Capítulo 5

2010 Words
Só havia um lugar onde ele poderia afogar as mágoas e a raiva pelas p************s da esposa: o boteco! Luiz Miguel sentou-se solitário no bar, tendo que engolir o próprio desgosto. Havia um cantor no local, aquela letra romântica de um amor m*l sucedido parecia trazer mais forte as lembranças de Emília em sua mente. Enquanto bebia vários goles, Luiz Miguel tentava afogar suas mágoas e esquecer o episódio frustrante daquela frase maldita que ela fazia questão de deixar bem clara: — É apenas um contrato! Claro que não... Um papel assinado não beija daquele jeito gostoso! — resmungou sozinho. Porém, a cada gole, o sabor amargo daquela bebida se misturava ao desgosto daquele dia frustrante. Pensando nela, Luíz resolveu telefonar para ela e como já estava bêbado mesmo e uma humilhação a mais naquele dia não faria diferença. A ligação chamou uma, duas, até que na terceira vez finalmente ela atendeu. — O que você quer? — perguntou ela, com voz sonolenta. — Quero que você veja o que faz comigo... — Como eu vou ver se estamos em uma ligação comum? E pela voz você está bêbado! Vá para casa ou acabará dormindo aí sentado. — Venha me buscar então! — pediu ele. Ela ficou furiosa, estava muito tarde, mas pela voz ele realmente não estava em condições de voltar para casa sozinho. Luíz conseguiu mandar sua localização, ela chamou um Uber e seguiu para lá, mesmo morrendo de raiva pela situação... Emília vestiu-se rapidamente, pegou a bolsa e seguiu para lá. Assim que a viu, Luíz Miguel sorriu espontaneamente e começou a querer se declarar envergonhando-a na frente de todos. — Essa linda morena é mulher da minha vida! — disse ele. — Não deem ouvidos ao que ele diz. Com ajuda de um dos garçons ele foi colocado no carro e seguiram até o apartamento dela. Emília fez de tudo para convencê-lo a ir para sua casa, mas ele insistiu que queria passar a noite no apartamento dela a qualquer custo. — Está se aproveitando da situação. — disse Emília, retirando os sapatos dele. Logo após, percebeu que ainda não havia pago o Uber, voltou para a sala de estar e pagou ao motorista que esperava pacientemente. — Perdoe-me moço, essa situação não costuma acontecer com frequência. — Eu entendo! Obrigado. — disse ele, saindo em seguida. Emília regressou para o quarto, olhou para Luíz dormindo como um verdadeiro anjo em quietude. Retirou delicadamente os sapatos dele e acomodou-se ao lado adormecendo em seguida. Horas mais tarde, enquanto o despertador tocava, Emília abriu os olhos e percebeu que Luiz Miguel ainda estava profundamente adormecido. Com cuidado, levantou-se da cama para não perturbá-lo e seguiu em direção à cozinha para preparar o café da manhã. Enquanto ela pegava os ingredientes na geladeira, pode ouvir o chuveiro sendo ligado no banheiro. Sabia que em breve ele se juntaria a ela na cozinha e até ensaiou algumas poses sensuais para recebe-lo como nos filmes adultos. Enquanto esperava, começou a organizar a mesa, colocando os pratos, xícaras e talheres. O aroma do café fresco já invadia o ambiente, enchendo Emília de uma sensação boa e ainda mais por ele estar naquela casa novamente. Apesar da raiva que ainda sentia pela forma como ele se referiu ao casamento deles na empresa para o amigo, parte da jovem parecia querer tê-lo sempre por perto. Logo, ouvira o barulho do chuveiro sendo desligado e alguns minutos depois, ele surgiu na cozinha, vestido no robe cor-de-rosa dela e isso a fez sorrir. Seus cabelos ainda úmidos davam um ar mais sensual ao seu visual. Um sorriso sonolento se formou no rosto de Luíz, mas Emília sabia que a dor de cabeça pela ressaca da bebida deveria estar enorme. — Bom dia! — disse ele, com a voz rouca de quem acabara de acordar e ela estava com receio de se atrasar para o trabalho. — Bom