Capítulo Cinco — Prisioneira para um Sacrifício?

2701 Words
Capítulo Cinco — Prisioneira para um Sacrifício? Em pequenos, e quase despercebidos, passos, o homem realiza a sua perigosa aproximação, o que me deixa à beira de um colapso nervoso. — Não se aproxime de mim! ― Eu tento soar firme como uma ordem, mas ele ignora, continuando a se aproximar. — Deixe de ser egoísta. ― A sua fala acompanha um sorriso malicioso. ― Divida a essência de seu espírito comigo. As suas palavras geram confusões. Porém, nervosa, eu intensifico as minhas súplicas a Deus, clamando por alguma ajuda. De repente, quase no mesmo instante, eu me assusto com uma falha na luminosidade do quarto. A lâmpada tem picos de energia, fazendo a sua luminosidade ir e voltar em questão de segundos seguidos, como uma falha elétrica repentina. ― Interessante... ― O homem analisa a lâmpada com fascinação. ― A sua fé é forte, mas não irá te ajudar. Pare agora mesmo. Eu franzo o meu cenho em confusão. Como eu poderia estar causando uma falha na luminosidade? Ou ele tem transtornos mentais, ou, é um jumento de pedra. Certamente, eu temo a possibilidade de se tratar de uma loucura ao estilo psicopático. Sem perder tempo, eu o golpeio com o abajur, mas em um movimento rápido, ele segura a minha mão com uma força extremamente grande, impossibilitando a conclusão de meu ato. Eu arfo de dor, fazendo-me de malgrado soltar o objeto, que consequentemente veio a se espatifar ao chão. Soco-o diversas vezes, mas é inútil. As veias de seus braços faltam pular de tão evidentes, enquanto a sua força é muito resistente. Porém, eu não desisto. E em um de meus golpes, as minhas unhas não tão grandes, mas com o comprimento suficiente, atingem o seu rosto em minha defesa. Ele, de imediato, larga a minha mão ao tocar rapidamente a ferida em seu rosto formada por meu arranhão, direcionando-me um olhar furioso. Rapidamente, em uma esperança de fuga, eu corro apressada para a porta entre aberta do quarto, mas eu sou impedida ao sentir dolorosamente um brusco puxão em meu cabelo, arremessando-me com brutalidade na grande cama presente. Rapidamente, eu recomponho a minha coragem, por segundos guiando a minha atenção ao homem, a quem fecha cauteloso a porta. As sua intenções evidenciam conter o pior. Levanto-me de imediato, novamente mantendo certa distância enquanto eu procuro rapidamente por algo para me defender. — Ninguém vai perceber se eu me alimentar um pouco. — Ele se vira a mim ao dizer. — O seu medo é uma porta aberta. O brilho do objeto metálico que ele retira de seu bolso me causa apreensão. O seu r******r prateado deixa tudo mais perigoso. Apesar de eu não querer demonstrar, o meu coração, por uns instantes, aparenta ter cessado as batidas. Os meus pensamentos, pela primeira vez, organizam-se em um único resultado: A minha morte está próxima. O homem direciona um olhar doentio ao analisar as minhas expressões, tendo um resultado satisfatório diante das minhas reações amedrontadas. Eu temo o seu próximo ato ao observar um sorriso malicioso crescer em seus lábios ressecados. A realidade é algo perigosa, pega-te desprevenido. Saber controlar os sentimentos e manter a razão da coerência é uma tarefa árdua. Calma é algo quase impossível de se obter em um momento como este. O homem lentamente indica um sinal de silêncio sob os seus lábios, desenhados em um sorriso doentio. A sua negatividade traz sentimentos extremamente pesados. — Afaste-se de mim! ― Eu firmo a minha voz em uma ordem novamente considerada inútil aos seus ouvidos. Eu tento golpeá-lo, porém, os meus movimentos são cessados por a sua mão forte, antes mesmo de obter centímetros de distância de seu rosto. Os seus olhos me encaram com curiosidade. Em seu sorriso m*****o, eu sei que é o meu fim. De repente, um forte barulho me assusta. Próximo a mim, um vaso de flores roxas, presente na cômoda, espatifa-se sem motivos aparentes. Em sequência, a luminosidade volta a