Enquanto Emília aguardava seu primeiro dia de trabalho, após ser adiado por causa à mudança de direção da empresa, ela e Luiz Miguel aproveitaram o tempo para organizar todos os preparativos para o casamento repentino. Apesar de quase não conversarem sobre suas vidas pessoais para se conhecerem melhor antes do sim definitivo.
Ele contratou um advogado para elaborar o contrato de casamento e Emília leu atentamente o documento. Após concordar com os termos, ela assinou o contrato, dividida entre o medo e a necessidade...
— Aqui está! — disse ela, ao entregar o documento e seguir para casa sem dizer nada para ele.
Luíz Miguel tenta se aproximar dela, mas se sente perdido sobre como agir na situação. Sua família o pressiona para levá-la até a mansão, mas ele sabe que não pode fazer isso antes de estarem casados e ele consolidar sua posição como CEO.
Os amigos organizaram uma despedida de solteiro e o levaram à mesma boate onde a conheceu. Enquanto toma um gole de vinho...
— O que aconteceu, cara? Você parece meio distante.
— Nada de importante... apenas cansado pelos preparativos.
— Por que não escolhe uma garota e celebra antes de se "amarrar"? — perguntou um dos amigos, ao perceber o jeito pensativo de Luíz.
— Desculpe, mas já vou para casa! — respondeu Luíz, colocando dinheiro para sua parte da conta sobre o bistrô.
Luíz Miguel se sente pressionado de todas as formas, o medo de falhar como líder o perturba, e ele não sabe como afastar a ansiedade do seu caminho.
Três dias depois, o casamento finalmente ocorreu, mas os convidados ficaram surpresos com a falta de i********e entre os noivos. Em vez de se tratarem como um casal carinhoso, Emília e Luiz Miguel pareciam ser dois estranhos. O distanciamento entre eles chamou a atenção de todos, gerando comentários e especulações durante a festa.
Ele olhava a esposa como se quisesse desvendar seus segredos, sua beleza exercia um magnetismo forte.
Mas nem isso tirou a dúvida sobre sua falta de i********e com a esposa da mente das primas dele, Sofia sempre foi apaixonada pelo primo e ao perceber a falta de sentimento dele com a noiva se aproximou.
— Você não parece muito empolgado com o novo estado civil, mas acho que ela parece ainda pior. — Ela sorriu ironicamente ao olhar para Emília, as duas pareciam se desafiar de longe.
— Está equivocada, Emília e eu nos amamos muito. — respondeu ele.
— Sei...
Esse tratamento frio entre Emília e Luiz Miguel despertou curiosidade e preocupação em todos os convidados, que se perguntavam o tempo inteiro o que poderia estar acontecendo por trás das aparências.
Alguns se questionavam se o casamento tinha sido uma decisão precipitada ou se havia algum problema sério entre eles que ainda não havia sido revelado. A atmosfera no casamento ficou tensa e cheia de comentários, deixando todos intrigados sobre o verdadeiro estado do relacionamento recém firmado entre Emília e Luiz Miguel.
O avô de Luíz Miguel parecia incomodado ao ter que dar tantas explicações sobre a atitude do neto, o jovem percebeu e logo puxou Emília para seus braços dando um beijo quente nos lábios dela para tentar desfazer a acusação de não se casarem por amor.
Ainda trêmula nos braços dele ela o olhou assustada.
— O que foi isso? — perguntou Emília.
— Apenas um beijo entre marido e mulher, por favor vê se para de me olhar como um desconhecido. Não te quero agindo feito uma estranha!
No ouvido dele, ela respondeu.
— É difícil fingir, nem todos tem a sua frieza ao manipular sentimentos que não existem.
Luíz a beijou, o coração de ambos acelerou naquele momento. Emilia acariciou o rosto dele ao se afastarem enquanto a família dele celebrava aquele beijo como um gol olímpico.
Após a longa celebração, os dois ficaram até tarde se despedindo dos convidados e da família do noivo. Durante esse momento, Emília foi questionada sobre a ausência de sua própria família no local. Ela explicou que sua família mora em uma cidade pequena e não teve tempo suficiente para chegar e estar presente no casamento.
Na verdade, ela mesma optou por não convidar os pais. Sabe bem o quanto são ambiciosos e passando por quela situação complicada certamente se aproveitariam da situação ainda mais para obter vantagem.
Com o término das despedidas e sem mais ninguém ao redor, chegou a hora de Luíz Miguel e ela dizerem tchau.
O clima da noite tinha sido cheio emoções, e agora eles se encontravam sozinhos, pensando no evento e o que o futuro poderia reservar de um casamento armado. Ela se sentou por um momento em uma das cadeiras e ele se sentou ao seu lado...
— Acho que agora estamos livres um do outro! — disse ela, forçando um sorriso.
— O dinheiro da hipoteca estará na sua conta amanhã logo cedo.
Ela estendeu a mão e ele a levou até os lábios, Emília pediu a um dos motoristas para levá-la até em casa.
Luíz Miguel ficou apenas observando sua esposa ir embora toda vestida de noiva e incrivelmente linda o deixando sozinho. Ficou irado por não ter tido coragem de chamá-la para pernoitar em seu apartamento, entrou em seu carro e ficou na frente da casa dela por alguns minutos até observar a última luz ser apagada.
No primeiro dia de trabalho de Emília, ela acordou cedo e, animada, verificou as redes sociais em busca de fotos e curtidas relacionadas aos seus posts do casamento. Obviamente esperava que Bernardo as tivesse visto, nenhuma vingança poderia ser maior do que se casar poucos dias após a traição.