dia, Luíz. Você se sente melhor? — questionou, enquanto servia uma xícara de café quente para ele. Emília preparou algumas torradas e frutas frescas também. Acreditava que uma alimentação reforçada naquela manhã melhoraria o dia de ambos. Ele se aproximou e a abraçou por trás, deixando um beijo suave em seu pescoço. Ela se sentiu aquecida por dentro, como se todo aquele receio do atraso para o trabalho novo ou do que havia acontecido no dia anterior, tivesse desaparecido em um instante. — Agradeço por cuidar de mim e me trazer para cá! — sussurrou ele, apreciando o aroma do café e de sua pele. — Acho que precisamos nos apressar com esse café da manhã, não posso me atrasar. — Emília ia se afastar, mas ele a puxou novamente para perto e acariciou seu rosto. — Eu sou o presidente da empresa, esqueceu gata? Te dou o dia de folga! Os dois se beijaram, quase começaram a fazer amor encostados no balcão da cozinha, mas a campainha tocou e Emília teve que atender. — Com licença! — avisou ela. Ela seguiu até a entrada, Luíz Miguel tomava um gole do café e vinha caminhando ao seu lado até a entrada do apartamento e Emília abriu a porta. Era Bernardo e a jovem não podia acreditar que ele havia se atrevido a ir até lá depois de tudo o que aconteceu. — Então esse é o tal marido que você arranjou para me fazer ciúme? — perguntou ele, olhando para Luíz e depois para Emília. Mesmo que Bernardo parecesse irônico era notável que estava com ódio da situação e se sentia traído. — Sim, ele é meu marido, mas acho que sua visita aqui tem outro propósito. — questionou ela. — Vim buscar umas coisas... — Calmamente Emília indicou para que ele entrasse e pegasse todas as peças de roupa que pudesse ter esquecido em sua casa. “Bernardo entrou e encheu umas sacolas com pertences, antes de sair ele precisava agir como um idiota... Ou não seria ele mesmo.” Pensou Emília. — Cuidado com essa garota, ela só tem a cara de boba, mas logo colocará outro no seu lugar! — Vá embora de uma vez, te ver me causa náuseas... — disse Emília, pegando o porta-retrato com a última foto dos dois e colocando na mão do ex. Bateu a porta com todas as forças, Luíz parecia apenas assistir ao espetáculo sem esboçar qualquer reação. — Você ainda gosta dele? — A pergunta do marido a surpreendeu de tal forma que temeu não ter uma resposta. — Sinto ódio profundo pelo que ele me fez, uma traição é sempre humilhante. — Eu perguntei se você ainda o ama... — insistiu Luíz. — Não! É impossível seguir amando alguém que destruiu a admiração que eu tinha! Luiz Miguel considerou tirar o dia de folga e aproveitar a companhia de Emília, mas havia assumido a pouco tempo o cargo de presidente da empresa e não devia faltar sem uma boa razão. Enquanto Luiz Miguel estava ocupado trabalhando com as responsabilidades de presidente da empresa, Emília recebeu o telefonema de sua nova sogra pedindo que ela fosse em sua casa para uma conversa. Ela ficou assustada, mas não poderia recusar e parecer rude. — Olá querida, eu gostaria que você viesse e conversássemos um pouco. É possível? — questionou. — Claro, claro que eu irei! Assim que eu sair do trabalho... — Te esperaremos então! Embora tenha ficado muito ansiosa e nervosa com a ligação, ela decidiu pedir para sair mais cedo do trabalho e visitar a família do marido, mas não contou nada para Luíz por enquanto. Ao chegar á mansão Eva esperava pela nora, nervosa Emília se aproximou dela e havia uma mesa servida as esperando com muitas delícias. — Me perdoe por convocar sua presença assim tão repentinamente, mas acho que precisamos nos conhecer melhor e ajustar algumas coisas! — Sim, eu concordo. — respondeu Emília gaguejando. — Até quando você e meu filho pretendiam nos enganar? Emília ficou apavorada, não sabia o que responder diante daquela pergunta