falhar. — Isto que você está fazendo é inútil, não me impedirá de encostar na tua escolhida. ― Desta vez, a sua fala parece direcionada para outra pessoa, mesmo que não tenha ninguém além de nós presentes atualmente no cômodo. O áspero toque de sua mão rapidamente pousa sob o meu rosto, causando-me, de imediato, uma recusa ao seu ato. Mas a sua resistência permanece a sua mão. A sua força não é comum, isto não faz sentido. Um baixo sussurro incompreensível é pronunciado por ele, ditando frases em uma linguagem desconhecida, a qual eu arrisco em dizer parecer com o latim antigo. Como uma estranha reação às suas palavras, a minha visão turva e as minhas pálpebras pesam. O meu corpo paralisa enquanto estranhamente uma pequena bola de fumaça branca sai de minha boca. A luminosidade do quarto se apaga por completo. A única luz emana da esbranquiçada bola de fumaça que flutua como uma nuvem diante de meus olhos. O seu brilho é intenso e hipnotizador, fazendo com que eu tenha dificuldade para discernir a realidade da ilusão. Só pode haver uma explicação, a minha crise de ansiedade me deixou definitivamente louca, eu estou alucinando. Uma dor forte em meu peito me atinge quando o homem à minha frente suga levemente a fumaça para a sua boca. A cada fino fio que é sugado, mais a intensa dor me ataca, causando-o uma expressão de satisfação. Mágica ou não, parece algo verdadeiro, inclusive as sensações negativas que isto está a me causar. Eu estou louca, estou louca, estou louca... — O que você está fazendo, Robert? Ao ouvir repentinamente a máscula voz rouca transbordando de autoridade e raiva, com tanta intensidade a bola de fumaça volta completamente a mim, gerando-me uma dor intensa que me faz fechar fortemente os meus olhos. Tão rapidamente, eu volto a abri-los, seguida de uma sequência descontrolada de tosse. Estranhamente, a luminosidade do quarto está em uma normalidade como se nunca tivesse falhado. Os fatos aconteceram tão rápidos que me geram descrença. O ocorrido anterior é ilusão até para a minha imaginação, quem dirá para a minha razão. Sem expressões, o meu olhar se foca no homem, denominado Robert, sendo arremessado de uma forma brusca ao chão. Ele, antes com postura superior, agora se encontra nervoso e temeroso ao encarar assustado ao homem da voz rouca, a quem o direciona a mira ameaçadora de um reluzente r******r dourado. — Eu posso explicar, Nicholas! ― Robert está temeroso, como se soubesse exatamente até que ponto a loucura do outro seria capaz de chegar caso algo o desagrade. A sua expressão quase o faz um fantasma, tão pálido e assustado. — Como és incompetente! — Tão agressivamente, o homem da voz rouca, denominado Nicholas, profere raivosamente. — Eu apenas ordenei que você garantisse que ela permanecesse no quarto. Não que tirasse proveito disto! — Mas ela ofereceu a essência de sua alma. — Ele rebate, deixando-me perplexa por a sua mentira, apesar de eu não compreender de fato a sua menção à minha alma. Robert é brutalmente interrompido em suas falsas alegações ao receber um soco, fazendo o seu rosto girar com a intensidade da força. Nicholas aparenta ser a frieza e a arrogância em pessoa, pois tão friamente aperta o gatilho dando origem ao estrondoso e assustador barulho da bala que atinge bem o meio da testa de Robert. O corpo do homem já não possui nenhum sinal de vida, estirado ao chão. Inevitável é o grito assustado que sai por a minha garganta, arrastado de pavor pela cena presenciada. Eu estou em um estado de choque, eu não consigo discernir a realidade. São muitos acontecimentos traumáticos para um só dia. Christian rapidamente chega à porta, acompanhado de outro homem, tão rapidamente vieram como dois raios rasgando o céu em uma tempestade. Estão sem expressões ao encarar a horrorosa cena a sua frente. — O que aconteceu? ― Christian pergunta, perplexo, direcionando o seu olhar ao corpo sem vida no chão. — Nada. ― Nicholas diz indiferente, guardando