Escolheu cuidadosamente uma roupa elegante, saia secretária com uma delicada f***a atrás e uma camisa branca de botões. Passou um perfume leve e se preparou psicologicamente para o novo trabalho. Antes de sair de casa, porém, decidiu não usar a aliança de casamento, já que seu matrimónio havia sido apenas um contrato.
Ao chegar no trabalho, infelizmente, um carro passou por uma poça de lama e acabou molhando as pernas de Emília, deixando-a enfurecida. Para piorar, um dos empresários da empresa presenciou o incidente e, desaprovando sua aparência, repreendeu-a com ironia, constrangendo-a na frente de seus novos colegas de trabalho.
— Isso é jeito de vir para o trabalho? Volte imediatamente para casa e troque essas roupas! — disse um elegante homem, ele tinha um crachá de vice-presidente. Apesar da juventude e beleza, havia sido arrogante.
Ela ficou envergonhada, iria obedecer afinal não queria perder o emprego no primeiro dia. Alguns que presenciaram a cena, especialmente as mulheres, riram do ocorrido.
— Você não vai a lugar nenhum! Emília, entre e tome seu posto de trabalho! — A voz a deixou fria, era seu marido e ele estava com uma pasta de documentos para entrar na empresa Golden.
Ela ficou feliz por dentro, mas com receio de trabalhar no mesmo ambiente que ele. Os outros, perceberam que ele era o novo CEO da empresa. Essa revelação fez com que seus demais colegas de trabalho notassem que Emília seria a protegida pelo do chefe e, portanto, não deveriam se intrometer ou criar problemas para ela.
Após assumir seu cargo de CEO em um brinde íntimo entre acionistas, Miguel decidiu convidar Emília.
— Tragam Emília até minha sala! — solicitou ele para uma das secretárias.
— Sim senhor.
Logo ela chegou, ansiosa e nervosa observando cada detalhe da decoração daquela bela sala. Sentado junto aquela mesa imponente, Luíz Miguel parecia ainda mais poderoso do que antes.
— Mandou me chamar senhor? — perguntou ela.
Ele sorriu.
— Por que tanta formalidade? Se esqueceu que somos casados? — O sorriso dele se desfez ao verificar que ela não estava usando aliança.
— Achei que fosse um acordo.
— E é um acordo, mas enquanto estivermos casados quero que você se comporte bem! — pediu ele, indicando a cadeira gentilmente.
— Por que não me disse que era essa a empresa que sua família é proprietária?
— Como eu iria saber que você era funcionária? São milhares de empregados e estou tomando conta de tudo agora. Quem deveria achar tudo isso confuso, sou eu!
— Não busquei emprego aqui por sua causa, preciso trabalhar e não quero que saibam o tipo de relacionamento que tivemos. Entendeu Luíz? — respondeu ela, o tom prepotente com que ele a havia respondido a enfureceu.
Ele sorriu, percebeu que aquela jovem era muito mais segura e decidida do que ele havia pensado. Trabalharem no mesmo ambiente significaria vê-la diariamente...
Durante o intervalo do trabalho, Luiz Miguel observou Emília conversando com um colega de trabalho. A proximidade entre os dois despertou ciúmes em Luiz, levando-o a se aproximar do casal com um olhar fulminante. Sua expressão intimidadora do patrão fez com que o rapaz se afastasse, inventando uma desculpa qualquer para deixar o casal a sós.
— Acho que meu celular tocou, com licença!
Luíz se sentou ao lado dela, Emília o olhou surpresa.
— Eu não te quero perto de nenhum outro homem, não tenho vocação para ser corno.
Ela ia sair, pois não queria revidar e iniciar uma briga com o patrão no primeiro dia de trabalho. Luíz a segurou com força no punho e os dois se olhavam com ódio.
— Você já pagou pelo nosso acordo!
— Acordo ou não, você é uma mulher casada e deve se comportar como tal! — afirmou ele.
— Me solta seu ogro.
Após soltar a esposa repentinamente, Luiz e ela ficaram em silêncio, respirando pesadamente. Os olhares de ódio continuavam presentes, mas os dois sabiam que precisavam resolver seus problemas de forma mais discreta. Os demais funcionários, percebendo a tensão no ar, voltaram logo às suas atividades, mas ainda curiosos sobre o que estava acontecendo.
— Me desculpa Emília, volte para o seu trabalho!
Miguel percebeu que aquela cena havia mexido demais com ele, nunca havia sentido ciúme daquela forma e muito menos demonstrado com tanto vigor um sentimento. Foi até a copa e tomou um copo d’água.
Enquanto se concentrava em fazer os contratos que me haviam sido pedidos, Emília olhava pela janela e pensava em muitas coisas, uma tempestade se formando no horizonte parecida com aquela que havia se formado em sua vida. A cena recente envolvendo Luiz a deixou muito confusa e perturbada. Enquanto tentava deixar suas emoções de lado e se focar no trabalho, o celular começou a tocar, escondido dentro de sua bolsa. Obviamente, não pode atender, pois estava no horário de trabalho e tinha novas e muitas responsabilidades a cumprir.
No fundo, uma parte dela desejava que Bernardo tivesse visto as fotos do seu casamento de mentira com Luiz Miguel. Ela queria que ele experimentasse uma fração da dor e sofrimento que passou ao descobrir a traição. Era difícil lidar com a traição de alguém que ela pensou que a amasse de verdade. O casamento que deveria ser um símbolo de amor e união se transformou em uma fonte de vingança e represália.