Lucas gemeu enquanto se mexia. Sentando-se, ele esfregou a testa, afastando uma dor de cabeça. Ele olhou para baixo, um tanto surpreso por estar nu, embora não fosse a primeira vez que ele dormia sem roupa. Mais surpreendente era a roupa de cama bege. Na verdade, o quarto inteiro era bege e certamente não era o seu quarto no apartamento.
Olhando ao redor, ele viu que a outra metade da cama estava vazia, mas havia evidências de que alguém estava lá. Ele se levantou, cambaleando, e foi para o banheiro, precisando de um banho para organizar seus pensamentos confusos. Ele se lembrou de ter ido ao Mixer com Lidia e Madeline, mas depois disso sua memória ficou nebulosa e fragmentada. Quanta bebida alcoólica ele consumiu para ficar completamente bêbado?
Saindo do banheiro, ele entrou cautelosamente no closet. Apenas metade dele estava em uso, preenchida com roupas sensatas de mulher. Finalmente, ele percebeu onde estava: a Vila. Isso significava...
Lucas saiu do closet para encarar a cama. Lentamente, ele foi juntando as peças do quebra-cabeça. Claramente, Alan percebeu o quanto ele bebeu e o mandou para casa, mas deve ter havido uma falha na comunicação. O motorista não o levou para seu apartamento, mas para a vila. Uma cópia das chaves da vila estava em seu chaveiro, então ele tinha acesso, embora nunca tenha ido lá. Na verdade, a última e única vez que ele pisou lá foi na noite de casamento antes de deixar sua esposa sozinha. Isso explicava por que ele não tinha roupas ali e por que não reconhecia o quarto em si. Mas onde estava sua tediosa esposa?
Lucas franziu a testa ao observar a pilha de roupas no chão. Cautelosamente, ele se agachou, juntou tudo e jogou na cama. Ele separou suas próprias roupas, mas claramente havia roupas de mulher misturadas. Ele sentiu sua raiva ferver.
Ela realmente se aproveitou dele enquanto ele estava claramente incapacitado? Ela não tinha vergonha? Ele não aceitaria isso. Ele encontrou seu celular e discou o número de Alan.
O assistente aflito atendeu no primeiro toque, "Estou no apartamento. Onde você está, cara?"
"Onde você acha? Por que diabos estou na vila?"
"A vila? Droga. O motorista era novo. Eu disse a ele para te levar para casa e ele deve ter entendido errado."
"Traga-me algumas roupas e venha me buscar. Agora."
"Estou a caminho."
Lucas desligou e se dirigiu para a porta, declarando em voz alta: "Se você acha que isso é engraçado, eu não estou rindo!"
Envolto apenas em uma toalha, ele chegou à cozinha, mas a encontrou vazia. Virando-se, ele voltou pelo corredor, verificando o escritório e os quartos de hóspedes, encontrando cada um em silêncio e intocado.
"Não estou brincando de esconde-esconde com você!" Lucas chamou. "Saia daí e se explique. Sarah!"
O silêncio voltou depois que sua voz se dissipou. Onde ela estava? Não deveria estar doente? Ou foi uma piada que ela inventou para fazê-lo passar vergonha no Mixer na frente de Julius DaLair?
Uma batida na porta da frente interrompeu sua contemplação silenciosa. Indo até a porta, ele resmungou enquanto destrancava e abria para ver Alan com uma bolsa na mão. Alan piscou, olhando-o de cima a baixo.
"Não sei se esse é o bairro onde você quer atender a porta nu."
Pegando a bolsa, Lucas recuou para o quarto para trocar de roupa. Alan assobiou, divertido com o perrengue de seu amigo. Fechando a porta, Alan olhou ao redor do interior. Estava... silencioso... muito silencioso. Apesar de Sarah ter vivido ali por três anos, a vila não parecia habitada de forma alguma. Não havia fotos, nem fotos de família, nem bibelôs. Nada havia sido feito para personalizar o espaço.
Era como uma casa de demonstração montada para compradores em potencial verem como alguém poderia usar o espaço. Alan franziu a testa. Simplesmente não era natural. As mulheres não colecionavam coisas?
"Então... onde ela está?" Alan perguntou quando Lucas surgiu vestido com seu terno.
"Diabos se eu sei. Se ela for esperta, vai ficar longe de mim depois de ontem à noite."
"Por quê? O que aconteceu?"
"Não me lembro."
"Isso não é surpreendente. Você estava muito bêbado."
"Bem, acordei nu, na cama, sozinho."
"... Então você acha que você e a Sarah talvez..."
"Não tenho certeza, mas se aconteceu eu não estava em meu juízo. Nunca teria tocado nela se estivesse pensando direito."
"Olha, ela é sua esposa. A maioria das pessoas faz sexo com suas esposas. Não é grande coisa."
"Não é esse o ponto. Ela se aproveitou de mim. Se eu acabar tendo um filho com ela, nunca vou conseguir convencer minha avó a me deixar divorciá-la."
"Ok, acalme-se. As chances de ela engravidar depois de uma noite de - você sabe - são uma em um milhão." Disse Alan. "Então é altamente improvável. Além disso, seria realmente tão terrível?"
"Você já a viu? Ela é doente e pálida. Ela nunca poderia criar um bebê."
Alan franziu a testa. No último ano, ele certamente notou a aparência pálida e aparentemente frágil de Sarah, mas três anos atrás ele se lembrou dela sendo bastante animada e extrovertida. Por tudo o que podia perceber, foi a negligência de Lucas que a levou a uma situação tão difícil, embora ele hesitasse em dizer isso em voz alta.
"Então, o que você quer que eu faça?"
"Ligue para ela e certifique-se de que ela faça um teste. Se ela acabar ficando grávida, livre-se disso."
"Lucas, isso é... sério?"
"Não quero ter nada me ligando a essa mulher." Declarou Lucas. "Agora, vamos trabalhar."
Alan hesitou, olhando em volta a vila uma última vez antes de sair atrás de Lucas. A viagem até o escritório foi constrangedora e silenciosa. Ele não estava ansioso pela conversa que teria com Sarah e esperava que ela ficasse fora de vista até que Lucas se acalmasse.