o seu r******r com uma naturalidade tão grande que dá a compreensão de que esta não foi a primeira vez que ele cometeu esse pavoroso ato contra a vida de alguém. — Você ficou louco? ― Christian se indigna, olhando-o descrente com a sua indiferença. — Você matou um centurião! Você sabe as consequências que isto trará para todos nós! Nicholas os direciona um olhar ameaçador. Os questionamentos pronunciados são como verdadeiras críticas desafiadoras para o seu ego. — Todos nós sabemos das regras! ― O seu rosnado é o suficiente para que Christian se cale. — Robert se envolveu com a vítima que eu estou responsável, logo, ele me deu motivos para matá-lo. Agora, tirem esta bagunça daqui! Após ordenar, em passos firmes, ele se retira do quarto. Sem demoras, Christian arrasta o homem morto para fora, deixando um rastro de sangue no chão. Assustada, eu observo atenta que o outro homem se aproxima de mim. A sua expressão é amigável, porém, não gera a minha confiança. — Você está bem? ― A sua pergunta parece ter alguma comoção, porém, ignoro-o. — Meu nome é Charlie Sommers. Ele se aproxima, porém, respeita o meu espaço ao manter uma certa distância. Ele retira a mecha de seu cabelo preto que pende sob o seu olho direito, revelando uma íris esverdeada. — Eu não posso te garantir que tudo ficará bem, mas eu providenciarei o que precisar. ― Charlie diz. ― Nicholas tem uma personalidade difícil. Ele é o centurião responsável por você. Apesar disto, ele também segue ordens daquele a quem providenciou o seu sequestro e sacrifício. — O que querem dizer com sacrifício? — Questiono, porém, ele suspira demonstrando que se trata de um assunto p******o. — Eu não tenho permissão para contar sobre isto. Hesitante, ele se afasta, pousando um olhar carregado de pena sob mim por um breve momento, e logo se retira do quarto. Sem ter a compreensão dos fatos confusos que aqui ocorreram, causam um temor ainda maior pelo pior que possa estar por vir. Eu nem ao menos possuo o meu medicamento para saber diferenciar a realidade das alucinações. Eu engulo ruidosamente em seco ao olhar a avermelhada poça de sangue no chão, que gradativamente ganha uma tonalidade mais escura. Os meus ouvidos ainda parecem escutar o zumbido restante do estrondoso tiro, alertando-me do perigo deste lugar. — Desgraçado, o que fez com ela? De repente, uma conhecida voz masculina se faz presente em um grito indignado. Eu franzo o meu cenho em confusão, no exato momento em que eu posso jurar se tratar da voz de meu melhor amigo, Ryan. — Para de gritar! ― A voz de Nicholas também se exalta. ― Ela está no seu quarto! A pronuncia do verbo possessivo se destaca. Desperto de meus pensamentos, assim que a porta do quarto é aberta. A minha surpresa é inevitável ao ver exatamente Ryan Mckenna, meu melhor amigo, encarar-me com a sua expressão que eu conheço muito bem: Fiz besteira e não sei como explicar, muito menos como concertar. No mesmo momento, eu respiro fundo, tentando acreditar que esta situação não passe de um pesadelo. A sua expressão denuncia a verdade que eu me recuso a acreditar. — Ryan. ― Eu forço a minha voz, acompanhada de uma profunda respiração na falha tentativa de manter a calma. — O que está acontecendo? — Eu deveria ter me afastado enquanto ainda era tempo. — Ele engole ruidosamente em seco, como se falasse consigo mesmo. — Eu deveria ter te protegido. Repentinamente, ele desconta a sua frustração, arremessando um soco no espelho pendurado na parede branca. Os cacos de vidro voam sob os seus pés. Ryan se apoia fortemente à moldura do espelho como se a qualquer momento pudesse o arrancar da parede em um só movimento. Os seus olhos estão fortemente fechados e a sua expressão carregada de frustração. As suas reações me causam a certeza de que ele fez algo errado. ― O que você fez, Ryan? ― Eu volto a questionar, apesar de eu estar receosa sobre o motivo. Em resposta, eu obtenho um longo suspiro ao focar o