Capítulo Quatro — Uma Vítima dos Sombras Negras

2628 Words
Capítulo Quatro — Uma Vítima dos Sombras Negras Desconfortavelmente, eu murmuro ao sentir uma dor forte em minha cabeça. Com cautela, eu abro os meus olhos de uma forma lenta, aos poucos obtendo o controle de minhas memórias anteriores. Um certo desespero se apossa com exatidão de meus sentimentos enquanto ao mesmo tempo eu d****o extremamente que as lembranças que aos poucos começam a me atormentar sobre o ocorrido anterior tenham sido apenas um pesadelo, do qual esperançosamente eu acabo de acordar. Porém, para o meu pânico ainda maior, os meus olhos se arregalam em susto ao me deparar com o ambiente completamente desconhecido a minha volta. Torna-se assustador perceber que os acontecimentos anteriores se tratam de algo mais que um simples pesadelo ou uma breve imaginação, trata-se da minha realidade atual. Com uma atenção redobrada, eu guio o meu olhar em análise ao meu redor, torcendo para que eu consiga encontrar alguma similaridade com as minhas lembranças. Mas o ambiente em que eu me encontro realmente possui o seu desconhecido a exalar. Em sua decoração, a parede bege é combinada perfeitamente em detalhes com gesso muito bem esculpido. Enquanto como característica de cada móvel presente, parece ser escolhido a dedo, pela mão de um intenso perfeccionista. De imediato, eu me sento em um sobressalto assustado, notando também os edredons tão macios e confortáveis presentes na cama em que eu me encontro. Não seria novidade eu informar a aceleração descontrolada que os meus batimentos cardíacos adotam diante da possibilidade de perigo iminente. Em uma descrença, eu procuro fechar os meus olhos com força, na intenção de acordar de um possível pesadelo. Mas, o ferimento em minha testa lateja com uma intensidade maior, fazendo com que haja uma comprovação de mais um dos indícios de veracidade para o que ocorre. Em pleno nervosismo, eu volto a abrir os meus olhos, desta vez para analisar a mim mesma. Com rapidez, eu percebo que as minhas vestes não estão sujas de lama como deveriam estar devido ao ocorrido anterior. Mas, antes que eu possa questionar, o meu olhar pousa sobre o acesso de soro conectado ao meu braço através de uma punção venosa. Assustada, eu acompanho o fio de acesso, levando-me a um equipamento estranho posicionado ao meu lado no criado-mudo. Este, contém a sua base reta em que apoia um equipamento em formato de losango que em seu topo há uma esfera de vidro que transparece uma fumaça branca luminosa em seu interior. Com o meu susto ainda mais aflorado, imediatamente eu arranco o acesso de soro que se conecta a mim, fazendo com que toda fumaça branca que preenchia a esfera suma rapidamente. Estranhamente, como imediato, a luminosidade no local falha por três vezes antes de voltar à sua normalidade. De prontidão, eu também reparo a presença de alguns símbolos estranhos e desconhecidos desenhados sob os meus braços. Nervosa, eu tento rapidamente os retirar enquanto eu esfrego a minha mão freneticamente sob a minha pele, mas o meu gesto parece tão inútil ao não obter resultados satisfatórios. Percebendo que o meu organismo parece estar em uma erupção pela situação que tanto me causa desespero. Eu procuro focar em ao menos tentar controlar o meu emocional antes de tudo. Caso contrário, eu desfalecerei antes mesmo de saber o que de fato está a ocorrer. Em minha mente, tudo isto gira em torno de um sequestro. Porém, algo a ser questionado é sobre o ambiente presente que não se encaixa a esta modalidade. O luxo e o conforto presentes neste quarto, o qual me colocaram, não são aspectos típicos de um local em que o sequestrador manteria a sua vítima, pelo menos, não nos sequestros convencionais. Por isto, por um breve momento, eu posso cogitar que talvez esta ocorrência não seja a possibilidade de sequestro, afinal. Apesar disto, eu mantenho