certeira. — Seu filho e eu nos conhecemos pouco, talvez isso responda um pouco sobre nosso jeito confuso de amar. — Luíz Miguel é completamente irresponsável, se meu pai descobrir que ele se casou apenas pelo cargo de presidente... — Eva ficou visivelmente decepcionada. — Mas já que decidiram levar as coisas dessa forma, precisa se tornar uma boa esposa e manter as aparências desse casamento, você e ele virão morar nessa casa em breve e continuar fingindo! — Morar aqui? — Emília olhou ao seu redor, viver em uma mansão daquele porte nunca esteve em seus sonhos mais absurdos. — Sim, por isso eu tinha que saber a verdade de uma vez! — Luíz não me disse nada sobre isso, morar aqui nessa casa é um grande absurdo senhora. As duas foram surpreendidas pela chegada de Jorge, o avô de Luíz a cumprimentou e reiterou a ansiedade para que eles fossem morar lá. — O quarto que mandei preparar para os dois está ficando muito bonito, já mostrou para ela Eva? — perguntou ele, mudando o tom da conversa. — Ainda não, mas farei isso mais tarde! — Tenho ansiedade por um bisneto, Luíz Miguel é meu único neto e quero perpetuar o legado da família Golden. Timidamente Emília sorriu e tomou um gole de suco para tentar engolir tantas surpresas. — Claro, estamos nos dedicando a isso! — Foi a única coisa que ela conseguiu dizer. Eva levou Emília até o andar de cima da casa e mostrou a ela o quarto que estava sendo preparado para receber o casal em poucos dias. — O que acha? — Muito bonito! — respondeu ela, sem demonstrar empolgação. — Trate de se colocar um sorriso nesse rosto, você precisa se tornar uma boa esposa ou prefere que saibam o tipo de acordo que a fez aceitar o casamento? — Seu filho é tão culpado quanto eu! — Emília se sentiu ameaçada, mas Eva parecia firme em sua decisão de continuar fingindo o casamento. — Vamos conhecer a sala de jantar. Chegando lá, Eva ensinou algumas técnicas de etiqueta à mesa para Emília, ela também aproveitou para passar informações sobre os pratos preferidos do filho e as coisas que o agradavam. Ela sabia que Emília precisava entender melhor as preferências de Luíz Miguel para poder estabelecer uma conexão mais forte com ele durante o tempo que permanecerem juntos e assim convencer o patriarca sobre o sentimento dos dois. — Ele adora massas e sempre acompanhadas de um bom vinho tinto! As carnes sempre devem estar ao ponto, ele odeia comida japonesa! Luíz Miguel pratica polo aos sábados e você deve acompanha-lo sempre. A voz de Eva parecia estar longe, Emília permanecia paralisada e sem saber como assimilar tantas informações ao mesmo tempo e isso irritou a sogra. — Os talheres são utilizados de dentro para fora, está me ouvindo garota? — Sim senhora. — respondeu Emília sem qualquer empolgação. Após algumas horas, ela pediu desculpas por ter que ir para casa. — Preciso ir agora! — Vá e arrume suas coisas. — disse Eva, em seguida pediu para que um dos motoristas levassem a garota até o apartamento. Enquanto Emília voltava, ela mandou uma mensagem no w******p para Luíz. — Que história é essa de vivermos na casa dos seus pais? No mesmo instante, ele respondeu... — Essa ideia é do meu avô, por favor não se recuse ou esse casamento terá sido em vão! — Eu tenho uma vida Luíz, não posso fingir ser sua esposa para sempre. — Se o problema for dinheiro, posso te pagar mais por isso. — Você acha que tudo se resume a dinheiro! — Por favor Emília, alguns meses é tudo o que peço a você. Ela não queria se sentir mais presa do que já estava, mas temia perder o emprego e ajudava a manter os pais agora que tinha um salário razoável. Além da ameaça iminente da nova e poderosa sogra. — Está bem, mas estou com muito medo de nos descobrirem. — Não irão! — respondeu ele.
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