seu olhar novamente a mim. A sua postura raivosa dá espaço apenas para a frustração. ― Eu não podia deixar Wachowski te descobrir. ― Ele sussurra. ― Mas eu fracassei em minha missão. Por um momento, eu não n**o que eu o encaro com uma confusão ainda maior perante o sobrenome pronunciado, ao me recordar da lenda antiga que ronda a nossa pequena cidade. Wachowski, o ser das trevas que vive nas montanhas. — Refiro-me a Jeremy. — Ryan reformula a sua fala ao perceber a minha confusão. — Jeremy Wachowski, trata-se daquele a quem providenciou o seu sequestro. Ryan balança a cabeça negativamente e suspira pesado ao tentar organizar os seus pensamentos. Por um momento, de repente, o seu olhar se guia aos desenhos de símbolos em meus braços, causando-o um engolir ruidosamente em seco como se ele soubesse o exato significado destes. Ele retira do bolso de sua calça uma pequena chave prateada, destrancando uma das portas anteriormente trancadas. Evidentemente, Ryan é o dono do quarto. Então, este possa ser o seu segredo, o qual é o motivo de sua preocupação tão repentina nos últimos dias. Ele sabia que eu poderia ser alvo do sequestro. — Eu te explicarei tudo o que está conhecendo, porém, antes tire esses símbolos de seus braços, enfraquecem-te. ― Ryan diz ao abrir uma das portas, revelando um banheiro. — Eu só quero ir para casa! ― Eu digo óbvia, não compreendendo a sua ideia. ― Eu não quero ficar nem mais um segundo neste lugar! — Infelizmente, nós não podemos ir para casa agora. ― Ele contrária, fazendo com que eu estreite os meus olhos diante de sua fala. ― Mas não se preocupe, eu vou resolver a situação. — Ryan, o que está acontecendo? — Nervosa, eu acabo por me exaltar. — Eu não sei quem Nicholas é, muito menos o que pretende comigo, mas evidentemente ele não está para brincadeiras. Mostrou ser capaz de tudo para satisfazer as suas insanas vontades, e não mede esforços para destruir a pessoa que o causar desgosto. Eu não vou ficar aqui! ― Eu não quero te ver apavorada, acalme-se. — Ele tenta contornar a situação. — Não é nada sério, eu tenho controle sobre a situação. ― Nada sério?! ― Indigno-me. ― Eu vi um homem ser morto diante de meus olhos. Como essa situação pode não ser séria? ― Eu não queria que você tivesse presenciado isto, sinto muito por não conseguir evitar. ― Ele lamenta. ― Mas eu vou resolver essa situação, não se preocupe, logo você estará em casa, sã e salva. Não deixarei com que ninguém toque em você. Por favor, só faça o que eu te pedir. Eu prometo que eu te darei todas as respostas que você queira saber. Mas primeiro, acalme-se. A sua fala parece mais uma súplica. Eu suspiro frustrada, rendendo-me a contragosto ao seu pedido. Entrar em histeria realmente não me ajudará em nada neste momento. Eu destino para Ryan, o meu olhar com diversos pontos de interrogação. Eu estou completamente confusa com toda esta situação, mas também desconfiada de minhas descobertas. Recuso-me a acreditar que Ryan seria capaz de fazer parte disto. — Você tem muita coisa para me explicar! — Eu digo firmemente. — Eu vou, mas primeiro se acalme, por favor. ― Ryan pede novamente. ― Eu vou resolver a situação, antes apenas se livre dos símbolos. Por segundos, o seu olhar reconfortante fixa em mim, antes de sair quarto à fora. Em extrema confusão, eu tento compreender os fatos. Mas eu me recuso a acreditar que Ryan tenha envolvimento com pessoas tão ruins do tipo. Eu resolvo, frustrada, atender ao seu pedido, ao julgar que os símbolos em meus braços realmente estão a me causar apreensão. Hesitante, eu adentro ao banheiro, optando por lavar os meus braços na pia. Porém, de uma forma estranha, não importa o quanto eu esfregue os símbolos, estes não saem. Parecem tatuagens sob a minha pele. Eu estou aos nervos, perdida em pensamentos desordenados, sentimentos temerosos e soluções inexistentes. O meu pesadelo está apenas começando...
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