a minha atenção e a minha cautela ao me levantar da cama, e em passos rápidos, eu me aproximo de uma das portas brancas que possuem no quarto, ao supor que esta é a responsável pela saída. Assim que eu seguro em sua maçaneta dourada, girando-a com movimentos hesitantes, eu torço esperançosamente para que esta esteja destrancada. E assim que eu obtenho resultados satisfatórios perante a isto, eu consigo aliviar um pouco de minha preocupação, ao imaginar que a livre liberdade de eu poder sair do local, traz características que geralmente não se enquadrariam em um sequestro. Ainda assim, eu opto por manter uma cautela em minhas ações, fazendo com que eu analise o próximo cômodo. Guiando o meu olhar com atenção, eu noto que o longo corredor vazio se assemelha a um típico hotel, tendo como uma das características as suas diversas portas e perfeita organização. Cautelosa, eu me retiro do quarto diante de um estado de incerteza e confusão perante as cogitações de possíveis respostas que possam vir a explicar os acontecimentos. Algo notável é que o local é realmente grande, uma vez que neste andar parece ter mais de mil quartos, imagine então o restante ao total. Ao enfim seguir ao final do longo corredor, eu me deparo diante da presença de alguns elevadores. Sem perder tempo, eu adentro um destes, e logo eu passo a analisar os diversos botões presentes em seu painel. No visor digital, informa que eu me encontro no andar número -7, apesar de eu não conseguir encontrar este número no painel de botões. Este, contém apenas números em positivo. Porém, a presença do andar em número negativo em que eu me encontro, de uma forma estranha, causa a compressão de que o local deve possuir compartimentos no subsolo abaixo. Por um momento, novamente me faz questionar sobre onde exatamente eu estou. Sem perder mais tempo, eu opto pelo botão de número zero, ao prever que este pode corresponder ao térreo. No momento em que as portas se abrem, um novo longo corredor se revela. Porém, este, ao contrário do anterior, há a presença de apenas uma única porta à esquerda, e uma grande escadaria ao final. Imaginando que a saída do local possa estar próxima, eu decido prosseguir, porém, antes realizando uma breve análise sobre a segurança do ambiente. Caminhando em cautela pelo corredor, no momento em que eu passo ao lado da porta de vidro à esquerda, eu consigo notar que o cômodo se trata de um enorme salão de reuniões. Eu prossigo com os meus passos em direção à grande escadaria a minha frente. Cada degrau de madeira é coberto por um longo tapete avermelhado, acompanhando os seus corrimões que a contornam elegantemente em uma tonalidade dourada, como se fossem esculpidos a ouro. — Eu não acho que se trata de uma boa ideia. — De repente, uma desconhecida voz masculina formula o seu descontentamento, chamando a minha atenção para uma conversa que se segue no compartimento inferior. Por um momento, eu tenho sérias dúvidas se eu devo ou não prosseguir com os meus passos. Porém, sem ter opções tão diversas desta, eu desço alguns degraus ao menos para identificar a situação que ocorre. Desta vez, agora tendo a visão de três homens conversando em uma imensa sala. O estilo da sala não é típico de uma recepção de hotel, como eu imaginava estar, porém, tem o luxo de uma mansão. — Será que é apenas a essência dela que chama a atenção de Jeremy? ― Um dos homens, este de cabelos negros, sentado no sofá, questiona. — Tendo boa essência ou não, será um ótimo sacrifício. ― A voz rouca e autoritária, que em resposta se pronuncia, causa-me um calafrio r**m. Em primeiro momento, atento-me para a sua fala prepotente. Sacrifício? Eu temo que eles estejam a falar de mim. Mesmo diante de grande porcentagem para esta possibilidade, eu respiro fundo, optando por tentar manter a calma e afastar as sensações de apreensão que ameaçam me atingir. Em um breve