uma lama. "Não é hora de ciência. Eu preciso achar uma saída.", a minha mente me alerta pavorosa pelo perigo iminente. Fatos desconhecidos e impossíveis já tornam o meu dia para lá de surreal. Entender cada fato seria quase que impossível. Eu apenas quero que este pesadelo acabe. Eu tento novamente me mexer, porém ter os meus movimentos de forma concisa continua sendo algo irrealizável. A minha ansiedade bate na porta de uma forma avassaladora, deixando-me ainda mais desesperada. ― Mantenha a calma. ― De repente, eu me assusto com a repentina voz rouca de caráter masculina. Imediatamente, eu guio o meu olhar em volta assustada, mas ninguém encontro. Porém, a esperança ressurge imediatamente com uma suposta ajuda. ― Tem alguém aí? ― Eu grito esperançosa de que alguém me escute. ― Por favor, ajude-me! ― Mantenha a calma. ― A mesma voz rouca volta a se pronunciar em um tom de tranquilidade. ― Não tem como ter calma em uma situação dessas! ― Eu grito desesperada, agoniada por as suas ideias sem sentido. Por que ele simplesmente não me ajuda? ― Por favor, ajude-me! O meu olhar vasculha, com muita atenção, cada canto das árvores a procura do homem que supostamente fala comigo. Não estaria eu delirando, não é? Eu começo a pensar que o meu desespero está me deixando louca, afinal não há ninguém por aqui. Com o meu coração disparado e os meus pensamentos em total desordem, eu tomo um caminho ainda mais negativo a cada centímetro afundando no conteúdo denso. As esperanças voltam a se esvaziar com o medo percorrendo por todo o meu corpo. ― Por favor, ajude! ― Eu grito o mais alto que eu posso, torcendo desesperadamente para que a voz rouca que eu escutei segundos atrás não seja apenas um delírio da minha mente. Com o meu corpo quase coberto da lama por inteiro, os meus movimentos são completamente privados e a minha respiração dificultada. Eu puxo a maior quantidade de ar que eu consigo antes de sentir o meu corpo afundar por completo. O ardor em meu nariz e a agonia em meu corpo definem o sufocamento que a falta de ar me causa. Basta eu aceitar o fato de que eu vou morrer no meio do nada e ninguém nunca conseguirá achar o meu corpo para um velório ao menos decente. Um formigamento atinge a minha pele, causando um repentino ardor. Eu levo rapidamente a minha mão para o meu braço tentando amenizar o ardor, e só assim eu percebo que a pressão da lama sob o meu corpo não se faz mais presente. Eu não sinto pressão alguma sob mim, como se eu estivesse flutuando no espaço. Assim, também, eu percebo que a minha respiração volta ao seu funcionamento correto de uma forma bem gradativa. Rapidamente, eu retiro os resíduos de lama em meu rosto, e por fim eu posso abrir os meus olhos, porém, logo fechando-os de imediato com um intenso clarão que me atinge tão fortemente a causar uma tontura descomunal. O meu corpo entra em uma espécie de tremedeira, causando uma pontada forte em meu coração no acompanho de batimentos acelerados. A falta de ar volta a me sufocar, deixando-me em uma extrema agonia. Eu me debato, tentando reverter as situações postas sobre mim, mas como mágica, o meu corpo inteiro paralisa. Ao abrir novamente os meus olhos, o clarão novamente me cega, seguido de um desconhecido grito assustador ecoando em meus ouvidos. Eu não resisto ao peso forte de minhas pálpebras, levando-me à escuridão. O que deveria ser apenas mais um dia normal, tornou-se o dia em que meus pesadelos mais temerosos se aprofundaram na intensa escuridão. Quanto mais eu tento resolver os problemas, mais eles se multiplicam e zombam de meus passos e pensamentos desordenados.
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