momento, eu guio o meu olhar ao homem de ego superior, intencionando saber se o identifico. Mas, eu não tenho resultado em ver o seu rosto por completo, devido a ele estar de costas para mim. Em suas costas largas e definidas, descoberta pela ausência de uma camisa, gotas de suor escorrem lentamente por sua pele bronzeada marcada pela presença de algumas tatuagens. Ele apenas veste uma calça moletom, enquanto o seu cabelo está levemente molhado, mas há evidências de um loiro escuro. Então, eu passo a analisar aos demais, e de prontidão eu franzo o meu cenho ao reconhecer um dos três homens que estão presentes na imensa sala. Christian, o homem que invadiu a minha casa, está sentado em um dos sofás. Atentamente, eu observo o homem da voz rouca se virar, possibilitando-me para que eu veja o seu rosto. Apesar de eu confessar sobre a sua beleza indescritível, eu não o reconheço. A certeza de um sequestro se faz presente de uma forma aterrorizante. Mas, eu ainda me questiono: o que eles querem comigo? Eu não venho de uma família rica, muito menos possuo algo de valor em meu nome. Eu temo pavorosamente estar sendo alvo dos terríveis sequestros no intuito de retiradas de órgãos para o mercado n***o. A possibilidade de tudo estar girando em torno de minha morte passa dos 90%. Rapidamente, eu vasculho com o olhar a sala, em busca de uma saída. Porém, em uma contínua frustração, eu foco que a única porta de saída está em uma distância relevante, o que me impossibilitaria de conseguir alcançá-la sem que me vejam. Eu não posso confiar em ninguém. Inconscientemente, eu guio o meu olhar à uma grande janela presente no andar de baixo. O céu está carregado de nuvens pesadas em uma noite escura. Repentinamente, um homem alto e forte passa pela imagem transmitida no vidro perfeitamente limpo, carregando consigo um armamento pesado. Por sua postura e vestes, eu arrisco em dizer que possa ser um segurança, policial, ou, criminoso. Isto me deixa ainda mais agoniada, ao imaginar que o local deve estar totalmente escoltado. Fugir de uma forma despercebida será quase como uma missão impossível. Esta situação é mais perigoso do que eu imaginei. — Hoje, eu não estou com paciência. ― O homem da voz rouca pronuncia rispidamente. Ele se vira em direção a uma bancada, e enche um copo com uma bebida quase transparente. — Quem te irritou, amor? — De repente, uma feminina voz aveludada ecoa por os meus ouvidos, chamando a minha atenção. Eu guio o meu olhar, observando a mesma bela mulher que ajudou Christian em meu suposto sequestro. Elizabeth entra na sala, bebericando o líquido avermelhado presente na taça em sua mão. A elegância permanece nela. Veste um longo vestido de malha fina, com o seu vermelho tão intenso quanto a sua beleza. — Eu conheço um jeito ótimo para acabar com todo este estresse. — Elizabeth malicia, sensualmente passando as suas unhas compridas e avermelhadas lentamente pelas costas do homem. Eu descarto todas as possibilidades de que esta situação poderá conter um caráter de engano. A última coisa que eu d****o é manter contato com qualquer um que sejam eles. — Hum... Realmente, é um ótimo jeito. ― Malícia, d****o, luxúria, carregam a voz rouca. Ao guiar um breve olhar a ele, imediatamente, um eletrizante calafrio r**m sobe intensamente por a minha espinha, paralisando os meus movimentos em puro nervosismo. O seu olhar ríspido e nada amigável se foca fixamente a mim. O homem que antes tinha um sorriso malicioso, agora, possui uma expressão séria, sem sinal de nenhuma simpatia. O seu olhar frio e superior é capaz de intimidar, carrega uma negatividade extrema. A sua maldade transborda, alertando do perigo. Os outros presentes na sala acompanham o alvo de seu frio olhar, direcionando as suas atenções para mim. Ser o alvo de tantos olhares perversos causa um temor por as suas futuras reações maldosas. Eu não penso duas vezes antes de correr, voltando a subir apressadamente a escada, na intenção desesperadora de fugir dos predadores ferozes. Vamos ser realistas, eu não teria chances. — Liguem para o Ryan! — A autoritária voz rouca ecoa bravamente pela casa. Mesmo sem compreender a quem exatamente se referem, eu acelero consideravelmente os meus passos pelo longo corredor, apreensiva. Eu adentro ao elevador, sem ter outras opções, porém, assim que eu aperto um botão aleatório, as portas se fecham e me levam ao mesmo andar anterior. Número -7. Eu franzo o meu cenho em confusão. Porém, de imediato, eu tento ir aos outros andares, mas as portas permanecem abertas diante do enorme corredor. Nervosa sob a ideia de que os meus perseguidores tenham pego o outro elevador, e estão a caminho. De imediato, eu tento apressadamente abrir as diversas portas, na esperança de alguma estar aberta para o meu refúgio, mas a cada porta trancada, o meu nervosismo mais me consume. Em um estado de adrenalina, rapidamente eu recordo do quarto em que eu acordei, fazendo com que os meus movimentos se apressem em sua direção, ao imaginar que pelo menos aquela porta estará aberta. Assim que eu adentro o cômodo mencionado, eu fecho a porta rapidamente, porém, ao olhar para a sua fechadura, o choque de nervosismo eletriza o meu organismo. A chave não está presente. Procurar por outro local de fuga não é mais uma opção, uma vez que eu já posso escutar os pesados passos se aproximando. Eu me apresso em tentar arranjar uma solução. De uma forma rápida, eu analiso o ambiente ao meu redor, fazendo-me notar outras duas portas. Eu corro apressadamente até elas, mas ambas estão trancadas. Encontro-me em uma total ameaça pelo futuro incerto e temido. Em meio de sentimentos frustrados e desesperadores, sem obter outras opções, eu pego o abajur de porcelanato fino acima da cômoda, tendo a inútil ideia de me defender com o objeto nada ameaçador. O mínimo tempo que eu levo ao pegá-lo é o suficiente para com que eu me assuste com o repentino brusco abrir da porta. Eu me viro rapidamente em sua direção. Um homem alto e forte, desconhecido por mim, entra cauteloso no quarto, carregando consigo uma expressão séria. Não diferente dos demais, as suas vestes são completamente pretas, dando-me a impressão de que ele parece gostar desta cor. ― Espírito puro. ― Ele sussurra em uma nítida satisfação. Eu não compreendo o significado de sua fala, mas a sua expressão denuncia que algo muito r**m está à minha espera. Eu engulo ruidosamente em seco, sabendo que ele possa ser um "Sombra n***a", os quais são a personificação da palavra c***l. Deixam as suas vítimas nas piores torturas, com o costume de retirar os seus órgãos com a pessoa ainda viva enquanto riem de seu sofrimento. A minha mente grita pensamentos amedrontados diante dos fatos concretos. Os meus movimentos ameaçam se limitar com o fluir de meu nervosismo. E as minhas crises emocionais só pioram tudo. Um sorriso debochado brota em seus lábios ao focar a sua atenção no abajur, que inutilmente eu coloco à frente de meu corpo como a única forma que eu tenho para o ameaçar. Ele parece se divertir, observando atentamente o meu aparente nervosismo como se fosse um show de comédia. Eu mantenho uma postura ríspida, na intenção de transparecer coragem e inibir o meu nervosismo, porém, a tentativa é inútil diante da tremedeira em minha mão a estar denunciando os meus verdadeiros sentimentos. ― Eu sei quem você é. ― Eu sussurro, fazendo-o sorrir satisfeito com a minha fala. ― É um Sombra n***a. ― Então, provavelmente, você sabe que a sua vida não durará muito. ― A sua ameaça é fria, confirmando os meus temores, enquanto o seu olhar feroz fixado sob mim está em uma ameaça clara contra a minha vida. O meu temor se tornou real. Eu me tornei a próxima vítima dos Sombras Negras.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD